Love Games escrita por Lady


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Eu acabei inventanto um sobrenome para a Lou Fa porque aparentemente ela não tem um. Se um dia a Hoshino aparecer com algum (até parece) eu edito.



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Prólogo

 

Algumas vezes, você sente que simplesmente não é o seu dia. Começa quando você acorda (o despertador não tocou e você perdeu a primeira aula) e vai até a hora em que chega em casa (a única coisa que tem para comer é a sobra daquele macarrão sombrio de quinta-feira e acaba de faltar energia). Acontece de vez em quando, mas com algumas pessoas ocorre com uma freqüência um pouco maior do que a outras.

 

Uma delas sendo Lou Fa.

 

Não era sua culpa que tivesse nascido sendo uma pessoa tão azarada. Nem dos seus genes, obviamente. Era um peso que simplesmente era colocado sobre algumas pessoas. E ela estava disposta a aceitar de forma madura e resignada aquele peso.

 

-Droga, droga, droga! Espera aí, eu preciso chegar cedo à escola hoje!

 

Na maioria das vezes.

 

A chinesa continuou a correr atrás do ônibus gritando pela rua até que o veículo virou na esquina e ela o perdeu de vista. Ótimo, simplesmente ótimo. Agora ela teria que ir andando, o que faria com que não só perdesse sua aula favorita (Cálculo), como também a faria levar advertência pela segunda naquele mês por causa de atrasos.

 

Disse um palavrão antes de pegar a pasta caída no chão e uma velhinha a olhar de forma ofendida. Deu um sorriso de desculpas, mas a senhora apenas virou o rosto.

 

-Esses jovens de hoje em dia...

 

Ótimo, simplesmente ótimo.

 

-x-X-x-

 

-Já é o terceiro atraso este mês e o décimo desde o começo do ano letivo. Pouco mais de dois meses de aula!Que explicação tem para um comportamento inadmissível desses, minha jovem?

 

-E-eu... ahn...

 

O sinal tocou e ela ouviu as conversas e as risadas tomarem conta dos corredores enquanto ela estava presa naquela maldita sala conversando com a coordenadora idosa e que parecia a ponto de ter um ataque cardíaco a qualquer momento.

 

-Por hoje, eu deixarei assistir as aulas restantes senhorita Zhang, mas apenas por causa do seu rendimento excepcional nas aulas. Na próxima vez, no entanto... Você será mandada para casa e só assistirá às aulas no dia seguinte.

 

-Não haverá próxima vez. –Acenou com a cabeça, de forma meio débil, para garantir que estava falando sério. –Posso ir para a aula agora?

 

A mulher suspirou e colocou as mãos sobre as têmporas, massageando-as levemente.

 

-Sim, pode ir.

 

-Certo. Obrigada.

 

Saiu apressada pelos corredores enquanto tentava não esbarrar em ninguém no seu caminho. Era praticamente invisível entre aquelas paredes e tentava ao máximo permanecer assim.

 

Claro que, com sua sorte, ela acabou tropeçando e caindo em cima de um rapaz que estava caminhando na direção oposta. Seus livros acabaram caindo no chão, junto com seus óculos.

 

-A-ah meu deus!Desculpe, foi um acidente!-Disse em uma voz fraca enquanto recolocava os óculos.

 

-Tch. Olha por onde anda da próxima vez. –Ele respondeu em uma voz gelada que fez com que suasse frio.

 

Lou Fa olhou enquanto o garoto mais velho, que por acaso era o presidente do conselho estudantil, se levantava e recolhia seus livros (convenientemente deixando os dela no chão). O rosto atraente dele demonstrando aborrecimento enquanto ele propositalmente não olhou uma segunda vez para ela enquanto seguia seu caminho para o segundo andar.

 

Não teria coragem de responder a grosseria de qualquer forma, então apenas pegou seus livros e correu para não se atrasar para a aula. Quando entrou na sala 206, seus olhos imediatamente percorreram o local à procura dos cabelos negros arrepiados de sua melhor amiga, Road Kamelot.

 

Encontrou-os espalhados pela carteira enquanto a dona deles dormia pacificamente sem se importar com o que acontecia ao seu redor.

 

Lou Fa sorriu ao se aproximar da cadeira vazia ao seu lado e antes de sentar sacudiu levemente a amiga para que não fosse pega dormindo pelo professor de Inglês que deveria chegar a qualquer momento.

 

-Road, você precisa tirar uma boa nota em inglês não é?Vê se presta atenção na aula e tenta não dormir dessa vez. –Falou em tom baixo enquanto o professor chegava e pegava o giz para começar a escrever.

 

Sua amiga apenas esfregou os olhos e bocejou com preguiça.

 

-Eu realmente não estou com saco para assistir outra aula desse cara. Se tédio fosse um veneno letal, eu já teria morrido há séculos.  –Ela sorriu, embora fosse mais uma careta do que qualquer outra coisa. -Ah, o que eu perdi na aula de Cálculo?

 

-Eu não sei, cheguei atrasada e não pude entrar. E você?Por que não assistiu à aula?

 

-Ele me pegou cochilando enquanto explicava e me expulsou da sala.

 

-Ah. Eu ia perguntar a você o assunto da aula.

 

-Então hoje não é seu dia de sorte, querida.

 

A chinesa revirou os olhos castanhos e soltou um suspiro, irritada.

 

-E quando é?

 

-Silêncio vocês duas!-O professor gritou irritado, fazendo com que elas virassem para frente.

 

O resto da aula passou em silêncio. Road não voltou a dormir depois da repreensão, mas passou os trinta e cinco minutos restantes fazendo desenhos nada agradáveis (dependendo do ponto de vista) envolvendo o professor enquanto Lou Fa tomava anotações e tentava prestar atenção, com um índice mínimo de sucesso. Não que fosse completamente burra, longe disso. Suas notas eram umas das melhores de todo o primeiro ano, mas era em inglês que tinha o pior rendimento. E o professor não ajudava muito. Sua aula era tão monótona que era humanamente impossível conseguir prestar atenção por mais de dez minutos consecutivos, de forma que quando o sinal tocou para a terceira aula do dia, as duas não foram as únicas aliviadas.

 

-Eu andei pensando... Já que o meu trabalho de história está um completo desastre, você bem que poderia me ajudar, não é? –Road perguntou durante o almoço, enquanto a mais alta brincava com o prato especial do dia que permanecia intocado em seu prato.

 

-Eu já imaginava que você fosse me pedir ajuda, por isso já tenho alguns tópicos separados que podem te ajudar. Quer me encontrar naquele café a duas quadras daqui amanhã?Depois da aula, quem sabe.

 

-Obrigada, Lou Fa. Estou te devendo uma, totalmente!

 

-Pode me pagar estudando bastante para a próxima prova. –Ela sorriu para a amiga, mas a animação logo desapareceu ao fitar novamente o prato. –Porque chamam essa coisa de surpresa de carne?

 

-Bem... Você pode encontrar qualquer coisa, acredite, é qualquer coisa mesmo, aí dentro. Exceto, provavelmente, carne. Jasdero encontrou um fio de cabelo uma vez.

 

-Hum... Bom saber. Eu acho que vou passar a trazer a comida de casa. –Disse enquanto empurrava o prato para longe.

 

-Bom dia Lou Fa!Bom dia Road!

 

A chinesa achou que provavelmente tinha esquecido como respirar. Um “Bom dia, Allen.” tímido, porém audível saiu de seus lábios enquanto ela olhava o jovem de cabelos brancos passar por elas sorrindo. Sentiu o coração bater mais rápido e sequer percebeu quando Road também respondeu e mandou um beijo enérgico para o jovem, que acenou envergonhado.

 

Não era segredo a paixão que a filha do primeiro ministro tinha por Allen Walker. Ela não fazia questão de deixá-la como secreta, de qualquer forma. Mas Lou Fa...

 

Desde que entrara no colégio ela nutria uma paixão platônica pelo sempre tão educado e gentil Allen. Muitas outras garotas também nutriam sentimentos por ele, mas as que se declaravam eram rejeitadas da forma mais delicada possível. Ele sempre se importava com as outras pessoas e isso fez com que ganhasse sua admiração, o que em um curto espaço de tempo se transformou em algo mais.

 

-Eu gostaria de ter a sua coragem Road. Se eu fosse assim tão direta quem sabe...

 

-Aí você não seria a Lou Fa atrapalhada e tímida de sempre. Não esquenta com isso. Lembre-se da nossa aliança!

 

As duas riram. Não que Lou Fa tivesse como esquecer. No começo do ano letivo, Road a abordou de forma direta e talvez um pouco rude sobre os seus sentimentos pelo rapaz de cabelos brancos. Enquanto a chinesa não sabia o que responder, chocada por alguém ter notado sua paixão e por alguém como Road falar com ela, a mais jovem ofereceu (talvez “forçou” seja a palavra correta) uma aliança que beneficiaria as duas em relação a Allen Walker. Iriam se ajudar mutuamente para impedir que Lenalee Lee (segundo Road, aquela que representava maior perigo para as duas) conseguisse ficar com ele e caso uma das duas conseguisse conquistá-lo, a outra não iria impedir o relacionamento dos dois.

 

Na semana seguinte (depois que Road forçou sua nova “aliada” a se inscrever no conselho estudantil, sem nenhum sucesso, e derramou suco de uva no uniforme de Lenalee para impedir que ela se encontrasse com Allen depois da aula) Lou Fa criou coragem para perguntar por que, de todas as garotas, Road havia a escolhido para essa aliança. A resposta foi bem simples.

 

“Você é a mais fácil de manipular e jamais me trairia.”

 

O que, obviamente, era verdade.

 

Desde então as duas eram amigas, embora Road não falasse em voz alta e classificasse aquilo como uma mera união de forças.

 

-Ei, a Lenalee está vindo aí!Vou colocar a perna para que ela caia de cara no chão!-

 

-x-X-x-

 

Quando Lou Fa chegou em casa, já era bem tarde. Mas como todas as quartas-feiras ela tinha reunião do clube de ciências, sua avó já estava habituada e geralmente deixava o seu jantar pronto para ser esquentado no microondas. Por isso quando entrou e não encontrou sua avó na sala assistindo sua novela coreana favorita estranhou.

 

-Vovó?

 

Conseguiu escutar o barulho de vozes na cozinha e timidamente se aproximou da porta.

 

-Ah, que bom que você chegou querida!Eu tenho uma surpresa para você!

 

-Surpresa?-Murmurou enquanto seus olhos percorriam a cozinha. Dois homens estavam sentados enquanto bebiam chá e a fitavam calmamente. Um deles era o presidente do conselho estudantil. É, o mesmo que acabara derrubando no corredor. O outro sorria levemente para ela. Disse olá em voz baixa e incerta.

 

-Eu lhe falei semana passada que meu amigo iria viajar e que ele não queria deixar o filho sozinho em casa. Então eu ofereci para que a pobre criança ficasse aqui durante a viagem! –A senhora idosa disse sorrindo enquanto o homem mais novo se remexia desconfortavelmente na cadeira.

 

-Ah... “Falou? Quando ela disse isso?”–Lou Fa não sabia como responder. Piscou durante alguns segundos antes de responder, sabiamente. –Legal.

Foi quando notou que os lábios de sua avó estavam se movendo.

 

-... Ele estuda na mesma escola que você!Não é ótimo?Podem ir e voltar juntos!

 

Claro. Ótimo.

 

-Meu deus, olha só a hora!Yuu, eu combinei de me encontrar com Marie no aeroporto daqui a pouco e preciso ir agora. Meu filho... Comporte-se e não se meta em problemas enquanto eu estiver fora! –O homem mais velho disse enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. Ele tentou abraçar o moreno, mas este se desvencilhou do abraço.

 

-Certo. Marie deve estar te esperando. –Pronunciou friamente.

 

Depois de mais alguns minutos chorosos de despedida enquanto Lou Fa assistia tudo aquilo aturdida demais para falar alguma coisa, o homem partiu e ficaram os três em silêncio profundo.

 

-Alguém aí quer mais chá? –Sua avó perguntou, o sorriso ainda preso no rosto.

 

-x-X-x-

 

“Mostre o quarto de hóspedes para o seu amiguinho, Lou Fa!”

 

Um pedido inocente vindo da sua avó a colocou na situação em que estava agora. Yuu Kanda era qualquer coisa, menos seu “amiguinho”. Ele, que andava um pouco atrás dela com uma expressão ameaçadora no rosto, parecia concordar.

 

-Bem... Chegamos. –Riu nervosamente. – Se precisar de alguma coisa... É só... Chamar. –Franziu o cenho levemente. Por que tinha que agir como uma retardada?

 

-Certo. Obrigado. –Kanda assentiu levemente enquanto fechava a porta do quarto.

 

Lou Fa mordeu o lábio inferior até que sentiu o gosto acobreado de sangue e resolveu ir para seu próprio quarto ao invés de ficar parada na porta. Respirou fundo quando se lembrou de que não tinha jantado e precisava terminar uma tonelada de tarefas para o dia seguinte. Nenhuma novidade. Talvez as coisas fossem continuar como sempre, seguindo a sua rotina, mesmo com um novo “inquilino” morando em sua casa.

 

Com a sorte que ela tinha? Pouco provável.


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Notas finais do capítulo

Não está muito bom, mas eu estou mais animada com os próximos capítulos. Além do mais, pior não tem como ficar. Assim espero.