Margaery Tyrell: A Rosa Dourada de Highgarden 🌹 escrita por Pedroofthrones


Capítulo 39
O Esfinge




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Sansa sempre odiou ter de lidar com números. Arya era hábil com isso, e Petyr era melhor do qualquer um. Mas, por mais que fosse esperado que uma boa Lady soubesse cuidar dos afazeres quando o marido e o meistre não estivessem dispostos, Sansa nunca se deu bem nessa parte. Nem mesmo os livros contábeis de Baelish estavam lhe ajudando.

O Banco precisava de um pagamento, e este pagamento era uma verdadeira fortuna: estavam chegando a quase 7 trilhões de dragões de ouro — e essa dívida apenas iria aumentar no decorrer da guerra — e Sansa não acreditava que simplesmente três grandes reinos haviam se empobrecido num nível que quase não conseguiam pagar nem 3 trilhões!

As minas de prata Manderly tiveram de ser abandonadas; o porto de Vila Gaivota estava simplesmente devastado; e as vilas das Terras Fluviais estavam destruídas, sendo menos do que cinzas agora…

Até as jóias e tecidos de alto valor estavam perdidos: as Ladies e Lordes tiveram suas terras saqueadas, e os que não tiveram, simplesmente tiveram de abandonar a maior parte dos objetos de valor ao fugirem. Apenas os nortenhos puderam deixar seus castelos e terras com algum tempo para levar objetos de valor, mas o norte não era tão rico como os outros reinos.

Tinha certeza de que Daenerys teria uma boa riqueza trazida de Essos; jóias, tecidos e especiarias caros, que valiam mais do que todo o ouro de Westeros. Mas não importava: estava tudo muito longe, na Capital dos Sete Reinos, nas mãos de Aegon. Ele era quem detinha as riquezas de Essos, era quem detinha a comida e ouro da Campina, assim como as minas de ouro e prata do Oeste. E, como Porto Real era o único que detinha um bom comércio: a Capital era a única que detinha pontos portuários bem protegidos, e os quais não haviam sido saqueados, assim como Dorne, que devia deter um bom comércio com Essos — apesar da atual guerra entre Lys, Myr e Tyrosh, e de todo o caos de Daenerys em outras cidades, mas ainda estavam melhor do que a trindade do Norte. 

Mesmo com a Campina saqueada pelos Homens de Ferro, Sansa não mantinha ilusões de que logo a região iria conseguir voltar a crescer. Bem, isto se o inverno der alguma trela, e, por sorte, não parecia ser o caso…

O problema é que isso também valia para a facção do Jon.

Debruçada em seu trabalho, Sansa estava lutando contra o sono. O anseio pelo resultado da próxima batalha a deixava desacordada e ansiosa. E os problemas em Correrrio, por si só, já eram um tormento para ela: 

Primeiro — Ladies desgostosas com o fato de terem de dar suas últimas jóias como pagamento. (Pagar para ajudar o reino? Imagine só…);

Segundo — Lordes irritantes que a importunavam como moscas importunam uma torta de maçã bem doce ao sol (aparentemente, a memória de que seu marido estava vivo tinha sido esquecida bem rápido, pois ela percebia as intenções de tais galanteios);

Terceiro — Os malditos números que lutava para obter para pagar a maldita dívida (apesar que podia usá-los para evitar os outros problemas);

Quarto — a peste que se alastrava nos acampamentos. Ah, aquilo foi o auge para Sansa! Daenerys, como sempre, atrapalhava em tudo! Agora, até mesmo uma doença ela trouxera consigo!

Que grande rainha essa aí, pensou Sansa, com os olhos pesados, lutando para ler os números em um livro contábil sobre tecidos de ouro e prata — Sansa e as damas Manderlys tinham um bom número de brocados de prata que poderiam vender para conseguir algum dinheiro.

Seus dedos estavam doloridos e cheios de tinta. Devia estar escrevendo a horas — era difícil dizer as horas ali, pois o ambiente estava muito escuro, com apenas velas de gordura iluminando o ambiente — da forma mais cuidadosa possível, para que não queimassem as pilhas de pergaminhos e livros no cômodo. Talvez já fosse a hora do rouxinol?

Sansa pousou a pluma no tinteiro. A tinta negra volta e meia tinha de ser aquecida para não congelar. Embora aquele estivesse quase vazio. Suspirando, recostou-se na cadeira. Sua mente estava embotada e seus dedos, doloridos; não tinha como se concentrar em nada.

Ergueu uma mão dolorida e lânguida, pegou uma candeia que estava em cima da mesa, ainda brilhando, e se esforçou para levantar-se. Suas pernas estavam rígidas, de modo que soltou um pequeno grunhido de dor ao levantar-se. Seus braços também protestavam a cada movimento que ela fazia, e até segurar e manter a candeia erguida era um esforço para ela, com seus dedos inchados implorando para que ela largasse o lume.

De volta a seus aposentos, Sansa viu que todos ainda estavam a dormir — ou já estavam a dormir? Teria passado-se muito tempo até que ela voltasse? Jeyne estava dormindo no mesmo colchão que Sansa, com Wylla dormindo aos pés da cama. Wynafryd e Bárbara dormiam em esteiras no chão. Hos estava do lado de fora, numa antecâmara, dormindo. Sansa deixou-o com os seus sonhos, pois sabia que o rapaz estava preocupado com o seu pai na guerra.

Sansa pousou a candeia na arcada e tirou ela mesma o vestido, colocando um roupão rosa e atando a faixa na cintura. Afastou o cobertor de pele de urso negra — teria um bom valor para ser vendido? — e deitou-se no colchão de palha fresca. Deu um gemido, cansada, sentindo o calor aconchegante no corpo.

Não pôde dormir por muito tempo, entretanto, pois acordou com batidas na porta, sendo tirada de seu sono sem sonho. Wylla levantou a cabeça, parecendo ainda confusa, esfregando o olho com um punho.

Jeyne remexeu-se no colchão.

— O quê…?

— Voltem a dormir — ordenou Sansa levantando-se, saindo da cama e indo até a porta.

Ao abrir, viu Alys Mormont e Hos — este bem sonolento, parados na soleira.

— É aquele Dornês — grunhiu Mormont, com uma cara bem irritada. — Mandei ele ir embora, mas…

— Deixem que ele entre — mandou.

Hos pareceu ficar confuso com a ordem, mas devia estar com muito sono para sequer entender as palavras. Alys pareceu entender, sobressaltando o cenho.

— Minha princesa…

— Deixe-o — repetiu incisiva. A guerreira assentiu, mesmo que a contragosto, e deixou Alleras entrar. Quando o rapagão passou pelo umbral da porta, Sansa disse: — deixai-nos à sós, milady.

A contragosto, a guerreira assentiu e fechou a porta.

Quando ficaram a sós, Sansa disse:

— Notícias de meu irmão?

O dornês assentiu. Era um homem esbelto, com aparência jovial, olhos envolventes e boca generosa. Sansa podia entender bem o que as damas viam nele.

— Acabaram de chegar, princesa — disse o Esfinge. — Seu irmão ganhou a batalha, e pede para que todos deixem Riverrun o mais rápido possível. — Alleras pareceu hesitar em continuar.

Sansa assentiu.

— Que os deuses nos guiem — disse. — Que mais? Certamente não foi uma vitória fácil?

O Esfinge assentiu.

— Viserion, o dragão de Daenerys, foi morto.

Sansa meditou sobre aquilo. Sua mente ainda estava anuviada pelo sono, mas lutou para pensar no que aquilo significava: Daenerys perdeu uma de suas criaturas. Agora, apenas Aegon tinha o único outro dragão além dela.

Se o dragão da rainha derrotou o de Euron, bem podia derrotar o de Aegon, mas, se estivesse muito ferido…

Balançou a cabeça.

— Contai-me tudo — ordenou.

O rapagão olhou em volta.

— Aqui?

Sansa assentiu. Não tinha nada para esconder de ninguém ali.

— aqui.

O Esfinge anuiu e continuou:

— Sor Brynden morreu na batalha, tal qual lorde Reed e outros do Gargalo. — limpou a garganta. — Arya matou Euron, pelo que vi na carta… — hesitou novamente.

— Quê? Desembucha!

— Seu irmão, Bran…

— Disse-me que ganhamos — ela disse, parecendo ficar com a mente mais atenta ao lembrar dos avisos de Bran. Franziu o cenho. — Disse que Arya matou Euron, e que seus corvos…

— Ajudaram no ataque — Alleras finalizou.

Sansa arregalou os olhos, assustada com aquilo. Seu irmão era de fato um warg? Mas, mesmo assim, como…

— Dizem que seus corvos rasgaram a pele de donzela louca — Alleras comentou. — Eu vi as pessoas no bosque quando ele disse isso. Ele disse e muitos acreditaram, enquanto outros, pareciam dúbios…

— Pois vão acreditar agora — Sansa garantiu. Havia algum jogo ali, mas ela não sabia exatamente qual. Abanou a cabeça, como que para acordar logo. Parecia impossível pensar naquele estado.

— Bem, seu irmão tem poderes — Alleras falou. — Isto já é inegável, minha linda princesa.

— É mais do que isto… — declarou ela. — Você andou vendo meu irmão, certo? Como estão as pessoas em volta dele?

O rapagão coçou um pouco o couro cabeludo. O cabelo estava bagunçado, embora ele claramente não estivesse dormindo antes de ir para os aposentos da princesa.

— Muitos parecem acreditar nele, especialmente do povo livre, mas principalmente entre as Crianças da Floresta — revelou. — Creio que muitos lordes também parecem acreditar na visão dele, principalmente após o ataque que eu ouvi dizer que aconteceu no salão de Correrrio.

— E você, acredita? — indagou Sansa. — Acredita que meu irmão é um salvador?

O Esfinge deu de ombros, fazendo os elos de sua corrente tilintar.

— Acredito que existem vários salvadores.

Sansa franziu o cenho e o olhou de soslaio.

— Os sacerdotes acreditam em Daenerys, o povo livre, em Jon e acho que, por agora, até Bran pode ser visto como imponente por muitos… Ah, e, é claro, Stannis, embora ache que nem Melisandre pareça ainda sustentar tal ideia. — Deu de ombros. — Se você for ao Sul, verá que muitos ainda acreditam que somos os malvados e o salvador é Aegon VI.

— O que quer dizer?

— Que o salvador ideal é uma balela! — respondeu, irritada pela lerdeza do dornês. — Daenerys não é uma salvadora e… — Parou, contendo-se. Estava indo longe demais. — Não importa. Devemos começar os preparos para a viagem, agora.

Alleras assentiu.

— Devo acordar todos os meistres? Devo informar algum guarda ou…?

Sansa franziu o cenho. Seu corpo balançou, parecendo que ela iria cair de sono a qualquer momento.

— Por que estava acordado?

O rapagão corou, fazendo sua pele já escura ficar mais escura.

— Ando tendo problemas para dormir.

A princesa ergueu uma sobrancelha.

— Nervoso com algo? — quis ela saber.

Alleras puxou um dos elos de sua corrente.

— O mundo está um caos, princesa — explicou ele, de forma pouco convincente, mas Sansa fingiu acreditar e anuiu.

Os olhos escuros analisaram o perfil de Sansa, deixando-a um pouco envergonhada. Manteve q postura, entretanto, sabendo que não poderia transparecer fraqueza — e que talvez Alleras, mesmo sendo cheio de mistérios, ainda pudesse ser levado pelos gostos levianos que todos os homens tinham.

— Ao que vejo — comentou ele —, a princesa também anda tendo problemas para dormir. Existe algo que possa fazer para aliviar seus problemas?

— A menos que possa fazer ouro do ar, não.

O Esfinge assentiu.

— Entendo. — Ele tocou um elo de ouro com um dos dedos. O elo era de ouro puro, e parecia incandescente ao refletir ao lume da candeia de Sansa. — Não posso fazer ouro, mas sou bom em números, princesa. Pode contar com a minha ajuda nisso.

Sansa assentiu, mas ainda estava titubeante quanto a isso. Alleras era um rapagão inteligente, mas por qual motivo ela acreditaria nele? Que fizera ele para merecer algo assim dela?

— Os meistres mais velhos… e formados… também sabem — retorquiu ela.

— Mas estão ocupados com a doença, e alguns até já a pegaram — pontuou ele. — E, além do mais, você não pensou nisso antes de ficar enclausurada com seus livros contábeis. 

Sansa o olhou, irritada com a petulância dele.

— Como se atreve a falar comigo assim?

O rapagão, sentindo-se culpado, abaixou os olhos.

— Lamento, princesa. Jamais quis irritá-la. Apenas ofereço meus serviços para lhe ajudar no que puder.

Apesar de ainda estar com a mente embotada pelo cansaço, a princesa analisou tais palavras. Alleras queria algo, é óbvio, mas o que exatamente? Apenas crescer em graça, bajulando a realeza? Era um truque velho, um tanto débil, mas que no qual ele podia estar depositando suas fichas…

E ela podia tentar tirar algum proveito disso.

— Bem — disse Sansa —, acorde todos os meistres, avise os guardas de que temos de partir, e mande todos os ferreiros acenderem as forjas, e, após isso, venha ver-me em algumas horas na biblioteca; preciso de ajuda com os livros contábeis e quero rever tudo antes de partir. Você, Alleras, vai ajudar-me com eles, vamos rever tudo, passo a passo, antes de partir. Assim como vamos ver tudo que precisamos para iniciar a jornada. — Depois de dizer tudo, lembrou-se: — Ah, e eu quero uma lista de todos os mortos nessa última batalha, para que eu possa avisar a todos pessoalmente.

Alleras assentiu.

— Já tenho a lista pronta, Milady — ele se prontificou em tirar um pergaminho da manga de seu manto pesado de lã verde (o que fez Sansa se preocupar no que mais ele podia esconder; uma agada, talvez?) e entregou o documento para a princesa, que o pegou, mas não leu, pois estava cansada.

— Imagino que não tive a sorte de Lorde Lyle ter morrido? — indagou. Sabia que aquele homem seria uma dor de cabeça; ainda mais agora, que sua esposa morreu por complicações no parto e talvez o bebê recém-nascido não aguentasse a viagem para Harrenhal. 

Alleras chacoalhou a cabeça. Sansa suspirou, exasperada e cansada.

— Imaginei.

— Mais alguma coisa, minha princesa? — indagou o rapagão.

— Você é ex-pupilo de Marwyn, não? — Quando ele assentiu, ela continuou: — Ótimo. Informe-me de tudo que ele fizer. — Soltou um bocejo, tapando a boca com um punho.

Sem perguntar nada, o rapaz anuiu novamente. Seus olhos escuros brilhavam com o fulgor da candeia, como carvão em brasas.

Sansa não acreditava mesmo que o Esfinge pudesse trair Marwyn, mas ele volta e meia servia de comunicação entre o antigo arquimeistre e a princesa — ambos não se suportavam para falar um com o outro, de modo que Alleras se provara útil para tal tarefa —, de modo que, caso Marwyn achasse que o antigo púpilo estava ganhando a confiança da princesa e que poderia usar isso para si, Sansa poderia jogar o mesmo jogo: Alleras lhe diria o que queria ouvir, mas ela apenas fingiria acreditar. Deixe que Marwyn (e, quem sabe, a própria Daenerys) acreditasse que estava enganando-a. Deixe-o se tornar leviano e tramar contra ela, logo, ela pensou, o jogo poderia mudar, e o Esfinge e seu mestre estariam presos — ou, melhor ainda, com as respectivas cabeças saltando para fora.

Talvez Marwyn tenha enviado Alleras para falar com Sansa. Talvez acreditasse que ela seria leviana e deixaria levar-se por um corpo bonito; que, no desespero e solidão, ela deixaria que Alleras a tomasse, e que estaria cega por ele.

Se seu velho palpite estivesse certo, o Arquimestre era um tolo: Sansa há muito tempo percebera que seu corpo não era dado a tais desejos. Paixão? Ah, sim, talvez ela ainda pudesse ser capaz de sentir isso, mas o desejo ardente? A ânsia pelo toque masculino em seu corpo, os beijos, as carícias, a intimidade… Não. Nunca teria isso. E, no que tangia o amor de um rosto bonito, isto já havia passado.

— Há algo que precisa saber, princesa — comentou Alleras, tirando Sansa de seus pensamentos. O sono havia diminuído, mas ela estava com a mente anuviada demais para se concentrar totalmente. Alleras entendeu seu silêncio como se ela estivesse dando permissão para que ele prosseguisse: — Lady Ysilla. Ela tem conversado com Margaery…

Sansa assentiu.

— Sei bem o que anda a fazer Lady Ysilla — garantiu Lady Sansa fazendo um gesto com mão, indicando que tal assunto era leviano para ela. — Ela vem falar comigo logo depois de falar com Margaery.

O Esfinge arqueou as sobrancelhas, parecendo genuinamente surpreso.

— Mas eu…

— Tenho tomado um bom cuidado para que ninguém percebesse. — explicou. — Por qual motivo deixo-a ficar no próprio aposento ao invés de colocá-la em meu séquito? — Sorriu. — Aaah, tolinho, a ideia é que ela pareça totalmente ignorada mesmo. Ninguém pode suspeitar que ela é uma informante minha, nem que tenho Margaery sob vigia de olhos de lobo: assim, caso alguém se sinta livre para entrar em contato com elas, eu em breve serei informada pela própria Ysilla em pessoa.

De certa forma, Ysilla estava cumprindo bem seu papel: Alleras mostrou que estava de olho na situação, e a usou para conseguir alguma credibilidade com a princesa. Ah, sim, o Esfinge era cheio de segredos, não é? Ele era mais do que aparentava. Muito mais.

Ele provavelmente está jogando com Marwyn, também, deduziu Sansa. Sim, ele devia ser um jogar de dois lados. Bem podia jogar falsas informações para ela e para Marwyn… Mas não se atrevia a correr riscos de contar nada para o arquimeistre. O Esfinge era um mistério a ser desvendado.

— Devo dizer, minha princesa — disse o dornês, com uma boa voz de galanteio —, é mais esperta do que é bela, se é que é possível. Mas, pergunto-me, o marido de Ysilla também está envolvido nesta sagaz pantomima?

Sansa negou com um meneio da cabeça. Só agora reparou como seu cabelo estava bagunçado e com manchas secas de tinta preta.

Sor Mychel Redfort (agora lorde Redfort, lembrou-se, lamentando-se por ter tantos lordes morrendo como folhas no outono e fazendo-a lembrar-se de novos tão abruptamente) simplesmente havia largado a esposa. Sua cama agora era num quarto com Mya, e Ysilla era totalmente ignorada por seu lorde e consorte. De fato, entendia bem a amargura da mulher: ser trocada por uma bastarda de forma tão descarada era um absurdo, fazendo-a ser alvo de comentários que variam entre piedade e zombaria.

Por isso Sansa não se iludia com uma possível traição de Ysilla; a moça estava amargurada, sozinha, e desamparada. Haviam aqueles que dissessem que ela se unira a Margaery na fracassada revolta no Forte Vermelho. Quanto a isso, Myranda e Mya nada lhe disseram, mas era mais um motivo para manter a esposa renegada sob vigia. Por sorte, tal traição mostrava que Ysilla não era um inimigo tão temível; apenas uma moça chorosa que estava perdida no mundo caótico em que se encontrava.

Sim, uma jovem mulher que era digna de pena. Ainda mais com o marido tendo um caso tão descarado com Mya Stone, que, se não se cuidassem, logo poderia acabar grávida.

O mesmo valia para Myranda e Sor Ronnel. Ambos estavam muito próximos, fazendo gracejos e às vezes até dormindo no mesmo cômodo. Precisavam se casar o quanto antes. E talvez o casamento viesse a acalmar lorde Holland Waynwood, que parecia desgostoso com a situação despudorada do tio e da antiga regente mal falada.

— Sor Mychel tem seus próprios gostos e motivos — Sansa respondeu, de forma branda. — Deixe-me lidar com a situação eu mesma. Pode ir agora, Alleras.

O belo rapagão assentiu, se virou e saiu dos aposentos da princesa.

— Confia mesmo nele? — indagou Wylla, após o dornês sumir.

Sansa virou-se, surpresa por ver que a jovem não caira no sono.

— Que ele pense que sim — respondeu Sansa. — Talvez isso venha a calhar.

Wylla assentiu, bem lentamente, parecendo analisar tudo aquilo.

— E se ele fizer algo? — indagou a Manderly, curiosa.

Sansa deu de ombros.

— Isso ainda será revelado — respondeu. — Durma, criança, ainda está…

— Princesa — interrompeu Wylla —, o sol já está a nascer, creio. Quanto tempo ficou fora?

Sansa franziu o cenho. Andou até a janela e empurrou a cortina de couro de cavalo — estavam usando tecidos mais simples, pois venderam os de valor mais alto. O céu ainda estava muito escuro para ter certeza, mas talvez a jovem estivesse certa, pois percebeu haver algum movimento no pátio, apesar da escuridão e da neve intensa. Este inverno está cada vez pior, analisou pesarosamente, enquanto observava a neve densa cair da escuridão do céu.

 

 X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

 

Alleras não tinha certeza se tinha conseguido a confiança da princesa, mas faria o possível para conseguir.

Sansa não estava nas boas graças da rainha, pelo que Alleras ouviu do próprio arquimeistre Marwyn.

— Elas se odeiam — dissera Marwyn. — Não que eu não entenda os motivos daquela ruivinha folgada, mas vou te dizer uma coisa: ela é insuportável. Por mim, nos livrávamos dela logo.

— Ela é irmã do rei do Norte — lembrou-lhe Alleras.

Marwyn grunhiu e cuspiu. A saliva era avermelhada, por causa da folhamarga.

— Que seja, mas não gosto dela. Ela pode colocar-se contra Daenerys e atrapalhar tudo.

Alleras apenas assentiu em resposta. Marwyn era um homem esquisito e amargo, propenso a ideias conspiratórias imbecis — embora, daquela vez, não estivesse tão errado, agora que Alleras analisava melhor o perfil de Sansa Stark.

— Me deixe cuidar dela.

O arquimeistre o olhou de soslaio, parecendo duvidar de sua palavra.

— Nada de veneno! É muito óbvio…

Alleras suspirou e revirou os olhos.

— Acredite, Marwyn, não sou tolo — retorquiu. — Deixe-me vigiar Sansa para você e para a nossa rainha. Quando a chance vier, nos livraremos dela.

O arquimeistre que também era mago analisou as palavras do Esfinge, enquanto mastigava lentamente um pouco de folhamarga, fazendo-o parecer uma vaca ruminando o mato do pasto.

Por fim, o mago pigarreou mais sangue no chão, assentiu e disse:

— Ótimo. Cuide dela, veremos o que devemos fazer depois, quando nossa rainha voltar.

Alleras assentiu, em silêncio, sem falar mais nada.

O que o “grande sábio” não sabia, era que Alleras nada pretendia fazer contra a princesa Stark. Sansa estava indo contra Daenerys, de fato, e, em outros tempos, talvez ele estivesse disposto a se arriscar e matar a princesa.

Agora, porém, as coisas mudaram: Arianne estava casada com Aegon Targaryen, e se tornaram inimigos de Daenerys. Assim como as irmãs de Alleras, as Serpentes de Areia. Seu tio Doran, seu primo Trystane…

Tinha de salvá-los, não importava como.

Teria de esperar, porém, pelo fim da Longa Noite, onde, Alleras sabia, Daenerys seria de extrema importância contra a Grande Ameaça. Após isso, ele deveria ser rápido, matar Daenerys, antes que ela fizesse o pior para com seus parentes.

Por que você fez isso, Arianne?, indagou-se Alleras, com dor no coração. Por que unir-se a Aegon e trair a Grande Rainha? Ah, se eu pudesse falar com você…

Mas não se atrevia. Alleras jamais tentou falar com alguém na Capital; qualquer tentativa seria suicídio, caso fosse descoberta. Arianne e as Serpentes não sabiam que ele estava lá, então, era melhor manter-se assim.

Estava sozinho, jogando o próprio jogo.

Tinha de conseguir apoio de Sansa. Ela era a mais adepta a virar-se contra a rainha dragão e conseguir algum apoio: o Norte a apoiou, o Vale a seguiu até o reino de inverno, e o tridente talvez estivesse disposto a fazer o mesmo.

Alleras andava estudando os dois Starks que permaneciam em Correrrio, e constatou que eles tinham um bom apoio das pessoas — e que estas mesmas pessoas estavam, em grande parte, contra Daenerys.

Sansa havia se tornado um símbolo contra Daenerys, e Bran, parecia ser deificado por outros, embora Alleras ainda estivesse curioso para até onde eles iriam.

Os outros dois Starks, porém, eram um tanto incógnitos para o Esfinge, pois ainda não os viu. Todavia, Jon parecia ser a pessoa certa para lidar contra grande ameaça, e parecia estar sendo bem visto pelos líderes.

Arya, entretanto, era um mistério total para o dornês.

Bem, por agora, estava focado no apoio de Sansa. Caso o conseguisse, poderia conseguir chegar perto do Rei do Norte, e ver se este seria um bom rei.

Caso assim fosse, após livrar-se da Rainha Dragão, Sansa e Jon poderiam conseguir criar paz com Aegon IV. Talvez, quem sabe, o próprio Alleras pudesse ajudar nisso, caso tivesse que revelar-se para todos — embora detestasse a ideia.

Tinha de fazer isso, tinha de salvar sua família, tinha de proteger suas irmãs, assim como todos os sete reinos — caso Daenerys derrotasse Aegon, dificilmente tempos de paz viriam a seguir, pois todos no sul parecem estar aceitando de bom grado o reinado dele. Enquanto ninguém parecia querer um reinado de Daenerys, e isso indicava que seu reinado nunca seria pacífico.

Alleras seguiu as ordens de Sansa e avisou todos os servos que lhe fora ordenado. Deve ter demorado umas boas horas até falar com todos, e seus pés chegaram a doer e sua voz ficou embargada. Após isto, foi ao seu próprio aposento — que era na torre do meistre, onde dividia com outros meistres, dormindo em um catre no chão, com um simples alforje para guardar as coisas. Os meistres dormiam pouco; haviam diversas brigas (principalmente entre o povo livre e os clãs do Norte) que deixavam diversos feridos e que necessitavam dos conhecimentos de cura dos sábios de Vilavelha. Agora, graças à doença, os sábios que envergavam correntes eram ainda mais requeridos.

Alleras sentou-se em seu Catre, empertigado, e soltou um suspiro cansado. Estava exausto, querendo apenas deitar e dormir. Vendo que não havia ninguém por ali, Alleras retirou a corrente e  o manto pesado e verde, revelando seu corpo escuro e feminino. Seus seios pequenos estavam cobertos por faixas, que ele logo desenrolou, deixando-os expostos.

Apenas Marwyn sabia de seu segredo — bem, era o que Alleras deduzira, mesmo que o próprio Mago nunca lhe tivesse dito nada sobre —, e Alleras se sentia agradecido por isso.

Havia marcas em sua pele. O tecido das faixas eram de gaze, bem simples, leve, macio, de modo que precisava de um bom tamanho de rolo para poder conter os seios. Mas estava usando aquelas faixas por tanto tempo, que deixou marcas vermelhas em seu corpo.

Olhando para o alforje, Alleras o pegou, retirou sua máscara e a retirou de dentro do saco. Era uma bela máscara vermelha, laqueada, como as que usavam nas terras longínquas e sombrias de Asshai.

Olhou para a máscara, lembrando de como a usara como um bom disfarce para falar com Daenerys.

Bem, agora o disfarce estava perdido: os malditos sacerdotes vermelhos destruíram a vela de vidro de dragão do arquimeistre Marwyn, assim que Alleras tentara avisar a prima Arianne sobre os perigos de se casar com Aegon.

Agora era tarde, a conexão estava perdida, e estava nas mãos de Alleras tentar resolver tudo.

Levantando-se, o rapagão se apressou para tomar um banho. Depois, teria de ir rever Sansa. Não tinha tempo a perder.

 

X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X O X

 

Margaery ouvia com bastante atenção as palavras de Ysilla Royce. Estavam sentadas nas cadeiras dos aposentos de Margaery — que, na realidade, era sua mais nova prisão, mas era muito melhor que as outras, então Margaery aprendeu a ignorar aquele mísero detalhe.

— Vamos ter de ir hoje mesmo, creio — falava Ysilla, usando um vestido pesado de lã tingida de roxo, com gola alta e estola feita de pele de raposa branca. — Ah, não queria ir, para ser sincera! Creio que está ainda mais frio, e, além do mais, ninguém fala comigo…

Margaery assentiu, com um olhar afetado, mostrando empatia com a situação da Lady Royce. Nossa, mas que menina chorona e fútil. 

— Lamento muito por tudo isto, milady — mentiu, sentindo que era uma parte pueril de tudo aquilo. — Acha que Lady Sansa virá me avisar?

Ysilla corou e abaixou o olhar, parecendo ficar nervosa com a indagação.

— Aaah… não sei! Acha que ela imaginava que ela sabe que eu iria comentar com você?

Ela é uma péssima mentirosa. Se perguntou até onde iria a inocência (para não falar outra coisa) daquela moça chorona.

Margaery sabia que Sansa devia saber dos encontros das duas. Na verdade, tinha certeza de que Ysilla falava tudo para Sansa, não deixando escapar nada. Podia até imaginar o vômito de palavras daquela informante para a princesa: nervosa, se atrapalhando nas palavras, medrosa, esquecendo um detalhe e depois o falando fora do tempo… 

Margaery não levava fé que Ysilla fosse uma hábil política; nem agora, nem nunca. Ela era muito tola e medrosa para isso; por de trás de toda aquela cobertura verniz sexual, onde era visto uma jovem voluptuosa de olhos castanho-acinzentados e inteligentes, cabelos negros e um bom sobrenome antigo e respeitoso, existia apenas uma rapariga covarde, incapaz de tomar decisões próprias e que simplesmente mudava para qualquer direção que o vento mandasse.

— Bom, isto não é o que me preocupa — disse Margaery. — O que me preocupa é a rainha dragão.

— Creio, majestade, que Daenerys entenderá que a responsabilidade de sua fuga foi causada por Sansa, e que esta dificilmente falará sobre o incidente do Vale. Além do mais, você tem o sangue da Campina, e isto pesa muito!

Um passarinho que repete tudo o que mandam, percebeu Margaery, sabendo que aquela esposa renegada estava apenas a repetir palavras que Sansa ordenara para ela.

Patético.

Lady Margaery sorriu e esticou os braços, tomando as mãos pequenas de Ysilla nas suas.

— Sabe, Lady Ysilla, você é uma boa companheira — disse, de forma acalentadora. — Espero que saiba que, enquanto seu marido se deita com mulheres despudoradas, existem aqueles que ainda lembram do seu valor! Sem a necessidade de usá-la em tramóias mesquinhas!

Margaery pôde ver o semblante de Ysilla mudar. Ah, sim, a boa e velha culpa; o olhar culpabilizante era perceptível no castanho-acinzentado dessa lamurienta e solitária Royce. Culpa. Era um sentimento poderoso e perigoso para deixar exposto, pois, em mãos erradas, aquilo era uma arma útil.

— A-acha que eu sou mesmo uma pessoa tão boa? — indagou Ysilla, engolindo seco, após conseguir fixar o olhar em Margaery.

É bom que ela não comece a chorar.

— Ora, claro! Você ainda se deu ao trabalho de me ver, mesmo quando ainda sou só uma pária nesse reino caótico.

Os olhos redondos da esposa de Lady Ysilla ficaram marejados. Era uma mulher bem bonita. Margaery se indagava por que Mychel preferia uma mula suja como Mya para aquecer sua cama, trocando uma esposa de tão boa estirpe.

— Ah, não chore, apenas falo a verdade — comentou Margaery, dando tapinhas nas mãos de criança da moça. Voltou a recostar-se no encosto da cadeira. — Oh, os dias aqui são tão chatos! E esta nova viagem me deixa nervosa! Diga-me, Ysilla, como estão as coisas? Preciso me distrair!

A moça pareceu titubear um pouco, nervosa, mas logo cedeu:

— Ah, nada demais — tentou amenizar o que tinha a ser dito. — Bom… Quase, aconteceram algumas coisas…

— Tipo o quê?

— Nada de bom, temo.

Ainda bem.

— Ah, diga, diga!

A esposa de Mychel pareceu tentar se controlar, mas logo não aguentou, e falou tudo:

— A peste tem se alastrado, e chegou ao castelo.

— Oh… — Margaery não gostou de ouvir aquilo. Aquela imbecil se atreveu a vê-la, mesmo com casos de doenças dentro do castelo? Pelos deuses! — E alguém faleceu? — indagou, controlando a raiva e o medo que aquela idiota havia provocado nela por culpa de sua falta de inteligência básica.

Ysilla assentiu.

— A esposa de lorde Smallwood morreu hoje de manhã — revelou. — O marido dela está morto também, mas não na batalha, e sim pelo ataque de Euron no salão. — Continuou: — E a Amerei Frey morreu anteontem, mas por complicações no parto. O filho está bem, apesar de fraco.

Margaery assentiu. Eram coisas tristes, mas nada que mudasse a sua situação.

— E os mortos em batalha? — indagou.

Ysilla parou para pensar um pouco, para lembrar de todos.

— Brynden Tully, Lorde Bracken, Lorde Reed, Lorde… hhmm… — Franziu o cenho, para tentar se lembrar de todos. — Lorde Ryswell, sim. E um Umber, mas não lembro se o lorde Umber.

Margaery assentiu.

— Fico feliz que vosso pai e irmão estão bem, milady — disse.

Ysilla sorriu e assentiu.

— Obrigada, Milady, mas meu irmão, Sor Andar, ainda está em Correrrio — lembrou-a. 

Margaery assentiu.

— Sim, sim, verdade… Não me recordava, pois nunca falou muito dele.

Ysilla abaixou a cabeça.

— Ah, sim. Bem, ele não está muito feliz com minha atitude no Vale.

— Contaram para ele? — indagou Margaery, surpresa.

Viu a mulher sentada à sua frente fechar as duas mãos, formando punhos, e fazendo os nós dos dedos ficarem brancos.

Então, pela primeira vez, Margaery viu um brilho escuro no olhar de Ysilla: raiva.

Agora sim, pensou Margaery, aquelas conversas enfadonhas estavam servindo para algo e indo para algum lugar.

— Myranda — sibilou Ysilla, entre dentes. — Ela contou para ele. Contou tudo. Tenho certeza de que foi ela quem fez o boato se espalhar.

Margaery assentiu. Fazia sentido que Randa ou Mya tivessem feito isso; afinal, quem mais faria tal coisa? Apenas se algum dos soldados que estava no momento revelasse… Sim, isso fazia sentido, mas não seria útil para ela agora.

— Na verdade — continuou Ysilla, encolerizada —, ela e Sor Ronnel simplesmente começaram um caso e nem se dão ao trabalho de esconder! Acredita nisso!?

— É bem a cara dela, Milady — ecoou os anseios de Ysilla. — Na verdade, tenho certeza de que ela e Mya tramam contra você, quem sabe.

Os olhos de Ysilla se ergueram, fitando Margaery, e arregaram-se.

— O quê? Mas…

— Bem, milady, talvez eu esteja exagerando, mas, dado as atitudes de ambas… — Após uma pausa, acrescentou: — E a de seu marido, é claro.

— O quê? O que tem Mychel?

Margaery deu de ombros.

— Nada. Eu estou apenas vendo coisas. Não devia ter dito nada, lamento.

— Conte! Por favor, Majestade, diga-me seus pensamentos.

— Ora, dado o caso de Mya e Mychel… — Deu de ombros. — Acho que ele não faria nada para a milady, mas a Mya…

Ysilla franziu o cenho. Estava nervosa.

— O Vale nunca aceitaria…

—...Myranda é amiga de Sansa, e ela a deixou cuidar da região, ser minha anfitriã, e ainda a deixa ter um caso ante o olhar de todos. Se elas conseguirem se livrar de você, sem muitas suspeitas, poderia convencer a princesa a deixar que Sor Mychel case-se com Mya. Afinal, esta também era amiga de Sansa no Vale, não? — Deixou Ysilla marinar aquelas ideias.

A esposa de Sor Mychel era um livro aberto para quem quisesse ler. Margaery podia ver as emoções em seus olhos cinzentos, que pareciam olhar para várias direções, mas sem ver nada: descrença, ódio, medo, desespero… Ah, sim, aquela tola era fácil de enganar. Margaery não precisou de mais do que três dias para conseguir aquilo.

— Ora, ignore, Milady! — pediu Margaery. — Sou só uma tola paranóica, esqueça! Esqueça!

Ysilla assentiu, mas Margaery podia ver que ela estava tomada pela ansiedade. Estava perturbada. Sim, estava feito.

— Acho que devo ir agora, Majestade — disse Ysilla, levantando-se. — Preparar-me para a viagem.

Margaery sorriu e acenou com a cabeça.

— É um prazer falar com você, Milady — despediu-se Margaery. — Volte assim que puder, pois é a única alegria que tenho atualmente.

A Lady Redfort acenou e saiu. Após esperar um tempo, Margaery revirou os olhos e disse:

— Imbecil. — Estava aliviada por aquela chata ter saído.

Margaery ainda estava sem saber muito dos lordes que haviam em Correrrio; não ousava perguntar sobre para Ysilla, pois esta poderia apenas mentir para ela. Havia visto alguns que pareciam desgostosos no Grande Salão, no dia em que chegara em Correrrio, mas não ousava citá-los, pois Ysilla iria falar de suas suspeitas.

Nem sequer ousara perguntar sobre Petyr Baelish. Não, não iria arriscar muito mais do que já estava arriscando agora. Teria de esperar, esperar pela piedade da rainha dragão.

Margaery respirou fundo. Se Daenerys lhe concedesse misericórdia, faria com que esta se arrependesse por isso.



























  











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