One Piece escrita por Ban


Capítulo 4
04: Chegada na Ilha Fantasma




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"Fama, riqueza, poder... um homem conquistou tudo o que este mundo podia oferecer, o Rei dos Piratas, Mateo Prometheus.
Suas últimas palavras antes de sua execução, fizeram legiões de todo o mundo se lançarem aos mares:

— O meu tesouro? Podem pegar. —mantinha-se sério e calmo, mesmo prestes a ser morto. — Deixei tudo naquele lugar. Aproveitem o caminho, que não será fácil. Mas não se preocupem se não encontrarem... pois a vida é apenas um grande conto de risadas! Vão! Encontrem se puderem!

Homens desbravam o caminho dos seus sonhos em direção à Grand Line. Assim começou a Grande Era dos Piratas!"

• • •

[East Blue]

Tratava-se de uma adorável noite a bordo do Bubble Deluxe. Já faziam mais ou menos uns quatro dias desde que nossos protagonistas enfrentaram Froggy e sua tripulação na ilha de Verona, e Zeus se recuperou completamente de sua última luta.
Naquele momento, antes do jantar que Fiona iria preparar, a própria loira e seu novo companheiro, Zeus, resolveram tomar um banho. O banheiro do navio era até grande, com três cabines com um chuveiro cada, uma cabine separada para o vaso sanitário e na frente das cabines, ao lado da porta, uma grande banheira que dava para algumas pessoas usarem ao mesmo tempo. A banheira tinha uma grande divisória de metal no meio. Zeus estava de um lado da divisória e Fiona do outro, um em cada ponta dela. A água era suficiente apenas para cobrir a cintura de ambos, já que muita água poderia ser problemático para usuários de Akuma no Mi como Fiona.

— Ah, estou tão relaxada! — exclamou Fiona, abrindo os braços.

— Será que é por causa da água?

— Eh, não me importo. — respirou fundo a moça, sorrindo de forma boba.

— Então para onde estamos indo? — perguntou o moreno combatente. Alguns fios de seu cabelo molhado escorriam pela testa.

— Nem sei dizer direito. — respondeu a loira, que amarrou os cabelos em um rabo de cavalo atrás da cabeça para não molhá-los. Ela mantinha os braços cruzados enquanto falava. — A gasolina do Bubble vai acabar logo, por isso precisamos parar em algum lugar.

— O navio precisa de gasolina para funcionar? — questionou o outro, curioso.

— É, pois é. Tem dois tanques de gasolina logo atrás da cozinha, que estão quase vazios nesse momento. — bufou, deitando-se mais para trás na banheira. — Sem gasolina quase nada aqui funciona.

— E onde fica a ilha mais próxima?

— Esse é o problema, a ilha mais próxima é um lugar abandonado. Não deve ter nada nem ninguém lá. — falou aumentando o tom, claramente preocupada. Suas mãos foram imediatamente ao rosto, para cobrir seus olhos. — Mas por algum motivo, o Daemon quer porque quer ir até lá. Segundo ele, essas ilhas são cheias de fantasmas e ele gostaria de chamar um para fazer parte do bando. Dá para acreditar?! — sentiu um arrepio. — Que medo! Que medo! Que medo! Só de pensar em fantasmas já começo a tremer de medo.

Zeus riu de forma contida daquela situação, fitando a fumaça que saía da água, enquanto conversava com a loira do outro lado da divisória.

— É a cara dele dizer essas coisas.

— Ele é inacreditável.

— Mas uma boa pessoa... — completou Zeus, ainda fitando o teto, dessa vez um pouco mais sério.

Fiona encarou a água, com a mesma intensidade. Isso durou alguns segundos, até que os dois sorriram.

— Ele é sim. — finalmente disse a Fortune. — Ainda assim ele as vezes me tira do sério.

— Eu percebo.

De repente, a porta do banheiro foi aberta num só chute, obviamente vindo do capitão do navio, Daemon. O ruivo entrou com tudo no banheiro sem nem avisar. Ele usava sua típica camisa branca, mas dessa vez optou por trocar a bermuda verde e substituir por uma preta. Daemon entrou no cômodo e foi logo até a banheira.

— Estão falando de mim? — deu um berro. — Ah, não importa. Fiona, eu estou com fome. Quando vamos comer?

— AAAH! Tem uma mulher pelada aqui! — Fiona se encolheu em seu lugar, jogando um sabonete na cabeça do outro. — Vê se tem mais respeito!

— Eh? Não precisa se preocupar, já vi muita mulher pelada antes. — desviou do sabonete e falou com a maior naturalidade do mundo.

— O QUE QUER DIZER COM ISSO?! — berrou a loira, irritada e com os olhos quase saltando do rosto.

— Afinal de contas, o Zeus está aqui também.

— Mas eu confio mais nele do que em você. — semicerrou os olhos, escondida atrás da divisória.

Ao fim, Daemon mostrou a língua antes de sair de uma vez do cômodo, correndo e rindo feito criança. Fiona bufou, tirando algumas mechas de cabelo do rosto.

— De qualquer forma, ele está certo. — ao contrário de sua companheira, Zeus levantou, revelando estar com uma pequena toalha branca na cintura, e saiu andando pelo banheiro. — Estou com fome também.

• • •

Daemon e Zeus se encontravam na sala, um lugar logo na frente da porta de entrada. A sala é até grande, tem um sofá marrom, um tapete na frente dele com uma mesinha de centro sobre ele, um aquário com alguns peixes atrás do sofá e plantas em cada canto do cômodo. Os dois piratas se sentaram um de cada lado da mesa no centro da sala, ajoelhados no chão. Zeus usava as mesmas roupas de sempre, com detalhes em amarelo e as calças pretas.

— O que será que a Fiona preparou? Estou com tanta fome! — acariciou a própria barriga.

— Estou sentindo um cheiro bom. — o meio mink demonstrava estar com fome também, mas esperava a comida pacientemente.

A porta de metal no canto direito da sala foi aberta pela cronista, carregando uma bandeja média com várias coisas em cima. Fiona usava basicamente a mesma roupa de antes, porém mudou a camisa branca para uma rosa, e naquele momento em específico, ele não estava usando suas típicas botas de couro, mas sim sandálias.

— Woah! — a boca do capitão do navio se encheu de água ao ver aquilo.

— Eu tentei preparar alguma coisa diferente pessoal, mas não se esqueçam que não sou cozinheira. — colocou a bandeja no centro da mesa e sentou ao lado de Daemon. — Por sorte encontrei camarão e umas outras coisas no fundo da geladeira.

Havia ali desde camarão, caranguejo à alguns sushis.

— O que? Isso aqui parece uma delícia! — Daemon cutucou a companheira com o cotovelo, tirando um sorriso dela. Depois disso juntou as mãos. — Itadakimasu!

— Está com uma cara ótima, Fiona. — elogiou também o de cabelos castanhos, já pegando algo para comer.

Eles passaram os próximos minutos comendo e conversando. Tinha bastante coisa ali, por isso os dois não conseguiram comer tudo de uma vez, já Daemon continuou devorando tudo que conseguisse.

— Daemon do céu, ainda não está cheio? — Fiona perguntou, com as mãos sobre o estômago.

— O que? Claro que não. — respondeu ele com a boca cheia.

— Anh, Daemon. O que aconteceu com a sua mão?

Zeus apontou para a mão alheia. O Lucifero demorou alguns segundos para levantá-la e revelar sua mão inchada feito um pão e vermelha.

— Oh, isso? — deu mais uma mordida em um caranguejo quase inteiro. — Sou alérgica a frutos do mar.

— ENTÃO POR QUE ESTÁ COMENDO?! — a Fortune tratou de arrancar o resto do crustáceo da mão dele. — Quer morrer?

— Eh? Mas eles são tão gostosos... — fez bico.

— Minha nossa, você parece uma criança.

Fiona pegou a bandeja e a levou de volta para a cozinha, deixando um ruivo emburrado para trás e um moreno sonolento também, e foi para a cozinha.

— Você devia passar alguma coisa nisso aí. — disse o combatente, apotando para a mão inchada do outro.

— Não precisa. — levantou coçando a bendita mão, ainda bicudo como uma criança. — Isso sempre passa.

Daemon foi andando e entrou na sala de comando, indo até o centro da sala.

— Senhor, algo foi detectado nas proximidades do navio. — disse o próprio navio, Bubble, o que chamou a atenção do capitão.

— Anh?

Daemon foi para mais perto do vidro e ele pode ver mesmo algo pequeno se aproximar devagar no meio da névoa.

— Fiona! Zeus! — gritou o jovem. — Vem ver isso!

Os dois não demoraram a aparecer por ali. Zeus chegou primeiro e ficou encarando o objeto chegando cada vez mais perto. Fiona chegou em segundo e não entendeu bem o que seria aquela coisa.

— Pode ser qualquer coisa, um animal, um pedaço de algum outro navio. — comentou o mais velho, com as mãos na cintura.

— Eu devo desviar, senhor?

A medida que "aquilo" chegou bem perto de Bubble eles conseguiram enxergar o que seria. Se tratava de um barquinho, com um rapaz em cima. O rapaz estava deitado, esticado por toda extensão do barco, com as duas mãos no peito. Na mesma hora a expressão curiosa de Fiona foi substituída por uma expressão vazia e completamente desinteressada.

— É um defunto. Bubble, passa por cima. — disse ela, sem pestanejar.

— Entendido.

— OE, OE! ESPERA AÍ! — gritou Daemon entrando na frente. — Ele pode estar vivo-...

Mas Bubble já havia acatado a ordem, por isso passou por cima, destroçando o barquinho. Daemon levou as mãos até a cabeça.

— Aaah! Acho que matamos um cara! — berrou ele, indo na direção do fim da sala.

Na parede que dividia a sala de comando da sala de estar, existia uma escada bem no centro dela, pregada na parede. A escada dava direto para uma escotilha no teto. Daemon subiu as escadas, abriu a escotilha e saiu para fora do navio. Fiona e Zeus se olharam antes de fazer o mesmo. Os três, agora no topo de Bubble, olharam para todos os lados em meio a névoa mas viram só destroços do barquinho.

— Ele deve ter morrido. — falou Fiona, colocando as mãos na cintura.

— Ali!

O ruivo apontou e sem dizer mais nada pulou de lá de cima direto para o mar, porém bateu na água como uma pedra e começou a afundar.

— IDIOTA!!

Zeus bufou, retirando suas luvas pretas, revelando suas mãos felinas e entregando o par de luvas para Fiona, e faíscas azuis saíam da ponta de seus dedos. Ele não disse nada, apenas começou a escalar a lateral de Bubble, chacoalhando o navio e sua cronista junto. De forma rápida, foi onde seu capitão se afogava, o pegando com um dos braços, mas antes de voltar ao navio deu mais uma volta ao redor dele, saltando como um felino e conseguiu encontrar o rapaz que eles atropelaram desacordado, sobre um pedaço de madeira. O moreno imaginou que Daemon gostaria que ele fosse salvo, por isso o pegou também, com certa dificuldade. Ambos foram levados para o interior, para a sala sendo mais específico. Daemon foi colocado no sofá, enquanto o homem de cabelos esbranquiçados foi posto no chão.

— Que droga, esse cara vai molhar meu tapete todo. — bradou Fiona, levando as mãos à cabeça.

— Ele está acordando.

O ruivo ficou desacordado por um minuto mais ou menos, nesse meio tempo Zeus não saiu do lado dele, ficando sentado na beira do sofá. Daemon abriu os olhos devagar, mas logo se sentou e cuspiu um pouco de água.

— Capitão. — o moreno segurou no braço dele.

— Ah, merda! — disse, ainda um pouco tonto. — A-aquele cara, onde ele ele está?

— Está aqui no chão, mas eu tenho quase certeza que já está morto. — deu alguns chutinhos no braço do dito cujo.

Na mesma hora, o rapaz deu um pulo e caiu sentado, o que assustou todos na sala, mas sem dúvidas aquela mais apavorada foi Fiona.

— AAAAH! — a loira deu um pulo e se escondeu atrás do sofá.

O tal rapaz coçou a nuca, se levantou com calma e olhou ao redor, só então notando os outros ali. Ele os encarou por alguns segundos, mas depois, de repente, começou a vomitar litros para todo lado.

— MEU TAPETE!! — a cronista quase teve um treco, seus olhos saltaram do rosto.

— Onde eu estou?! Por que não tem janelas aqui?! — ele parecia muito perdido, andando de um lado para o outro. — Que porra de prisão é essa?

Daemon e Zeus assistiram a cena com uma gota, sem saber se ajudavam ou se davam risada do desespero alheio.

— Acho melhor levarmos ele para fora. — concluiu o ruivo.

— É-é... — respondeu o outro.

Vamos cortar já para os três fora do navio novamente. Aquele estranho rapaz parecia já mais calmo, sentado de pernas de índio no topo da embarcação.

— Está mais calmo?

— É... acho que sim. Odeio lugares fechados. — cutucava o nariz com o mindinho. — Mas então, o que aconteceu? Lembro de ter dado uma cochilada no meu barco e aí acordei aqui.

— Ah, é que te atropelamos sem querer hoje mais cedo. — ele coçou a nuca, um pouco sem graça.

Não foi sem querer. — a Fortune tentou falar baixo o bastante para ninguém ouvir.

— Mas não importa. Já que você está aqui, que tal entrar para a minha tripulação pirata? — abriu seu simpático sorriso de sempre.

— O que? — nossa cronista indagou, surpresa mas nem tanto, já que aquilo vinha de seu capitão.

O outro arqueou uma das sobrancelhas, aparentemente pensativo. Zeus o fitava sem parar, aproveitando para o analisar melhor. O homem é alto, que devia possuir um metro e oitenta e cinco de altura mais ou menos, tem um porte atlético e músculos bem definidos, o rapaz possui uma envergadura alta, mas não tanto assim. Sua pele é clara, sendo de etnia branca, seus olhos são fundos e sem vida, como os de um peixe morto, visto que o mesmo tem um olhar cansado, possuindo olheiras que compõem suas íris acinzentadas, seu rosto é fino e a pele macia, sendo possível ver bem suas expressões. Por último, seu cabelo é uma parte chamativa do mesmo, sua cabeleira é ondulada e bagunçada, como se ele não penteasse, assim fica parecendo um permanente esbranquiçado com pontas cinzas, fazendo um degradê das duas cores. Sua roupa consistia em uma em uma jaqueta com linhas vermelhas, calça também preta e um coturno preto que vai até o fim de sua canela, um pouco abaixo do joelho. Por cima, ele usa um yukata branco, com detalhes azuis, tendo uma amarra e um cinto o prendendo pela cintura, tendo também uma katana de madeira em seu canto direito, e, por último, um diferencial, ele não usava o lado esquerdo de seu yukata.

— Eh... pode ser. — deu de ombros.

— O QUE?! — a boca de Fiona quase chegou ao chão, ela sem dúvidas parecia mais surpresa com a resposta do esbranquiçado.

Os olhos de Daemon brilharam tanto quanto estrelas, como de costume, e o garoto começou a dar pulinhos e a girar no topo do navio.

— Mais um tripulante! Mais um!

Fiona puxou seu capitão para um canto, bastante descontente com toda aquela situação.

— Espera aí, Daemon. Estou com um mau pressentimento sobre esse cara.

— Para com isso. Vamos dar uma chance ao homem. — falou sorrindo, ainda contente. — Afinal, não se esqueça que você também entrou de maneira brusca no bando.

A loira cruzou os braços, deveras incomodada diga-se de passagem. Já seu capitão, saiu saltitante até o mais novo companheiro.

— Estou tão feliz. — Daemon não parava de sorrir, mesmo que tentasse. — Eu me chamo Daemon Lucifero, aquela loirinha emburrada ali é a Fiona e o cara sério parado logo ali se chama Zeus.

— Hm... me chamo Honda.

— Okay. Mas qual pode ser a sua função?

— Gajeiro, pode deixar comigo. Fico aqui fora do navio sem problema nenhum. Não entro dentro dessa lata de sardinha de novo nem fudendo. — cruzou os braços, tremendo só de lembrar dos momentos que passou no interior de Bubble.

— Gajeiro, legal. Mas seria mais legal se tivéssemos um mastro. — pensou por alguns segundos, com a mão no queixo, até que uma ideia surgiu em sua mente. — Já sei!

Daemon saiu correndo, pulando e desceu a escada logo abaixo da escotilha num pulo só e caiu na sala de comando.

— Bubble, sabe de algo que pode ajudar o gajeiro do nosso navio?

— Podemos acionar o mastro, senhor.

— Nós temos um mastro? — colocou as mãos na bochecha, animado com o que estava prestes a acontecer. — Acione!

Do lado de fora, os três presentes ali tomaram um susto quando um buraco se abriu no topo de Bubble em forma de quadrado, e dele se ergueu um mastro de metal, com um cesto de gávea e lá no topo uma bandeira pirata, apenas preta e com uma caveira simples.

— O que diabos foi isso? — Honda deu alguns passos para trás, assustado com aquilo. — Esse é o navio mais esquisito que eu já vi.

— Então, você gostou? — Daemon voltou depressa para fora, correndo até o mais alto.

— É... vai servir... — sua barriga roncou, por isso ele pôs a mão sobre ela. — porra, estou com a maior fome. — olhou para Fiona. — Ei, mocinha, vai lá trazer alguma coisa de comer para mim, vai.

— EU NÃO SOU SUA EMPREGADA! — a loira gritou de volta, e andou batendo os pés até perto de Zeus, puxando o rapaz para falar algo em seu ouvido. — Poderia ficar de olho nesse cara para mim? Só por um tempo, estou achando ele muito estranho.

Zeus assentiu, balançando a cabeça duas vezes para concordar com a moça. Fiona sorriu como forma de agradecimento, depois disso desceu para o interior de Bubble. Daemon a viu ir embora e decidiu ir também.

— Já está tarde, acho que vou dormir. — falou ele para seu mais novo companheiro.

— De boas. — Honda respondeu se dirigindo direto ao mastro, onde haviam degraus para que ele pudesse subir.

E assim ele desceu também, para descansar um pouco. Zeus encarou o esbranquiçado por segundos e após isso saiu dali. Honda foi para o cesto da gávea, que era até grande, sentando-se ali mais uma vez. Colocou as mãos atrás da cabeça, observando a belíssima lua brilhante daquela noite.

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Já passava das três da madrugada, o gajeiro tentava dormir, mas sem dúvidas algo o incomodava, era a presença de um certo combatente de cabelos castanhos sentado ali perto do mastro, lendo um enorme livro de capa dura marrom.

— Oe, você não vai dormir não? — Honda perguntou diretamente para Zeus, olhando para baixo lá de cima da gávea. — Pode ler livros quando quiser de dia, sabia?

— Não estou com sono. — disse sem tirar os olhos do livro. — E eu gosto de ler livros de madrugada, é calmo.

O rapaz não disse mais nada, apenas voltou à sua posição deitado e ainda observando o céu.

— Esses caras são estranhos. — pensou, logo antes de um bocejo. — Mas não posso reclamar. Vou ter comida de graça aqui e um lugar tranquilo para dormir por um tempo. Mas o melhor... o navio. — sorriu minimamente. — Será bem usado com certeza.

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[East Blue - Terracota]

Terracota é uma não tão grande ilha localizada no East Blue. Por algum motivo, a ilha está desabitada faz alguns anos. Alguns dizem que não existem nem mesmo animais vivendo nela. Devido a isso, é considerada uma ilha amaldiçoada e raramente é visitada. Foi relatado o avistamento de uma garota na ilha, mas isso nunca foi confirmado e então até o momento é mero boato.
Porém naquela noite bem iluminada pelo luar, um grupo de seis pessoas havia acabado de chegar em Terracota. O grupo andava pelos arredores da ilha, devagar, até chegarem em um ponto bem no começo da mata, onde haviam algumas pedras por ali. Uma bela moça de cabelos prateados usando um vestido curto de penas, se sentou sobre uma pedra para descansar.

— Aah, estou cansada! — falou cruzando as pernas. — Eu preciso dormir.

— Acabamos de chegar, pare de reclamar. — resmugou um rapaz bronzeado de cabelos castanhos espetados. Ao lado dele, uma grande cobra azulada se enrolava em seus pés a medida que ele falava. — Se queria dormir deveria ter feito isso no navio.

— Não estou falando com você. — se irritou com a resposta do outro, soprando na franja em sua testa.

— HoHoHo, já estão se estranhando. — comentou um terceiro, um magrelo narigudo com um moicano loiro no topo da cabeça.

Haviam outros dois homens ali, um que vinha bem sonolento, de cabelos pretos curtos e espetados e um outro homem bem peculiar: era um cara alto e bombado, tendo corpo de homem, mas cabeça de coruja, além de um foguete amarrado nas costas. Além deles, uma belíssima mulher de longos cabelos rosa brilhantes, usando kimono e portando uma espada na cintura. A mulher rosada passou por todos eles, parando no início da floresta.

— Sem moleza, pessoal. — ela não tirava a mão da bainha de sua espada, depois virou-se para seus companheiros. — Vamos patrulhar até o amanhecer.

— Eh? — a jovem prateada indignou-se, abrindo a boca e arregalando os olhos.

— Temos um cliente bem exigente na nossa bota e ele quer o produto dele o mais rápido possível. — sorriu, um belo sorriso diga-se de passagem, antes de sentar-se em uma outra pedra. — Temos que encontrar o mapa o mais rápido possível.

— E o que diabos é esse mapa mesmo? — perguntou o rapaz com a cobra, arqueando uma das sobrancelhas.

— Uma relíquia sagrada há muito tempo perdida aqui nessa ilha. — a rosada cruzou as pernas enquanto falava. — Um mapa que contém a localização de um tesouro escondido. Dizem que um oficial da Marinha já tentou levá-lo daqui, porém o mapa nunca foi encontrado. Bom, essa história é só uma lenda, mas nosso cliente nos deu certeza que o mapa existe de verdade. Aliás, essa ilha é cheia de lendas.

Antes que ela pudesse continuar, tirou um cigarro e um isqueiro do bolso e o acendeu, logo o colocando na boca. Nesse meio tempo, uma brisa gelada passou por todos ali, arrepiando o rapaz bronzeado e a de cabelos prateados.

— A mais famosa conta que a ilha está inabitada pois o fantasma de uma garota é quem guarda esse mapa e ela assusta todos que pisam aqui. — soltou fumaça para cima antes de continuar.

— M-mas isso é só história para boi dormir. — disse o bronzeado de cabelos espetados, visivelmente incomodado. — Fantasmas não existem de verdade.

— Cala a boca, já está quase se cagando aí. — falou a garota com roupa de penas, franzindo o cenho.

— VAI PRO INFERNO! — ele retrucou berrando.

— HoHoHo, já estão se estranhando de novo. — o narigudo comentou pondo as mãos na boca, rindo deles.

— Você fica tão fofo quando está com medo, Cobraja-Kun. — falou a rosada, rindo de forma provocativa para ele.

Cobraja, o rapaz com a cobra, corou um pouco com aquilo e tentou não fazer contato visual com sua chefe. A mulher então levantou-se e jogou o cigarro no chão, pisando nele.

— Ótimo, vamos começar? — alongou os braços os esticando para cima. — Temos que terminar logo esse serviço. Eu e Cobraja vamos procurar o mapa no centro da ilha, Onix e Crowley ficam encarregados de averiguar o lado norte, — apontou para o rapaz quase cochilando em pé e para o homem com cabeça de coruja. — Angelica patrulha toda a área ao sul da ilha e Lyrio fica encarregado de não deixar ninguém se aproximar da ilha. — Angelica é a jovem com roupas de penas e Lyrio o narigudo.

— Mas quem você acha que vai querer atracar nessa ilha abandonada, Sakuragi-San? — questionou Lyrio, soltando uma risadinha no final.

— Nunca se sabe. — respondeu Sakuragi, a chefe de cabelos rosados. — Agora vão! — gritou, sorrindo para seus companheiros.

Todos ali assentiram com a cabeça e levantaram os braços, gritando junto de sua chefe.

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[East Blue - Terracota]

Ainda na ilha, em uma área um pouco mais afastada do grupo que acabamos de conhecer, ficava uma velha cidade fantasma completamente vazia e silenciosa. Ao menos deveria ser, porém havia alguém lá, uma jovem com aparência infantil usando roupas brancas, com cabelos da cor roxa e penetrantes olhos da mesma coloração. Ela parecia se divertir pisando em poças de água formadas pela recente chuva que passou por ali. A garota, no mínimo assustadora, cantarolava uma musiquinha esquisita.

— "Um Hilichurl está a morrer, segundo e terceiro vão ajudar, — pisou em mais uma poça, jogando água para todo o lado. — quarto prepara um remédio pra ajudar, mas o quinto morre de tristeza ao luar, — rodopiou no meio da estrada deserta, sendo banhada pela luz da lua. — o sexto e o sétimo começam ao corpo levar, para uma cova só bem no meio da floresta, — a voz infantil da garota só deixava a cena toda mais bizarra. Ela não parava de sorrir enquanto rodava e cantava a música. — o oitavo pergunta onde será que o amigo está e o nono responde que ele nunca vai voltar."

A de cabelos roxos parou para tomar um ar e parou de rodar também, mas logo voltou para terminar sua música. Enquanto isso, uma bela borboleta negra voou até ela e pousou no topo de sua cabeça.

— "Um Hilichurl morreu recente, o décimo não consegue suportar, sobre o bosque ele foi caminhar e como o quinto nunca mais irá voltar." — terminou a música, encerrando-a com uma risadinha infantil e macabra, o que assustou a borboleta. A pequena novamente alçou voo, na direção da bela lua daquela noite.

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[East Blue]

Exatamente 6:50 da manhã, em um dos dez quartos do Bubble Deluxe, estava Fiona Fortune, deitada calmamente de barriga para cima em sua cama. Ela foi acordada com o barulho de passos do lado de fora, sentando-se e piscando algumas vezes os olhos de cor castanha. Bocejou calmamente, com aquela preguiça de levantar. Parecia ser manhãzinha, pois o quarto estava sendo iluminado pelo sol que batia na janela. Fiona sempre solta os cabelos antes de dormir, por isso as madeixas amareladas balançavam um pouco sobre seus ombros quando a jovem mexia a cabeça. Olhou para baixo, para seu pijama rosa listrado de baixo das cobertas. Ela tinha notado algo desde que abriu os olhos, mas só então parou para pensar devido a lentidão depois de acordar.

— QUE FRIO! — ele pensou se enrolando nas cobertas.

A loira enfim levantou, colocando suas pantufas e indo até a porta. Aproveitando para falar do quarto, todos os quartos do navio são iguais e tem uma cama uma janela circular no fundo e um pequeno armário preso na parede. Fiona abriu a porta, ainda ouvindo certos barulhos do lado de fora mas não viu nada ali, por isso saiu completamente para fora. O corredor estava ainda um pouco escuro. A jovem gelou quando ouviu passos atrás dela, virando a cabeça bem devagar, para se deparar com alguém parado no escuro, uma figura estranha com um cabeção, olhos bem pequenos e boca gigante. Os olhos de Fiona se arregalaram, seu coração começou a bater mais rápido, ela ficou paralisada de medo, ainda por cima aquela criatura parecia querer lhe dizer algo:

— f... f... FIONA! — gritou a "coisa".

— AAAAAH! UM DEMÔNIO!! — os olhos da loira, molhados de lágrimas, quase saltaram para fora.

— S-SOU EU, IDIOTA! — indo para uma parte mais iluminada do corredor, a criatura se revelou ser Daemon, com o rosto completamente inchado, mãos e braços também. Ele estava tendo dificuldades para falar. — M-me ajuda...

— Daemon, o que aconteceu?! — após o susto, correu logo para seu capitão.

— Foram os frutos do mar. — levantou a mão esquerda cheia de camarões. — São tão gostosos.

— PARA DE COMER ISSO! QUER MORRER?! — deu um tapa na mão do ruivo, jogando camarão para todo lado. — Pelo amor de Deus, você tem que me ouvir quando eu disser alguma coisa.

Fiona puxou o garoto para o quarto dele, que era idêntico ao dela com uma diferença: era uma bagunça. Fiona teve que desviar de roupas, sapatos e pedaços de crustáceos espalhados por todos os lados. Assim que conseguiu chegar na cama, o pôs deitado lá e o cobriu com uma coberta.

— Fique aqui, vou buscar algum remédio.

E depois disso saiu do quarto, abraçando-se ainda com bastante frio, o navio estava deveras frio mesmo e Fiona não conseguia entender o porquê. Descendo para a sala ele encontrou Zeus lendo um livro, sentado no sofá.

— Todo mundo acordou cedo hoje? — perguntou a cronista, confusa com a situação.

— Eu nem dormi. — respondeu o moreno. — O livro está interessante.

— Achei que fosse te encontrar lá fora, vigiando aquele esquisito.

— Eu estava lá, mas vim para dentro quando começou a esfriar. — respondeu monótono, folheando mais uma página. — Aliás, o navio está parado faz um tempo. A gasolina deve ter acabado.

— O que? E você nem levantou para ver o que tinha acontecido? — indagou a Fortune surpresa e já indo na direção da sala de comando.

— Não. O livro está tão interessante que não consigo nem levantar daqui. — Zeus respondeu dando de ombros. — Faltam só duas páginas para acabar.

A resposta fez uma veia saltar na testa da mais baixa, que não disse nada, mas saiu batendo o pé até a sala de comando e ao abrir a porta, uma grande surpresa: Bubble realmente tinha parado mas não por causa da gasolina e sim pois toda a água ao redor parecia estar congelada, o que prendeu o navio ali. Fiona não acreditou quando viu aquilo através do vidro, sua primeira ação foi correr de volta para seu quarto e pegar seu roupão bege para envolver no corpo coberto apenas pelo pijama. Depois disso ela saiu do navio pela porta, tomando o maior cuidado para não escorregar no gelo, e do lado de fora era possível se ter uma maior noção da área. Toda a água num raio de mais ou menos 500 metros estava congelada até chegar na praia, inclusive ao redor de Bubble, o que o prendeu ali.

— Mas que merda está acontecendo aqui? — pensou Fiona olhando ao redor. De repente, seus olhos se encontraram com algo indo até ele, algo não, alguém. — O que?

Se tratava de um homem muito alto, de rosto comprido, cabelos loiros e pretos; a parte central loira de seu cabelo sendo penteada em um moicano longo e espetado e a parte preta sendo bem barbeada. Ele possui sobrancelhas igualmente loiras e extremamente longas projetando-se para fora, um nariz longo, adunco e proeminente e um sorriso no rosto; ele usa um protetor de queixo bastante grande e reforçado, coberto por pequenos orifícios retangulares nas bordas, que se estendem para cima até seus óculos escuros de cor verde. Sua roupa consiste em um traje de corrida vermelho e branco. A jaqueta, que é predominantemente vermelha, com partes brancas na parte superior dos ombros e nas mangas. Cada manga branca tem uma grande faixa vermelha descendo dos ombros da jaqueta; enquanto a direita está em branco, a esquerda traz a escrita " Now loading" nela. A calça do terno é de cor branca e bastante folgada, presa por um cinto envolvendo a cintura de homem, que por si só fecha por um grande botão semelhante ao da gola de sua jaqueta, com bolsos vermelhos abaixo da cintura e joelho liso almofadas cobrindo os joelhos e a área subseqüente abaixo. Sua roupa é completada por um par de luvas brancas com dedos vermelhos. Para nós esse é Lyrio, mas para Fiona é só um completo estranho. O que mais chamou a atenção de Fiona na aparência alheia foi o par de patins brancos de gelo que o homem usava para patinar sobre toda aquela área, só que os patins tinham dois tubos vermelhos nas laterais de cada patins, totalizando quatro.

— Quem é esse doido?

— HoHoHo. — tão rápido um foguete, Lyrio patinou até Fiona e começou a andar ao redor dela. — Olá jovem moça! Acho que não deveria estar aqui.

Lyrio puxou a garota pelo braço, rodopiando com ela, agarrado a sua cintura.

— Ei, o que está fazendo?! — questionou Fiona, começando a ficar tonta.

— Se acalme. — inclinou a loira para trás, aproximando seus rostos. — Só estou aqui para tirar você e qualquer outra pessoa da área. Vai ser rápido, eu prometo, hohoho.

Lyrio levantou o braço de Fiona e começou a girá-la para depois soltá-la e tomar certa distância, depois voltou depressa e com rapidez acertou um belo chute no peito de Fiona, que estava tonta, por isso nem pode fazer nada. No instante do chute, os pequenos tubos presos no patins do mais alto soltaram um líquido semitransparente que congelou uma parte do pijama de Fiona. Nossa cronista foi lançada para trás, batendo com força na lataria de Bubble, ela levantou segundos depois, tossindo e pondo a mão no peito onde foi congelado.

— Merda! — gritou cuspindo um pouco de sangue. Tentou se levantar, se escorando no navio atrás dele.

Lyrio continuava patinando de um lado para o outro no gelo, sorrindo igual a um idiota.

— HoHoHo, agora fique paradinha aí e eu vou terminar com isso rapidinho. — deu mais algumas patinadas para o lado, depois tratou de ir com tudo para onde Fiona se encontrava de novo.

A cronista ficou atordoada depois do ataque, incapaz de se defender. Feito um jato, o patinador se aproximou mais e mais de seu adversário, mas antes mesmo que pudesse fazer alguma coisa, viu uma perna aparecendo bem na sua frente pronta para lhe acertar. E foi o que aconteceu, Lyrio levou um chute bem na altura dos olhos, e embora ele tenha conseguido se defender com os braços, o ataque foi forte o suficiente para jogá-lo para trás e fazer ele cambalear e deslizar vários metros. O dono daquela perna era sem dúvidas Zeus, que pulou do teto de Bubble lá para baixo, onde toda a treta estava acontecendo. Ele caiu em pé bem na frente de sua companheira e fez questão de a olhar por cima dos ombros.

— E aí. — falou calmamente, piscando algumas vezes.

— Você veio... — Fiona disse ainda ofegante.

— É. — voltou a olhar para frente. — Terminei meu livro.

Ao longe, Lyrio levantou tirando todo o gelo de cima de si, estalando o pescoço e ainda com um sorriso no rosto.

— Belo chute, rapazinho. — acariciou o antebraço esquerdo. — Doeu pra caramba, devo dizer.

— Estranho, foi um dos meus chutes mais fracos.

O de moicano riu com a provocação alheia, ajeitando seu cabelo. Zeus continuou o fitando friamente. Ambos se encaravam mesmo distantes um do outro, prontos para um fervoroso combate, mesmo com todo aquele gelo, e Fiona no meio, sempre, já que ela não tem muita paz.

TO BE CONTINUED...


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?



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