“... Devour me and fill my heart with courage

Give me wings and camouflage the scar

Rip out my lungs and kill my fever

Bring me back to the alluring grounds of love...”

See You Soon

Lord Of The Lost

Chifuyu Matsuno era um jovem incomum, conhecido por seu jeito descolado e sua paixão por motos. Claro, isto para não falar que era um verdadeiro delinquente, vice-capitão da Tokyo Manji Gang, ou apenas TOMAN, e com uma grande admiração por Benji. O jovem delinquente nunca se esqueceria de todos os momentos em que lutou ao lado de Benji, ou de quando os dois ficaram em suas aventuras noturnas, correndo velozmente em suas motos pelas ruas da cidade. Uma sensação deliciosa de liberdade, com alguém que ele genuinamente gostava.

Ele próprio era respeitado. Ninguém mexia facilmente com os brutamontes da TOMAN – apenas se fosse tão brutamontes quanto. Talvez, algumas gangues idiotas que acreditassem que poderiam superar em força, e fracassavam miseravelmente. Chifuyu e seus amigos eram simplesmente imbatíveis.

No entanto, por trás de sua fachada durona, ele tinha um segredo que poucos conheciam: sua profunda afeição por seu adorável gato Peke J. Talvez, além de sua família, só Benji conhecesse seu gato. Não havia muitos motivos específicos para isto: ninguém lhe perguntava se ele tinha animais em casa, ele também não comentava. Ainda mais por, justamente, ser um delinquente. Sabe-se lá o que outros delinquentes vingativos poderiam fazer se soubesse maiores informações sobre o louro rapaz e sua família?

Peke J era um gatinho preto, com olhos grandes e brilhantes que contrastavam com sua pelagem escura. Naquele dia, o rapaz se lembrava de quando encontrou o felino. Era uma noite chuvosa. Noites chuvosas sempre foram belas e sutis aos olhos do delinquente, como se estivesse presenciando algum poema ocorrendo pessoalmente, frente aos seus olhos azulados, mas aquela noite era de extrema melancolia: era impossível não simpatizar com um ser tão pequeno e frágil abandonado na chuva. O loiro de olhos azulados resgatou o filhote, encharcado e faminto, levando-o para a sua casa e cuidando daquele filhote.

Desde então, os dois se tornaram inseparáveis. O gato era seu confidente, sua fonte de conforto e, de alguma forma, um reflexo de sua própria alma. Aliás, sua família sempre dizia que o gato era tão delinquente quanto o dono, quebrando muitos objetos da casa e arranhando tudo que lhe fosse possível. Típico de gatos, principalmente gatos de delinquentes. Raros os dias em que sua família não reclamava das bagunças do felino.

A cidade à noite era o cenário perfeito para Chifuyu e Peke J. Enquanto todos os outros estavam preocupados com suas vidas agitadas, eles se aventuravam pelas ruas escuras e misteriosas. Chifuyu se destacava, com seu estilo único e cabelo tingido de loiro, enquanto Peke J o seguia com uma elegância felina. Juntos, eles eram uma visão noturna inesquecível. O mais intrigante que Chifuyu se tornara mais responsável graças ao seu gato, que nunca era encontrado sem a sua respectiva coleira. Se a ideia do loiro era ir para mais longe de casa, nunca permitia que seu gato fosse junto, para que assim não corresse perigo. Não havia local mais seguro que seu próprio lar. Na verdade, a varanda era o local favorito da dupla.

Era engraçado. Normalmente, Chifuyu Matsuno atuava como conselheiro de Takemichi e faz planos para entrarem em ação. Foi uma das primeiras e únicas pessoas a saber da habilidade do seu amigo de viagens ao tempo. Contudo, nem mesmo Takemichi sabe muito sobre a sua vida particular e sobre o seu gato.

Entre outros aspectos importantes da vida do delinquente, o primeiro ano do ensino médio de Chifuyu foi marcado por sua oposição ao abuso de poder por parte das autoridades. Apesar de sua força, o jovem não procurou exercer controle sobre sua escola. Na verdade, desprezava muitos dos outros alunos e os viam como perdedores. Inclusive, foi um dos principais motivos de ele ter se afeiçoado rapidamente ao seu gato, um felino que seria genuinamente seu amigo por toda a sua vida.

Só que haveria um momento em que as coisas mudariam. Era uma noite aparentemente comum, sem muitos movimentos das gangues. Takemichi estava sem planos mirabolantes, também. Enquanto Chifuyu observava as estrelas na varanda de seu apartamento, Peke J começou a brincar com um objeto estranho que havia encontrado no chão. Era um medalhão antigo, adornado com símbolos misteriosos. Intrigado, Chifuyu pegou o medalhão e examinou-o mais de perto. Parecia chinês antigo, mas o rapaz não tinha certeza, só sabia que não conseguiria ler aquilo.

— Ei! Onde você encontrou isto, Peke J?

O medalhão estava estranhamente quente ao toque. Sequer sabia como o gato conseguia brincar com aquilo. Após alguns momentos, uma névoa mágica envolveu Chifuyu e Peke J. Eles se viram transportados para um lugar que parecia saído de um conto de fadas sombrio. O rapaz comenta que parecia já ter visto um cenário similar aos seus mangás de terror. Árvores retorcidas e flores negras dominavam a paisagem, criando uma atmosfera única. Chifuyu e Peke J estavam em um mundo completamente novo.

— Onde a gente está, Peke J? Em algum mangá de histórias macabras do Junji Ito? Qual é a deste isekai aqui?

O jovem delinquente sentiu suas mãos tremerem por um momento. Medo, mas não por ele, e sim porque via o pequeno gatinho Peke J amedrontado. O felino raramente saía de casa, e nunca era para locais possivelmente perigosos...