Narrado por Isabella Swan

Daqui a poucos dias, fará um ano que recebi uma segunda chance da vida, após um transplante de rim feito graças a um desconhecido que salvou a minha vida. 

Talvez pareça distante para muitos esse lance de hemodiálise, mas é uma das coisas mais estressantes pela qual um indivíduo pode passar ao longo da vida. 

Três vezes por semana, lá estava eu na porta do hospital indo para mais uma sessão demorada do tratamento. Mas agora, graças a um desconhecido, minha vida mudou da água para o vinho. 

Nesse quase um ano, estou trabalhando no que sempre sonhei, como arquiteta em uma renomada empresa aqui em Nova Orleans. 

Aliás, minha vida também passou por várias mudanças nesse meio tempo. 

Meu namoro de longa data com Joe, chegou ao fim há poucos meses e é como se um peso tivesse saído dos meus ombros, pois era um relacionamento abusivo, que graças a muita terapia com Alice, minha psicóloga, e broncas dos meus amigos e familiares, eu consegui sair. 

Antes eu morava com meu ex-namorado, mas desde a operação passei a morar sozinha, a fim de conquistar uma maior independência.

Minha vida mudou para melhor, exceto por uma coisa, por uma pessoa que acabou se distanciando de mim nesse meio tempo, mesmo que apenas fisicamente. 

Meu melhor amigo, Edward Cullen. 

Nem sei ao certo desde quando conheço Edward, só sei que desde que me entendo por gente, ele faz parte da minha vida. 

Passamos por tantas coisas juntos, da infância, passando por uma adolescência conturbada até atualmente, vivendo a vida como jovens adultos. Edward viveu a vida toda nos Estados Unidos, estudamos na mesma escola, na mesma universidade e até dividimos apartamento nos primeiros seis meses pós-faculdade. 

Mas depois que comecei a namorar Joe, tivemos um certo distanciamento porque meu ex-namorado não aceitava que Edward e eu fossemos amigos e por ser uma idiota, acabei me distanciando um pouco dele. Quando eu descobri o problema no rim, tive todo o apoio da minha família e de Edward, que aos poucos voltou a se aproximar de mim. 

Mas após o transplante ele decidiu aceitar uma proposta quase irrecusável para administrar uma filial da empresa onde trabalhava no Japão, do outro lado do globo.  

Desde então, eu nunca mais o vi, ao menos não fisicamente. Quase todos os dias nos falamos por mensagens e ele sempre vai ser uma das minhas pessoas favoritas no mundo. 

— Então quer dizer que você conseguiu fechar aquele contrato com a empresa da Tailândia? - Perguntei durante uma videochamada com Edward. 

— Sim, eu estou tão feliz! Com isso, os nossos negócios vão crescer e muito. - O ruivo de olhos verdes respondeu sorrindo e eu sorri de volta. 

— Mais alguma novidade? Eu sinto que você está diferente. O que aconteceu? - Eu conhecia Edward mais do que a mim mesma às vezes. 

— Aquela garota... A garçonete daquele bar que eu te falei, aceitou sair comigo. 

— Eu acho ela tão sem graça.

— Fala sério, Bella. Você nem a conhece!

— Ela não gosta de Titanic. Quem em sã consciência não gosta de Titanic? Você, por exemplo, ama. E vive chorando na parte dos músicos tocando até o navio afundar.  

— E você chora toda vez que o Jack morre. Mas e daí?

— Isso significa que vocês não combinam. Você e essa Zoe. 

— É Chloe. 

— Pior ainda. 

— Qual é Bella? Você nunca simpatiza com as minhas namoradas. 

— Isso não é verdade.  

— É verdade, sim. A Lana, por exemplo. Você dizia que ela também não combinava comigo. 

— E não combinava mesmo. Tanto que vocês dois terminaram depois de 3 meses. - Fiz uma careta — Ela não te apoiava no trabalho. 

— E a Tiffany?

— Era uma patricinha de quinta, que não sabia nem somar dois mais dois. Por causa dela você se deu mal na prova de matemática, quando a professora te flagrou passando cola para ela. 

— Teve a Rachel também. 

— Essa era uma trambiqueira. Só queria o seu dinheiro. Você se lembra quando ela pagou aquele restaurante com cheque sem fundo?

— Ela disse que se confundiu. 

— Por 5 vezes?

Edward riu. 

— Ok, você venceu. Eu tenho dedo podre para escolher namoradas. Mas você também tem. 

— E como. - Nós dois rimos. 

 — Como estão as coisas por aí?

— Bem, no trabalho está na mesma. Mas eu estou com uma ideia fixa na cabeça há algum tempo e acho que chegou a hora de fazer o que tem que ser feito. 

— Do que está falando?

— Eu quero conhecer o meu doador. A pessoa que me deu um rim. - Até aquele momento, Edward estava comendo batatas fritas, mas do nada ele começou a ficar vermelho e engasgou com elas. 

— Ed? Ed?! - O chamei assustada. 

— Está tudo bem. Eu só engasguei um pouco. Por que você quer conhecer seu doador?

— Para agradecer o que ele fez por mim. Eu acho justo. Você não? - Me levantei e comecei a me trocar para colocar meu pijama. 

Como Edward e eu somos amigos de infância, já nos vimos de roupas íntimas algumas vezes, menos totalmente nus. Mas ele sempre fica vermelho e cobre os olhos quando eu começo a me trocar. Eu acho tão fofo. 

— Não! Poxa, passou um ano. Já foi. Não precisa mais se preocupar com isso. 

— Não é bem assim. Eu sinto que eu estou com um pedaço daquela pessoa dentro de mim e eu queria muito agradecê-la por isso, ajudá-la de alguma forma. 

— Fala sério, Bella. Você não precisa fazer isso. 

— É impressão minha ou você parece bem incomodado com a minha ideia?

— Eu não estou incomodado. Eu só não acho necessário fazer isso. Eu acho que você devia se preocupar com outras coisas. Com o natal, por exemplo, já montou a árvore?

— Não, não tem muita graça montar sem você. 

— Era ótimo, não é? Montar a árvore juntos. Nos divertíamos tanto. 

— Eu sinto muito a sua falta, Ed. 

— Eu também sinto a sua falta, Bella. Bem, agora eu preciso ir. Se cuida!

— Você também. 

Edward desligou e eu respirei fundo. 

Ele não apoiou muito a minha ideia, mas eu vou, sim, procurar meu doador. E amanhã mesmo irei começar minha saga para encontrá-lo.