Aelysia Moldaventos: Morte nas Muralhas - Parte I escrita por Yuuki Alecardia


Capítulo 1
O caso de Arthur Goldsword


Notas iniciais do capítulo

Célere: com velocidade acelerada; ligeiro, veloz.
Rotundo em forma de círculo; circular.
Madorna: Falta de energia ou de motivação para algo
Averno: inferno
Minore: diminuir (minorar na terceira pessoa singular do imperativo)

Pessoal, nos acréscimos do segundo tempo, apresento o spin off do desafio de 2023, que, na verdade, terá uma continuação em dezembro. Espero que gostem!



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Aelysia Moldaventos perdeu o chão. Seu mundo, seu povo, varridos da existência por deuses cruéis, que prezavam apenas sua própria diversão.

Pelas rugas formadas na testa, a descoberta também afetara o anão.

— Nenhuma das dezenas de teorias da conspiração que li… chegou perto disso.

— Minha magia permite que eu veja e sinta coisas que outros não podem. Há outros demônios em Névoa Baixa. — Jezebel apontou para a janela. — Querem provocar os deuses.

— Os assassinos do Comandante Goldsword deixaram uma carta, pedindo pela abertura dos portões. Também mencionaram os deuses. — Aelysia pensou que, se os inimigos fossem tão fortes quanto Jezebel, eles falhariam miseravelmente. De novo.

— Se os mortos entrarem, a cidade será um verdadeiro averno caótico. — João coçou a barba, preocupado.

— E o que você fará? — Aelysia encarou a clarividente. Precisava saber se era amiga ou inimiga.

— Eu só quero me divertir com meus passatempos. — Jezebel abriu seu sorriso perfeito. — Não deixarei Névoa Baixa cair, sem lutar.

Em vez de renderem-se à madorna, os investigadores lutariam para proteger a cidade e suas pessoas, que viviam seu cotidiano rotundo, na paz da ignorância. 

Contudo, infelizmente, o destino de Névoa Baixa já estava tecido.

***

— No relatório, há  uma fonte. — Úrsula era chefe do Centro de Investigação havia anos e era célere em farejar uma mentira. — Quem?

— Não falaremos, ou perderemos um valioso informante. — Não era mentira, Jezebel fora bastante enfática sobre não ter seu nome associado à investigação. 

— São uns inúteis, mas não traidores. Mesmo Rogi… — Úrsula parecia inesperadamente triste. 

— Não adianta chorar a cerveja derramada. — João a confortou.

— Minore os ditados de anão, eu quero respostas. Vão trabalhar! — Ela se recuperou rapidamente, voltando a ser implacável como sempre.

Com o sumiço de Rogi, o paradeiro do rubi era desconhecido. O caso das crianças seria conduzido por Mychan Florestians e sua expedição à Terra dos Mortos. Com isso, restava o assassinato de Goldsword. O corpo fora esmagado, em seu posto, no alto da Muralha oeste.

— Como chegaram lá sem que ninguém visse…?

— Aqui, vêham. — Gorkil apontou para baixo, onde, do lado externo da Muralha, via-se uma série de marcas na pedra, aparentemente recentes. — Algo subviu… 

— Mortos-vivos escalando muralhas? — Ponderou Aelysia.

— Com essas marcas? Nah! — João disse. — Foi.. algo grande… E pesado. 

Gorkil não usou suas habilidades, pois as testemunhas espirituais do crime já tinham se dispersado. Seu poder era mais útil em lugares fechados. 

— Está tarde. — Aelysia disse, exausta. — Queria me afogar em chope gelado.

Ninguém a contrariou. 

Na taverna, viram uma Tocada, que entregava ao estalajadeiro uma carcaça inteira de crocodilo. A aura poderosa impedia que a encarassem diretamente, mas, perifericamente, viram uma jovem humana, vestindo uma roupa que faria até Jezebel corar. 

Saber que se tratava de alguém brincando com eles fez Aelysia ferver de raiva. Botou para dentro um gole grande de chope, engasgando no processo. 

— Cadê o Alvo? Ele aparece quando estamos na pior… — Bêbada, ela se tornava uma reclamona. — Ele podia trazer o bonitão…

— Bonitão? — João franziu o cenho. 

— De preto, o cachorro mágico. Qual é, João? Você é cego?

—  Aquele cara era… Bastante normal.

— Meu amigo anão… Você é tão sem graça! — Aelysia verteu mais bebida. Olhou em volta e avistou uma dupla que até que dava para o gasto. Levantou-se e caminhou até lá, impulsivamente. Noita não estava ali, então se contentaria com o que os deuses ofereceram. 

— Olá. — Sentou-se ao lado do mais novo, de cabelos dourados e chapéu. — Noite animada…

Aelysia sorriu estonteante, enquanto eles se remexiam, nervosos. Na mesa, tentaram esconder um papel, mas uma brisa repentina carregou-o para longe.

— Idiota...! — O mais velho gritou. Tentando recuperar o papel, tropeçou e esbarrou em uma mulher gigantesca, com músculos que qualquer orc invejaria. Ela rosnou e, sem aviso, socou-o com tanta força que ele foi arremessado para uma mesa distante, derrubando toda a comida e bebida de um grupo de brutamontes encrenqueiros.

“Ops”, a elfa pensou, enquanto se esgueirava para fora da Taverna, que se convertera em uma confusão de socos, pontapés e gritos. Lá fora, encontrou um anão sorrindo largamente.

— Imagino que não tenha planejado isso. — Mostrou-lhe o papel que causara aquele caos. 

“Rinha de Golens, altamente confidencial.”

Um campeonato ilegal, com endereço e horário marcado, no submundo de Névoa Baixa.

— Algo deveras grande. E pesado. — João completou. — Excelente para subir a Muralha…

Aelysia arregalou os olhos violeta.

— E esmagar Goldsword… 


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Notas finais do capítulo

Aguardem, pois em dezembro teremos a parte II, com o desfecho do caso e o do destino de Névoa Baixa!



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