Entre desafios e conquistas escrita por Pinkie Bye


Capítulo 6
Baile de inverno


Notas iniciais do capítulo

E cá estou eu, concluindo esse desafio nos 45 minutos do segundo tempo kkkkkk Antes tarde do que nunca.
Espero que gostem. Boa leitura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/811016/chapter/6

 

“O tempo se mantém

Há beleza em tudo o que ela é

Eu serei corajoso

Eu não deixarei nada levar embora

O que está na minha frente

Cada respiração

Cada momento que nos trouxe aqui”

(A Thousand Years - Christina Perri)

 

6 A.M

APREENSIVO na frente do computador, Darren atualizava a página a cada 2 minutos para ver se aparecia as notas finais. Suas unhas estavam todas roídas e sua cabeça doía, pois mal havia dormido na noite anterior.

Atualizou mais uma vez e um sorriso no rosto.

— É! — gritou, o que fez a irmã mais velha acordar num sobressalto e sua mãe abrir os olhos, deitada no sofá, para logo fechá-los em seguida.

— Darren, o que aconteceu? — Rachel chegou correndo na porta do quarto do irmão.

— Eu consegui, tirei 8 em matemática, eu não vou reprovar, Rae! Uuh, uuh! — anunciou, fazendo uma dancinha desajeitada.

— Que notícia maravilhosa! — Correu até ele e o abraçou. — Eu sabia que você iria conseguir.

— Eu sei que sou demais!

— Tá vendo — Largou-o. — Te disse para confiar no Gar, ele é incrível.

— É, vou ter que admitir.

— Que felicidade toda é essa pela manhã? — Angela apareceu na porta do quarto, com o cabelo todo desarrumado e com um olho fechado. — Ganhamos na loteria?

— Consegui tirar nota azul, mãe, não vou reprovar. — Apontou para a tela do computador.

— Meus parab... Calma, você ficou de recuperação?

Darren ficou estático.

— E você sabia disso? — Apontou para Rae.

— Eu... eu vou ligar pro Garfield! — Ela saiu do quarto.

Darren disfarçou o desespero num sorriso forçado.

— Então, você ficou de recuperação e não me disse nada. — Cruzou os braços.

O garoto coçou a nuca.

— O que mais anda me escondendo? Tá namorando? — Arqueou.

— Isso só por milagre.

Angela riu, para sua surpresa.

— Posso te contar um segredo? Também nunca fui boa com número e até reprovei no fundamental. Não seja que nem eu — Se aproximou dele e segurou-o com os braços esticados. — Bom trabalho garoto, estou orgulhosa. — Afagou seus cabelos.

— Obrigado, mãe. — Este sorriu e a abraçou.

Novamente sozinho em seu quarto, olhando para a tela do computador. Pegou o celular e ligou para Garfield, que não demorou para atender.

— Gar, bom dia! Você não vai acreditar no que tenho pra te contar. Eu tirei 8! Eu passei!

— Ah maninho, sabia que você iria arrebentar!

— E minha mãe disse que estava orgulhosa de mim.

— Isso sim é algo que não se escuta todo dia.

— E tudo isso graças a você. Nunca teria conseguido sem a sua ajuda. Você realmente salvou a minha pele.

Do outro lado da linha, Garfield riu.

— Não foi nada. Eu sei como é difícil lidar com a matemática quando se tem TDAH. Eu passei pelo mesmo. Sabia exatamente como te auxiliar. E também, uma grande parcela do seu sucesso é todo seu, você é muito esforçado e dedicado, se continuar assim, vai longe.

Darren suspirou aliviado.

— Muito obrigada. Sabe, estava tão preocupado, Gar. Pensei que ia reprovar. Mas você... você me mostrou uma maneira diferente de entender a matéria. Foi incrível, mesmo.

Garfield sorriu, mesmo que Darren não pudesse ver.

— Foi uma honra poder te ajudar, Darren. Você e sua irmã foram uma das melhores pessoas que entraram na minha vida nesses últimos tempos.

— Digo o mesmo. Mas agora preciso ir. Você vem de noite me buscar.

— Às cinco estarei aí.

Ao desligar a ligação, sabia que tinha um verdadeiro amigo em Garfield.

[...]

— Rae, por favor. — Darren gemeu. Garfield riu e Rachel tirou mais uma foto.

— Desculpa, mas é que você caiu tão bem nesse terninho azul. — comentou, tirando mais uma foto. — Você escolheu bem, amor.

— Eu sempre acerto. — Garfield ajeitou a gola da camisa.

Mais um flash. Darren fechou os olhos.

— Pronto! — Rachel pegou a foto que a câmera instantânea verde, que Garfield emprestara, liberou e pregou com um alfinete no quadro cortiça.

Era a noite do baile. Estavam na sala de estar, dando os últimos ajuste no traje de Darren, antes de saírem para buscar Enid em sua casa.

Ele vestia um terno azul marinho, seu tecido tinha um brilho suave. O paletó do terno era cortado de forma clássica, com um único botão que deixará desabotoado. O colete por baixo era da mesma cor. A gravata borboleta de seda preta contrastava com o azul do terno.

A camisa branca por baixo era impecavelmente engomada, com cada prega no lugar. O colarinho estava levantado para acomodar a gravata borboleta. As mangas terminavam exatamente onde deveriam, permitindo que os punhos da camisa apareçam apenas o suficiente.

As calças do terno eram cortadas no mesmo tecido azul marinho. Elas caiam sobre os sapatos de couro preto polido. O cinto de couro preto com uma fivela de prata discreta completava o visual.

— Acho que está tudo certo — Darren disse, verificando seus bolsos. —, vamos antes que fique tarde, Gar.

— Espere. — Rachel entregou a câmera para Garfield. — Falta um último detalhe.

Rachel foi até seu quarto. Darren e Gar se entreolharam. Quando ela voltou, estava com uma rosa vermelha em mãos. Colocou no bolso do paletó.

— Agora sim, está um digno da realeza. — Piscou. — Divirta-se e juízo. — Beijou sua testa.

— Valeu.

Desceram pelo elevador e Darren entrou no carro, um Ford Maverick 1974, da cor branca, que pertencia a Angela.

Darren entrou no carro. Gar deu um último beijo em Rachel, na escadaria do apartamento.

— Eles crescem tão rápido.

— Pois é. Vou cuidar bem dele. Na volta, vamos ir numa pizzaria? Tara e Garth tem algo para nós dizer.

— Eu vou adorar. É bom ver que a Tara está de boa.

Darren buzinou o carro.

— Anda, se não vamos nos atrasar.

— Você quem manda, padrão. — Bateu continência e riu.

Ao saírem, Rachel abanou a mãos e viu o veículo sumir ao pôr do sol.

[...]

Darren sentiu um frio subir na barriga assim que o carro estacionou de frente a residência Reynolds.

— Preparado? — Garfield perguntou, puxando o freio de mão.

— Não.

— Esse é o espírito. — Deu um tapinha de leve em suas costas. — Agora, boa sorte, mantenha a postura e não deixe a garota esperando.

Com um literal empurrãozinho, Darren engoliu em seco e caminhou até a porta, com o buquê de margaridas em mãos. Tocou a campainha.

— Um minuto.

Darren olhou para trás, Garfield fez sinal de joinha.

A Sra. Reynolds abriu a porta e esboçou um sorriso ao vê-lo.

— Você está tão lindo, meu rapaz.

— É muita gentileza ouvir isso da senhora.

— E educado como sempre. Bem diferente daquele Nickerson — Revirou os olhos. — Minha Enid escolheu certo dessa vez. Ela já está descendo, por favor, entre. — Deu-lhe passagem.

Guiou-o a sala de estar, ali o Sr. Reynolds o examinou dos pés à cabeça, enquanto comia uma pobre cenoura com raiva. Engoliu em seco.

Do seu lado, um garotinho loirinho, Marcus, brincava com seus blocos de Lego.

— Anda Enid, não deixe o garoto esperar! — ralhou a Sra. Reynolds.

— Já tô descendo mãe!

Darren ficou boquiaberto e apertou o caule do buquê ao vê-la descer as escadas com suas sapatilhas de cristal. Enid vestia um longo vestido azul claro strapless. Em suas orelhas, brincos compridos com pedrinhas de esmeraldas. Seu cabelo — agora roxo com pontas rosas — estava amarrado num coque alto com uma tiara brilhante de pérolas. Sua maquiagem era leve, seu batom fúcsia.

— Que bom que você veio. — Terminou de descer as escadas correndo e o abraçou. Seu perfume era frutal, uma mistura de morango com laranja. Bem adocicado. — Adoro sua pontualidade.

— Pra você — Estendeu o buquê, um pouco amassado pelo abraço. — Suas preferidas.

— Você é um anjo!

— Eu tento.

Aham. — O Sr. Reynolds surgiu atrás de si e tocou seu ombro. Sentiu seu corpo gelar. — Cuide bem da minha garotinha, rapaz.

— Com a minha vida.

Ambos sorriram.

— Bom, temos que ir, já são quase oito horas. — Enid lembrou. — Boa noite, família. — disse abrindo a porta.

— Boa noite querida, divirtam-se! — disse a Sra. Reynolds.

— E juízo. — Reafirmou o sr. Reynolds.

— Boa noite! — Darren desejou assim que entraram no carro.

— Que carro bonito sr. Logan.

— É da minha mãe. — Darren disse. — Ainda vamos dar muitas voltas com ele algum dia. — Piscou.

[...]

Garfield estacionou o carro de frente a porta da escola. Pela fachada, era perceptível o empenho da organização, uma faixa de seda branca anunciava, em letras garrafais, o 79º baile de inverno da Harvey Dent Elementary School.

— Se divirta, baixinho. — Gar desejou, destrancando as portas do carro com o botão.

— Obrigado pela carona.

— Não há de que. As dez horas estou aqui.

— Ok. — Despediu-se, batendo continência.

Gar buzinou em resposta.

— E aí, pronto para se divertir um pouco? — Enid perguntou, com as mãos para trás do vestido.

— Claro. — Estendeu o braço. — Me daria a honra?

— Obvio. — Riu, encaixando seu braço no dele.

Adentraram no ginásio, foram recebidos por uma decoração muito bonita. Luzes coloridas piscavam ao ritmo da música. Balões flutuavam no teto, e uma bola de discoteca girava lentamente, espalhando feixes de luz por todo o salão. O chão estava coberto de confetes brilhantes que refletiam as luzes.

A cena que se seguiu era um caleidoscópio de risos, luzes piscantes e rostos familiares. Edgar Kaspbrak, o palhaço da turma, estava em uma das mesas, os copos de refrigerante dançando em suas mãos em um espetáculo de malabarismo, para um público de 5 pré-adolescentes, que o observavam entusiasmados.

Enquanto Jennifer Schmidt, com seus olhos brilhantes e sorriso maroto, estava flertando com um garoto hipster do último ano, seu topete engraçado balançando a cada risada que ela provocava.

Luan, sempre mais na dela, estava em um canto escuro, conversando com uma garota gótica. Seus olhos se encontraram por um momento, um reconhecimento silencioso passando entre eles. E por fim, lá estava Xavier Reynolds, o irmão mais velho de Enid, comandando a mesa do DJ com uma confiança invejável.

— Ele deve estar pouco gostando dessa atenção. — Enid comentou, quando o irmão acenou para ela.

Darren e Enid se dirigiram para uma mesa vazia, pegando algumas bolinhas de queijo na mesa principal. Seus olhos brilharam ao ver Daisy, acompanhada de Amanda, sentada na mesa do lado. O mesmo foi reciproco por parte da amiga.

— Enid! — Daisy exclamou, abraçando-a calorosamente. — Eu sabia que você conseguiria! — Ela lançou um olhar significativo para Darren, provocando uma risada de Enid.

— Finalmente criei coragem — Enid admitiu, corando um pouco. Darren riu, passando um braço confortavelmente ao redor dos ombros de Enid.

Daisy piscou para eles, seu sorriso se alargando.

— Bem, é melhor tarde do que nunca. Mas é aí, novidades?

Enquanto mastigavam as bolinhas de queijo, a batida alegre de “Shake It Off” da Taylor Swift começou a tocar, Darren se levantou, estendendo a mão para Enid.

— Vamos dançar?

Enid colocou a última bolinha de queijo na boca e pegando a mão de Darren.

— Vamos lá, então. — respondeu abafado, permitindo que ele a conduzisse até a pista de dança.

A música era contagiante, e logo eles estavam se movendo no ritmo, rindo e girando. Darren, com seus movimentos desajeitados e engraçados, parecia mais estar pulando do que dançando. Ele girava Enid, fazendo-a rir enquanto tentava acompanhar seus passos.

Enid, por sua vez, estava se divertindo com a dança desajeitada. Ela tentava imitar os movimentos de Darren. Eles riam juntos, seus rostos vermelhos de riso e esforço.

Quando a música terminou, eles estavam ofegantes e foram tomar refrigerantes. Eles se olharam, ainda rindo.

— Você é muito boa. — Darren disse.

— Se você diz.

— Deveria dar aulas.

Enquanto riam, a melodia suave de “A Thousand Years” da Christina Perri começou a tocar.

— Aceita mais uma dança?

— Ainda pergunta?

Enid puxou Darren para mais perto. Seus corpos se moviam juntos em um ritmo lento e constante, como se estivessem em seu próprio mundo.

Seus olhos encontrando os dela. Havia uma sinceridade em seu olhar que fez o coração de Enid bater mais rápido, sentiu uma onda de calor subir pelo seu rosto. Ela nunca tinha dançado assim antes, tão perto de alguém, e a proximidade de Darren era ao mesmo tempo assustadora e emocionante.

A cada giro, a cada passo, eles se aproximavam mais. Enid podia sentir o calor do corpo de Darren através do tecido de seu vestido, e cada vez que ele a puxava para mais perto, ela sentia um arrepio percorrer sua espinha.

— Está se divertindo? — Darren perguntou, seu rosto a poucos centímetros do dela.

— Estou adorando. — Enid respondeu, seu sorriso iluminando seu rosto. — E você?

— Estou tendo um dos melhores dias da minha vida. — confessou.

Quando a última nota soou, eles se encontraram olhando um para o outro, um silêncio confortável entre eles.

Depois de muitos momentos de brincadeiras e comilanças. O salão ficou repleto de estudantes ansiosos, com seus vestidos cintilantes e ternos elegante. O DJ descansou e as luzes se apagaram, deixando apenas um único holofote iluminando o palco.

O diretor, Sr. Bowman, subiu ao palco. Ele segurava um envelope dourado em suas mãos, seu brilho refletindo no holofote.

Ele limpou a garganta e o microfone ecoou pelo salão silencioso.

— Boa noite a todos. Agradeço a todos que vieram e espero que estejam se divertindo — começou, sua voz firme ecoando pelas paredes do salão. — Chegou a hora que todos estavam esperando.

Houve um murmúrio de excitação na multidão. O Sr. Bowman abriu o envelope lentamente, o som do papel rasgando preenchendo o silêncio. Ele olhou para o cartão e então para a multidão.

— É com grande prazer que anuncio os vencedores do Rei e Rainha do Baile deste ano — Ele fez uma pausa dramática. — Darren Roth e Enid Reynolds!

A multidão percutiu uma onda de aplausos, enquanto Darren e Enid, surpresos e emocionados, subiam ao palco para receber suas coroas. O brilho das coroas refletia nos seus rostos enquanto eles acenavam para a multidão. Foi um momento que eles nunca esqueceriam, um momento congelado no tempo.

Enquanto voltava para casa, acomodado no estofado do Maverick, Darren pensou nos alienígenas. Se perguntou se eles também sentiam essa estranha mistura de emoções, se eles também encontravam alegria nas pequenas coisas, nos momentos simples.

E então, ele percebeu. Que ele havia encontrado sua fórmula da felicidade. Não estava em um beijo, ou em uma dança, ou em uma canção. Estava em Enid. Estava em seu sorriso, em sua risada, em sua presença. Ele tinha tirado Enid do transe, e no processo, tinha encontrado sua própria felicidade.

Era como se ele fosse um alienígena, explorando um novo mundo, um novo universo de emoções e experiências. E ele tinha descoberto a fórmula, o segredo que os alienígenas escondiam. A fórmula da felicidade não era algo que podia ser encontrado em um laboratório ou em uma equação matemática. Era algo que só podia ser encontrado no coração, na conexão com outra pessoa. E ele tinha encontrado isso em Enid.

E assim, com o coração cheio e a mente clara, ele continuou seu caminho, deixando para trás o baile de inverno, mas levando consigo uma memória que duraria para sempre. Ele não tinha beijado Enid, mas ele tinha algo muito mais valioso. Ele tinha um sorriso, um momento, uma conexão. E isso era tudo que ele precisava. Ele tinha encontrado a fórmula da felicidade, e era mais simples e mais bela do que qualquer coisa que os alienígenas poderiam imaginar. Era Enid. Era amor. Era família. Eram os amigos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá, amores! ♥
Fico tão aliviada em conseguir concluir esse projeto há tempo, foi corrido, mas é gratificante ver que consegui tirar esse projeto da gaveta e mostrar um pouco do pequeno Darren a vocês.
Amo o desafio de Outubro e ano que vem estamos aí de novo com esse universo kkkkkk Mas antes, vai sair um spin-off de "Entre lições e halteres".
Beijos ♥ Até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre desafios e conquistas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.