O Rei Negro escrita por Oráculo Contador de Histórias


Capítulo 12
O vigia e a torta




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As Cordilheiras do Oeste são, como o próprio nome diz, um aglomerado de montanhas que se estendem por toda a costa oeste do continente e atuam como uma barreira natural, separando o mar da terra. Não há como construir portos nessa região, logo todos os navios que vem e vão para Moroeste precisam contornar Eastgreen. Nos arredores do reino de Aurora, as cordilheiras são tomadas por vegetação e o verde nelas predomina. E embora o coche forneça uma viagem confortável, estava sacudindo bastante naquela rota estreita e tortuosa.

—Podem parar. – disse Yliel a Troh e Umi, então a carruagem parou.

Quando desembarcaram, Gabriel sentiu o forte vento soprando contra seu corpo e sacudindo suas roupas. A visão era esplendorosa, uma cadeia de montanhas dos mais variados tamanhos a se perder de vista, sem falar na imensa Floresta Lazúli que era tão espetacular por fora como era por dentro. Ele viu também a possibilidade de subir ainda mais, que estavam aos pés de uma das grandes montanhas e que as nuvens já não pareciam tão distantes assim.

—Essa parte da cordilheira é realmente um encanto. – comentou Leeta, que também olhava para o alto.

—Sem sombra de dúvidas. – concordou ele, deixando escapar um sorriso.

—Vou ficar por aqui. Acho melhor você se apressar e seguir meu pai.

Yliel tinha retirado o sobretudo fino, o que acabou revelando por completo uma ameaçadora Elindora embainhada em sua cintura. Embora o rapaz sentisse calafrios ao imaginar que cedo ou tarde duelaria contra o rei elfo, reuniu coragem para assentir à Leeta e descer até o terreno plano logo abaixo do barranco no pé da estreita estrada, onde seu mentor já o aguardava.

—Gostaria que esse fosse apenas um passeio e assim poder permitir que desfrutasse dessa esplendorosa vista que, ao que notei, você aprecia. Todavia, amigo, sabemos que nosso tempo está se esvaindo como a areia da ampulheta. Estou muito interessado em saber qual será a postura do grande mago Merlin quando ele souber sobre você, se é que já não sabe. E desconfio que uma guerra esteja entre as grandes possibilidades.

Gabriel imediatamente ficou apreensivo e angustiado.

—Não quero levar uma guerra até vocês, senhor. Se Calendria marchar contra Aurora, eu fugirei e eles virão atrás de mim.

—Fugirá até quando? E para onde?

O vento soprou forte. Diante da indagação de Yliel, Gabriel se sentiu encurralado e não soube como responder.

—Não pode voltar para o seu mundo, meu rapaz. E não conhece os perigos que espreitam nessas terras, mas garanto que existem coisas piores do que ser torturado pelo humano das duas espadas. Nosso reino aguardou sua chegada durante vinte anos e agora diz que fugirá para nos proteger? Qual o sentido de estar aqui?

—Com todo respeito, senhor, mas eu não vim a este mundo porque quis. E se eu estivesse no meu mundo, Alabas ainda estaria vivo e Aurora não estaria hospedando uma ameaça. – disse o garoto, encarando o rei sem pestanejar.

Yliel ficou em silêncio durante alguns segundos, como se algo na fala do outro o incomodasse. Fez menção de dizer alguma coisa, porém hesitou, até que enfim disse:

—Alabas... Morreu acreditando estar fazendo a coisa certa. Leeta te trouxe até mim acreditando estar fazendo a coisa certa. E eu quero te tornar mais capacitado por acreditar que esse é o melhor caminho. Pessoas vão morrer, Gabriel, meu amigo. Eu falei sobre uma possível guerra, mas na verdade já estamos em guerra há muito tempo. Entendo que esteja querendo proteger os outros, porém fugir não é a melhor maneira. Ou será que, lá no fundo, você sente medo de acabar se transformando no seu antigo eu?

O garoto desviou o olhar por um instante, tão logo se forçando a encarar o rei elfo.

—Não quero ser como ele. – respondeu com profundo desprezo.

Yliel suspirou, olhando para cima e enxergando sua filha Leeta, sentada à beira da estrada e os assistindo.

—Gabriel Eichen trilhou um longo caminho até se tornar o famigerado Rei Negro. Ele viajou por inúmeras terras e em algum momento foi para a Cidade Sombria. Lá, formou um exército revolucionário. – contou o elfo, descendo a cabeça para então fitar o garoto – Diz-se que esse exército furioso marchou contra as fronteiras de Calendria. Eles derrubaram os portões do reino, mataram inúmeras pessoas, desde militares a civis. E Eichen, por sua vez, foi atrás do rei Ederith Valthor II e de sua família. Em praça pública, ele enforcou todos os Valthor... Depois tomou o trono pra si. Mas algumas coisas destoam nessa história...

Algo dentro de si parecia borbulhar enquanto ouvia aquilo. Uma raiva alheia e outro sentimento muito forte que também não sabia reconhecer... O que estava sentindo de fato?

—É dito pelos calendrinos que Gabriel Eichen, assim como Magaroth, queria destruir a todos e almejava derrubar o Escudo do Mundo, que é a única barreira entre nós e o terror do Sul. Mas quando assumiu o trono de Calendria, ele ordenou a reconstrução da Cidade Sombria e a chamou de Nova Emberlyn. Esse lugar fica muito perto do Pilar do Leste, que compõe o Escudo do Mundo. Caso as trevas avançassem, essa região seria rapidamente afetada. Por que construir algo que em breve será tomado pelas trevas? – questionou Yliel, visivelmente interessado em fazer o garoto refletir – Além do mais, alguém nessa história me é ainda mais misterioso. O grande mago Merlin não impediu a invasão de Calendria, porém depois confrontou o Rei Negro no porto do sul. Por quê?

—Qual a posição dele em Calendria agora? – indagou Gabriel.

—Regente.

—Aí está. – concluiu o garoto, deixando o rei curioso – Se ele queria estar no mais alto posto e manter sua reputação, fez uma excelente escolha. O Rei Negro derrubou toda a família real e tomou para si essa culpa. Merlin provavelmente sabia que, no momento em que os portões fossem derrubados, havia a chance de isso acontecer. E depois? É fácil, basta matar o tirano e receber todas as honrarias. O herói que conduzirá Calendria à glória! – ironizou por fim.

—Talvez esteja certo. – admitiu Yliel a contragosto – Mas não temos como provar que sua teoria é verdadeira. E se quiser ir a fundo e descobrir o que há por trás de toda essa escuridão, precisa tomar uma atitude hoje. Vai continuar fugindo ou vai seguir pelo caminho mais difícil?

Segundos de silêncio se fizeram necessários para o garoto, que de olhos fechados refletia a respeito de tudo. Já não tinha a mínima esperança de voltar para casa e não encontrava dentro de si a saudade do seu quarto que outrora sentia. Odiava não entender o que de fato tinha acontecido e embora fingisse não se importar com as motivações de Eichen, sabia que estava se enganando. No fim, era ele mesmo em uma vida passada. O que teria acontecido para desencadear tantas desgraças? Seria mesmo capaz de tomar decisões tão questionáveis? Sobre isso, respondia com todas as forças que não.

“Vou aprender a arte da espada, vou ficar mais forte e dar fim a essa loucura.” Repetiu a si mesmo em pensamento, com a mesma convicção que fizera em seu quarto no palácio real.

—Podemos começar, senhor. – respondeu convicto.

E o rei elfo sorriu satisfeito.

Gabriel foi colocado para meditar em posição de lótus tal como fizera durante seu treinamento com Aelin. Mas dessa vez, Yliel o encorajou a libertar as chamas sem se importar com nada.

—Não há com o que se preocupar. Leeta está a uma distância segura.

—Mas e o senhor?

—Agradeço, meu amigo. Entretanto, modéstia a parte, vou ficar bem. – esclareceu com uma expressão gentil.

Tal como antes, ele buscou em seu interior aquela mesma chama. Dessa vez, conseguiu enxerga-la na primeira tentativa e não apenas isso, como se esforçou para chegar cada vez mais perto, buscando aumenta-la mais e mais. Enquanto era incapaz de saber o que estava acontecendo “do lado de fora”, nem sequer pensava nisso porque, como Aelin já o instruíra, seria um erro que colocaria em xeque sua concentração.

—Papai! – gritou Leeta em meio a um barulho quase ensurdecedor, se esforçando para enxergar Yliel em meio ao vendaval.

—Está tudo bem! Fique aí! – respondeu o rei em alta voz.

A pressão sobre seu corpo era esmagadora, porém se mantinha de pé e não desviava os olhos azuis do garoto que permanecia imóvel na mesma posição.

As chamas estavam muito próximas e por um instante lhe ocorreu que poderia acabar se queimando, entretanto, quando ficou cercado por elas sentiu que se tratava de uma extensão de si mesmo, como seus braços e suas pernas. O garoto então abriu os olhos e presenciou pela primeira vez toda a tempestade que se originava do seu corpo. Se sentiu estranho, como se aquilo não lhe pertencesse, como se fosse um espectador e não de fato o responsável pela aura descontrolada.

“Ele está inconscientemente se controlando.” Pensou Yliel, se aproximando o bastante para ficar a trinta centímetros do rapaz.

—Liberte sua aura! Ela está descontrolada porque você não a deixa fluir.

Ele...— começou a falar, porém duas vozes saíram de sua garganta. A sua própria e uma outra mais grave, quase gutural. Assustado, arregalou os olhos para o rei como se implorasse por ajuda.

—Se você não libertar sua aura para medi-la, não conseguirá dominá-la. – explicou o rei sem dar um passo sequer em meio ao vendaval que os cercava, ao contrário dos seus longos cabelos dourados que esvoaçavam vorazmente.

Ele vai...— tentou outra vez e o mesmo aconteceu. A angústia logo o dominou.

—Não vai sair do lugar se continuar o reprimindo! Confie em mim, amigo! – apelou Yliel com uma expressão séria e confiante.

Gabriel deixou que toda aquela aura fluísse naturalmente e nesse momento os ventos se acalmaram. O verde em seus olhos se tornou intenso, seu corpo ficou mais pesado e ele pôde ver um brilho esverdeado contornando todo o seu corpo.

—Sua aura se acalmou. – confirmou o rei satisfeito – É densa e muito poderosa.

—É verde. – disse Gabriel, olhando para si mesmo. Sua voz tinha voltando ao normal, porém não se deu conta.

—O que é verde? – indagou Yliel, confuso.

—Em volta de mim, esse brilho, senhor.

—Do que está falando, amigo? Não há brilho em volta de você, mas é certo que sua aura está emanando.

Sem entender nada, o jovem olhou para si mesmo, esfregou os olhos e tornou a olhar. Tinha certeza que conseguia enxergar um brilho esverdeado em volta de si. Em sua tentativa de confirmar que não estava delirando, olhou para o alto, onde uma Leeta de pé e apreensiva os observava. Dali, ele gritou uma simples pergunta:

—Consegue ver o brilho verde em mim, Leeta? – sua voz ecoou por entre as montanhas.

—Do que está falando, Gabriel? – tal como o pai, ela ficou confusa.

—Eu consigo enxergar. É verde! – voltou-se para o rei elfo – Acho que essa é minha aura! E é verde!

—A aura não é visível, amigo. Assim como o vento, nós apenas podemos senti-la. Você deve estar cansado...

—Não estou cansado! – zangou-se o rapaz, que ao se dar conta da forma como falou, disse em tom arrependido – Me desculpe, senhor.

—Não se preocupe com isso. Veja, estou emanando minha aura agora... Percebe como ela não pode ser...

—Dourada. – interrompeu Gabriel. A cor em seus olhos continuava mais intensa do que o normal – Sua aura é dourada e se move como um... Como um véu ou algo assim, é bem bonito.

Yliel e Leeta se entreolharam. Então o elfo se aproximou do rapaz, abaixou-se para encará-lo de igual para igual e se ateve aos seus olhos.

—O vigia...

—Perdão, senhor?

—Você é o vigia. E o vigia pode ver o que os outros não veem. Seus olhos estão diferentes, meu caro.

—Entendi. – disse com um sorrisão, mas logo ficou inexpressível – Entendi foi nada.

Leeta deixou escapar um risinho, virando o rosto e tossindo para disfarçar.

—Há uma grande possibilidade de você ser capaz de enxergar a aura.

—Achei que isso fosse normal neste mundo. – admitiu cruzando os braços e deixando de lado a concentração; seus olhos voltaram ao normal – Quando o Decarlo me perfurou, as espadas dele tinham um brilho roxo esquisito. E quando Alabas lutou contra ele, ficou todo vermelho, como se estivesse fervendo. Hum... Deixa eu ver...

Yliel o observava intrigado, assim como Leeta.

—Ah! Leeta me jogou pra longe quando a gente se conheceu. – se lembrou, fazendo a elfa corar – Mas nessa ocasião, eu não vi nada demais, só a cara de brava dela.

O rei deixou escapar um riso, mas logo se recompôs e retomou a seriedade em seu rosto.

—Bom, talvez tenha relação com a intensidade da aura. Seu... dom... é algo misterioso para mim, sendo sincero. Além do mais, outrora você não possuía a capacidade de medir e acalmar sua aura, bem como duvido muito que seus olhos tenham ficado como ficaram há pouco e ainda assim disse que conseguiu ver. Consegue enxergar o tal brilho dourado em mim ou o seu esverdeado agora?

—Hum... Não, agora não.

—Vamos aprimorar isso, amigo. Levante-se, temos muito o que fazer.

O rapaz foi colocado para carregar pedras pesadas, para subir e descer os íngremes caminhos das montanhas, para meditar e, sem descanso, recebeu aulas sobre a arte da espada. Notou que Yliel e Aelin se pareciam na rigidez como mestres, porém o rei era ainda mais exigente. Quando a noite chegou, Leeta iluminou o local com cubos do tamanho de um palmo, transparentes e que continham um líquido azul em seu interior, na mesma tonalidade da floresta Lazúli ao longe, bela e resplandecente.

—O que são essas coisas? – indagou o garoto curioso, ignorando o corpo dolorido e as mãos calejadas. Já tinha sentido dores bem piores.

Os três estavam sentados no chão de grama, ao redor dos objetos refulgentes, perto da estrada. Eles se deliciavam com uma grande torta de maçã feita por Sylie. Os tigres Troh e Umi estavam soltos, vagando por um pequeno lago lá embaixo, a cerca de um quilômetro.

—Lumes. – respondeu a elfa – Fabricadas pelos nossos alquimistas. – concluiu com uma nota de orgulho.

—Se parece muito com o brilho da floresta.

—Uhum. Dentre os ingredientes está a seiva das árvores, coletada com muito cuidado para não ferir nossas amigas e guardiãs.

—Desculpe... Mas eu preciso perguntar. Aquela floresta está realmente consciente? Quero dizer, ela pode entender o que dizemos?

—Ah, ela pode sim. – respondeu Leeta após morder um pedaço da sua torta e ficar com os lábios sujos.

—Incrível... – admirou-se Gabriel, levando o indicador da mão direita até os lábios da elfa e limpando os vestígios de torta.

Ela corou instantaneamente. Diante disso, Yliel arqueou a sobrancelha e disse:

—Ora... Na minha frente e sem sequer hesitar, admiro sua ousadia...

Ao se dar conta do que tinha feito, o rapaz engoliu em seco e se apressou a falar com muita rapidez:

—Desculpa! Eu não fiz... Não foi intencional, eu... Desculpa, senhor! Desculpa, Leeta!

—Ousado! Muito ousado! Está desculpado! Ousado! Muito, muito mesmo! – concordou a elfa visivelmente atrapalhada.

O pai tentava se mostrar sério, porém era visível que não tinha ficado realmente bravo. Quando olhou na direção do longínquo lago, franziu o cenho ao não conseguir enxergar os felinos que deveriam estar ali.

—Vocês dois fiquem aqui. Vou procurar por Troh e Umi.

—Sim, papai.

—Não quer ajuda, senhor?

—Está tudo bem. Só fiquem aqui e se comportem. – disse o elfo se levantando e descendo a estrada estreita.

Durante alguns minutos, houve um silêncio realmente incômodo entre Leeta e Gabriel. Ambos faziam menção de dizer alguma coisa um ao outro, porém acabavam hesitando. O vento forte parecia ter dado uma trégua, sendo substituído por uma agradável brisa. Já o céu dava seu próprio espetáculo, recheado de estrelas.

—Quanto tempo acha que ficaremos aqui? – perguntou ele enquanto encarava o Lumes perto da torta.

—Penso que o tempo necessário para que você domine a aura, a espada e agora, esse misterioso dom. – respondeu ela, olhando na mesma direção.

—Temos comida o bastante para isso? Quero dizer, vamos ter que retornar às vezes, né?

—Pelo que vi, Sylie cuidou muito bem dessa parte, então isso não será um problema. – sorriu – Mas acredito que sim, vamos retornar às vezes, vai depender do papai.

—Eu... realmente não queria te faltar com respeito... – tentou olhando para ela e percebendo que seus olhos azuis já o encaravam, algo que lhe deu a sensação de cubinhos de gelo na barriga.

—Não foi desrespeitoso... – disse a elfa em um tom mais baixinho – Eu só não esperava.

Gabriel se deu conta de algo que o deixou confuso. A elfa que estava ali, toda sem jeito, era a mesma que outrora não viu problemas em enxerga-lo nu no lago da floresta ou que por pouco não saiu do quarto quando, em seu primeiro dia no palácio, precisou se trocar. “Está ficando difícil não olhar pra ela. Como tive coragem de fazer aquilo na frente do senhor Yliel? Sou burro ou o que?” Brigou consigo mesmo em pensamento, abocanhando o último pedaço de torta em sua mão. Quando se deu conta, viu o rosto de Leeta muito perto e congelou. Com a boca, ela tocou próximo ao canto dos seus lábios, limpando os vestígios de maçã que estavam ali.

—Pronto. – disse ela ao se afastar com um sorriso travesso – Estamos quites.

O coração de Gabriel estava batendo a mil por hora. Tinha certeza que podia sentir o sangue circulando no corpo inteiro e se precisasse medir a aura, não conseguiria, pois sua respiração estava descompassada. Foi então que o rei Yliel virou a estradinha estreita, sendo seguido por Troh e Umi. Quando se aproximou dos jovens, o elfo olhou para um e para outro, estreitando o olhar ao dizer:

—A torta acabou e eu queria mais um pedaço. Seus gulosos.

Gabriel e Leeta se entreolharam e riram.


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