Romenian Chronicles: The Degeneration escrita por EvieCristy


Capítulo 3
Capítulo 1




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A cidade de Targoviste estava bem movimentada naquela época do ano. Adrien podia observar a circulação de diversas pessoas entre ricos, plebeus e camponeses que vieram para comemorar uma ocasião bastante especial que acontecia durante a estação do outono, que era o festival anual da colheita onde as pessoas vinham para os santuários agradecerem às deusas do reino e para comemorarem pela boa fartura, para então, no pico da festa, dançarem em volta da fogueira acendida em honra às duas divindades sagradas de Valáquia.

O rapaz, tinha aproximadamente vinte anos com longos cabelos platinados, olhos cor de âmbar e trajando vestes nobres de cor preta com detalhes dourados em losangos com pequenas flores de lis, denotando a sua posição na realeza. Sua expressão facial era sempre misteriosa, não sendo possível ler o que ele estava sentindo ou pensando, além de que, como sempre, ele preferia observar de um canto afastado as pessoas que passavam no grande campo onde o festival estava sendo organizado.

De repente, um sorriso leve fora desenhado em seus lábios ao perceber grupos de crianças plebéias e camponesas brincando em determinados grupos perto de onde as tendas estavam armadas, na qual os vendedores vendiam comidas, bebidas e alguns jogos. O rapaz então deixou as crianças brincando e pôs seus olhos nas mulheres jovens e solteiras que dançavam ao som da música, entre elas, plebéias e camponesas separadas das nobres.

Mas rapidamente o seu olhar foi capturado pelos olhos azuis como duas safiras, de uma jovem de cabelos lisos e negros como carvão e de vestido azul escuro com detalhes pretos em círculos que dançava com outras membras da nobreza e da corte, fazendo com o que o seu coração palpitasse e um sorriso genuíno em seus lábios enquanto trocava olhares com a bela moça cuja idade se aproximava da dele.

— Ela é uma boa moça, eu devo admitir. — Uma voz feminina e doce falou calma, fazendo ele virar a cabeça quando sentiu seu ombro ser tocado por uma mão leve, aveludada e feminina. — Quando vai pedi-la em casamento?

— Assim que meu pai retornar, mamãe, ele deve me dar a permissão dele para que tal coisa seja feita. — Adrien olhou para sua mãe e sorriu levemente. — Mas ele está demorando.

— Não se preocupe, ele irá retornar logo, mas é estranho que ele esteja demorando, eu tenho um mau pressentimento a respeito disso. — Ela abaixou a cabeça, franziu a testa e semicerrou o olhar, enquanto mexia os dedos nervosamente.

— Mamãe, agora eu devo dizer para não se preocupar, meu pai está bem. — O rapaz segura a mão de sua mãe e então a olha nos olhos de forma calma para aliviá-la. 

— Eu espero que sim… — A senhora Tepes logo se retirou para sua grande tenda cor creme ornamentada com uma poltrona e uma mesa com vários acessórios.

Adrien deu uma olhada final em sua mãe, Beatrice, bela e aparente jovem de cabelos dourados soltos e ondulados e olhos verdes como esmeraldas, além de estar vestindo um vestido verde cujo busto e saia formavam uma ampulheta verde escuro. A preocupação era evidente no olhar dela e viu que ela lutava para disfarçar tal sentimento diante de outras senhoras, mas não era a única a sentir falta do marido, entre elas, duas esposas de dois generais da elite do rei mais temido, amado e cruel.

— Lady Amélia e Lady Helena também estão preocupadas, mas outras esposas dos generais da elite também, será que algo ocorreu? — Victória se aproximou de seu amado e o fitou com seus olhos cor de safira e logo franziu um pouco o cenho e pôs a mão fechada próxima ao peito.

— Temo que sim, mas rezo que nenhum infortúnio tenha acontecido, porém acredito que eles retornarão. — Adrien segurou delicadamente a mão de sua amada e então acariciou o rosto dela enquanto a olhava com ternura para aliviá-la.

— Assim espero, Adrien. — A moça o abraçou e então afastou-se, soltando um suspiro enquanto tentava dissipar qualquer pensamento ruim em sua mente. — Mas vamos nos distrair um pouco, vai me ver dançando com as outras moças ao redor da fogueira?

— Irei fazer uma exceção para a senhorita desta vez. Me aproximarei mais para vê-la dançar, mas sabe bem que prefiro permanecer afastado com pouca ou nenhuma interação. — Ele soltou um leve suspiro e fechou os olhos. — Longe de pessoas que possam interagir sem que eu tenha vontade.

— Eu entendo, mas depois que ver dançar, vai poder voltar para o seu espaço pessoal e nós ficaremos felizes. — A jovem então aproximou-se e deitou a própria cabeça no ombro de seu amado, sentindo o alívio enquanto ele começou a passar uma das mãos pelos cabelos dela de forma delicada.

Ao abrir os olhos, o rapaz pôde contemplar a lenha sendo preparada para a fogueira que seria acesa ao pico da festa, sendo essa uma tradição que vinha de muitos séculos. Quando a lua alcançava o seu pico em sua fase cheia, as chamas eram acesas e as pessoas, jovens, crianças e adultos cirandavam ao redor mostrando felicidade e alegria pelo festival da colheita dedicado às duas deusas. Adrien sabia disso e o quanto isso era importante, além disso, estava disposto a fazer esse sacrifício por sua amada e vê-la mais de perto em meio à multidão.

Ele sorriu com esse pensamento, mais ainda com o seu desejo de torná-la sua esposa quando a oportunidade surgisse. Adrien amava Victória e apaixonou-se por ela em meio a encontros no jardim no castelo da família dela, os Leblanc, e por ela ser uma nobre e prendada, era aceitável principalmente aos olhos de seus pais, que aprovavam o compromisso amoroso do jovem casal e esperavam, junto da corte, que o noivado fosse anunciado em breve.

Contudo, seus pensamentos foram interrompidos com a chegada repentina de cavalos que traziam consigo apenas seis generais, que a julgar por seus uniformes eram da elite, que estavam gravemente feridos. Um deles, de cabelos vermelhos e longos e de aparência e vestes viking, acabou caindo do cavalo diante da tenda onde uma mulher de pele branca, cabelos escuros e olhos verdes foi ao seu encontro de maneira desesperada e preocupada, segurando-o com cuidado.

— GODBRAND! — Exclamou a senhora, que com lágrimas banhando o seu rosto, o olhava enquanto seu corpo tremia e suava frio e então arregalou seus olhos e olhou rapidamente para os lados. — ALGUÉM AJUDE POR FAVOR! MEU MARIDO ESTÁ FERIDO!

Os cidadãos ficaram chocados com tal ocorrido e se aproximaram para ver mais de perto dos generais caídos, que doze que haviam da elite, acabaram sobrando seis e muito feridos com sangue manchando quase que totalmente as suas roupas. Qualquer um que os visse diria que foi uma questão de sorte eles continuarem vivos mesmo daquela trágica maneira, principalmente os médicos que tomaram conta da situação e começaram a tratar dos generais dentro das tendas e fazendo o possível para que continuassem vivos.

— HECTOR! — Exclamou Beatrice, que com lágrimas em seus olhos, tentou correr em direção ao seu amado irmão de cabelos brancos e curtos e roupas rasgadas que estava em outra tenda e cercado por seis médicos, porém fora impedida por seu filho e Victória que bloqueavam a passagem por mais que ela lutasse.

— Mamãe, por favor, acalme-se, tio Hector está em ótimas mãos, não pode interferir nesse momento. — Adrien olhou com firmeza nos olhos de sua mãe, que então parou de lutar e tratou de se abrandar, respirando fundo com a ajuda da Leblanc. — Agora eu exijo uma explicação sobre isso agora mesmo!

— Eu lhe darei a explicação que deseja, vossa alteza. — Uma voz sarcástica se manifestou, seguida de um homem com cinco soldados que acabaram capturando a jovem rainha que se debatia para soltar-se enquanto o rapaz desembainhou a sua espada bastarda. — É bem simples: o exército de seu marido finalmente caiu.

— Não pode ser… — Uma mulher de pele bronzeada e de cabelos e olhos castanhos arregalou seus olhos e colocou a mão na boca enquanto balançava sua cabeça negativamente. — Isso é mentira, SÓ PODE! O exército de Drácula jamais cairia!

— Isso é o que pensavam, mas a invencibilidade não dura para sempre, um dia o exército daquele rei estúpido teria de cair e esse dia chegou. — Disse o homem, por sua vez alto de cabelos loiros até o ombro e de olhos castanhos enquanto trajava vestes de cor roxa e branca com uma flor de lis bordada no peitoral e nas costas. — É uma pena, não é?

Logo, com um sorriso vitorioso e um estalar de dedos, aquele homem mandou que seus soldados levassem Beatrice e seu filho, por sua vez, avançou contra os soldados e com alguns movimentos os fez cair feridos no chão. Ele tentou correr atrás de sua mãe mas logo sentiu um chute vindo de outro oficial que veio por trás que em seguida pisou com força na mão do rapaz e o desarmou chutando sua espada para longe.

Já na praça principal, a situação era de grande medo e incerteza. Os muitos soldados fizeram com que a população se concentrasse naquele local e aqueles senhores mandaram trazer Adrien, que após ter sido imobilizado, fora amarrado pelos pulsos e trazido até ali diante de uma estátua onde uma grande multidão em temor por suas vidas estava reunida e se perguntando do porque daquilo estar acontecendo enquanto algumas pessoas rezavam para as deusas por proteção e refúgio e outras apenas desejavam que aquele pesadelo acabasse.

Já rapaz, franziu seu cenho e olhava para os lados e principalmente para as pessoas presentes, com a sua preocupação principal sendo a sua mãe que fora capturada e o seu pai a qual ele não sabia se ele ainda estava vivo e temia que estivesse morto, porém além disso, o jovem podia ver sua amada o assistindo de longe e sendo impedida de ultrapassar pelos soldados enquanto gritava o seu nome de forma desesperada e ele tentou resistir em soltar suas lágrimas que estavam ameaçando cair em seu rosto.

Contudo, seus pensamentos foram dissipados quando finalmente os três senhores: o loiro, um homem de cabelos brancos e olhos cinzentos e outro de cabelos castanhos e olhos como olivina, se apresentaram diante da multidão e olharam para o céu escuro e nublado que ameaçava chover, sorrindo de maneira cínica por apreciarem aquele clima que combinava com a crescente tensão, medo e incerteza presente nos olhares da população. Mas além disso, um deles olhou para um dos soldados e acenou com a cabeça, ordenando que se seguisse uma cruel ordem.

— Povo de Valáquia. Eu lamento dizer que finalmente dizer que finalmente, o exército invencível daquele desgraçado e estúpido rei Drácula caiu. Mas não fiquem tristes, o seu antigo rei está vivo, por uma desgraça do destino. — O sorriso do senhor de cabelos loiros logo morreu ao mencionar o monarca, até mesmo rangendo os dentes após mencioná-lo, porém se recompôs. — Mas posso dizer que agora, que após a sua derrota, Valáquia finalmente pertence à organização Ordem.

—  Agora enfim nós tomamos o nosso poder que nos é de direito, mas agora, é justo que nós três, os três mestres principais da nova Ordem de Valáquia, comecemos a governar esse país, mas não sem antes de um detalhe, não concordam, Iulian e Liviu? — O senhor de cabelos castanhos sorriu de forma impiedosa para seus dois companheiros que concordaram com a cabeça.

— Na verdade dois, Eugen, o primeiro detalhe é que Drácula ainda concentra poder e possui em um artefato poderoso que ele sabe onde está e que nós queremos. — Líviu tomou a frente e apertou seu punho e franziu sua sobrancelha e testa de maneira ambiciosa enquanto Iulian ordenava que os soldados trouxessem a antiga rainha para diante deles.

— A espada do Dracul, a relíquia sagrada da família fundadora, Tepes. — O loiro, de nome Simon, olhou de forma sombria para a população, que ficou em polvorosa ouvindo essas palavras enquanto Adrien arregalou seus olhos e igualmente Victória, pois sabiam algo a respeito daquilo mas de fato não abriram a boca diante de seus inimigos.

— Sabemos que Drácula está algum lugar por aqui, assistindo o seu reino sendo tomado enquanto não pode fazer mais nada. Seu exército? Caiu, seus generais? seis foram mortos e seis estão gravemente feridos, então no total ele não tem mais nada a não ser um pouco de poder. — Iulian, então acenou com a cabeça com o seu olhar sério para o soldado que apresentou Beatrice com roupas tão simples que a faziam parecer uma criminosa.

— E é isso o que nós vamos fazer com o pouco poder que lhe resta. — Simon então ordenou que os soldados juntassem a lenha que seria usada na fogueira do festival, para armá-la no meio da praça e após isso ergueram um mastro na qual a rainha é amarrada pelos pulsos sob os olhares arregalados da população. — Vai nos entregar, Vlad Tepes?

Ao ouvirem nada mais do que o silêncio mortal, os três mestres ordenaram que a fogueira se acendesse, com as chamas aos poucos consumindo o corpo da pobre rainha que soltava gemidos e urros de dor enquanto sentia o fogo começando a queimar a sua pele. Mas ao mesmo tempo, diante daquela afronta final ao seu marido, ela tentou suprimir o seu medo e seu choro para resistir com um olhar firme de resistência contra a Ordem que havia dominado o seu país.

Enquanto isso, Adrien assistiu aquela trágica cena com as lágrimas banhando o seu rosto e nada podendo fazer a não ser ajoelhar-se diante do que estava vendo. Seu peito se apertou e nenhuma palavra saía de sua boca, mas além disso, não tinha mais forças para levantar pois suas pernas fraquejaram e sentiu uma profunda dor em seu coração e não tinha voz para exclamar o que estava sentindo naquele momento tão cruel que pôs um sorriso bárbaro nos rostos dos três mestres daquela organização.

Parecia ser o fim de uma dinastia, até mesmo do príncipe Adrien, que por sua vez pôde sentir a presença de um soldado chegando por trás dele com uma espada sob os olhares desesperados e preocupados de sua mãe que tentava soltar-se, mas quanto mais ela se debatia, mais a chamas a consumiam enquanto o seu único filho estava prestes a ser morto a mando da Ordem por ele ser o único herdeiro ainda vivo de Drácula. Porém para a surpresa de todos, uma mulher encapuzada de capa preta chegou em seu cavalo e arrebatou o jovem lorde e o levou para longe.

Enquanto isso, Beatrice fechou seus olhos pela última vez e sentiu as chamas queimarem cada vez mais a sua agora chamuscada pele, soltando o seu último suspiro. Os três senhores ordenaram que fossem atrás da tal insolente, porém quando os soldados partiram, eles viram Helena e Amélia se aproximando com suas vestes de luto e então os olharam e se ajoelharam diante deles.

— Por favor, senhores, nós pedimos que pelo menos a nossa senhora tenha um enterro digno. — Helena falou com o seu tom de voz melancólico sob o olhar dos três mestres. — Por favor…nós imploramos...

— Por favor, dêem essa permissão, afinal já tiveram o que queriam, o que um corpo chamuscado simboliza para vós que desejam o corpo do rei? — Amélia juntou suas mãos em forma de reza e deixou que suas lágrimas caíssem enquanto olhava firme para os mestres.

— Pois bem, enterre esta mulher, ela não vale mais nada para nós. Mas não será tolerado algo a mais que isso, ouviram? — Liviu olhou de forma séria e ameaçadora para as duas senhoras, que assentiram com a cabeça.

Porém enquanto as duas mulheres pegavam com cuidado o corpo de sua antiga rainha e a levavam com cuidado para ser preparada para o enterro, os mestres viraram as costas ouvindo os choros e lamentos de toda aquela gente. Todo aquele som parecia os irritar, mas ao mesmo tempo era regozijante ouvi-los e estavam aptos a iniciarem um novo reinado sobre aquele país sob suas próprias leis, contudo, algo ainda os perturbava e Iulian logo chamou o seu general que logo compareceu.

— Liberte a besta, ache Adrien a qualquer custo e mate-o juntamente daquela insolente que ousou nos desafiar. — Ele disse com o seu olhar sombrio enquanto o soldado dentro das sombras estava ajoelhado somente com parte da sua cabeça aparecendo. — Eu quero a cabeça dele.


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Notas finais do capítulo

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