The Dream escrita por Nappy girl


Capítulo 17
Capítulo 17




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A porta do quarto de Edward estava cheio de cavaleiros à frente e eu cumprimentei-os, indo para o escritório de meu Pai. Ele conversa com um homem que carrega uma mala de couro castanha, várias pedras preciosas em cima da mesa. Mesmo com o filho mais velho dele acamado, os negócios sempre estiveram em primeiro lugar. Já era expectável de Marquês Stirling.

— Bom dia, Pai.

— Filha, chegou na hora exata. Está a sentir-se melhor?

— Tive sorte de ter apenas feridas psicológicas que sararam ao longo desta semana. A minha preocupação vai para irmão Edward. – Suspirei, tentando parecer que tinha compaixão para com aquela besta.

— Ele ficará bem. É um cavaleiro. Jã deve ter passado por pior.

— Oxalá que sim. – Olhei para o homem que estava connosco dentro do escritório. – Bom dia, senhor Mercier. Fico contente que esteja connosco no Norte. Uma infelicidade não pudermos ter ido às suas acomodações. – Ele pega-me na mão para me cumprimentar.

— Não, nem diga isso! Fico feliz que estejam bem depois do que aconteceu. E aqui estou eu para dar continuidade ao negócio.

— Muito grata. Bem-vindo.

— Agora passamos para ver as peças. – anuncia o pai, observando a pedra de ouro que segura com a ponta dos dedos de diversos ângulos. – Convoquei-a, pois preciso da sua assistência, filha. Como não foi possível irem a sul, trouxe o senhor Mercier como pode ver e estamos a fazer avaliação das peças. – Aponta para a outra figura que se encontra connosco no escritório.

— Todas as peças são recolhidas em Gaya. Temos várias minas. Todas as peças testadas pelos nossos profissionais. – explica e eu pego num mineral branco translúcido. Um quartzo. Analisei de diferentes ângulos e posicionei debaixo da luz solar.

Ele passou a explicar como fundou o negócio, os diferentes parceiros, os barcos utilizados para transportar e como tinha desenvolvido o negócio. Até revelou que tinha um brasão da família real como reconhecimento da qualidade, entre outros enquanto eu e Pai íamos vendo as peças de perto e fazendo as nossas próprias avaliações.

— Se vem de Gaya, quantos dias lhe leva a transportar por exemplo toneladas de cada produto para aqui? – questionei. Gaya localizava-se a sudoeste de Seren, separado por uma banheira de água. Pousei a peça em cima da mesa, e passei os dedos por cima, pois conseguia imaginar aquele mineral a ser uma decoração para os meus vestidos.

— O máximo que já conseguimos foi uma encomenda de cinco toneladas. Tinha desde ouro, prata, quartzo, esmeralda, entre outros. Fizemos tudo em três semanas. – Mal respondeu, eu e o Pai trocámos olhares. Parecia ser surpreendente, tendo em conta que atualmente o mesmo fazia encomendas relativamente mais pequenas no prazo de cinco semanas.

— Muito obrigada pela sua presença e disponibilidade para hoje, senhor Mercier. Iremos pensar na sua proposta e iremos dar-lhe uma resposta, pode ser?

— Claro que sim. Agradeço muito a vossa disponibilidade, deixo aqui o documento da proposta oficial feita para vocês e a minha morada caso queiram voltar a contactar-me. – disse, sempre com as vénias e cheio de boa-educação. Apertamos novamente a mão e o Pai pega na documentação, lendo tudo.

— Isto parece-me muito bom. Até parece mentira. – Riu e eu acompanhei-o, passando por trás do sofá. – Parece-me ser um bom investimento, mas primeiro terei de ver o design das peças da nova coleção.

— A coleção Theresa?

— Já ouviu? – questiona depois de alguma hesitação.

— Você é que me contou, Pai. – Dei uma gargalhada leve e ele parece confuso, mas de entre tantas conversas que vamos partilhando, apercebe-se de que talvez possa ter dito. Não pensa que possa ter sido Duque Granville, porque não lhe parece que eu fale com ele.

— E por acaso sabemos alguma coisa sobre o nosso atentado? Caso tentem fazer novamente, pode ser um bocadinho crítico, já que Edward será o governador da nossa casa. Preocupo-me com o nosso futuro tendo em conta o que pode acontecer.

— Querida filha, não se preocupe. Correrá tudo bem. A polícia ainda está a investigar, Duque Granville também está em cima do assunto e em breve Edward retornará.

— Obrigada, pai. – repliquei, enrolando os caracóis entre os dedos e suspirei, pois nem com ele tinha encontrado informação decente.

Respirei fundo, regressando para os meus aposentos.

Abri a gaveta da secretária, retirando várias folhas que coloquei em cima da mesa. Retirei um estojo cheio de lápis de carvão, afiando um a um enquanto cantarolava. Soprei e ponta, tocando com o dedo para garantir que estava bem feito. Afiava quando necessário. Retirei outro conjunto de lápis, estes com diversas cores que pousei em cima da mesa, procurando o melhor lugar para as posicionar. Tirei os restos de afias, colocando tudo dentro de um papel que dei a uma das empregadas.

Sacudi as mãos, vendo a minha secretária arranjada, pronta para desenhar. Senti-me inspirada.

— Podem relaxar. Hoje nem sairei do quarto e só vos chamarei quando precisar de chá. – disse para elas que trocaram olhares e celebraram entre si, pois este era um dia que eu utilizaria para relaxar.

O sol estava a arder no dia de hoje, iluminando a mesa e eu senti-me aliviada a sentar-me na cadeira, pronta para ver o que sairia deste momento de criatividade.

Ocasionalmente, precisava de um descanso espiritual e de criar novo conteúdo para as minhas clientes, ficava o dia inteiro no quarto. Apenas saía para as refeições, voltava para o quarto e ficava sentada, vestida a rigor de lápis na mão.

Até tinha feito uma mudança de roupa, utilizando uma camisa branca volumosa, com uma saia grande com um corset negro com diversas flores enquanto decoração. O cabelo solto, com uma trança na parte de cima. Finalmente ajeitei o vestido para me sentar.

— Já sabe o que desenhará hoje, senhorita Eleanor? – perguntam, parecendo animadas. Apesar do inúmero trabalho que tinham a costurar, elas divertiam-se a fazer o trabalho e sempre ficavam encantadas com os modelos que lhes ia dando para tornarem realidade.

— Ainda não tenho a certeza. Estou a pensar se deveria desenhar conjuntos de saia e casaco. Acho que seria perfeito.

Olhei para os diferentes lápis de carvão. Arregacei as mangas, removendo alguns botões para rolar as mangas para cima. Peguei no lápis com a ponta mais fina, observando o mesmo e decidi começar a desenhar. Quando finalmente toquei com a ponta no papel, ouvi alguns toques à porta.

As empregadas levantaram-se logo espantadas.

— Ai Jesus…

Eu respirei fundo, guardando o lápis e recostei-me à cadeira com as pernas cruzadas.

— Por favor, vejam quem é. – pedi e elas assentiram, aproximando-se da porta. Assim que a abriram, a pessoa abriu logo a porta por completo.

Era Duque Granville.

— Tinha de ser… – comentei num sussurro, evitando revirar os olhos apesar da vontade máxima de fazer isso, bati com o lápis em cima da mesa e ele entra para dentro do quarto com os braços atrás das costas.

Tem sempre o cabelo desarrumado, camisa branca e um par de calças negras com botas da mesma cor, uma espada na beira.

— Em que lhe posso ajudar? – Encostei a cabeça sobre a mão, esperando que ele me dissesse alguma coisa.

— Gostava de falar consigo em privado. – disse, olhando para as empregadas que esperam por mim e eu faço um gesto com a mão para me deixarem a sós com o Duque.

— Vai-me acusar sobre alguma coisa? Eu estou de bom-humor, não o arruíne.

— Não estou com disposição para tal coisa. – diz e fica em silêncio. Fica a observar-me, olhos vão ficando estreitos e eu não desvio o olhar, parecendo aborrecida, pois ele não se iria embora.

— Se não soubesse quem é, diria que está obcecado por mim.

— Garanto-lhe que não é isso. Mas tenho pistas do caso de seu irmão Edward. Gostava de partilhar consigo.

— Aí sim? Porquê comigo? Deveria partilhar com as autoridades, não? O meu Pai. Deixar-me ficar aqui em paz. – Mesmo que quisesse saber, a presença dele deixava-me com o sangue a ferver. Não o queria à minha frente,

Ele toca nos meus lápis em cima da secretária. Eu toco na mão dele, estabelecendo contato visual. Ignora por completo o que lhe digo e eu continuo:

— Além disso, não estavas convencido de que eu seria a assassina? Tem a certeza de que quer mesmo contar-me tais detalhes? – Observei-o de cima a baixo, continuando a vê-lo a andar à volta. – Sou um lobo vestido de ovelha. Conta-me e usarei contra si.

— Sim, claro que é. – responde com ar de deboche e eu aperto o lápis entre os dedos. – Como estava a dizer, tenho avanços no caso.

— Pronto, já que insiste, pelo menos podemos ver esse caso noutro dia? – Sacudi o cabelo, brincando com os caracóis entre os dedos. – Sem querer ser rude, mas estou um bocadinho ocupada no dia de hoje – replico, encarando-o intensamente com os olhos enquanto ele continua a caminhar livremente pelo meu quarto.

— Como se chama o seu cavaleiro? – questiona, passando a mão por cima da minha cómoda, a outra mão no bolso das calças. – I…Isaac? – questiona e eu cerro o maxilar, vendo-o a pegar nas joias que existem dentro da minha caixa.

— O que tem o Isaac? – Não me responde e eu fico impaciente, pegando na minha joia bruscamente da mão dele. – Se for para falar do caso, então que vá direto ao ponto e saia do meu quarto! – Voltei-me para ele e este finalmente fala:

— Eu tenho informações pertinentes para o caso. Localizamos um dos atacantes. Vamos interrogá-lo hoje.

— Muito bem e o teu o Isaac a ver com essa história?

Ele demora a responder, lendo a minha expressão facial antes de responder:

— Nada… Apenas queria ver a sua expressão se falasse do nome dele. Isaac ajudou-nos com a investigação. Apanhou o atacante enquanto ele fugia. – Fiquei mais aliviada, fechando os olhos por breves segundos e ergui o olhar:

— Muito obrigada. Se é tudo, tenha um bom dia. – Abri a porta.

— Se quiser confessar, ainda vai a tempo. – Andou lentamente.

Assim que faço, vejo irmã Theresa. Fico de olhos arregalados, pois não sei quanto da conversa ela ouviu, mas por outro lado, olho para Duque Granville e aproveito o momento. Baixo o olhar, ficando com uma expressão facial mais suave, passo a mão pelo cabelo, colocando atrás da orelha e sorrio timidamente.

— Irmã Theresa. – Sorri e ela troca o olhar entre nós os dois, ficando de maxilar tenso e baixa o braço que preparava para bater à porta.

Não parece contente. Muito pelo contrário. O sorriso falso, não lhe chegava aos olhos.

Tão fácil de enganar.


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