Poesia sobre ninguém escrita por Mel de Abelha


Capítulo 1
Imaterial




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Foi entendendo que eu nunca poderia ser o que eu queria, que descobri nunca ter sido o que eu pensei que era. A opção então é pedir perdão para todos aqueles que enganei e me responsabilizar, não criar mais expectativas que não possa suprir. Então peço perdão pelos pensamentos tolos que deixei escapar da mente a qual permiti ser alimentada por sonhos e desejos. Não estou aqui para isso e não havia percebido antes. 

Peço perdão, uma vez que, a partir da expectativa quebrada, machuquei terceiros que ainda não são capazes de entender o que aconteceu e ainda não perceberam que não terão seu pedaço de troco. Peço perdão, mas entendo que não me perdoem, acho que eu não me perdoaria. Na verdade, tenho certeza, não me perdoaria e não me perdoarei, por influenciar na vida de qualquer que seja a alma que por mim tenha tido o azar de passar. Não espero perdão de ninguém e não aceito que me perdoem, tampouco. Não quero que me perdoem, não seria justo que levassem desvantagem mais uma vez, quando nunca receberão a primeira dívida feita.

Então fico em dívida e sem perdão, só posso desejar que me esqueçam e que eu me torne tão insignificante a ponto de não gastar nem mesmo o espaço de seu passado, que eu não passe de um fantasma do que um dia já existiu, que eu nem mesmo tenha existido, nem em corpo, nem em pensamento, nem da brisa feita pelas asas de uma borboleta. 


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