The Dream escrita por Nappy girl
Duque Granville olhou para a frente.
Madame Theresa Stirling estava sentada no lado oposto da mesa. O Duque convidou-a para uma visita à cidade e foram para uma das Pastelarias Nobres mais famosas de Seren, o espaço vasto, chão de mármore, as mesas redondas de metal cheias de desenhos, as montras cheias de diferentes pastéis e doçarias, e as janelas do café do teto ao chão.
— O Pai chamou-me para ver as pedras e escolher o que vai para a construção das joias. Vi lá uma verde muito bonita que escolhi, mas não me recordo do nome. – Coloca a chávena em cima da mesa com um pequeno sorriso.
— Esmeralda?
— Isso mesmo. Como sabia? – Ela parece surpresa, o rosto iluminou-se com a advinha de Granville e ele faz um pequeno sorriso ao ver o ar de inocência. Ele bebe o seu chá.
— Aquele é o comandante Granville? – Apontam algumas senhoras nobres e Theresa repara. – Ele é muito bem parecido. – Ela repara nos olhares de algumas mulheres sobre ele e aperta o tecido da saia no seu colo, observando-o. Assim de olha para aqueles olhos verdes, recorda-se do momento em que viu irmã Eleanor a sair do quarto de Granville com um tabuleiro, chávenas vazias.
— E… Já está a sentir-se melhor, James? – questiona. – Aquele golpe foi fatal.
— Já tive coisas piores a acontecer em guerra. Estou a sentir-me muito melhor.
— Ainda bem… – Baixou a cabeça e ambos continuaram em silêncio enquanto partilhavam a refeição. Theresa não sabia mais sobre que temas falar, tinha passado desde o dia a dia, até à nova coleção do pai, os diferentes tipos de bolo que existiam nesta Pastelaria, do seu aniversário e dos eventos que viriam ai na cidade.
Duque Granville sempre esteve a ouvir, responder o que era necessário responder, colocando as suas perguntas na mesa e demonstrando um pequeno sorriso quente. Era o máximo que ele fazia e apesar do sorriso dele deixar o coração de Theresa contente, ela sentia que a conversa era mais um monólogo. Ele olhou pela janela e voltou a concentrar-se no chá, mas rapidamente voltou a olhar para fora.
Já se tinham passado alguns dias desde que tinha visto ou falado com madame Eleanor. Ela nunca mais tinha lhe visitado e ele teve de ficar o tempo todo dentro dos seus aposentos a recuperar, fazendo as suas refeições lá dentro.
Era estranho estar a vê-la agora na cidade, mas ali estava ela. Vestida com uma camisa azul de mangas abalonadas, um espartilho de pano sem mangas azul-escuro com detalhes dourados e o resto da saia grande e rodada com o mesmo padrão. O cabelo escovado para cima feito num coque no topo da cabeça e tem brincos de ouro. O rosto sempre erguido, confiante e atrás dela dois cavaleiros que reconheceu logo quem eram, Isaac a carregar um baú de madeira escuro. Porque estaria agora na cidade?, pensa Granville.
Eleanor segurou no seu vestido e colocou a mão em cima da do seu segundo cavaleiro para subir as escadas e dirigiu-se para um estabelecimento chamado Boutique Leyland.
E você, Duque, via-se casado comigo?, recorda-se da pergunta de Eleanor, o rosto voltado para baixo, mas os olhos focados nele em busca de uma resposta.
— A madame Theresa vai fazer anos em breve. Gostaria de lhe preparar uma prenda. – Finalmente olhou para a sua acompanhante. – Gostaria de ir à Boutique do outro lado da estrada? Boutique Leyland? Ver se posso lhe oferecer um vestido ou algo parecido… – convida Granville e ela parece surpresa, esboçando um sorriso enorme.
— Sim, agradeço muito o gesto.
Eleanor entrou pela porta da frente da boutique. Era raro ela entrar por esta via, mas hoje não vinha para ser uma estilista, mas sim como cliente.
— Madame Eleanor. – diz uma das funcionárias. – Estávamos a aguardar a sua presença. Por favor, siga-me. – segue-a, passando pelas diferentes nobres que estavam sentadas nos sofás, Eleanor cumprimentando todas com o maior sorriso que tem e dirigem-se para o único lugar livre que tem. – Aguarde aqui um bocadinho.
— Senhorita Stirling. Há quanto tempo. – diz a senhora sentada ao seu lado, oferecendo-lhe dois beijos nas bochechas. – Soube o que aconteceu. Fico contente por estar tão bem parecida depois de tudo. Não deve ter sido fácil. – Acaricia a mão de Eleanor. – E… Por acaso existem algumas pistas sobre o sucedido? Perceber quem é que fez isto ou planeou? – As outras senhoras estavam nas suas conversas paralelas, mas tinham os ouvidos postos em Eleanor pelo atentado.
— Sim… Passamos por um grande susto, mas… Pelo menos estamos vivos e eu sinto muito pelo meu cunhado. Ele sim sofreu muito. – Suspirou, baixando a cabeça. Não respondeu à questão, pois não queria partilhar com estas senhoras coscuvilheiras.
— E porque acha que o ataque aconteceu? Ouvi rumores de que foi a segunda vez que aconteceu. Alguns dizem que existe uma atentado contra a família Stirling. Outros acham que existe alguém que está contra a união com a família Granville. Muitos dizem… – Elas trocam o olhar entre elas. – Que tem a ver com o facto… Bem… – Eleanor fica com o maxilar tenso, esperando que terminassem o que estavam a dizer.
— Penso que não seja um problema dizer porque é a verdade. Porque a senhorita Eleanor é ligeiramente diferente de todos nós. – conclui a frase e elas limpam a garganta, baixando o olhar. Estavam todas a pensar no mesmo. – Acham que é a motivação para isso,
Eleanor congelou. Não soube exatamente o que responder. Queria ter largado aquela mão enrugada e suada, dar-lhe um estalo e pegar num copo de água para deitar em cima delas. Respirou fundo e quando foi para abrir a boca, ouviu:
— Madame Eleanor, estamos prontos para si! – chega a empregada e ela fica aliviada. Respirou fundo, controlando as emoções e disse:
— Podem ser vários motivos. Ainda não sei de nada. Só quero ficar em paz com a minha família. Obrigada pela preocupação. – Sorriu, indo-se embora e revirou os olhos.
— Aquela… Não é a sua irmã? A Senhorita Eleanor? – Ouviu uma voz masculina muito conhecida. Parou de andar, voltando-se para trás e sentiu os olhos a ficarem arregalados ao ver a figura de Duque Granville, finalmente de pé com um fato simples e cabelo escovado para trás. Estava com um melhor ar do que a última vez que o tinha visto. – Que inesperado. – afirma e Eleanor une as sobrancelhas, pois a forma como ele diz parece pouco natural.
— Sim… – diz Theresa, engolindo o seco. Não parece contente por ver Eleanor e respira fundo, tentando parecer controlada, bem com a situação, mas pode dentro tem o coração a palpitar com força.
— Bom dia. – Sorriu para ambos. – Não esperava encontrar-vos aqui. Uma agradável surpresa e coincidência. Neste momento, estou à procura do seu vestido de aniversário, irmã Theresa.
— E por acaso, eu vim aqui ver se encontraria uma prenda para a minha esposa. Estamos em sintonia.
— Eu por acaso vou escolher o tecido para fazer o vestido de aniversário. Roupas são a minha segunda paixão. Gosto de escolher materiais de primeira qualidade e escolher designs. Querem juntar-se a mim?
— Na verdade… – começa Theresa, mas Duque interrompe-a.
— Sim, podemos juntar-nos. – diz Granville, apanhando a sua noiva de surpresa.
Eleanor sorriu, andando à frente para a sala privada onde tinham sido colocados. Estavam em volta de uma mesa.
— Pronto, aqui temos as cores que pediu. Isto é feito de algodão e seda. Encomendamos recentemente de Zavia. A qualidade é de outro nível. – Apresenta a senhora. – Irei deixar-vos aqui, mas caso precisem de ajuda, não hesitem.
— Muito obrigada, Lina. – Passou os dedos pelos diferentes tecidos. – Eu tenho uma ideia do que quero fazer do seu vestido, irmã Theresa. Será desenhado especialmente por mim. Não quero estragar a surpresa, portanto não lhe revelarei como será. – Piscou o olho para Theresa. – Mas pelo menos consigo ver o que pode possivelmente lhe ficar bem em termos de cor.
— Estou cada vez mais curiosa para ver o resultado final. – Sorri Theresa.
— Desenhar roupa também é um dos seus passatempos? – pergunta Duque e Eleanor acena.
— Sim e não. Não tenho jeito para desenhar, mas consigo dar ideias sobre o que se pode criar em termos de peças de roupa. – contou uma meia verdade. – E eu adoro a boutique Leyland. Penso que a qualidade dos desenhos e o cuidado valem todas as moedas possíveis. Não trocaria este lugar por nada.
— Nem por chás? – questiona Duque, de forma a tentar meter-se com Eleanor.
— Isso seria uma escolha muito difícil. – Ela baixou a cabeça, demonstrando um pequeno sorriso e o olhar de Duque fica mais suave, agradado pela reação dela. Theresa troca olhar entre ambos e respira fundo.
— E então? Como foram os pretendentes para casamento? – Mudou de assunto.
— Sim… Os meus pretendentes… – Enrolou as mechas de cabelo entre os dedos. – Foram interessantes. Tivemos uma tarde muito agradável, confesso que Pai fez a maior parte das perguntas.
— Quem é que apareceu?
— Um senhor Capell… Outro era da casa Regent. Nobres normais. Nada de extraordinário.
— A sério? Então e o Príncipe? Pai mencionou que existia um príncipe interessado em ti. Não me recordo do nome, mas… – pondera e Eleanor diz:
— Príncipe Hadid? – Apoiou o queixo sobre a mão com um pequeno sorriso a surgir nos lábios quando Theresa acenou positivamente.
Duque Granville fica atento à conversa, pensando em quem seria tal príncipe e o quão familiar era o nome do Príncipe.
— O tal homem com quem se sentou durante o evento de caça? – Granville finalmente chegou à conclusão.
— Sim, exato. – confirma Eleanor.
— Então já eram próximos… – adiciona Duque, sempre atento à expressão facial de Eleanor.
— Não diria que somos, mas é uma companhia agradável.
— Para lhe convidar a se sentar num evento… Já lhe conhecia de antemão, não? – Insistiu e Eleanor selou os lábios. Uma pequena hesitação. Theresa trocou olhar entre ambos, parecendo inapropriado intervir apesar de não gostar de ambos lhe estarem a ignorar e de como o seu plano tinha corrido mal, mas decidiu ficar em silêncio.
— Suponho que tenha me achado uma mulher atraente. Não seria o primeiro. – disse Eleanor, levantando o olhar para encarar Duque.
Ele sentiu um pequeno aperto no peito, pois não sabia se existiria algum sentido duplo por trás daquelas palavras, mas foi o suficiente para ele desviar o olhar e deixar o assunto estar. Mesmo que não fosse uma indireta, ele tinha carregado aquelas palavras de uma forma bastante pessoal.
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