Margaery Tyrell: A Rosa Dourada de Highgarden 🌹 escrita por Pedroofthrones


Capítulo 20
Meu Presságio




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Arianne quebrou o lacre da carta. Ela era mandada pelo meistre de Lançassolar, lhe dizendo que seu pai já havia partido em viagem para a Capital. Logo ele estaria com ela.

Arianne não sabia se ficava feliz ou triste com aquela notícia; uma parte dela ficava feliz em rever o pai e saber que o plano deles estava indo bem, a outra, se sentia triste por saber que tudo aquilo realmente estava acontecendo. Era como se o fato de tudo aquilo estar acontecendo fosse de alguma forma errado.

Mas, Arianne sabia, talvez fosse a única forma de fazer as coisas darem certo. Daenerys não era amada pelo povo de Westeros, jamais seria. Ela não trouxe nada além de guerra, fome e até doença. Não, Aegon era o único que o Alto Septão respeitava, que entendia as leis do continente. Somente ele seria apto para unificar a paz, não a tia.

E, é claro, é Aegon que tem o sangue de Elia Martell correndo nele, lembrou-se. Arianne tentava sempre ignorar as dúvidas que seus inimigos plantavam contra ele. Seu rei era o legítimo filho de Elia Martell, ele era Aegon VI.

E, mesmo que ele não o fosse, que diferença faria? Westeros precisava de um governante bom, não apenas de alguém com sangue nobre.

Arianne jogou a carta de Dorne na lareira. Não era realmente necessário, mas ela o fez mesmo assim. Foi até a cama e se afundou no colchão e se enrolou no lençol.

O espaço do colchão era enorme, e isso fazia Arianne se sentir mais sozinha. Ela havia dispensado uma dama de companhia desde que a doença havia começado -embora, graças a bondade dos deuses, ela parecesse estar diminuindo, mas Arianne e o resto das pessoas na corte ainda permaneciam isolados.

Nem seu amado Daemon lhe fazia companhia, mas não era apenas pela doença; ele simplesmente não queria mais vê-la. Ele Passara a detesta-lá.

Ela tentava amenizar a dor, sempre se lembrando que mesmo que eles ainda estivessem bem um com o outro, Arianne teria de deixar o seu antigo amante para trás; ela sabia que uma rainha não poderia ter amantes. Teria de aceitar logo que a vida na Capital em quase nada seria igual a vida que tinha em Dorne.

A princesa não queria que aquelas coisas acontecessem; a morte de Tommen, o isolamento contra Daenerys… Nem mesmo o trono era algo que Arianne queria tanto. Ela queria seu assento de primogenitura: ela queria Dorne.

Os sete reinos são maiores do que apenas Dorne, disse a si mesma. Mas a ideia de uma coroa lhe dava tanto com júbilo quanto com um gosto amargo na boca. Ela lutara pelo assento em Dorne, quase fizera uma rebelião contra seu pai e irmão por ele; devia desistir de tudo assim tão fácil? Mas, talvez fosse por um bem maior?

Apesar de saber que Daenerys não era amada, Arianne não lhe tinha ódio algum. Daenerys parecia-lhe mais uma jovem perdida do que uma rainha… Mas, também parecia ter outro lado, um lado obscuro. Sim, Daenerys era uma jovem moça, mas também era a rainha que ela viu tramar contra Margaery, que queimou exércitos, e que jurou derrubar qualquer um em seu caminho.

Qual delas entrou no caminho de Quentyn?, Arianne continuava a se perguntar. Era uma dúvida que lhe corroía a alma. Daenerys teria mesmo matado seu irmão? Era difícil acreditar…

Mas e se não for? E se ela irritou? E se continuou a irritá-la com o casamento e ela o matou?, Sor Barristan confirmara a inocência da rainha, porém, ele mesmo ainda parecia olhar Daenerys com medo. Ela sabia disso, via isso nos olhos daquele velho cavaleiro branco.

Mesmo que ela não o tenha mandado matar, foram seus dragões que o fizeram, mas seria isso motivo para culpá-la? Se Arianne tinha parte na culpa do ataque a princesa Myrcella -mesmo não querendo-, por qual motivo seria desculpável a parcela de culpa de Daenerys quanto a morte de Quentyn? Arianne podia não ter grandes sentimentos em relação a Quentyn, mas mesmo assim ela se sentia dividida ao pensar que a rainha o dispensara em Meereen…

Todos os pensamentos sobre Myrcella a deixaram triste. A pobre garota havia falecido havia menos de uma quinzena, vítima da doença de Essos.

Mais uma vítima de Daenerys, uma voz sussurrou em sua cabeça.

Myrcella, Quentyn, Tommen… Quantos mais teriam de morrer até que tudo aquilo acabasse? Todos estariam na conta de Daenerys ou na de Arianne também? Valeria a pena no fim, de qualquer forma?

Tem que valer, pensou, desesperada, tudo isso, todas essas morte, as guerras, as perdas, as traições… Não podem ser à toa, não é? Não é possível que tantas vidas sejam tão descartáveis…

—Talvez nem todas as vidas devam ser descartadas, princesa. — Uma voz disse, em meio a escuridão do quarto, fazendo Arianne se assustar e se levantar do colchão.

—Quem está aí? — A princesa perguntou, sobressaltada.

—Toma cuidado com o caminho que decidir rumar, princesa. —Disse a voz misteriosa. —O caminho que pensa ser o que salvará o reino, pode ser a vossa ruína. Pois pesada é a fronte coroada, assim como afiado é o trono.

Arianne olhou para a direção de onde a voz havia vindo. De início, não parecia ter ninguém ali, apenas sombras. Logo, entretanto, as sombras tomaram a forma de uma mulher mascarada.

Os pelos da nuca de Arianne se eriçaram como os de um gato. Ela quase chamou por guardas, mas ficou preocupada que a mulher a sua frente lhe machucasse antes da ajuda chegar.

—Quem…?

—Sou eu Arianne. —Disse a voz, que logo a Arianne percebeu ser familiar. A mulher começou a tirar a máscara laqueada.

—Sou eu… AAAAAAAAARRRRR

A mulher começou a gritar, antes de tirar a máscara e Arianne pudesse visualizar-lhe o rosto. A princesa de início tampou os ouvidos, mas logo veio a tapar os olhos, quando a moça a sua frente pareceu explodir em luz.

Arianne deu um grito assustado, enquanto sombra e luz dançaram em seu quarto. O calor, entretanto, não veio. Apenas a mulher misteriosa gritava e dançava imbuída pelas chamas. Arianne também não pôde sentir o cheiro de carne queimando.

As cores do quarto logo começaram a brilhar.

A parede de tijolos parecia em brasas; a chama da lareira e dos candelabros pareciam brilhar como o próprio sol de verão; e o lençol e as cortinas brancas da cama de Arianne pareciam ser de neve. Apenas as sombras do quarto não pareciam sentir a luz, pelo contrário, ficaram tão escuras, que buracos sem fundos pareceram se formar em seu quarto.

Mas a princesa pode ver as sombras que dançavam em volta da mulher tomarem formas: uma era a de uma mulher em um dragão; outra parecia um lobo e um dragão se entrelaçando; e tão logo viu um castelo sendo tomado por tentáculos de um polvo com asas.

Tudo isso sumiu quando uma imensa chama verde veio a explodir e Arianne deu um grito apavorado, colocando os braços na frente do corpo, de forma defensiva. Mas era inútil, logo viu as chamas a alcançarem…

E tão rápido quanto vieram, elas sumiram.

Arianne olhou em volta, assustada. Nada. Não havia nada ali.

Será que foi um sonho? Ou apenas estou a ficar maluca?

Alguém abriu a porta, assustando-a e fazendo-lhe dar outro grito apavorado, levando as mãos a boca.

—Princesa? —Chamou o homem na soleira de sua porta. Era Daemon, seu galante cavaleiro.

—Daemon! —Ela chorou, lágrimas brotaram de seus olhos. —Oh, graças aos deuses, é você!

Apesar de toda a dor entre eles nos últimos meses, Daemon foi correndo até ela. Tomando-a em seus braços.

—Oh, deuses, Arianne, achei que estivesse em perigo! —Ele disse, abraçando-a.

—E eu estava! Juro!

Daemon levantou as mãos até os ombros dela.

—Que aconteceu? —Ele perguntou, seus olhos azuis olhavam fixamente para os olhos escuros de Arianne.

Quando Arianne estava prestes a lhe contar -mesmo sabendo que ele dificilmente ele acreditaria nela-, eles ouviram um rugido vindo de fora. Só poderia ser o dragão que Daenerys havia deixado para proteger a cidade —Não que ele fosse realmente útil sem os seus mestres, visto que ele estava totalmente no pátio do castelo e ninguém poderia domá-lo. Por sorte, Viserion se provou um dragão calmo, sendo trazido para o pátio da fortaleza — seria um perigo deixá-lo exposto e sozinho nas ruínas do fosso, onde os plebeus já haviam sido capazes de matar vários dragões antes — e ficado lá, sendo alimentado constantemente e sem problemas.

Arianne e Daemon foram até a janela. A vista dava bem para o pátio onde Viserion estava. O Wyvern de fogo não estava nada calmo como de costume; batia as asas de forma violenta e rugia. Levantava e escaramuchava o pescoço e a cabeça de forma violenta.

—Ele quer se libertar — Disse Daemon, olhando o dragão de creme e ouro lutando e rugindo. Ele parecia em parte atemorizado e maravilhado. Olhava para o animal alado como olhava para Arianne sempre que ela estava nua para ele; só que desta vez, havia medo junto da euforia.

Arianne também havia percebido que Viserion estava lutando para se libertar, mas por qual motivo? Claro, ele poderia estar apenas querendo ser livre, mas Daenerys havia lhe garantido que o dragão não faria nada para sair dali.

—O berrante o ordena. —Ela lhe explicou. —Ao tocá-lo, eles estão sob minha vontade. Ele não irá fugir.

Daenerys olhou para o seu "filho" com um olhar triste.

—Detesto o pôr em correntes. —Explicou. —Mas todo o cuidado é necessário. —Deu de ombros. —Ele só as usa porque assim ordenei a ele, ou as quebraria com mais facilidade do que quebrou as de Meereen.

As palavras da rainha se provaram verdadeiras, pois Viserion estava agora quebrando os elos da corrente em seu pescoço. Ele remexeu os pés, querendo quebrar a corrente que tinha em cada uma das suas patas. Arianne nunca o viu tão furioso.

Homens começaram a correr em direção a bela criatura, mas era inútil, Viserion lançou-lhes chamas douradas antes que estivessem a um metro de distância dele. Arianne viu os serviçais e soldados, pareciam dançar enquanto seus corpos queimavam e seus olhos explodiam. Ela também podia ouvi-los gritar.

Será que foi assim com Quentyn?, ela se viu perguntando, sem conseguir desviar o olhar dos rostos se contorcendo de dor. Logo podia também sentir o cheiro de fogo e morte subindo-lhe até as narinas.

Daemon puxou-lhe para trás, pelos ombros, para afastá-la daquilo.

—Não olhe princesa! —Ele dizia, enquanto a puxava. Mas Arianne ainda ouvia os gritos. Fumaça começou a subir pela janela.

Um longo rugido pode ser ouvido, quebrando o vidro das janelas de Arianne. Era provável que o som de Viserion tivesse quebrado as outras janelas da fortaleza também.

—Pelos deuses, alguém tem de fazer algo —Disse Daemon, olhando para a fumaça na janela.

—O quê? —Arianne perguntou, perturbada.

De repente, algo pálido e dourado passou pela janela dos aposentos de Arianne. Uma rajada de vento quente atingiu seu corpo, quase podia sentir bolhas se formando em sua pele oliva.

Arianne e Daemon tomaram coragem e foram olhar pela janela.

Viserion era um ponto pálido no céu nublado e escuro de Porto Real. Ele não voava em direção ao Norte, como ela imaginava, já que era onde sua mãe estava, mas sim para o Oeste.

Pessoas ainda gritavam no pátio.

—Será que ele vai de encontro ao Aegon? —Ela se viu perguntando em voz alta, com a voz embargada e a boca seca.

Daemon deu de ombros.

—Não sei, talvez esteja indo até seu irmão verde —Disse o bastardo, seguindo a criatura alada com os olhos azuis —, afinal, está mais perto dele. — Ele deixou a figura de Viserion de lado e voltou-se para Arianne. — Que houve, princesa? Por que estava a gritar?

Arianne abriu a boca, mas, quando percebeu que nada do que ela falasse fazia sentido e ele não acreditaria nela, fechou-a.

Até que pensou numa boa desculpa:

—Foi Viserion —Respondeu. —Assustou-me.

Daemon a olhou com desconfiança; ele sabia que ele começou a gritar muito antes de Viserion começar a se rebelar.

Apesar disso, o bastardo não falou nada e fechou a janela, abafando alguns gritos dos homens agonia.

—Seria melhor você mudar de aposentos, princesa. —Ele disse, seco. —Esse lugar não tem mais uma vista tão bela para os seus olhos.

Arianne se aproximou dele e tocou em sua mão, quando ele não resistiu, ela entrelaçou os dedos no dele.

—Daemon… —Ela disse, aproximando o rosto.

Ele balançou a cabeça e falou antes dela terminar.

—Não, princesa. —Ele disse, afastando o rosto. —Por favor, não.

Lágrimas brotaram novamente de seu rosto, mas não eram falsas como as que usara para manipular Sor Arys. Eram verdadeiras, tão verdadeiras que ela tentou inútilmente lutar contra elas.

—Oh, por favor —Ela disse, com uma voz desafinada, enquanto tomava o rosto dele em suas mãos. A pele dele era quente e macia. —, não vê que sofro, Sor? Não se importa com a dor da vossa princesa? Não me ama?

Daemon desviava o olhar, até não aguentar e olhar para ela com os intensos olhos azuis. Ela percebeu que poças d'água também surgiam de seus olhos. Ele tomou as mãos dela nas suas, as afastando de seu rosto, e as levando para seus lábios, as beijando.

—Dói te ver sofrer —Ele admitiu, numa voz lúgubre. —Ah, Arianne se soubesse das coisas das quais eu seria capaz de fazer para lhe ver sorrir…

Ela soltou-se das mãos dele e o abraçou, pousando a cabeça no peito dele. Sentia o calor de seu corpo e o bater potente de seu coração. Sim, ele ainda a amava. Ela levantou a cabeça, olhando para seu antigo amante.

—Então me faça esquecer a dor, Sor Daemon. — Ela sussurrou, e viu os olhos dele escurecerem de desejo. Sentiu ele ficar duro nos calções. — Estou triste, sozinha… Oh, Daemon, preciso de você…

Quando ela percebeu, Daemon tomou o rosto dela entre as fortes mãos dele, e Arianne viu a face dele se aproximando do dela. Logo os seus lábios estavam colados, e ela sentiu o calor da língua dele; as duas línguas estavam entrelaçadas, como Daemon e Arianne ficavam quando mais novos.  A princesa sentiu os braços fortes e protetores de Daemon lhe apertando.

Arianne desceu uma mão até os calções dele e apertou ao sentir o membro viril dele. Mas, quando estava para adentrar os dedos lá dentro, ela se surpreendeu ao sentir a mão de Daemon agarrar-lhe o pulso dela e afastá-la, de forma abrupta.

Ele se afastou dela, irrompendo o beijo deles. Estavam ambos sem fôlego, e Arianne viu como o rapaz respirava de forma apressada. Ela pode perceber como ele estava pertubado ao olhar os olhos azuis; olhando-a de forma fixa e nervosa. O rapaz soltou a mão dela.

—Daemon… —A princesa tentou falar, confusa.

—Não! —Ele berrou, se afastando mais. —Pelos deuses, não, princesa!

Arianne franziu o cenho, confusa.

—Por que? —Ela indagou, começando a ficar irritada. —Nós fizemos muito isso quando éramos mais novos, que deu em você?

Dessa vez, a face triste e perturbada do dornês mudou, ficando cheia de ira. Sua boca torceu e seus olhos apertaram-se e a olharam com fúria.

— Que deu mim? Por todos os deuses, Arianne, o que deu em você!

A princesa logo sentiu-se amuada e envergonhada. Sentiu um calor subir nas bochechas.

—Eu…

—Você não é a jovem a qual amei — Ele disse, friamente. Isso foi o que mais a magoou; como ele simplesmente foi frio com ela. — Eu fiz papel de bobô ao pedir sua mão ao seu pai, porque eu amei a jovem alegre que me fazia feliz, e a qual eu só queria deixar feliz… Mas, agora, eu sei que essa jovem está morta.

Arianne balançou a cabeça, incrédula.

—Como pode dizer isso? Como pode ser tão cruel comigo, logo agora? O rapaz que pediu minha mão nunca falaria coisas cruéis assim…

—E a princesa que eu amei não faria mal a criança alguma! —Ele berrou, dando um passo para frente e cerrando os punhos em direção a Arianne, que se encolheu de medo com a atitude dele. —Que tipo de pessoa faz isso e se faz de vítima!?

Ao ver o medo e choque no rosto de Arianne, Daemon logo pareceu tentar se acalmar. Ele desfez os punhos e voltou a dar um passo para trás. Abaixou a cabeça, claramente envergonhado.

— Isso foi desonroso, princesa. Eu…

Mas dessa vez, foi Arianne quem o interrompeu, deixando a ira tomar conta dela, conforme o medo deixava seu corpo.

—Como se atreve a falar assim comigo, seu bastardo? —Ela indagou, furiosa. —Acha que eu te amei? Acha que preciso de você e do seu amor, mais do que preciso do seu pênis murcho para me dar prazer?

Ele a olhou com raiva, mas ela pôde ver uma rápida expressão de dor em sua boca, antes dele tentar escondê-la.

—Arianne, estou lhe avisando…

—Você? —Ela jogou a cabeça para trás e deu uma risada. —Você não é nada, menos até. Pelos deuses, se meu tio Oberyn o tomou como amante, eu tenho pena dele. Você não tem nada para mim, Daemon. A maior prova de amor que meu pai me deu foi quando ele negou dar a minha mão a você.

Daemon ficou quieto quando ela terminou de falar. Ambos ficaram se olhando, furiosos um com o outro. Arianne não sabia se eles logo iriam se matar ou transar.

Ao invés de escolher alguns dos dois, Daemon apenas fez uma profunda reverência.

—Princesa. —Ele disse, girando os calcanhares.

A fúria tomou conta dela. Olhou para uma taça de vinho vazia em cima da mesa de seu quarto e foi até ela à passos largos e rápidos.

—Saia! — Arianne disse, mesmo que ele já estivesse saindo, agarrando a taça. —Saia e nunca mais ouse colocar-se diante de minha presença novamente.

Ela jogou a taça contra ele, mas ele se esquivou e ela bateu contra a parede, perto da porta de seus aposentos. Daemon abriu a porta e saiu, fechando-a após atravessá-la. Ele nunca olhou para trás.

O corpo de Arianne tremia. Ela se sentia fora de si, tomada de fúria, desejo e tristeza. Ela pensou chamar algum meistre e pedir-lhe algum remédio para dormir… Mas sabia que era inútil. Unguento algum poderia livrá-la de seus problemas —estes, inclusive, estavam apenas começando, ela sabia.

A princesa se dirigiu até a sua janela e a abriu.

Os homens que foram queimados e mortos por Viserion estavam tendo seus corpos carbonizados arrastados até uma carroça no pátio. Jon Connington berrava ordens para os soldados que retiravam os cadáveres enegrecidos. Havia vários pontos chamuscados no pátio; diversas linhas pretas causadas pelas chamas douradas do Wyvern de fogo. Era belo quando antes havia chamas brilhantes, agora, eram apenas manchas.

Ao sentir um vento frio forte que fez seu corpo tremer, Arianne achou ter visto o bastante e fechou a janela. O vento apagou algumas chamas de seu quarto, mas ela nem se importou.

Ela foi até o seu colchão e se deitou, cobrindo todo o corpo com lençóis pesados, tentando afastar o frio.

Arianne ainda se lembrava da mulher mascarada e em chamas. Não tinha qualquer indício dela em seu quarto, mas ela lhe pareceu tão real… tão familiar…

Será que estou a ficar loucar?

—Você não está louca, princesa. —Disse uma voz rouca e incorpórea, assustando Arianne.

Sobressaltada, ela rapidamente empurrou os lençóis e ergueu-se para olhar quem estava ali. Olhou em volta, várias vezes. Nada. Não tinha ninguém.

Arianne podia não conseguir vê-lo, mas reconhecia a voz, era quase livre do sotaque estrangeiro.

—Moqorro? —Ela perguntou, olhando em volta. —Onde está?

—Não estou mais na fortaleza. — o sacerdote estrangeiro explicou. —Eu e meu mestre estamos indo embora, antes de Aegon voltar.

Arianne olhou para a parede onde estava a moça que havia visto queimar. Nada. Nunca esteve ali.

—Por que estão indo embora? — Arianne indagou.

—A princesa sabe o porquê — Respondeu Moqorro, mas não parecia bravo com ela. — De qualquer forma, R'hllor nos quer a norte daqui, onde o Grande Outro se aproxima. Devemos ir até lá.

—Moqorro — chamou Arianne. —, o que irá acontecer?

—A Grande Noite se aproxima — Ele disse. —O Kraken, o messias do caos, está entre nós.

Arianne não entendia nada do que ele dizia.

—Moqorro…

—Adeus princesa, eu só apareci para salvá-la, pois sei que é uma boa mulher, apesar de tudo. —Ele explicou. —Mas cuidado com a coroa que irá carregar, pois o teu fardo pode não lhe render bons frutos. Adeus.

Quando a voz sumiu, Arianne percebeu que estava novamente sozinha na escuridão do quarto.



No dia seguinte, todos da corte se surpreenderam ao perceber que todos os sacerdotes vermelhos haviam sumido sem falar nada e sem deixar quaisquer tipos de rastros no meio da noite. Apenas Arianne já sabia disso; ela sabia que deveria ficar feliz com isso, mas isso apenas a fez se sentir mais temerosa com o que iria acontecer no futuro — quando enfrentassem a fúria de Daenerys.


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