Riot Van escrita por elda
— Vai se fuder, arrombado!! — Levantou o dedo do meio um rapaz loiro, sendo quase atropelado por um carro que dirigia corretamente sem nenhum problema. Na verdade, o problema estava nele que atravessou fora da faixa de pedestres, mas mesmo assim ficou indignadíssimo e pensou que o mundo inteiro estava pirando.
Katsuki seguiu andado para o prédio que morava o seu amigo. O aborrecimento que havia passado com aquele carro buzinando nos seus ouvidos, sumiu da sua mente porque não era nada relevante, nem ao menos o faria refletir se o errado era ele — e era — e que deveria atravessar nas faixas se não quisesse ser atropelado. Contudo, o rapaz preferia morrer a ter que ser cuidadoso, até porque quem faria algo assim seria esse tal amigo que visitaria naquela tarde chamado Deku — quer dizer, ao menos era assim que ele o chamava.
Quando adentrou o hall do edifício, o porteiro disse que havia uma correspondência para Midoriya.
— E daí? É só entregar a ele. — Respondeu.
— Mas é que ele já tá lá em cima e não pôde descer, dai disse que você logo passaria e que poderia buscar.
Katsuki revirou os olhos, não tirava da cabeça que Deku era um abusado. — Ok, o que seria?
— Ah, essa caixa. — O porteiro entregou uma caixa embrulhada com selos que Katsuki acreditou ser mais alguma HQ idiota.
"Incel folgado!"
— É só isso e você não podia entregar, velhote?
— Eu sou só um porteiro, seu sem educação! — Deu a língua puxando a pele do olho pra baixo, uma ação puta infantil que fez Katsuki rosnar.
Ele subiu as escadas já não se lembrando mais do porteiro e sem pensamentos que tinha que ser mais educado com os adultos. Tocou a campainha, mas o idiota do Deku não atendeu e adentrou na casa do cabeça de vento, que nem ao menos trancava a porta.
Izuku não estava ali.
— Deku?! — Gritou enquanto ia até a cozinha procurá-lo lá, mas a voz de seu amigo saiu do seu quarto.
Deku estava deitado na cama com uma pipoca e Coca-Cola na mão, vendo o filme do seu super-herói favorito, All Might. Por mais que a luz estivesse desligada e as cortinas bem fechadas, Katsuki deu uma olhada no quarto de seu amigo e agradeceu a Deus por ele não fumar e nem ser um hippie idiota que gostasse de acender incensos por aí. Afinal, o quarto era coberto por prateleiras cheias de livros e HQs, cujos na maior parte do tempo eram de All Might, e se acontecesse um incêndio seria a morte na certa — caso estivesse fora, teria um infarto por ter perdido todas as suas coleções e seria morte na certa de novo.
— Toma, seu lixo! — Katsuki arremessou o pacote em Deku, que reclamou de dor e interpretou que "seu lixo" fosse o pacote.
Deku pausou o filme All Might: The Rising que já vira mil vezes e começou a rasgar o pacote até que aparecesse uma HQ do All Might como Katsuki presumia.
— Qual é a diferença dessa pras outras? — Katsuki quis perguntar logo, porque notou como o amigo estava empolgado com aquela revista de capa platinada e Katsuki sabia que ele precisava fazer um monólogo dizendo do quanto o All Might estava incrível naquela edição. — Esse All Might nunca decepciona, né? — Disse indo até a cama de Deku para deitar ao lado dele.
— Perdão, Kacchan! Comecei a falar sem parar e nem te ofereci um refrigerante. — Desculpou-se Deku. — Deixa que vou lá na cozinha pegar uma lata pra você.
No entanto, assim que Deku ia se levantar, Katsuki envolveu seus braços fortes na cintura do amigo, impedindo-o de sair da cama, e sentindo o seu cheiro.
— O que foi? — Perguntou Deku, confuso.
— Não quero refrigerante por enquanto, quero que você termine a história da revista.
Deku abriu um sorriso tão largo, que Katsuki já sabia o que ele diria por conhecê-lo tão bem, afinal, eram amigos de infância. — Você gosta também do All Might, certo?
E sem saco nenhum pra explicar o real motivo, deixou Deku achar aquilo mesmo: — Sim.
Mas a verdade era que o jeito de Deku para contar a história, ou o fato de ser a única pessoa que nunca levantou a voz para si, fazia Katsuki pensar que o mundo não estava tão perdido assim. Era constante as pessoas lhe tratarem mal e é claro que ele já refletira na possibilidade de ser uma pessoa ruim, às vezes não tem como ligar o foda-se ou ignorar, às vezes machuca. Mas e quanto àquilo que sentia por Deku? Um sentimento que só o fazia desejar o bem, um sentimento que o fazia desejar o bem de seu melhor amigo.
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