Véspera de Natal escrita por Lianky


Capítulo 2
Capítulo 1 - O Reencontro




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As sobrancelhas do homem de cabelos brancos se franziram, ele encarou aqueles olhos com cautela. Algo que não pareceu incomodar nenhum pouco o outro.

— Pegue-o.- repetiu as palavras sem mudar a expressão. Gojo inconscientemente tocou a parte inferior do guarda chuva, suavizando as sobrancelhas.

— Kiyoko pediu para fazer isso?..- ele disse mantendo o olhar no homem, estava absorto demais para notar o nome dele em seu crachá. As siglas em dourado cintilando em seu uniforme preto "SG".

Com um sorriso, o moreno disse em um tom calmo:

— Bem, suponho que já deva saber então, ela parece ter bastante apreço por você.

Satoru que o encarava sentiu os lábios formarem um sorriso, decidindo deixar as preocupações de lado por hora. 

— Isso é um pouco curioso mas agradeça ela por mim...tentarei recompensa-lá de alguma forma.

 Ainda sim havia um ar desconfortável e estranho os rodeando, claro que não é sempre que você vê a figura de um homem semelhante a seu melhor amigo que morreu.

   Algo parecida desconhecido e denso, e embora amasse se aprofundar em coisas por diversão, Gojo não tomaria a iniciativa de se misturar com ele. O olhar do outro analisou ele novamente:

— Desculpe, já nos conhecemos?- o aperto no entorno do guarda-chuva aumentou, o de cabelos brancos podia sentir seu sorriso enrijecer ao escutar essas palavras.

— Ah..não me lembro de ter visto você.- Mentira, é claro, aquela voz e as mínimas ações sem contar com a aparência, eram idênticas a ele. O sentimento que havia reprimido por consideração pela outra pessoa voltou sem que percebesse.

— ...realmente?..-murmurou não sendo muito convencido, as sobrancelhas franzidas momentaneamente antes de esboçar um lado mais fechado novamente.

— ..devo ter me confundido, de qualquer forma, desejo-lhe uma boa noite.- disse dando um aceno educado com a cabeça e saindo da cobertura, não dando um espaço para respostas. Gojo apenas o observou ir retribuindo o aceno.

— Acho que já vi demais por hoje.-murmurou para si mesmo enquanto começava a se mover na direção contrária, dando alguns goles no café, ele foi se aproximando de sua casa.

 As ruas e becos pareciam mais vazios após a chuva cair, restando apenas as luzes dos postes e dos carros que passavam. 

Apesar disso, o que tornava aquilo mais deprimente possível, era o silêncio.

Se não fosse pela sua mente barulhenta, ele com certeza teria sido guiado para um momento de estagnação mental.

Quando foi que tudo ficou desse jeito? Era a pergunta que mais ressoava naquele vasto e solitário lugar.

Parando em uma curva, ele observou um gato pequeno se aproximar de suas pernas com alguns miados. Estava molhado.

—..Hm?..-olhou para baixo, abrindo um pequeno sorriso antes de se abaixar um pouco.

Mesmo com as mãos ocupadas, o gato apenas se alisou contra o copo que segurava, olhando para ele com aqueles olhos redondos azuis e brilhantes, o pelo era branco e levemente cheio.

— Você não parece perdido..- pensou em voz alta, antes de olhar em volta, vazia, era como a vizinhança estava.

— Bem, não acho que eu teria como fazer algo sendo assim.-o gato miou para ele, mas o mesmo foi até uma caixinha que havia num canto e colocou onde havia uma pequena cobertura.

— Acho que deve servir por enquanto..- Como se o repreendesse, o gato deslizou entre suas pernas e o olhou furtivamente. Andando lentamente até a pequena caixa.

— Ei..por que está me olhando assim?..-resmungou de volta antes de sorrir pequeno.

— Não saia de casa da próxima vez, seu dono pode se preocupar.

Satoru se preparou para ir embora após largar o copo de café para acariciar o animal. Mas o pequeno ainda parecia querer segui-lo. 

— Fica.-ele murmurou para o gato dando uns passos para frente, a pequena criatura fazendo o mesmo.

— Não.., eu disse para ficar, senta.-fez um sinalzinho com as mãos para apenas receber um miado em troca.

— O que tá fazendo?..é para você ficar..- encarou o gato levando aquilo como uma leve implicância, ele deu mais uns passos para ver até onde o animal o seguiria.

E assim como previsto, o gato foi acompanhando seus passos, enquanto dava alguns miados.

Isso se deu até ele estar em frente a própria casa, que era um simples apartamento.

— ...Ahh..parece que isso acaba aqui, hm?-disse olhando para o gato que se pendurou na calça dele, o fazendo a sacudir um pouco com surpresa.

— ...seu pequeno miserável..!- xingou baixinho soltando o guarda-chuva, ele segurou o gato que parecia orgulhoso de si mesmo.

Gojo bufou de leve, um pouco cético.

— Você é mesmo inacreditável..-disse enquanto olhava para ele, percebendo então que a chuva estava começando a deixar ele encharcado, ele pegou o guarda-chuva, deixando o gato em um lado de seu braço.

Com pressa, ele adentrou pelo condomínio. Indo até a parte interna.

— Só pode ser brincadeira..- disse para si mesmo agora que segurava o gato, ele subiu as escadas do prédio após fechar o guarda-chuva.

A chuva não iria acabar tão rápido e era tão nítido que Suguru agora passava um pano perto da entrada, limpando a água que entrava de fininho pelo chão.

— Geto..! - Kiyoko o chamou, tirando a sua concentração no que fazia, os pensamentos dele só pairavam em uma situação. Aquele encontro.

— Você conseguiu dar o guarda-chuva?- diz a moça, finalizando as coisas para fechar a loja.

Ela o observou pelo canto dos olhos.

 Era uma pessoa excepcionalmente bonita, mas que dava uma sensação de desconforto ao se aproximar demais, como se fosse algo intocável.

Ele sutilmente se virou para ela, dando um olhar meio descontraído.

— Eu consegui me aproximar a tempo por sorte.-disse com um ar meio sincero, antes de ajeitar a postura e a olhar de volta.

— Mas ele parecia meio..-tentou pensar em algo, como não conhecia ele tão bem agora, se perguntava se demonstrar interesse demais causaria algo suspeito.

— Para baixo?- ela supôs, vendo o outro acenar positivamente lentamente. 

— Bem...ele está assim há um tempo, soube que perdeu alguém importante.

—..alguém importante?- repetiu baixinho em entendimento, sua mente chegou a uma ideia então ele finalizou rapidamente o assunto.

— Deve ser complicado.-disse com certo pudor, a verdade é que reencontrar aquele conhecido desse jeito o fazia se sentir instável, mesmo após tanto tempo.

 Ela passou por ele dando um pequeno tapinha em seu ombro.

— Se quiser se aproximar, tenha paciência.-como um conselho, Kiyoko o avisou que o turno tinha acabado após ver o mesmo acenar em entendimento.

 Logo ele, se viu andando até seu novo lar. Um apartamento que era próximo do lugar que trabalhava. 

A verdade era que por alguma razão, ele voltou a ter consciência. Podia se lembrar facilmente de tudo que aconteceu antes de morrer, isso era um tipo de castigo? 

  Encontrar alguém assim tão de repente, era apenas coincidência. Só podia ser.

Ele adentrou o apartamento percebendo que a porta não estava trancada, sentiu inconscientemente uma leve inquietação pelo silêncio absurdo. 

Normalmente a casa estaria bagunçada, mas hoje não havia nem sequer um rasgo no sofá.

Geto verificou a tranca da porta, percebendo que de fato esteve aberta.

— Mooni?..- chamou pela seu gato de estimação.

 

 


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