Harry, o Herdeiro. escrita por Pedroofthrones


Capítulo 1
Capítulo 1




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—Você se resolveu com a filha de Mindinho? –Perguntou Roland.

Harry pegou a caneca de cerveja preta e deu um longo gole. Quando terminou, limpou a boca com as costas da mão e assentiu.

—Sim –Harry respondeu. –, nós acabamos por nos resolvemos, mas…

Roland levantou uma sobrancelha.

—"Mas"? –O primo questionou. –Como assim "mas"?

Wallace se intrometeu.

—O q-q-que vo-você f-fez, Harry? –Perguntou o irritante primo, tão burro, que era incapaz de formar uma palavra de forma decente.

Harry revirou os olhos.

—Eu não fiz nada! –Respondeu, irritado. –É que ela não me deu o favor dela.

Roland pareceu um pouco surpreso.

—A bastarda de Mindinho lhe negou o favor? – o primo começou a rir. –Essa é boa! Ela se acha melhor que o herdeiro do Vale!

—Cale a boca! –Gritou Harry.

—E-ela n-não e-e-está e-e-errada –Gaguejou Wallace. –Ela é m-melhor que…

—Pelo bem da sua vida, não termine essa frase…–Avisou Harry.

A bastarda de Mindinho não saía da cabeça do Harry desde a dança que tiveram. Havia algo nela, algo novo, que ele não sabia dizer o motivo, mas lhe atraia de forma intensa.

—Pra quem ela vai dar a liga? –Roland perguntou, passando gordura no pão.

Carrancudo, Harry deu de ombros.

—Não sei. –Ele respondeu. –Mas não será para mim, pode ter certeza. Ela não quer, e sei que não vou conseguir mudar o que ela pensa.

Roland riu novamente.

—O grande Harry Hardyng. –Brincou o primo. –Bonito, herdeiro de um reino… Mas não consegue conquistar uma bastarda.

Harry se levantou, farto daquilo.

—Vou dar uma volta. –Ele disse enquanto se afastava da mesa do café da manhã.

No pátio do castelo, ele observou homens treinando para o torneio do Vale. Todos queriam ser os escudos protetores de Robin Arryn.

E um dia, pensou Harry, serão meus.

O primo não ia fazer muito uso das espadas por muito tempo, logo, Harry acreditava, ele já estaria com a mãe e o pai. Depois, usaria os oito protetores como dele, sim. Seria bom ter protetores. Caso o Harry ganhasse um posto, pensaria em quem substituir.

Enquanto observava alguns dos participantes, perguntou-se qual seria o escolhido de Alayne… Mas, por quê ele queria saber? Era inútil para ele.

Alayne e seu pai eram problema, Bronze Yohn lhe avisara, e ele não havia se esquecido.

Ele encontrou Alayne, Myranda e Mya no pátio, andando de braços dados. Seria uma bela visão, se Myranda não fosse uma bolha com pernas, mas ainda era mais bonita que a bastarda meio-mula.

Harry comprimentou as duas ao se aproximar delas.

—Bom dia, belas jovens. –Ele disse, vendo que só uma era uma donzela e nenhuma era Lady.

—Olá, Sor. –Respondeu Myranda, sorrindo. Alayne também sorria, mas não parecia ligar com ele, e Mya nem se importou em fingir um sorriso.

—Vai treinar, Sor? –Perguntou Alayne.

Harry balançou a cabeça.

—Não, ainda não. –Ele respondeu. –Está curiosa para ver como eu luto? –Ele perguntou, querendo ver até onde ela iria.

—Se for melhor do que como dança, talvez seja interessante. –A bastarda respondeu.

Myranda e Mya olharam para Alayne, surpresas, mas a colega rechonchuda pareceu gostar da resposta.

Aquilo foi uma resposta inesperada, mas Harry não conseguiu não sorrir.

—Bem, eu faço o que posso. –Harry respondeu. –Venha mais tarde, e, quem sabe, eu lhe impressione com o que tenho.

Alayne deu um sorriso sedutor.

—Vou pensar no seu caso, mas estou ocupada ultimamente.

Ele franziu o cenho. Que tipo de ocupação uma garota bastarda teria?

—Ocupada? 

—Sim, afinal, eu estou ajudando meu pai com o torneio, lembra? –Ela respondeu. –Lorde Robert é uma criança, não tem indenpedência ainda.

E você gosta que seja assim, não é?

—A maioria deixaria isso para os outros, eu imagino. –Harry disse, tentando fazer ela mudar de ideia. –Muitas garotas teriam vontade de apenas não se preocupar com isso.

Alayne riu, como se tivesse alguma piada no que ele disse.

—É por isso que eu não sou como todas as outras garotas. –Ela soltou o braço das amigas e fez uma reverência. –Com vossas licenças, eu preciso ir. Tenho que ir ver o meu pai e depois garantir que Lorde Robert está bem para o banquete de hoje.

A bastarda se virou e saiu andando.

Eu vou ser todo o tempero que você precisar.

Um intenso calor tomou conta de Harry, queimando seu estômago e suas bochechas. Ele sentiu seu pau ficar duro nos calções.

—Alayne é cheia de segredos. –Disse Myranda quando a colega estava longe. –Não acha, Harry?

Harry olhou para a Myranda, a jovem gorducha de olhos e cabelos castanhos. Não muito tempo atrás, eles quase se casaram… Mas Randa era tão gorda quanto o dote, senão mais, e nem sequer era virgem. Por sorte, sua tia Anya não aceitou.

—Sim…–Harry respondeu, pensando em Alayne. –Eu… Eu preciso ir. Tenho que treinar…

Sem cerimônia, Harry se virou e saiu andando sem rumo do local. A ideia de ter Alayne o interessava, mas, de alguma forma, ela lhe interessava mais do que esperaria.

Harry andou, passando pelos servos e escudeiros até o estábulo. Não tinha motivo para estar ali… só estava andando até não poder mais. Até tirar Alayne da cabeça.

Andou até uma viga de madeira do estábulo, onde pendurou o braço.

Aquele sorriso dela, a língua afiada, os olhos azuis… A promessa de seu tempero. Tudo estava vindo até ele de uma só vez.

Se imaginou tirando a virgindade dela, com ela deitada num campo verde e ele por cima dela. 

Precisava daquilo. Quanto mais pensava que não poderia, mais ele queria.

A intensidade era tanta, que ele acabou soltando um gemido de prazer e ansiedade..

—Sor? –Um serviçal o chamou. –Algum problema?

—Bebi cerveja demais… –Harry disse. –Só isso.

Harry saiu dali, indo até seus aposentos. Precisava de algo para lhe distrair… Uma empregada talvez?

Não importava o quanto ele observava uma empregada ou uma donzela, Alayne sempre voltava a sua mente. O modo como ela dançava, o modo como ela lhe caçoava; ele deveria odiar ela por isso, mas por qual motivo essas afrontas aumentavam seus desejos?

Sua tia Anya o encontrou, ela estava descendo as escadas enquanto ele subia.

—Harry. –Ela o saudou.

Ele fez uma vênia para a sua protetora. Torceu para ela não ver a ereção dele.

—Como foi com Alayne? –Ela perguntou, sem cerimônia. –Se desculpou?

Harry assentiu.

—Sim, mas ela não aceitou fácil. –Ele avisou. –Disse que fui cruel demais. Tive que implorar por uma dança, acredita? Eu!

A tia o análisou com aqueles frios olhos castanhos.

—Tem que ser gentil com ela, Harry. –Ela ordenou. –Não seja rude! Ela é uma bastarda, mas ainda é muito importante!

Harry assentiu, mas estava carrancudo. A tia não se importou com os destratos de Alayne.

Anya passou por Harry, mas ele a chamou de volta.

—Por qual motivo se importa tanto com ela? –Ele perguntou. –Petyr é importante, mas quando Robert…

—Alayne é nossa salvação para as dívidas. –Sua tia o cortou. –E será uma grande esposa para você, Harry, confie em mim. Trate-a bem.

O jovem tinha algo para responder, mas sua tia não se importou e terminou de descer os degraus.

Harry entrou nos aposentos e se deitou. Sua respiração estava tensa e ele estava duro como uma rocha.

Eu sou todo tempero que você vai precisar.

Como se fosse uma criança, Harry abraçou o travesseiro com força e gritou nele, não conseguindo parar de pensar na bastarda.

—Alayne… –Murmurou. –Alayne, Alayne, Alayne… Meu único tempero. Alayne…

Ele deve ter cochilado depois de um tempo, pois logo estava se imaginando abraçando Alayne, e num momento ouvia Roland o chamar.

—É hora do banquete, lembra?

—O quê? –Ele perguntou. –Pelos deuses, eu caí no sono?

Roland sorriu.

—Não dormiu bem à noite? –Ele perguntou. –Pensando no favor de Alayne?

Pensando no tempero dela…

—Vamos logo! –Harry respondeu.

Harry decidiu vestir um gibão azul claro, com cortes nas mangas e no corpo, revelando o tecido de prata por baixo da roupa. Vestiu também uma meia-capa com os cristais brancos e vermelhos da casa Hardyng.

Roland observou a roupa de Harrold com desconfiança.

—Não acha que a sua roupa é um pouco… chamativa demais?

—Que se foda –Respondeu Harry, prendendo a meia-capa. –Eu vou lembrar aos lordes minha linhagem.

—Aos lordes? Não quer dizer a Alayne?

—Vá se ferrar, Roland!



No grande salão do castelo, Harry procurou por Alayne. Ela já estava dançando com algum lorde.

—Ela ama dançar –Harry observou em voz alta.

—Sim. –Até Roland parecia hipnotizado. –Sabe, quando ela dança, você percebe que é quando ela está realmente feliz.

Harry assentiu, vendo sua prometida dançar com vários e vários homens, quase não parecendo se cansar.

Quando a música parou, Harry decidiu ir até ela, mas a jovem donzela foi ver o primo dele, Robert, o remelento lorde do Vale.

Harry odiava aquele moleque cada vez mais; estava tomando seu assento como lorde do Vale, e, agora, estava tomando tempo de Alayne. Esperava que não usasse as tetas dela como usava as da falecida mãe dele, aquela gorda medrosa.

O cantor poderia ter empurrado os dois pelo portão da lua.

—Parece desesperado, Harry. –Roland disse, vendo o ódio no rosto dele. –A garota parece valer mais que ouro Lannister para você.

Harry ignorou ele e foi até a jovem donzela. Robert estava no nível acima de todos, e Alayne falava alguma coisa com ele, enquanto segurava a pequena mão dele.

—Você parece cada dia mais forte…–Ela estava dizendo.

—Alayne. –Ele a chamou de forma abrupta. 

A jovem se virou, surpresa, mas quando o viu se recompôs e sorriu. Ela usava um longo vestido branco, as mangas eram tão longas que quase tocavam o chão. A luz das alabardas deixavam o cabelo dela mais brilhante, quase parecia ruivo pelo luz vermelha e dourada das chamas.

—Olá, Sor. –Ela disse. –Não lhe vi treinando hoje.

—Não, não treinei. – ele respondeu. –Porém estou disposto a dançar mais uma vez, se quiser. Espero que não me faça implorar como antes.

A jovem ficou corada ao ouvir a última parte, mas sorriu e assentiu.

—Sor Harry. –Alguém o chamou, era o pai de Alayne, Petyr. 

O lorde regente estava em pé ao lado da enorme cadeira de Robert, sorrindo para Harry.

—Espero que minha filha esteja sendo bem tratada por você. –O lorde regente disse. –Vejo que gosta bastante dela.

Harry percebeu que Mindinho não disse que esperava que a filha estivesse lhe tratando bem, mas percebeu também que Alayne ficou tensa ao ver o pai.

—Vossa filha está segura, Lorde Baelish.

—Oh, eu sei que sim. –Petyr disse. –Minha filha é a maior jóia de minha vida. Tome conta dela, sor.

Alayne pegou a mão de Harry, pronta para levar ele para dançar no salão.

—Aonde vão? –Robin Arryn perguntou, irritado. –Não dei permissão! Quero Alayne aqui!

Alayne parecia que ia responder, mas não foi necessário, pois Petyr deu a última palavra:

—Alayne e Harry querem dançar. –Ele disse.

O olhar frio de Petyr calou o pequeno Robert. Mindinho não parecia alguém que instigasse medo nas pessoas, mas Harry pôde ver que assustava seu primo.

Alayne o puxou para longe dali, apressada., 

—Seu cabelo parece diferente hoje, milady —Harry disse, mas Alayne pareceu ignorar seu comentário.

Ela o levou para perto do centro do salão, onde eles poderiam esperar a música começar para iniciarem uma dança.

Quando começou, ambos pegaram na mão um do outro e começaram a rodopiar. Ficaram assim por um tempo, de forma que talvez fosse desconfortável.

Vamos, Harry disse a si mesmo, diga algo, idiota. Não era uma situação comum, geralmente ele não tinha que falar nada, mas com Alayne era um outro tipo de dança.

—Está muito bela esta noite, minha senhora. –Harry disse. –E está dançando lindamente.

Alayne sorriu com o elogio.

—Obrigada, Sor. –Ela respondeu. –Também está dançando e falando muito melhor do que da última vez.

Harry soltou um leve riso ao ouvir aquilo.

—Bem, eu acho que tenho que mostrar que sou tão bom galanteando quanto sou sou nas justas.

—Isso ainda teremos que ver. –Ela disse. –As justas ainda vão começar, sor.

—E eu vou ganhar todas elas. –Harry respondeu convicto de sua vitória. –Porém, acho que seria uma garantia melhor se eu tivesse seu favor, Milady.

Alayne estudou o rosto dele por um tempo.

—Bem, eu até gostaria, Sor –respondeu Alayne–, mas já lhe disse, está prometido para outro.

Harry franziu o cenho.

—Quem? –Ele perguntou. –Me diga, e vou desafiá-lo para um duelo em seu nome! Lutaremos com espadas amanhã mesmo!

Alayne riu com a promessa de seu prometido.

—Vai saber quando chegar a hora, eu prometo.

Você também me prometeu que será o único tempero que eu vou precisar. Harry limpou a garganta para falar, sentindo-a secar.

—Eu imaginei que, bem, como você é minha prometida…

—Agora você gosta que eu seja sua prometida? –Ela o desafiou, com os olhos azuis brilhando de curiosidade. –Não está mais bravo por ser prometido a bastarda de Mindinho?

Harry se calou e pensou numa resposta.

—Acho que você provou que tem seu valor. –Ele respondeu, se arrependendo logo depois. Parecia um elogio melhor na sua mente.

—Ora, então imagino que seus padrões não são muito altos. –Ela devolveu. –Mirra deve ter sido um tédio, eu imagino?

Harrold não sabia bem o que dizer, mas tentou ver se ela teria ciúmes da antiga amante dele; pois ela era filha de um comerciante, sendo assim, um pouco mais importante que uma simples bastarda.

—Mirra é uma grande dama, acredite. –Ele disse. –Pode não ser nobre, mas é uma boa pessoa, sempre amável.

Alayne pareceu achar graça quando quase deu uma risada.

—Sim, mas não parece ter sido o bastante. –Ela disse. –Afinal, é comigo que você está dançando, não ela.

Harry assentiu.

—Você é mais interessante, isso eu admito.

—Bem, eu imagino que você deva estar entediado com jovens como Mirra. –Alayne disse. –Afinal, existem várias como ela por aí, então deve ser bem monótono.

Aquilo que ela disse tinha uma verdade, mas Harry não tinha percebido antes. Alayne, talvez por ter a marca de uma bastarda, não era como nenhuma jovem que ele já vira; era como se ela simplesmente valesse menos do que qualquer nobre, mas ainda pudesse ser mais interessante do que todas elas. As filhas de Lady Anya, Cissy, Myranda, Mirra, as outras jovens da corte… Nenhuma era como Alayne. Apenas ela iria zombar de Harry; apenas ela não iria abaixar a cabeça para ele; apenas ela iria lhe negar algo, sem se importar com as represálias; apenas ela iria olhá-lo como igual, mesmo sendo uma bastarda jovem, pobre e ele um lorde protetor de um Reino inteiro. 

E isso tudo o excitava como nunca havia estado. Quem quer fosse a mãe de Alayne, ou o que quer que fosse que Petyr lhe ensinara, fez uma jovem excepcional. 

—Realmente –Disse Harry quando a música acabava–, você não é como as outras garotas. Não as que eu conheci, pelo menos.

Alayne soltou suas mãos das de Harry quando a música finalmente terminou.

—Talvez elas nunca tenham deixado você conhecê-las de verdade. –Disse Alayne num tom provocador.

—E você? Eu conheço você de verdade, Alayne?

Ela pareceu se divertir com a pergunta de Harrold, mas seu sorriso ainda parecia um pouco triste.

—Oh, Sor Harrold –Ela se aproximou e tocou numa covinha dele. Sua voz parecia lenta e depressiva. –, você nem imagina o tipo de mulher que eu sou. E talvez prefira que seja assim.

Harry não pode deixar de reparar no uso da palavra "mulher" na fala, como se ela já fosse uma adulta completa, quando era um pouco mais nova que ele.

Quando Alayne tirou a mão e se virou para ir embora, Harry a pegou pelo pulso.

—Quer pegar um ar comigo? –Ele perguntou. –Nos jardins?

A filha de Mindinho o analisou por um tempo, como se suspeitasse que ele pudesse fazer algo contra ela, mas também pensando "o que eu ganharia com isso?".

—Mais tarde. –Ela respondeu finalmente. –O lorde Robert precisa de mim.

Harrold comprimiu a boca, indignado com a ideia de que aquele garoto nojento tinha mais atenção da Alayne do que ele.

—E eu não? –Ele questionou, irritado.

Alayne deu de ombros.

—Você não é o lorde do Vale. –Ela disse com indiferença. –Ele é mais importante que um Hardyng. —Ela disse e saiu andando.

Uma jovem foi até Harry e perguntou se ele estava com vontade de dançar.

—Não. – Respondeu secamente. –Não tenho mais vontade.

Harry se sentou na parte do estrado onde sua protetora estava. Era mais alto que a maioria, mas longe de Robin.

—Se divertindo com sua prometida, Harry? –Roland perguntou.

—Cale a boca, imbecil. –Harry disse, pegando uma taça de vinho.

—Espero que não tenha destratado Alayne, Harry. –Disse Lady Anya. –Ela é tem um nascimento muito elevado e dependemos dela.

—Pelo contrário –Respondeu Harry. –, ela é quem me destrata!

Roland riu da carranca e das lamentações de Harry.

—A prova que é mais esperta que a maioria.

Harry o olhou, estreitando os olhos.

—Roland, já te mandaram ir se fuder hoje? 

O rapaz pareceu divertido com a indignação do Harry.

—O lo-lor-lorde do va-va-vale p-parece ruim, n-não? –Perguntou Wallace, talvez para acalmar eles.

Ao ver o pequeno Lorde, Harry viu que parecia mais pálido que o normal, e parecia não encarar nada que estivesse na sua frente. Estava com um olhar distante e vazio. Não sabia se estava apenas entediado, com sono ou triste... Talvez as três coisas. Será que estava doente?

Que morra, pensoudeve estar mamando os peitos da Alayne como fazia com a mãe!

Alayne falou algo com Myranda e foi até o de Harry e os Waynwood estavam.

—Posso me sentar com vocês? –Ela perguntou gentilmente.

—Tem certeza que o grande lorde do Vale não precisa de você? –Harry perguntou, deixando a irritação falar mais alto. —Embora não saiba o que ele ganharia ao passar o tempo com uma bastarda.

—Olhe os modos, Harrold! –Repreendeu Lady Anya.

Alayne não se abalou:

—Ele parece mais tranquilo –Ela respondeu. –Vim ver o outro jovem chorão que precisa de cuidados.

Se ela soubesse seu lugar, ele pensou carrancudo, nunca falaria assim de mim. Qualquer outro lorde lhe daria uma surra por agir e falar assim!

—Meu primo é um idiota. –Disse Roland, se levantando e beijando a mão de Alayne. –Só um tolo não aceitaria ter a atenção de lady tão bela.

Alayne sorriu e olhou para Harry, vendo como ele reagiria.

—Você é bondoso, Sor, mas não sou uma lady.

—De fato, você não é como elas. —Concordou Roland—Mas é praticamente nossa Lady do Vale!

Harrold deixou a taça de lado e olhou para Roland de soslaio. Aquele idiota queria apenas irríta-lo ou tinha algo mais?

Roland deu lugar a Alayne, deixando ela entre ele e Harrold, e pegou uma cadeira para si. Depois, pegou um jarro de um servo que passava e serviu a bastarda, como se fosse um copeiro.

—Obrigada. –Ela disse. –Bom saber que belos rapazes ainda tem os seus modos, é difícil achar alguém assim hoje em dia.

—Também é difícil achar uma moça que saiba seu lugar. –murmurou Harry. 

Roland sorriu, olhou para Harry e depois para Alayne.

—Nunca poderia imaginar que alguém lhe fizesse mal, senhora. –disse Roland.

Alayne deu um sorriso triste e abaixou um pouco a cabeça. Pareceu ficar abalada, perdendo a compostura.

Harry perguntou a si mesmo se foi porque ela se lembrou que ele a chamou de bastarda quando se conheceram… Aquilo não foi nenhuma mentira, mas a lembrança o fez se sentir mal. Não sabia o motivo, mas mesmo assim o deixava assim.

Não sabia que minhas palavras deixavam ela assim, ele pensou... Claro, ele em algum ponto quis mogoá-la, mas não se sentia bem ao pensar nisso agora.

—N-não t-tem ca-cantores, nã-não é? – Falou Wallace, vendo o clima entre os três.

Isso pareceu despertar Alayne, que foi rápida em responder:

—Oh, Lorde Robin não tem suportado cantores desde a morte da mãe pelo cantor Marillion. –Ela disse. –Ama música, mas cantores agora o deixam abalado.

—Foi uma pena o que houve com Lady Lysa. –Disse Lady Waynwood.

Então por que você parece tão feliz desde então?, Harry pensou.

—Sente saudades da música dos cantores? –Roland perguntou se dirigindo a Alayne. –Sua beleza é digna de várias canções em vossa homenagem.

Alayne soltou um leve riso ao ouvir aquilo, enquanto Harry revirou os olhos.

—Digamos que Marillion não me deixou boas memórias, mas acho que estou disposta a ouvir uma canção novamente.

Roland se levantou e lhe ofereceu a mão.

—Também está disposta a dançar mais uma vez?

Sem nem olhar para Harry, a filha de Mindinho aceitou o pedido e foi dançar com o primo de Harry.

Harrold observou sua prometida e Roland dançando. Seu primo não era um grande dançarino, mas Alayne parecia mais viva do que nunca a cada passo que dava. O corpo dela se movia de forma rápida e elegante.

Wallace pareceu não ter achado interessante ficar com Harry, pois logo saiu da mesa.

Pegou o jarro de vinho e encheu a taça, depois levou a bebida à boca. Estava tão cheia que a bebida escorreu pelo seu queixo.

—Você devia ter ido dançar com sua prometida, Harry. –Disse Anya, enquanto ele limpava a boca com as costas da mão.

—Ela não me quis. –Ele respondeu. –É ela quem tem que querer pelo visto.

Lady Anya soltou um risinho e bebericou um pouco de Dourado da Árvore.

—Oh, sim. –Disse Anya. – Vejo que sua prometida é uma mulher de opinião forte.

—Acho que ela será o homem da relação. –Ele disse, observando Roland ignorar a troca de parceiros na dança e continuar com Alayne.

—Bem, você ficará agradecido por ter uma esposa assim, acredite. Valeria a pena aguentar as opiniões dela, ela irá guiar você nas artes de governar… Ah, e filhos. Sim, acho que ela lhe dará muitos filhos.

—Já tenho filhos. –Respondeu.

—Ela lhe dará filhos legítimos. –Ela lhe lembrou. –Sim, essa garota vai nos fazer brilhar.

Harry franziu o cenho e olhou para a sua protetora. Era estranho ela realmente não ver problema algum naquela união.

—Se eu serei lorde, e todos sabem que eu vou, por que motivos casar com uma bastarda? – questionou. – Por que Mindinho vai ajudar nas dívidas da sua casa? Eu serei lorde, vou poder resolver isso…

—Xiu, Harry! –Sua tia lhe interrompeu. –Controle a língua.

Ele girou a taça, não deu mais um gole, apenas viu o vinho se mexer.

—Todos sabem que é isso que vai acontecer e ninguém liga. –Harry disse. –É só uma questão de tempo.

Anya sorriu.

—Bom, então devo entender que quer encerrar o casamento com Alayne? –Ela perguntou. –Quer se livrar da filha de Petyr Baelish e do próprio eu imagino? Afinal, eu mesma deixei claro que só concordaria com a união se você quisesse.

Harry pensou no que a tia disse e olhou para a filha de Petyr Baelish. Ela estava aos risos com Roland. Dançando com ele, mesmo que Harry fosse seu prometido.

Se Harry terminasse com aquilo, quando Robert morresse, Mindinho e sua filha voltariam aos Dedos e ela terminaria pobre e sozinha, enquanto Harry poderia ter uma esposa nobre e mais bonita, que lhe dissesse o que ele não queria.

—Harry? –Lady Anya o tirou de seus pensamentos, botando uma mão no ombro dele. –Você quer acabar com tudo isso?

Ela nem me ama, Harry pensou, é só uma bastarda ambiciosa que acha que pode mandar em mim.

—Não. –Ele disse. –Me deixe… Vamos ver como vão ser as coisas, certo?

Lady Anya sorriu e assentiu, depois olhou para frente, para os dançarinos.

—Essa sua chance. –Ela disse. –A dança acabou.

Quando Harrold olhou novamente, viu Roland e Alayne andando para o estrado, rindo de algo que a jovem tinha dito.

Aproveitando a deixa, Harry deixou o assento sem cerimônia e foi até eles.

—Alayne. –Disse Harry ao se aproximar dos dois. –Poderia me dar licença com o meu primo?

Alayne olhou para o estrado e depois fez uma vênia apressada e saiu. Ela provavelmente iria para o pequeno lorde.

—Vamos conversar, sim? –Disse Harry ao primo.

Roland assentiu e eles andaram para fora do salão, indo até um corredor.

—O que foi? – seu primo perguntou quando pararam de andar.

—Não se faça de bobo, Roland. –Disse Harry. –Eu sei o que está fazendo, deixe Alayne em paz. Ela é minha prometida. Pare de tentar me irritar com seus jogos de ciúmes.

Roland deu uma gargalhada.

—Jogos de ciúmes? –Ele disse gargalhando. –Eu não estou jogando, juro!

Harry bufou.

—Não importa, deixe-a em paz. Não vai ganhar nada.

Roland parecia meio nervoso, com um riso agitado e olhos que pareciam olhar para todos os cantos.

—Harry, você tem que me ajudar nessa. –Ele disse.

Harrold franziu o cenho.

—Ajudar com o que? –Ele perguntou, não via sentido no que seu primo dizia.

Rolando colocou as mãos nos ombros de Harry.

—Me ajude a casar com ela! –Ele disse. –Me ajude a convencer minha avó a mudar de ideia e me casar com a bastarda de Petyr!

Harry inicialmente franziu o cenho, não entendendo nada… Até que tudo fez algum sentido e esbugalhou os olhos.

—Você está louco!? –Harry perguntou, incrédulo com o pedido do primo.

—Louco? Não! –Ele respondeu rindo. –Bem, só se for louco de amor!

Harry afastou as mãos do primo e observou com desconfiança.

—Eu brinquei que ela havia roubado meu coração quando a vi. –Seu primo lembrou, foi no mesmo dia que chegaram ao castelo. –Digo, ela era linda de morrer, mas agora, depois de falar com ela algumas vezes… Ah, terá existido donzela mais perfeita?

—Uma de nascimento legítimo, talvez?

—Ah, Harry, elas são sem graça, você sabe! –Ele disse. –Digo, ela é como elas, mas…

—Mais esperta? –sugeriu Harry, vendo onde aquilo estava indo.

—Sim! Isso, esperta! – seu primo confirmou. –Sincera também!

Pelos deuses, ele é ainda mais patético do que eu, pensou.

—Digo, viu como ela fala? Ela adorou as minhas piada sobre os cavaleiros, e ela parece tão, tão feliz ao dançar… Ah, e o modo como ela sempre está a disposição de tudo; como ela sempre está ajudando a controlar as coisas na justa, o jeito que aqueles belos olhos analisam tudo… –Seu feio primo estava com largo sorriso e brilho nos olhos. –Ela… ela é como a esposa perfeita. Não só uma companheira para ter filhos, mas um braço direito. Tão, tão espirituosa. Sabia que foi ela quem organizou o banquete de hoje? Lindo, não? Eu aposto que ela adoraria me ajudar no castelo dos Waynwood, não acha? Não é tão grande quanto ser Lady do Vale, mas é mais do que ser uma bastarda dos dedos.

Harrold balançou a cabeça ao ver aquilo.

—Roland, você perdeu a cabeça? –Harry perguntou. –Por acaso a Alayne está jogando com você para me deixar com ciúmes?

O sorriso do primo morreu.

—Não. –Roland respondeu irritado. –Ela não está me usando, ela é sincera comigo!

Harry riu da cara dele.

—Imagino que então ela foi atraída pela sua personalidade única? –Ele brincou. –Bem, pela aparência não foi.

Roland tinha cabelos castanhos pegajosos, rosto comprido, queixo largo e um nariz franzido. Se tinha uma coisa que ninguém falaria com sinceridade para ele, era de que era bonito. 

—Não tem graça, Hardyng! –Disse Roland. –Estou falando sério! – Ele alisou o cabelo pegajoso, com um semblante triste. –Eu mesmo acabei comentando da minha aparência na dança, brincando que não era bonito como você, é claro; porém, ela me disse que aparência não é qualidade e elogiou os meus modos e que minha futura esposa teria sorte. –A memória o fez sorrir.

Harry franziu o cenho, pensando no que aquela garota estava fazendo e no que ela tinha a ganhar. Deixar ele com ciúmes? Bem, não poderia dizer que não teve qualquer tipo de efeito…

—Ela lhe deu o favor dela? –Era improvável, Roland nem estava no torneio, mas era um jeito de saber se ela só queria causar ciúmes.

—O quê? Não! Eu nem estou no torneio!

—Ah, isso é bom…

—Por que?

—Porque quer dizer que você é só um iludido. –Harrold disse, rindo da cara de seu primo. –Deuses, você devia ver como está sendo idiota. Bebeu demais, primo?

Roland bufou.

—Vamos, Harry! –Disse Roland. –Me deixe ficar com ela, por favor!

—Lady Anya…

—Pode mudar de ideia. –Garantiu Roland. –Ela disse que só teria casamento se você quisesse, então negue-o, eu sei que você não a quer mesmo.

Harrold fingiu interesse, queria ver até onde seu primo iria.

—Bem, Petyr quer o herdeiro do Vale –continuou Roland. –, ele pode não ter você, mas ficaria feliz em ter a filha casada com a casa que tem laços com o futuro lorde. Basta que minha avó ofereça isso para o lorde regente e ele terá que aceitar e ajudar nas dívidas de nossa casa. Ótimo plano, não?

Dessa vez, Harry riu como nunca do primo.

O som de suas gargalhadas ecoaram pelas paredes e ele se sentiu quase sem ar.

Roland ficou vermelho com a risada, mas manteve a cara série.

—Não tem graça, Harrold, pelos deuses! –Seu primo disse, envergonhado e irritado.

Harry não conteve a gargalhada.

—Você e a Alayne? Desculpe, mas isso é pior do que o Frey que quis casar com Rhaenyra Targaryen… Era Frey não era? Ou um Tully? Eu realmente não lembro.

—Eu sou o herdeiro de Waynwood! –defendeu Roland.

—-E eu sou o herdeiro do Vale.

—Harry, por favor, me ajuda nessa. –implorou Roland. –Você sempre teve tudo; as garotas caem aos seus pés, nunca teve ninguém lhe dando ordens chatas, tem uma bela aparência… Pelos Deuses, até o trono do Vale é seu! E você nem é um parente próximo! Deixe-me ter pelo menos a Alayne!

—Ela é bastarda. –Lembrou Harry.

—Sim, mas isso não impediu Lady Anya de tentar uma união entre vocês. –Roland o recordou. –E, mesmo que Petyr não aceite, você logo será lorde, poderia nos dar permissão…

—É, mas eu não vou. –interrompeu Harry. –Você não vai casar com ela. E eu não vou deixar que se aproxime dela tão facilmente desta vez, pode deixar seus sonhos de lado.

Roland apertou bem a mandíbula e cerrou os punhos, era visível que estava se segurando para não bater em Harry.

—Não é justo. –disse Roland. –Você tem o Vale, sabem os deuses como, mas eu não ganho nada?

Harrold revirou os olhos para as lamúrias de Roland, o chorão.

—Eu lhe darei uma boa esposa para você –prometeu Harry. –Se você parar de chorar.

—Eu quero Alayne.

E eu não?

—Ora, por favor, não seja tão imbecil! –Harry estava perdendo a paciência com tudo aquilo. –Alayne não ia ter olhos para uma casa nobre como a sua, que ela sabe que está endividada, quando sabe que pode se tornar a Senhora do Vale de Arryn quando se casar comigo. –Harry lhe lembrou.

Roland bufou e saiu andando.

—Vá se fuder, Hardyng! –Seu primo gritou ao sair dali. –Que os outros o carreguem!

Harry suspirou e seguiu na mesma direção que ele, voltando até o salão.

Quando chegaram, parecia que o salão estava um pouco mais vazio. O pequeno lorde do Vale estava sonolento, sendo tirado de seu assento e levado para a cama, sem protestos.

Lady Anya foi até Harry e Roland.

—Acabou tão cedo? –Perguntou Harry.

Sua tia lhe respondeu com um dar de ombros.

—Bem, Lorde Robert já vai para a cama e o Lorde Regente foi tratar de algum assunto importante; fora que já está ficando tarde e o torneio é depois de amanhã. –Ela se virou para Roland. –Tenho que ter uma palavra com você, meu neto.

Sor Roland chutou o ar.

—Não posso falar com Alayne antes? –Ele perguntou. –Me despedir?

Anya balançou a cabeça.

—Deixe que ela e Harry conversem –Ela respondeu. –Afinal, eles estão prometidos.

Harry deu uma risadinha e deu uns tapinhas no ombro do primo.

—Não se preocupe, Sor –Harry disse. –, vou cuidar bem de Alayne.

Roland saiu a passos largos e Lady Anya foi com ele.

Harry olhou para o estrado e viu Alayne falando com Petyr. Estavam rindo, mas ele não sabia o motivo.

Quando Alayne o viu, ela deu um beijo em seu pai e foi encontrar Harry.

—Sua noite foi boa, milady? –Harry perguntou quando ela se aproximou.

—Bem, não teve bolos de limão, mas foi divertida. –Alayne respondeu.

—Está disponível para mim agora? –Harry perguntou. –Ou vosso Lorde vai precisar de você?

—Lorde Robert foi dormir. –Ela respondeu. –Não sou necessária para ele agora.

Harry sorriu.

—Então vai me entreter o resto da noite? –Ele perguntou com uma malícia óbvia.

Alayne sorriu de volta.

—Não sou eu quem deve ser entretida?

—Sois minha prometida.

—E por isso mesmo eu mereço algum agrado. –Ela respondeu de volta. –Já que ainda não esqueci do modo que me tratou.

—Nunca vai me perdoar?

—Tem que se provar digno de meu perdão, assim como de minha mão.

—Pois bem então. –Disse Harrold, lhe oferecendo o braço. –Vamos pegar um ar lá fora? Deve estar exausta de tanto dançar e cuidar do jovem Lorde.

—Robert é… Cheio de energia. –Ela respondeu, passando um braço pelo dele. –Porém, dançar nunca é cansativo para mim, me sinto mais viva do que nunca.

—Vamos ao pátio? –Harry perguntou, sabendo que ela nunca gostaria de levar ela até seu quarto.

—Pode ser –Ela respondeu, mas depois lhe deu um sorriso travesso. –, mas eu tenho uma ideia melhor.

—Que tem em mente?

 

O portão traseiro do castelo estava aberto, dando abertura para uma floresta da montanha, onde tudo estava coberto de neve. A luz da lua pintava tudo que tocava de prata.

Perto da subida da montanha, era possível ver os degraus de pedras esculpidos, que levariam para o Pedra, Neve, Céu e, finalmente, até o Ninho da Águia. O castelo era inabitável no inverno, mas na primavera ele estaria disponível novamente.

Harry pensou no trono do castelo, em como seria seu um dia… E em como a cama também seria sua.

—Por que aqui? –Harry perguntou.

Alayne deu de ombros, o seio dela roçou seu braço, mas ela pareceu não notar.

—Eu acho bonito, você não?

Ela falava da beleza da natureza congelada, mas ele só conseguiu olhar para ela… E para o decote quadrado do vestido, mostrando uma boa visão dos seios dela.

—Está linda essa noite, Milady. –Ele disse. –Branco combina com você. Parece tão…

—Pura? –Alayne sugeriu.

Um rubor tomou conta das bochechas de Harry, ele pode sentir o calor tomando conta dele.

—Sim. Pura.

—Era da antiga Lady Lysa. –Ela disse. –De quando ela ainda era jovem.

—Nunca a conheci. –Ele disse. –Não seria de bom tom aparecer na frente dela sendo herdeiro caso o filho dela… Você sabe.

Alayne assentiu.

—Bem, foi melhor assim. –Ela disse. –Lady Lysa facilmente teria lhe jogado pelo portão da Lua.

Harry ficou um pouco surpreso pela sinceridade dela, Lady Lysa era esposa do falecido e amado Jon Arryn, mãe de Lorde Robert, e nem fazia um ano que tinha sido cruelmente assassinada.

—Ela não era boa para você?

—Digamos que ela sabia ser má. –Alayne respondeu. –Ninguém realmente vai sentir falta dela além de Robert.

Isso era verdade; ninguém amava Lady Lysa. Pode ter sido um choque ela ter sido assassinada, mas ninguém poderia dizer que era algo a se lamentar.

—E o cantor que a matou? –Ele perguntou. –Você o conheceu? Ouvi dizer que ele se matou.

Alayne assentiu.

—Ele era detestável. –Ela disse, e Harry pode sentir o nojo nas palavras dela. –Lady Lysa deu muita liberdade para ele, não é uma surpresa que ele tenha enlouquecido. Aquela mulher devia ter tomado decisões de vida melhores, mas agora é tarde.

—Pelo menos ela foi uma boa mãe para Robert?

—Bem, ela o amava, mas existiam modos melhores de cuidar dele.

Aquilo fez uma pergunta surgir na mente de Harry.

—Como era a sua mãe? –Harry perguntou.

Alayne demorou um pouco para responder.

—Ela era filha de um comerciante bravosi –Ela finalmente respondeu. –Não lembro muito dela, pois morreu muito cedo. Eu estava sendo preparada para a fé, mas resolvi finalmente contatar meu pai e sai do Septo.

—Foi melhor assim. –Disse Harry. –A fé não parece ser do seu tipo, Milady. 

Por que continuo a chamá-la de Lady?

—Eu não conheci minha mãe. –Disse Harry. –Ela morreu pouco depois de eu nascer.

—E o seu pai, sor?

 

—Ele morreu quando eu era bem novo. –Respondeu Harry. – Lady Anya e seus filhos e netos foram minha única família.

—Meus pêsames.

Harrold deu de ombros.

—Ele não era ninguém. –Disse Harry. –Não faz falta na minha vida.

Alayne comprimiu a boca.

—Bem, muitos ficaram contentes em ter o pai com eles, mesmo ele sendo um "ninguém".

—Muito fácil falar isso no seu caso. –Harry disse. –Vosso pai é Lorde Regente, lembra?

—É, mas ele não foi sempre!

Aquilo o fez franzir o cenho. Harry acreditava que Alayne demorou anos para conhecer o pai, mas a fala de Alayne o remeteu ao tempo em que Mindinho moraria nas terras mortas dos Dedos… Só que ele passou anos em Vila Gaivota, onde Alayne viveu, e, após isso, anos na corte em Porto Real.

Petyr Baelish não desgrudava da filha, ele não a deixaria vivendo em suas terras pobres, ou nem sequer a tiraria de Vila Gaivota.

—Quanto tempo você vive com seu pai? –Harry perguntou, não era comum as pessoas bisbilhotarem a vida de bastardos, mas Alayne já havia perguntado sobre os dele.

Alayne pareceu ficar um pouco tensa.

—Oh, eu escrevi para o meu pai pouco após a minha floração. –Respondeu Alayne. – Ele ainda estava na corte, mas ficamos pouco tempo. Logo voltamos ao Vale, onde ele casou com a mãe de Robert, e o resto você já sabe.

Harry assentiu lentamente.

—Mas ainda guardo bons ensinamentos da fé –Garantiu ela. – Foram bons anos de estudo…

—Eu imagino. –Harry disse, com óbvio desinteresse na voz. Não queria saber dos tediosos anos de devoção de sua futura esposa.

Melhor não perguntar mais nada sobre o passado dela, pensou, ela pode querer recitar os ensinamentos da fé, e se eu quisesse saber, teria casado com uma septã.

Harry pensou em algo para mudar de assunto e percebeu que o cabelo de Alayne estava coberto de neve.

—Não está com frio, Milady? –Perguntou Harry. – Quer minha capa?

—O frio não me incomoda. –Ela respondeu simplesmente.

Era fácil ver que era verdade, Alayne tinha um brilho único na neve. Ela olhava maravilhada para os pinheiros cobertos de neve.

De repente, ela largou seu braço e saiu correndo em mata congelada, aos risos.

Era lindo de ver, o corpo dela já parecia cheio de vida ao dançar no salão, mas ali, era quase algo divino de ver. Alayne não estava dançando na neve, estava dançando com ela. Era como se fossem uma coisa só.

Harry inicialmente logo bateu os calcanhares atrás dela. Sempre que ele se aproximava, ela se afastava correndo; era estranho, como se fossem duas crianças brincando. Mas Harry podia sentir a excitação crescer em seu corpo, fazendo ele correr mais rápido. Os risos dela eram vivazes e lhe deixavam mais animado.

Quando ela sumiu de vista para ele entre as árvores, Harry ficou tentando achá-la.

De repente, ele sentiu algo atingi-lo na nuca e uma súbita rajada de frio percorreu a área atingida e desceu para dentro de seu gibão.

Quando ele se virou, viu Alayne rindo.

—Isso não foi muito nobre, não? –Ele disse.

—Ora, divirta-se um pouco! –Ela respondeu.

Harrold correu até ela, dessa vez, quase a agarrou, mas seu pé escorregou na neve e ele caiu de cara no chão enquanto ela se afastava.

—Você está bem? –Perguntou Alayne, se aproximando dela.

—Não –Ele respondeu, retirando a neve da cara–, meu orgulho foi ferido…

A jovem jogou outra bola de neve em cheio na cara dela.

—Ah, eu te pego! –Ele disse, esticando um braço e tentou pegar a perna, mas não conseguiu. No entanto, isso a fez se desequilibrar e cair.

Harry a pegou aos risos, encheu uma mão com neve e a jogou, fazendo Alayne fazer um som irritado, porém risinho, com a neve fria. Após isso, Harry começou a fazer cócegas nela e ambos estavam girando aos risos na neve.

Quando pararam, já estavam sem fôlego.

—Fazia tempo que não me divertia assim! –Disse Harry, enquanto tentava recuperar o folêgo.

—Nem eu–Disse Alayne, afastando o cabelo escuro do rosto. –Já faz muito tempo que não brincava na neve.

Harry sentiu um aroma leve no ar. Ele se virou e viu que cresciam algumas rosas azuis no local. Se levantou e colheu uma, levando-a até o nariz e sentindo o perfume do inverno.

Voltando para onde Alayne estava, ele colocou a flor na orelha dela.

—Obrigada. –Ela disse, parecia até uma jovem inocente.

O frio e a corrida deixaram as altas maçãs do rosto de Alayne, o cabelo dela estava espalhado e cheio de neve, e seus olhos azuis brilhavam como nunca antes. A pele e o vestido dela pareciam ser feitos de gelo, como uma estátua perfeitamente esculpida.

Era uma visão de tirar o fôlego, e Harrold não conseguia desviar o olhar daqueles lindos olhos.

Como pude pensar que Mirra era mais bonita que ela?

Você é tão linda. –Harry disse, quase sem nem perceber o que falava. Era como estar enfeitiçado.

Alayne sorriu.

—É bom ser elogiada assim. –Ela disse, pegando a flor e a levando para o nariz, sentindo o aroma doce dela.

Harry riu.

—Todos te elogiam assim! –disse Harry. –Os homens estão caindo aos seus pés!

—É que… É bom só ser elogiada da forma que você disse. –Respondeu Alayne. –Sem nenhum duplo sentido, olhares lascivos… Ora, você nunca iria entender.

A jovem tinha razão, ele realmente não sabia a diferença.

Alayne se levantou abruptamente.

—Eu já devo ir. –Ela disse, mexendo a saia do vestido para tirar a neve.

Harry não queria que Alayne o deixasse.

—Agora? –Ele perguntou. –Está tão cedo…

A jovem se inclinou e lhe deu um beijo na cabeleira loira de Harry.

—Amanhã é o dia do torneio, Sor. –Disse ela. –Durma bem, vai precisar.

—Vai me dar o seu favor agora? –Ele perguntou.

—Não.

—Ora, por favor –Ele disse. –, já me desculpei, já dançamos, que mais preciso fazer?

Ela deu um simples dar de ombros.

—Espere até amanhã e saberá quem é meu escolhido.

Aquilo o irritou:

—Deuses, vai realmente me fazer seu prometido ver você escolher outro qualquer, bem no dia do torneio? –Ele Questionou. –Que tipo de Lady é você?

—Uma que odeia ser irritada. –Ela respondeu. –Lembre-se disso.

Harry fez uma carranca, mas acabou esboçando um sorriso.

—Nunca vai me fazer esquecer disso, não é?

Alayne sorriu.

—Nunca. –Ela respondeu. –Vai ter que aguentar isso para sempre, Sor.

—Me chame de Harry, por favor.

Ela assentiu.

—Certo, pode me chamar de Alayne.

A filha de Mindinho começou a caminhar para longe e pegou algumas flores azuis. Harry a observou, vendo-a delicadamente pegar uma boa porção até parar. Após pegar as que queria, a jovem andou em direção ao portão.

—Alayne? –Harry a chamou, entretanto, ela não se virou para encará-lo.

—Sim?

—Você será minha esposa. –Ele disse. –E espero que cumpra a promessa que me fez.

—Como quiser –Ela disse, voltando a seguir o caminho. –Boa sorte amanhã, Harry.

Harrold ficou um tempo na neve, até resolver voltar aos seus aposentos.

Enquanto se dirigia até o seu quarto, Harry ouviu Lady Anya falando com Roland.

—É de suma importância para nós que esse casamento dê certo. –Disse Lady Anya ao neto. –Não quero mais saber de cortejos entre você e Lady Alayne, me entendeu?

Harry parou perto da porta, para ouvir tudo.

—Harry vai ter tudo, e eu não posso nem ficar com alguém que eu quero? –Roland perguntou, irritado.

—Você é o herdeiro de nossa casa. –Lady Anya lhe lembrou. –Por qual motivo iria querer casar com uma bastarda? 

—Harry é o herdeiro do Vale e vai se casar com uma bastarda! –Gritou Roland, para a surpresa de Harry. –Como raios aceita isso!?

—É o acordo que fiz com Petyr. –Ela responde, de forma simples. –E é o que vai acontecer. Você não vai casar com Alayne, e se continuar assim, terei de mandá-lo de volta para Ferrobles. Não vai mais participar do torneio, e só verá sua amada Alayne no dia do casamento dela com Harry, entendeu?

Roland não respondeu, foi até a porta à passos largos e abriu a porta com raiva, assustando Harry.

Ambos os homens se olharam por um tempo, mas apenas o Waynwood mostrava emoção; raiva.

—Oh, olá, primo. –Harry disse, com um sorriso largo. –Acabei de falar com Alayne. Ficará feliz em saber que ela estava bem feliz; dançamos, brincamos na neve, nos divertimos como nunca! Que mulher esplêndida, de fato!

Roland apenas o olhou, cerrando os punhos de ódio.

—Uma pena que ela terá que dividir a cama com você. –Roland disse. –Não deve durar, creio, logo ela ficará sozinha, enquanto você, estará na cama de outra… Talvez aí Alayne precise dos agrados de outro homem.

Harry manteve o sorriso. Seu primo podia chorar o quanto quisesse.

—Te vejo no torneio. –Roland finalmente disse, saindo a passos largos.

Quando Harry se deitou na cama, pensou no que Roland disse; se perguntou se Alayne apenas ficaria triste por seu marido ter amantes. Era normal que as esposas apenas aceitassem que seu marido tivesse outras mulheres; porém, Alayne não parecia ser do tipo que ficaria calada.

Ele se perguntou se a jovem seria realmente capaz de ser tudo o que Harry precisava.

Ela prometeu ser o único tempero que eu ia precisar.

Não se preocupava com o que Roland falou; ele não era ameaça. Não mais do que Robert, e o garoto morreria logo. Quando Harry fosse lorde do Vale, iria expulsar Roland para algum lugar bem longe, caso ele ainda estivesse de olho em sua Alayne.

Durante a noite Harry ficou se revirando na cama, pensando na bastarda de Mindinho. Era difícil acreditar nisso; uma mera jovem mal-nascida havia entrado na mente dele, e não saía.

Ele se tocou três vezes para dormir e tentar relaxar, mas nada funcionava. Precisava dela, precisava de Alayne. Tinha que possuí-la, necessitava do corpo dela, do sorriso, do lindo cabelo. Ia fazê-la soltar gritos de prazer.

—Alayne…–Harry disse, com o corpo febril pela necessidade de amor. –Minha Alayne… Meu tempero.

Quando o sol nasceu no dia seguinte, ele ainda estava acordado e duro como uma pedra.

Era o dia do torneio.

Harry não encontrou Roland durante o café da manhã, apenas o pai dele, Sor Morton,  e Wallace. 

—Bom dia, sores. –Disse Harry. –Preparados para o torneio?

Wallace o olhou de forma carrancuda.

—B-boa S-s-s-sor-sor…

—Sorte? –Sugeriu Harry.

Wallace ficou corado com o fato de não conseguir formular uma simples frase. Apenas assentiu e voltou a comer o mingau.

Harry riu, os Waynwood eram uma Casa velha e orgulhosa, mas estava cheia de homens fracassados.

Após comer um bom mingau, Harry foi até sua prometida.

Quando a encontrou, ela estava com Lady Myranda, Mya, e falando com um cavaleiro baixinho e ruivo; um tal de "Rato Louco", se ele se lembrava bem.

Roland também estava lá, sorrindo como um jovem bobo e apaixonado, até que o viu chegando e fechou a cara, se afastando de Alayne.

—Alayne. –Harry a chamou.

Quando sua prometida se virou para vê-lo, Harry percebeu que ainda usava a flor azul em sua orelha. Isso o fez sorrir.

—Bom dia, Sor. –Alayne disse, fazendo uma reverência. Harry gostava disso também.

—Por favor, me chame de Harry. –Ele a lembrou.

Harry apenas assentiu e deu um leve sorriso para as pessoas perto de Alayne. Ninguém mais lhe importava.

—Não deveria estar se preparando para o torneio, Sor? 

—Sim, eu vou. –Respondeu. –Mas antes, vim para que minha prometida me entregue logo seu favor.

Alayne balançou a cabeça, com um sorriso simples.

—Oh, você é um galã, Harry. –Ela disse. –Mas, como já lhe disse mais vezes do que imaginava serem necessárias, eu o prometi para outro.

Foi difícil para Harry manter o sorriso.

—E para quem seria dada tamanha honra? –Ele perguntou, e então olhou para Roland. –Para meu primo? Ele é o seu escolhido?

Alayne riu.

—Oh, não, embora ele o mereça. –Alayne disse, de forma gentil, passando a mão no queixo barbeado de Roland, para a raiva de Harry.

—Então quem? –Harry perguntou. –Estou farto de joguinhos.

Todos olharam para ele, surpresos, e Harry sentiu um rubor subir em suas bochechas. Cerrou os punhos.

Alayne continuou com seu sorriso fácil.

—Sor Shadrich, o rato louco. –Ela disse, apontando para o pequeno cavaleiro.

O minúsculo cavaleiro com um rato no escudo deu um sorriso para a donzela.

—Uma grande Honra. –Ele a agradeceu. –Vosso favor me deixará mais forte, Milady. Vosso coração é maior que a sua beleza ladra de corações.

Harry esbugalhou os olhos.

—Não, não está falando sério. –Ele disse, balançando a cabeça, dando um sorriso torto de incredulidade. –Ele? Um qualquer?

Alayne o olhou de forma inocente.

—Ele foi gentil comigo, Harry. –Ela disse, de forma frágil. –Não poderia negá-lo.

Cínica.

Harry saiu dali andando, irritado com a forma que aquela bastarda lhe destratou.

Quando Harry estava bem longe, Myranda finalmente falou.

—Não está preocupada com a forma como Sor Harrold vai reagir? –Ela perguntou. –Ele pode acabar com o noivado.

—Pode lhe dar seu favor, Milady. –Disse Sor Shadrich. –Não lhe quero dar problemas.

Alayne balançou a cabeça.

—Oh, não tem problema algum. –Ela disse, com um sorriso nos lábios. –Harry está apenas emocionado pelo torneio.

 

Um escudeiro ajudou Harry a colocar a armadura para o torneio.

Aquela puta desgraçada, ele pensou, enquanto o escudeiro prendia as tiras de couro da armadura. Me fez de bobo, usou de meus sentimentos. Como ela pode ser tão cruel? Quem ela pensa que é?

—Sor Harrold? –Um servo se aproximou, com uma carta na mão.

—Eu mesmo. –Ele disse, se afastando do escudeiro, de forma brusca, irritando-o. –O que foi dessa vez?

—Uma carta. –O homem anunciou. –Da mãe de seu futuro filho, Mirra.

Harry pegou a carta bruscamente das mãos do enviado e quebrou o lacre.

Venho por meio desta carta lhe dizer que sei que tens uma prometida; uma dama mal nascida e que lhe promete ajudar com os problemas da casa de vossa cuidadora.

Apesar disso, queria lhe dizer que lhe amo, que penso constantemente em ti, em vosso corpo e em vossos beijos. Escolho ter nosso filho, Sor, e sei que, mesmo ele sendo bastardo, será forte e terá muito amor.

Quero que saiba que nosso casamento pode ser possível, mas, caso não venha a ser, espero ainda ter um lugar especial em teu coração. 

Peço-lhe que me escreva o quanto antes pois sofro por não lhe ter por perto.

Te amo, te amo, te amo.

De sua amada,

Mirra.

 

—Quer lhe enviar uma mensagem como resposta? –O enviado pergunta.

Se um dia nos casarmos, terá que enviar Mirra de volta ao pai. Serei todo o tempero que desejar.

—Não. –Respondeu, devolvendo a carta para o enviado. –Ponha isto no fogo. Alayne é todo o tempero de que preciso; avise Mirra disso. Se ela me mandar outra carta, eu vou queimar sem ler.

Torceu para que isso se espalhasse e Alayne soubesse que ele a escolheu.


















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