Destino e Revolução escrita por Major Arctures


Capítulo 2
O Brilho Dourado do Renascer




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Ano 2854.

Plantação dos Kämpfer – Norte de Shinganshina – Arredores externos da Muralha Maria

 

—Mamãe, mais rápido! – As crianças de cabelos castanhos corriam alegremente sob o sol da primavera, os chapéus feitos a mão, estavam decorados com as flores que arrancaram das cercas vivas ao redor da plantação. Os Kämpfer eram conhecidos por plantar diversos vegetais, o suficiente para vender a um preço justo e alimentar o Distrito de Shinganshina e, ainda, alimentar as primeiras 3 bases do exército dentro da muralha Maria.

—Não corram tão rápido, vão acabar caindo. – Anelise Kämpfer, em um vestido azul claro, preparara para crianças antes mesmo do sol nascer, uma cesta repleta de tudo que gostavam, enquanto Katrina e Daniel desciam as colinas correndo a frente, ela os seguia lentamente, tendo a certeza de olhar para trás para ver o marido Konstantin, enquanto aos poucos ele e dois aprendizes colhiam e lavavam as remessas de batatas.

—Mamãe! – Katrina apressada ainda corria pegando flores, até que mostrou uma flor azul e branca. – Essa é a flor que o moço do sonho tem, ele fez uma coroa de flores para mim, cheia dessas flores azuis. – Observando os olhos dourados da pequena filha, Anelise gargalhou cobrindo a boca, já fazia muitos anos que Katrina sonhava todos os dias com o moço de olhos verdes que cultiva flores azuis, ele está sempre sob uma árvore grande e com muitos galhos, sobre uma pequena colina, tornara-se um hábito ela acordar e contar no café o que aconteceu no sonho e sempre haviam as coroas de flores, cheia de flores azuis e rosas que o rapaz de cabelos castanhos e longos do sonho fazia para ela. Já haviam levado a pequena a médicos, mas os mesmos sempre garantiram a total saúde física e intelectual da menina, que se saia bem nos estudos e sempre estava tranquila. Acabou que os sonhos não passaram disso, eram apenas sonhos.

Anelise estendera sob o chão um tecido bege e grande e sentou para comer com as crianças tagarelas pela manhã, ela os olhava com cuidado, pensando no quanto cresceram, Katrina completou 12 anos haviam poucos dias, enquanto Daniel completaria 14 em breve, os mesmos cabelos castanhos banhavam suas cabeças, os olhos grandes e dourados, brilhavam na luz pungente do sol, as roupinhas claras se misturavam com a relva macia e as flores de cores exorbitantes. Ela passou vários minutos observando os filhos enquanto eles comiam e riam, depois deitavam na grama para discutir qual a forma das nuvens que se aglomeravam no céu.

O ar fresco os embalava no dia quente de primavera, mas logo a atmosfera calma foi tomada pelo assustador barulho dos motores. Perdida em devaneios, Anelise só notou o som alto ao ouvir o grito de Konstantin, correndo o mais rápido que podia em sua direção, seguido dos aprendizes.

—Anelise, pegue-os e corra! – No céu azul, com poucas nuvens, atrás de Konstatin, a visão asquerosa dos dirigíveis e do hidroavião, fizeram seus ossos arderem.

—Vamos rápido! – Anelise segurou os braços das crianças como pôde, dirigíveis com a estrela Marleyana sobrevoavam o céu da ilha de Paradis, mesmo correndo, não houve tempo até os tiros começarem a ser disparados. As crianças assustadas corriam o mais rápido que podiam, as respirações ofegantes contaminavam o ar, ao ver o que os homens que corriam caíram atrás de si, Anelise via o brilho dos tiros chegar cada vez mais perto de si, Katrina e Daniel corriam de mãos dadas, mas vendo o barulho se aproximar eles olharam para trás para ver o metal reluzir nos raios de sol, o alto som dos canhões nas muralhas atordoava ainda mais os sentidos, enquanto miravam nos dirigíveis.

Não havia mais tempo, a correnteza de tiros chegaria a eles, mesmo a 100 metros do portão da muralha, Anelise vendo que não chegariam a tempo, segurou os filhos nos braços, se jogando contra pequena colina. Sentindo o gosto ferruginoso ela olhou os pequenos. Daniel se esforçava para respirar, apertando as mãozinhas de Katrina que chorava copiosamente.

—Katrina, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem! – Ela repetia para pequena, sabendo que os tiros que lhe acertaram eram fatais, ela usou o próprio corpo como escudo, mas não foi suficiente.

O menino de cabelos castanhos, já não respirava mais, quando o barulho dos canhões de alta precisão e alcance sobre as muralhas, começou a se intensificar mirando nas aeronaves a guarnição atirava nos dirigíveis, Anelise logo ouviu o barulho do gás comprimido sendo solto e dos fios de metal se esticando, tirando os olhos da filha, ela viu as asas azuis e brancas descerem as muralhas, sabendo que a criança sob ela seria logo resgatada e levada para segurança, ela sorriu.

—Katrina... eu amo você... viva bastante. – A voz entrecortada e os olhos marejados, desesperou ainda mais a criança no chão, que repetia diversas vezes:

—Mamãe! Mamãe! – Anelise não soltou mais um único som, com o sorriso nos lábios, ela partiu, fazendo Katrina se desesperar ainda mais.

Gritando pela mãe, ela o viu... O homem de olhos verdes a olhava calmamente, com olhos que sentiam a dor da pequena ele se aproximou e sussurrou docemente uma frase.

A poucos metros da criança, a tropa de exploração recuou ao ver o brilho conhecido que desapareceu treze anos antes. Ossos, nervos, músculos e pele, surgiram da centelha. Dentes a mostra, músculos definidos, seios fartos e o cabelo castanho.

—O titã de ataque! – Rotchs que estava com o comando do batalhão de resgate sussurrou.

—Não pode ser, o corpo feminino! É a fêmea. – Alan, um dos soldados assustados gritou, os dentes que dominavam as bochechas e o corpo do titã davam sinais diferentes.

A primeira transformação não tinha controle e o monstro de 15 metros, gritava, o barulho ensurdecedor era mais feminino do que o esperado para o titã de ataque. Mas aquele momento de êxtase e desespero foi quebrado, quando o titã avançou nas aeronaves caídas e começou a atirar grandes destroços caídos nas que ainda dançavam no céu, os canhões escondidos na floresta atiravam para cima, o titã permaneceu em apenas uma área atacando os invasores, os dirigíveis de Marley possuíam uma das melhores tecnologias do mundo, eram resistentes a balas simples, velozes como um hidroavião de médio porte e equipados como máquinas de guerra perfeitas, mesmo assim não era suficiente para escapar da fúria do titã.

Quando não havia nada mais para jogar para cima, a titã gritou mais alto e do grito ensurdecedor surgiu uma imagem na mente de cada Eldiano, uma brilhante árvore azul com dezenas de milhares de galhos e um choro abafado, de uma criança contra um torço, a sinistra visão eriçou os pelos da nuca até mesmo dos antigos soldados e no estalo que os trouxe de volta, Gillian em cima das muralhas gritou ainda mais alto:

—Derrubem a droga das aeronaves! - A explosão rude dos canhões se intensificou ainda mais, mas para o zepelim que atirava a uma distância maior, foi um tiro certeiro, do canhão de cano longo, atrás da mira um único soldado da guarnição.

—Morram de uma vez!

Uma a uma, as aeronaves foram estraçalhadas pelos tiros altos e graves, nenhuma sobrou, bem como nenhum sobrevivente, quando a última aeronave caiu no mesmo lugar onde permaneceu a maior parte da batalha o titã original desconhecido caiu no chão.

A tropa que não viu um único titã nos últimos 13 anos estava estarrecida, mas montou os cavalos indo ao titã. No chão atrás de onde ele esteve todo o tempo, um homem que fora atingido de raspão ainda respirava, enquanto dois jovens partiram. O vapor saiu do corpo do titã e o que se levantou para deixar os soldados ainda mais estarrecidos foi uma criança, de olhos dourados e cabelos longos e castanhos, o vestido manchado de sangue anunciava que era a outra criança que estava sob o corpo da mulher morta no alto das muralhas, lágrimas ainda rolavam daquele rostinho, enquanto pelos lábios róseos ainda saiam repetições sussurradas de “Mamãe”.

O comandante Rotchs olhou a criança atordoado, um tiro parecia ter atravessa o vestido na altura do abdômen, segurando-a nos braços enquanto ela caia na inconsciência, o soldado loiro de cabelos platinados penteados para trás montou o cavalo-branco e voltou a muralha. Designando soldados para a limpeza do cenário catastrófico de metal retorcido em frente aos muros. O vento passava pela cidade evacuada, uivando alto nos ouvidos de Rotchs e atravessando os portões internos, ele não deixou de notar que as pessoas rodeavam a entrada, curiosas depois de ouvir os gritos e ver o titã que saiu e retornou as muralhas, eles ouviram os tiros e curiosos tentavam se aproximar da criança que tinha o rosto marcado pela transformação.

5 dias depois

Castelo Darcy – Base da Tropa de Exploração

Entre as altas árvores da floresta, num verde vivo da primavera e sob o céu puramente azul, o brilho das espadas se destacava. Haviam anos desde a última vez que a guarda de vigilância sob o Castelo Darcy não era tão grande. Reconhecimento. Guarnição. Polícia Militar. Até mesmo a divisão de Tecnologia. Soldados de todas as idades, uma guarda que se arrastava por quilômetros, no quarto da General Beare, sob os doceis claros improvisados a criança ainda dormia, em vestes brancas e simples os cabelos estavam espalhados pelos travesseiros, os lábios semiabertos, olhando para ela era impossível dizer que aquela pequena face gentil era o portador de um titã original, faziam 5 dias desde o ataque de Marley, a criança que saiu do titã que ainda não era conhecido, ainda dormia, desde que chegou carregada pelo comandante Rotchs.

Na principal sala, em volta de uma mesa grande e grossa de madeira avermelhada, em um clima tenso onde palavras erradas não seriam perdoadas estavam os três generais de Eldia que discutiam altamente. Na hierarquia de Eldia haviam 3 generais, na ordem de poder, o terceiro possuía o menor poder de decisão e o primeiro apresentava poderes majoritários, uma declaração de guerra ou estado de emergência precisaria da assinatura do primeiro general e do Rei. Atualmente, Eldia possuía o 3º general, Kazimierz representante das Tropas Estacionárias, o 2º General, Niels, representante da Polícia Militar e a 1º General, Beare, representante da Tropa de Exploração. Na sala ainda estavam a comandante Kashima da Divisão de Engenharia e seus ajudantes. Sentadas ao lado do comandante de cada regimento e do comandante Heinrich, responsável pelo treinamento de recrutas, eles discutiam pela primeira vez juntos sobre o destino da criança e de Eldia, no momento saber se a criança era uma ameaça era a maior prioridade do exército.

—Ela atacou apenas as aeronaves de Marley, protegeu o pai e os aprendizes, quando as aeronaves caíram todas, ela caiu no chão. Todos afirmaram ter a visão de uma árvore iluminada num lugar cheio de areia e um céu estrelado, ouviram o choro de uma criança e não houve mais nada. – Rotchs repetiu a mesma história novamente, pelo que já parecia a centésima vez aquele dia.

—Ela não acordou mais? – Kazimierz perguntava um tanto inquieto.

—Não, já pedimos que a examinassem, os médicos disseram que o choque pode ter levado a isso. – Beare foi firme em sua resposta.

—Ela não é um bom sinal? Sendo titã fundador, fêmea ou de ataque ela é Eldiana de Paradis, protegeu as muralhas. Não era perder esses titãs o que mais temíamos nos últimos anos? – Rotchs perguntou incrédulo, uma criança viu a mãe e o irmão serem assassinados, isso desencadeou a transformação, ela não atacou um único soldado e protegeu o que achou que eram feridos. Onde isso era uma ameaça?

A esperança de que a maldição dos titãs tivesse acabado, foi quebrada meses depois da perda dos antigos portadores, Marley dominou um país inteiro usando irracionais, eles ainda tinham soro nos estoques e ainda podiam transformar Eldianos mantidos em cativeiro em titãs irracionais e os jogar sob uma cidade cívica inimiga. Além disso, se a maldição se fosse as muralhas cairiam também, mas lá estavam elas, duras como nada mais era na terra. Prontas para segurar invasões. O Maior medo do povo de Eldia era ver os titãs nas mãos de Marley, pois isso significaria a extinção daquele povo.

—Não podemos supor nada, não até ela acordar. Já a identificaram? – Beare pronunciou em um tom rude virando a cabeça para o lado.

—Katrina Kämpfer, 12 anos, filha de um agricultor de classe média, Konstantin Kämpfer, negocia com o exército para o fornecimento de vegetais. Estava nas plantações do lado de fora, em um piquenique com a mãe Anelise e o irmão Daniel no momento do ataque, os dois morreram. O pai Konstantin está no hospital se curando de dois tiros de raspão e ainda em estado de choque, seus aprendizes morreram no ataque. Ela foi a única que sobreviveu além do pai. – O relatório do Comandante Schäfer da polícia militar foi preciso, as informações estavam perfeitas.

—Sobre o ataque? -Kazimierz questionou.

—Não há muitas informações, o objetivo aparentemente era destruir gados e plantações, notamos que não havia muito combustível, o zepelim não poderia voltar, também, os corpos que recuperamos eram muito jovens, sem farda de oficiais de Marley. Eram escravos ou Eldianos. Também constatamos que não vieram pelo Sul, eles contornaram o caminho, o porto deu o sinal de ataque para as muralhas, mas só quando as aeronaves desceram e viraram, foi muito ousado, vieram por entre as nuvens, poderiam ter se perdido ou caído, a guarda no chão os avistou muito tarde, de qualquer forma a missão foi cumprida, destruíram plantações e um gado de ovelhas, o fazendeiro que estava com elas foi morto também. - Beare passou todo o relatório com calma.

Em meios as discussões na sala principal, a criança acordou de seu sono profundo.


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Notas finais do capítulo

_Diário de Bordo 02_

Obrigada por chegar até aqui!
Não esqueça de deixar um ♥ no capítulo e até mais tripulantes.

—Fim_



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