Não enxerguei seus verdadeiros olhos,
nem escutei suas mais belas palavras,
eu não ouvi sua cantoria na janela pela manhã,
eu não te dei bom dia mais,
eu não dirigi mais a palavra a você,
eu não te dei "tchau" quando passei pela porta,
eu não sorri com suas fotos,
eu não chorei com sua morte,
eu não comi da sua comida,
eu não bebi do vinho que estava na sua geladeira,
eu não temi sua maldade,
eu não me orgulhei das suas vitórias,
eu não lavei sua roupa,
eu não dormi ao seu lado,
eu não te dei de comer quando estavas com fome,
eu não te dei de beber em meio ao deserto,
eu não segurei sua mão na sua pior perda,
eu não te levei café da manhã na cama,
eu não chorei ao te ver despedaçar,
eu não torci por você quando estava competindo,
eu não te visitei no hospital,
eu não deitei no seu ombro,
eu não adormeci ao te ver contar uma história,
eu não te levei ao seu lugar favorito,
eu não te dei sua comida prediletra,
eu não li o seu livro,
eu não fiz uma tatuagem em minha pele com seu nome,
eu não me vesti como você queria,
eu não ponderei minhas atitudes para não te magoar,
eu não,
eu nunca,
pena que o meu eu não... esta apontado para o espelho...
que reflete o inverso..
Estampado na minha cara como uma facada em meus olhos,
um tiro em minhas vértebras,
um choro de recém nascido,
que doi e arde por horas,
ao descobrir como o mundo é frio e solitário.