OPERAÇÃO CUPIDO — MLB escrita por Sofia


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Se alguém ainda estiver aqui, nesse site inabitável, uma boa leitura!



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21 de Setembro, 2044, 12:52

Emma Agreste estava uma fera. O cabelo loiro caía sobre o rosto, entretanto, não omitia o olhar fuzilante e os dentes trincados. Adrien permanecia calmo e quase relaxado.

A ideia de seu pai realmente não ligar para o que ela dizia, irritava Emma profundamente, porque ela não estava falando de coisas que eram irrelevantes, estava falando de sua mãe. E tudo deveria ser menos importante que ela.

—Não me contrarie, mocinha- As orbes verdes se desviaram de Emma para a tela do computador e ele precisou de três segundos de concentração no que fazia, antes voltar o olhar desanimado para Emma.

—Pai, essa é uma oportunidade única para mim, de saber mais sobre a mamãe, descobrir mais sobre ela. Por favor-

—Emma, está decidido.- Uma olhada novamente para a tela. Emma bufou.

—Mas…-

—Emma- O tom duro fez Emma se silenciar. Ela sabia muito bem o que aquele tom significava: Adrien havia se irritado e não perderia mais tempo com aquela discussão. Ela voltaria para os seus afazeres; ele para sua bolha pessoal.

Ouvia relatos de que seu pai já havia sido um homem doce, porém esse detalhe desconhecido sobre a vida de seu pai havia se perdido no passado. Sua mãe havia morrido e desde então Adrien era um homem frio, até mesmo com os familiares.

Estava sempre em reuniões da empresa, recusava encontros familiares e não aparecia em apresentações escolares de quando Emma era criança. Entretanto, Emma não cresceu completamente sozinha: seu avô estava em sua infância e desempenhou o papel de pai, dando-lhe atenção e carinho; Adrien, se tornou um simples borrão em sua memória, uma pessoa distante que ela não conhecia, mas que era seu pai.

—Sabe pai, você está sendo igualzinho ao vovô. - “A diferença é que você não vai mudar como ele mudou” completou em mente, mordendo o lábio inferior com força. Adrien endureceu a expressão e Emma saiu do escritório.

A porta atrás de si bateu.

Pelo menos ela tinha tentado; ainda assim, a sensação de derrota tomou conta de si, e ela se encolheu. Se não tivesse perdido a paciência e brigado com o pai, ela poderia estar comemorando a vitória neste momento.

Emma passou a andar desanimada. Os passos lentos se tornaram mais rápidos, e ela subiu a enorme escadaria até o segundo andar, onde estavam os quartos de hóspedes e os da família. Ela diminuiu a velocidade até chegar em frente a uma porta em especial, que logo foi destrancada com o molho de chaves que estava guardado no bolso frontal do vestido.

Aquele seria seu refúgio.

Ao abri-la, um cheiro de mofo e de guardado irritou as narinas da loira, que espirrou. Ao olhar para os armários, e ver que tudo ainda estava ali, Emma fechou a porta, aliviada.

O medo de seu pai saber que ela sabia da existência daquele lugar a dominava toda vez que ela abria a porta. Tinha arrepios na espinha só de imaginar encontrar o quarto vazio um dia.

Mas aquele ainda era o ateliê de sua mãe.

Aquele quarto estava fechado há anos, ninguém era autorizado a limpar ou organizar, nem mesmo sabiam o que tinha lá dentro.

Quando criança, Emma deixava a imaginação fluir e fingia que aquele quarto tinha uma passagem secreta para outra dimensão. Ao crescer, Emma apenas ficou ainda mais intrigada.

Foram semanas espionando o pai, e revirando suas gavetas quando ele não estava presente, para ver se havia algum indício de que a chave estava com ele, porém não tinha nada. Desistindo da ideia, Emma contratou um profissional que a ajudasse com a porta. Essa parte foi fácil, porque Adrien nunca saia do escritório e os funcionários concordaram em cobri-la.

Em menos de um dia a porta foi destrancada, e o quarto misterioso Emma descobriu o ateliê de sua mãe. Há meses, Emma revirava esboços de vestidos e pastas com projetos não terminados, cada vez mais cativada pelas criações da mãe. Feliz por descobrir mais coisas sobre sua vida.

 Um dia, achou uma foto de um acampamento: um registro de seus pais que seguravam instrumentos musicais. Adrien uma escaleta, Marinette um violão e um microfone.

A partir daí o interesse pelo acampamento aumentou, e com uma rápida busca na rede, Emma descobriu que o acampamento ainda estava em funcionamento.

Lembrar que seu pai tinha proibido sua inscrição fez Emma apertar os punhos com força. Não era a primeira vez que Adrien fugia de conversas sobre sua mãe.

Era como se ele não quisesse que ela soubesse sobre ela, e por isso omitisse tudo que se relacionasse a ela. 

Não havia sinal algum de avós, tios e primas. Adrien havia se afastado de tudo.

Tudo o que sabia era que ela havia morrido no parto e que depois disso seu pai entrou em depressão. Só que às vezes era difícil não reparar o desprezo que seu pai tinha quando ela tocava no nome de sua mãe. Mas talvez Emma estivesse ficando maluca. 

A foto do acampamento Françoise residia na escrivaninha branca e desgastada. 

Tristemente, Emma guardou a fotografia no fundo no armário.

E foi embora


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