Among Other Kingdoms - Terceira Temporada escrita por Break, Lady Lupin Valdez


Capítulo 30
Tipo de Revelação


Notas iniciais do capítulo

►Atenção, a quem acompanha essa saga; esse é o último capítulo da 3ª Temporada◄
Link da 4ª Temporada no final♥


♥~Enjoy~♥



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Eilon estava realmente preocupado com Eveline, não era o maior fã dela, ela tinha sido cruel por um tempo, o que como Orion explicou não era total culpa dela, era culpa de algo ruim, uma criatura diabólica que destruiu tudo o que o primo do outro lado conhecia, e por isso estava enlouquecendo. Por isso estava preocupado. Foi quando o garoto passou por ele.

—Noticias? – Eilon negou respirando fundo, havia perdido o pai e em sua coroação iria perder a irmã também? Ele mal superou o luto do pai, quem diria da gêmea? Mesmo não tão ligados assim, seu aniversário era no mesmo dia que o dela, e sua coroação seria sempre lembrada com aniversário de morte da irmã.  – Olha, na verdade, isso sim me pareceu uma coroação digna. – Ele olhou sem entender. – Teve batalha, confronto, canibalismo e um sacrifício. Pra mim, foi uma coroação digna de um Rei. – Ele estreitou os olhos. – Em Ruphira é assim.

—Você só pode estar brincando. – Ele disse com uma voz enjoada, foi assustador.

—Espero que meu pai te leve para minha coroação de príncipe, é algo semelhante, e é uma honra pra eles...

—E isso inclui assassinato?

—Um assassinato é quando uma pessoa não espera morrer, um sacrifício honroso as pessoas desejam morrer. – Ele olhou com nojo para Orion. Definitivamente, ele era tão louco quanto seu tio William, com certeza a mãe dele foi enganada pela aparência dele.  

Um pouco de estranhamento se seguiu pelo castelo, por dois motivos, Eveline estava acordada, estava viva, o que era bom, o clima estava estranhamente agradável, mais leve e ela estava incrivelmente feliz. Era uma felicidade genuína, de carinho, felicidade de paz, sem rancor ou ódio, por uns momentos foi esquisito assimilar ela com a encrenqueira do Reino, e o segundo motivo era os cabelos prateados, junto com os olhos verdes escuros que pareciam azuis. Era mais fácil acreditar que era uma outra pessoa, porque era, do que acreditarem que era Eveline. Mas, claro, os olhares não foram dos melhores, ainda havia receio em olhar pra ela e descobrirem que era fingimento. Navi se aproximou de Perseu que deu um sorriso orgulhoso, não que ele não estivesse feliz de ter visto a filha quando ela chegou em Saphiral, mas, não era a mesma coisa, do que era agora, ela estava basicamente digna da coroa, da coroa de Princesa de Saphiral.

Estela estava chorando de felicidade, por um momento quis que Estevão estivesse vivo para ver a filha que ele criou por anos, mesmo com altos e baixos, estava em harmonia com os irmãos, se desculpando com cada um deles, que claro, tinham um é atrás com esse comportamento. Artemisa sabia que não seria fácil provar que ela era uma pessoa completamente diferente, sendo que eles passaram a vida toda que eles conheciam a desprezando, era um passo de cada vez; ela se dirigiu para o quarto de Orion.

Ela bateu algumas vezes e abriu a porta.

—Orion? Licença?  – O garoto que estava sentado na cama, se levantou com tudo e empunhou a adaga em sua mão apontando para Artemisa que foi pega de surpresa. Mas, ele também foi pego de surpresa, a cor de seus cabelos estava diferente, dos seus olhos também, até o semblante. – Você quer abaixar a adaga? – Ele deu um passou para trás, na qual ela recuou também. – Eu posso conversar com você? – Ele inclinou a cabeça, a analisando por uns instantes.

—Eveline?

—(...)

—Evie? – Ela deu um sorriso, que era gracioso. Como o de sua mãe, como o de sua tia, ele abaixou a adaga aos poucos. – Você está... Diferente.

—Eu me sinto diferente. – Não se aproximou dele, sabia que havia o assustado, e muito. – Eu vim te pedir desculpas.

—Você veio pedir desculpas? – Ele ergueu a sobrancelha, não que ele não fosse aceitar as desculpas, é que os últimos dias foram difíceis, ele tinha em mente que precisava se manter alerta.

—Eu percebi que quando você chegou aqui, você estava tentando me ajuda... – Ele acenou. – Eu vi aquilo como você estar controlando a minha vida, não que eu precisava mesmo mudar, mas... Eu sinto muito por ter machucado você, e ter entrado no seu quarto. – Ela mordeu os lábios. – Na minha cabeça estava tão certo, cada canto do meu corpo achava que era certo. Mas, não era. – Ela respirou fundo. – Eu nunca te agradeci pelo que você fez por mim. Eu fui muito egoísta.

—Foi... No começou foi engraçado, depois não era mais.

—Você pode me desculpar? – Ela estava visivelmente arrependida, e emanava calma, mas, ele ainda estava receoso, mas, era bom dar o benefício da dúvida. – Eu realmente estou arrependida do que eu fiz, de verdade, foi errado. Muito errado. – Artemisa abaixou os olhos, Orion fez um bico analisando a feição dela, como ela lembrava o seu tio Perseu.

—Acho eu posso. – Ele disse em um sorriso. – Eu te perdoo pela sua rebeldia desfreada. – Disse guardando a adaga em seguida.

—Posso contar uma história? – Ela deu um sorriso e ele acenou. – Eu descobri o paradeiro da Princesa sumida.

—Princesa sumida?

—De Saphiral; da lenda. Do quarto.

—Ah. – Orion a observou ainda de longe. – E onde ela está? O que sabe dela?

—Você está olhando para ela, prazer, Artemisa, sua prima legitima. – Ela deu outro sorriso, estava animada, de verdade, uma felicidade diferente que ela já havia experimentado. – A que foi levada de Saphiral porque senão iria levantar muitas suspeitas, e provavelmente seria morta. – Orion deu um longo sorriso.

—Eu já sabia disso! – Ele exclamou rindo. Artemisa ficou em silencio e olhou sem entender.

—Como assim você já sabia?

—E descobri no dia que nós chegamos de Saphiral. – Ele riu. – Ouvi a tia Estela e o tio Perseu discutindo sobre você, sobre eles, sobre o jardim que ele fez pra sua mãe. Eu já sabia.

—E porque não me contou?

—(...) – Ele apontou para cicatriz no seu rosto, Artemisa encolheu os ombros arrependida. – Se eu contasse o que ia acontecer? Você ia destruir tudo isso daqui e eu prometi que eu não contaria.

—Você tem razão. Eu iria contar para meu pai. – Ela se referiu a Estevão. – Ele ficaria furioso. Não acabaria bem.

—Furioso? – Ele a olhou surpreso. – Convenhamos, ia ser uma briga muito feia. Ninguém ia sair feliz e muita gente ia se machucar. – Ela concordou com ele. – Mas, sabe qual foi a parte que eu mais gostei?

—Qual?

—Quando você saiu para envenenar Elisa. – A culpa tomou conta dela.

—Desculpa.

—Você tem que pedir desculpas pra ela. – Ela concordou. – Naquela noite, o jantar foi do jeito que eu gosto, a tia Estela com ciúmes do tio Perseu. Do lado do tio Estevão. – Ele riu. – Foi a melhor refeição que eu já tive. – Foi quando deu um estalo em Artemisa.

—Oh não. Eu assustei a garota. – Orion a olhou sem entender. – Eu disse um pouco agressivamente, um pouco, ameaçadoramente que o Rei Perseu não precisava se casar, e ela foi embora.

—Não foi isso não. – Ela sorriu. – Ela ficou chateada porque o tio Estevão estava sendo muito cortês com ela, se fosse para se casar com ele, ela se casaria. Pra ela, meu tio não valia a pena.

—Que indelicado. O Rei Perseu é bem prestativo e.

—Porque você tá chamando ele de Rei? – Artemisa o olhou sem entender, foi quando eles se sentaram na cama. – É seu pai. Porque não chama ele de pai?

—(...) Bem... É que mesmo que eu tenha sido uma criança insuportável e difícil, quem cuidou de mim foi o Estevão, minha vida toda foi chamando ele de pai. E eu não conheço o Perseu tão bem, sei que ele é o meu pai, estou feliz com isso, mas... Chamar ele de pai ainda me parece estranho. – Orion deu uma risada.

—É como dizem, pai é quem cria e não quem faz. – Artemisa o observou. – Eu sei que ele te ama, e vai ficar feliz se você chamar ele de pai; entretanto, é mais fácil chamar ele de pai quando você se sentir confortável. – Ela concordou com ele. – Seus meios-irmãos sabem? – Artemisa deu ombros, com certeza não. – Que loucura isso vai ser quando descobrirem que a tia... – Ela tampou a boca dele.

—É extremamente imperdoável traição. Eu sou uma bastarda. – Ela tirou a mão da boca do primo. – Pelo grande dragão, minha mãe pode morrer.

—Calma. – Orion tentou acalma-la. – Tem uma coisa no meio disso tudo.

—Tem?

—Claro. Na coroação, algumas pessoas viram o Taburon matar você. Não muitas, mas, bastante... – Ela olhou sem entender. – Foi como no dia do ataque do tio Estevão. Ele morreu, convenhamos, Taburon tinha um dragão, e uma mira excelente, se eles quiserem dar Eveline como morta, e Artemisa como filha de Perseu, ninguém ia desconfiar. Nem os cabelos brancos você tem.

—(...) Eu não pensei nisso. – Orion deu um sorriso. – Como você pensa nessas coisas?

—Sei lá, é algo bem óbvio. – Ele abraçou a prima com tudo. – Bem vinda à família Archi. – Ela o abraçou de volta se sentiu bem. – O que a Princesa Artemisa quer fazer agora?

—Eu negligenciei muito a Ruphi, também não de atenção ao Gameon.

—Você quer montar hoje?

—Quer pedir pra você mudar a cor de novo. – Orion deu uma risada. – Para a cor certa dessa vez.

—A cor certa de Calasir, a cor certa de Ruphi ou de Saphiral?

—Você acha que pode fazer os três? – Ele a encarou, ela fez um olhar gentil. – Por favor.

—Vou pensar nisso. Antes temos uma coisa para resolver. – Ele se levantou e pegou na mão dela com calma, ele caminhou pelos corredores chegando na porta de Eilon e Elisa, quando Eilon o viu deu um beijo em Elisa e se aproximou do primo.

—No que eu posso ajudar? – Orion deu um sorriso. Ele deu um sorriso para a irmã que retribuiu, ele a colocou de frente para ela.

—Agra você vai pedir desculpas pelo que fez com a Evie e aceitar a punição que ela te der. E vai se redimir com ela, como havíamos conversado. – Artemisa se virou com tudo para Orion fazendo um gesto com as mãos para ele parar.

—Nós já resolvemos isso. – Ele olhou sem entender. – Eu perdoei ele, então ele não.

—Eu não vi, não conta. Não é assim, ele te pediu perdão? – Eilon acenou.

—Pedi desculpas. – Orion ele respirou fundo.

—Não é assim... – Ele juntou as mãos.

—Mas, eu já perdoei ele. – Ela disse, não era necessário, já passou, o perdão já foi obtido. – Ele não precisa pedir perdão novamente. – Orion puxou os dois para mais longe do quarto.

—Vamos a lógica; você é um Rei recém coroado. Certo, então, você quando era Príncipe foi lá e machucou sua irmã, de um jeito que ela ficou péssima.

—Eu sinto muito. – Eilon começou a dizer.

—Muito bem. – Orion se apoiou em uma parede, cruzou os braços e ficou observando os dois. – Continue...

—Não pre.

—Precisa. – Orion insistiu a interrompendo. – Claro que precisa...

Eilon olhou para a irmã, não tinha como negar, ela estava diferente, parecia mais compreensiva, e olhava pra ele aflita, não lembrava se naquela noite a tinha visto aflita, na verdade só lembrava que estava com raiva dela. Muita raiva. Ambos engoliram secamente.

—Não tem desculpas pelo que fiz. – Ele começou. – Eu estava irritado, você estava me incomodando, mas, claro, não teve motivo de eu ter feito aquilo. – Soltou um suspiro. – Mas, eu não queria machucar a Elisa, e você ficava provocando, em se eu conversasse você parava. – Orion deu meio sorriso. Foi divertido. – Mas, me desculpa pelo que eu falei quando eu... – Seu coração afundou. Ele não queria machucar Elisa, mas, não se importou em machucar Eveline. – Como você se sentiu?

—(...) Com medo, com raiva, com dor. – Ela limpou as lágrimas, ainda doía, ainda se sentia mal. – Eu me senti horrível. E você? Como se sentiu? Você disse que foi nojento, que foi péssimo.

—(...) – Eilon engoliu em seco. – Eu não devia ter tocado em você, mas, eu estava furioso. Eu não pensei muito, eu, achei que te deixando “indesejada” e “invalida” – Ele fez aspas. – Queria te ensinar uma lição. Não pensei em algo que fosse te machucar, você nunca gostou de nada, nem de ninguém... Só sobrou você e.

—O Gameon. – Ela disse com pesar. – Eu sei que eu fui muito cruel contigo, não queria que fosse assim.

—Orion disse que não era você. Disse que teve sorte de você nascer primeiro. – Ela olhou para Orion que deu ombros, não seria ele que diria que ela era filha do Perseu. – Como não sabíamos, eu não queria casar com você e bem... Pelo que aconteceu depois, se tivéssemos casado.

—Eu teria te matado. – Ela disse séria. Depois deu uma risada. – Ainda bem que Elisa casou com você. – Ele a olhou sem entender. – Jonan é um ser repugnante e nada delicado, Elisa ia ser maltratada do momento que tocasse a mão dele até ser machucada na cama. – Eilon achou a interação estranha, eles nunca haviam conversado com tal tranquilidade e firmeza assim.

—Ele é tão ruim assim?

—Ele é um bêbado, sem um pingo de respeito. – Ele estreitou os olhos. – Como posso dizer? Ele trataria Elisa como uma prostituta reprodutora. – Artemisa tremeu. – Ele me beijou a força, foi nojento.

—Sinto muito por isso.

—Aliás, encontraram ele?

—Não. Mas, agora que eu sou Rei e estou ciente disso eu não vou deixar ele casar com você.

—Hãn, sejamos sinceros Eilon, quem iria querer casar comigo? – Ele respirou fundo.

—Michael parece gostar de você. – Ela negou. – Ele andava com o Gameon, quem consegue chegar perto dele? Eu acho que isso é plausível. – Artemisa inclinou a cabeça. Não sabia se Michael iria querer se casar com ela, sabe se lá se outra pessoa sã iria querer, ela se sentiu solitária nesse sentido. Eilon tocou no ombro dela com calma. – O que eu fiz não tem desculpa, me perdoa, eu prometo que agora vou cuidar mais de você.

—Eu também vou cuidar mais de você. – Ambos se abraçaram, o toque ainda era estranho e incomum, mas, era um sentimento bom. Orion concordou com o acordo dos dois e se aproximou.

—Fofo, dois lindos. – Eilon franziu o cenho. – Eis que agora Evie, pode dar a punição de Eilon.

—Punição? – Ela o olhou sem entender. – Porque? – Orion fez uma expressão de “sério mesmo? Tenho que responder? – Eu perdoei ele, já te falei, não quero punir ele, na verdade, desde que o papai morreu. – Ela engoliu em seco, ainda era confuso. – Acho que já foi ruim o suficiente pra ele.

—Porque você está tão preocupado com Eveline Orion? – Eilon perguntou sarcasticamente. – Porque é tão importante pra você?

—Porque você tirou uma coisa importante dela. – Ele fez uma pausa. – Imagine por um instante... E se você estivesse engravidado ela? – Os dois o olharam assustados. – O que você ia dizer a Elisa? O que seu pai iria fazer? – Os gêmeos se entreolharam, eles não pensaram nisso. – Ou pior... – O pior para Orion seria ela não poder ter filhos depois, a linhagem das Safiras ia morrer nela ali mesmo, mesmo se seu tio Perseu tivesse outros filhos, porque cada um seria mandado para um reino diferente, era assim que era, mas, ele foi interrompido.

—Espera Orion. – Artemisa colocou a mão no peito do primo. – Mas, não aconteceu, eu não sei se.

—Você sabe que ele não pode desfazer o que fez não é? – Ele encarou Eilon. – Espero que seu reinado seja cheio de boas ideias. Porque quando poder resolver essa será um ótimo passo. – Orion saiu, os dois se entreolharam constrangidos.

—Eu não sabia que ele se importava tanto. – Ele disse olhou para irmã que tinha uma expressão de dor. Mas, na verdade ele não sabia se era isso que ela estava sentindo mesmo, era estranho conversar com Eveline civilizadamente sem soltar um insulto ou se irritar. Ele então ele fez como sua mãe fazia quando algum deles estavam tristes. Passou a mão nos cabelos dela, que nunca imaginou que aquilo seria possível. – Eu não posso desfazer, mas, a preocupação dele foi válida. – Ela deu ombros. – Nem sei se posso fazer algo para amenizar a dor, mas, vou pensar em algo...

—Não se preocupa com isso agora. Você tem outras coisas para resolver, certo? Rei de Calasir... – Ela disse com uma voz divertida. – Tem muitas coisas para se preocupar agora. Vou ver como Orion está.

Assim que ela saiu ele entrou em seu quarto e fechou a porta, pensou no que ela contou sobre Jonan e refletiu que não iria pretender dar uma de casamenteiro, pois o amor era algo que não era planejado, acontecia.

Estela estava no solário, tinha os dedos em seus lábios, os lábios do Rei de olhos azuis eram tão sedutores, ele era o imã perfeito para seu corpo, ela nem sabia que sentia falta daquele beijo, daqueles toques, de tudo aquilo.  Sentimentos antigos foram reascendidos como o raiar do sol, e foi extremamente gratificante poder olhar para Perseu durante o almoço, sentia falta de Estevão, mas, ao menos, ele não estava apertado a sua mão com força, isso era algo que ela nunca sentiria saudade.

Após o almoço, e o clima harmonioso William havia mencionado antecipadamente que precisava contar a Orion que sua mãe havia se ferido em batalha. Devia contar também que ele teria um irmãozinho ou irmãzinha, e o melhor, que agora ele e sua mãe estavam casados. Isso deu a brecha que Perseu precisava, Artemisa era filha dele e de Estela, que Eveline era o nome de Estevão escolheu. E explicar tudo, claro sem manchar a memória do pai deles.

—Acho que já está de hora de ao menos darmos uma explicação pra eles... – Perseu segurou na mão de Estela com calma após a refeição terminar. – A cor do cabelo é bem evidente. – Estela respirou fundo, era mais do que justo os filhos compreenderem a fundo.

—Claro. – Antes deles saírem para fazer qualquer atividade Estela os interrompeu. – Eilon, Elisa, Ethan e Elora, eu e o Rei Perseu gostaríamos de conversar com vocês a sós.  – Eles se entreolharam, Artemisa olhou para o pai e os viu entrar na sala do pequeno conselho.

—Por que, mamãe? - Eilon perguntou levantando -A aliança está comprometida?

—Porque você acha que ela estaria comprometida meu amor? – Estela perguntou, Perseu não imaginou que essa seria a preocupação de uma criança.

—Ahn...não sei – Eilon deu de ombros – As invasões, essas coisas.

—É um ponto importante. – Perseu falou receoso, não sabia exatamente como falar, não eram seus filhos, eram os filhos de Estela e Estevão, ele mordeu os lábios e olhou para Estela, como se precisasse de força. – Mas, as invasões aconteceram por um descuido meu, e consequentemente, um descuido da minha filha. A Artemisa. – Seu coração estava acelerado.

—Artemisa? Quem é Artemisa? - Ethan indagou olhando para Perseu

Perseu fixou o olhar em Ethan e abaixou-se para te visão dele.

—Artemisa é minha filha, minha primogênita e herdeira de Saphiral. O seu ponto é importante porque a aliança com Calasir depende dela. – Ele respirou fundo. – Você conhece por outro nome, o nome que seu pai escolheu, sua irmã também, Eveline. – Perseu se levantou, não sabia o que viria a seguir. Mas, preferiu ir direto ao ponto.

—Não... – Eilon balbuciou – Mamãe?!

Os outros abriram a boca desacreditados, não sabiam o que pensar...

—Eu sei que vocês veem isso como um desrespeito. – Perseu colocou os dedos nos lábios. – E foi, com certeza, mas, meu intuito foi pensado na segurança da mãe de vocês. – Ele respirou pesadamente. – Eu apenas cheguei atrasado demais, não queria que as coisas ficassem ruins, quando eu cheguei e tentei salvar ela, não foi como eu queria. Eu não fazia ideia do que acontecia aqui; eu não quero destruir o que vocês pensam do pai de vocês, sim, ele deve ter sido magnifico depois que eu fui para Saphiral, mas. – Ele começou a estralar os dedos nervoso. – Eu queria apenas que ela estivesse feliz, segura e com os dragões dela a salvo. As coisas apenas foram um desafio. Eu sinto muito.

—Eu não estou entendendo - Elisa juntou as sobrancelhas confusa - Por que a senhora traiu nosso pai? Por que a senhora ficou em Calasir se um de seus filhos não era daqui?

—Mamãe, a senhora sabe como a traição é vista pelos deragonianos - Elora disse num quase sussurro.

—Mas Evie e eu somos gêmeos... – Eilon olhou para ela – Como?

Perseu juntou as mãos.

—Não...

—De longe a sua mãe era feliz. – Ele cortou Estela. – Seu pai brigava com ela por pequenas coisas. – Ele quis poupa-los, mas, queria mesmo contar tudo. – Nem todo casamento é bonito, claro, alguns mudam com o tempo... Mas, aconteceu. Não era pra sua mãe ficar grávida, eu só queria fechar o portal, mas, minha irmã ficou grávida, mas eu nunca mais ia ver Estela, eu queria raptar ela. – Ele deu um sorriso, entretanto se conteve. – Artemisa não podia ficar comigo porque Estevão iria matar o bebê se soubesse, e nós mal ficamos juntos.  Mas, acho que o melhor jeito dar um exemplo do que eu sentia pela mãe de vocês e o que ela sentiu por mim... Seria, Eilon e Elisa que fugiram para casar porque se amavam. – Ele ficou em silêncio. – Eu não tenho uma resposta certa pra sua pergunta Rei Eilon. Apenas que se se eu pudesse voltar no tempo, teria salvado ela depois que Deragona foi destruída. Eu me envolvi demais...

—Acho honrosa sua comparação, rei Perseu - Eilon o olhou e engoliu em seco – Eu sei o que meu pai fazia com minha mãe, mas ele ainda é meu pai – O menino apertou a mão de Elisa, que o olhava com calma – Não podemos mudar o passado, mas podemos engrandecer o futuro - ele levantou a cabeça – A única coisa que não posso perdoar é ter minha mãe infeliz. Meu reinado não será de infelicidade.

—Claro. – Perseu quis revirar os olhos, tinha que tirar da cabeça o que ele fez com sua filha, isso não iria ajudar em nada. – É nobre você pode perdoar sua mãe. Agradeço. E estou supondo então que não podem me perdoar pelo que fiz com seus pais. 

—Um rei não deveria supor - Ethan falou, Eilon ergueu a mão como se pedisse silêncio.

—O senhor quis trazer felicidade à minha mãe, qualquer homem que busca a felicidade da mulher pela qual é apaixonado deve ser perdoado - ele olhou para Elisa, que sorriu - Como meu pai me perdoou, eu perdoo vossas majestades

—Agradeço Rei Eilon. Admiro o seu perdão. – Ele deu um suspiro. – Já que não posso supor Príncipe Ethan... – Ele olhou para Ethan, e em seguida para os demais. – Já que seu Reinado está começando, o que sugere que façamos a seguir? Gostaria de manter a aliança com Saphiral? Gostaria de manter contato com sua meia-irmã? Mais alguma outra coisa?

—Sim, com certeza gostaria de manter a aliança com Saphiral e de ver minha irmã – Ele sorriu – Podemos nos adaptar conforme seja do seu agrado. – Perseu fez um aceno com a cabeça, porém, antes de dizer qual era realmente o ponto que ele queria chegar, viu sua fênix aparecendo no horizonte.

—Com licença... – Ele se retirou da sala apressado. Assim que ele saiu os filhos olharam para Estela.

—Nós podíamos ter sido filhos de Perseu! – Ethan exclamou. – O rosto de Estela ficou vermelho, eles tinham o cabelo do Rei.

Perseu pegou o pergaminho, foi quando William apareceu, ele tinha visto a ave de longe, sabia que tinham notícias, sejam ruins ou boas.

—Auterpe acordou! – Perseu exclamou para William que deu um pulo, sua esposa estava viva, estava bem. – Ela não para de perguntar sobre você. Ela quer o marido dela junto com ela.

—Eu quero ver ela. Quero ver minha esposa, a minha mulher! – Ele disse feliz.

—Ah não.

—“Ah não” o que? Me diz uma coisa boa!  - Perseu olhou para William.

—Você contou para Orion o que aconteceu em Zaryhalo?

—Estava esperando uma notícia boa para contar.

—Como assim?

—Não tenho coragem de falar que nos casamos, porque lembro que em poucas horas houve o acidente dela, ela ficou desacordada, a deixei só e grávida. – Perseu fechou os olhos. – Ele ainda está sentindo com aquela cicatriz, eu... Mas, o que tem a ver?

—Eu contaria tudo se fosse você. Ela vai chegar em Calasir a qualquer momento.

—Certo. – Ele falou receoso.

—Segundo Nakumma, algumas memórias foram perdidas. – Os ombros de William caíram. – Conta pro Orion. Por favor. Será melhor se você contar.  

No começo da tarde, Auterpe chegou em Calasir, ela veio de barco, seu barco de bandeiras roxas, madeira preta e escamas de Kraken, facilitando a navegação, ela fechou o portal com cuidado, não queria nenhum incidente. Quando ela chegou no castelo, Perseu correu para abraça-la. Estava completamente feliz que ela estava bem, ela parecia extremamente bem, estava acompanhada de Lennus e de Nakumma, como ela havia prometido, ela cuidou de Auterpe, e quando ela acordou foi a primeira a perceber que tinha algo errado. Assim que ela se afastou do irmão, abraçou William, seu agora noivo, eles nem tiveram tempo de consumar o casamento, ela estava animada em vê-lo.

—Como as coisas estão? – Perseu perguntou para Nakumma.

—Ninguém percebeu que tinha algo de errado.

—Estela, a quanto tempo... – Ela abraçou a Rainha-Mãe com cuidado, Estela também teve cuidado. – Continua jovem como eu me lembro. – Ela riu.

—Você também Auterpe, está do jeitinho que eu me lembro, não envelheceu nada. – Ela se virou para os filhos que se aproximaram. Foi quando Auterpe segurou na mão dela. – Minhas condolências por sua perda. Pela perda de vocês. Lennus me contou.

—Obrigado. – Eilon disse fazendo uma reverência para ela, que fez pra ele também.

—É a sua ninhada? – Mandrik deu uma se aproximando. – Todos eles têm os seus cabelos e olhos. – Estela acenou, ela não aparentava ter sofrido algum ferimento. – Eles são lindos...

—Vou apresenta-los. – Estela disse. – Rei e Rainha de Calasir, Eilon e Elisa. Príncipe Ethan e Princesa Elora. – Ambos fizeram uma reverência e ficaram impressionados de como ela e sua mãe se pareciam. Foi quando eles ouviram uma correria no corredor, Orion apareceu seguido de Artemisa. Auterpe deu um largo sorriso e abraçou a garota, Orion deu um sorriso, sua mãe estava bem, ele estava feliz de vê-la tão bem, claro que ela iria pro campo de batalha, o importante é que ela estava viva.

Você ficou mais bonita com essa cor de cabelo.— Ela sussurrou para Artemisa, nada contra o contraste de branco, mas, não parecia ter mais nada de essencial ali. Foi quando ela olhou para Orion que a abraçou. Ela ficou surpresa com o abraço, mas, o abraçou de volta e olhou em seus olhos.

—Eu fico feliz que você esteja bem meu pai disse que você teve um acidente, mas, como você é forte, nem parece que sofreu nada. – Ela o olhou com receio, e olhou em volta por uns segundos, não tinha ninguém com o cabelo metade branco e metade preto ali, só se... Não; Navi não iria ficar com Estela. – Algum problema? – Orion perguntou. Ela deu meio passo para trás e ficou encarando ele por um tempo.

—Seu pai? – Ela perguntou com calma, Perseu ficou tenso. Ele acenou. – Quem é seu pai?

—(...) – Ele não entendeu a pergunta. – William? – Ela olhou para William que se aproximou dela com calma, ela aparentava estar bem confusa. Quando Artemisa percebeu isso pediu para Eilon levar os irmãos para outro lugar, ela se retirou também. – Meu pai é o William.

—E quem é sua mãe? – Era uma pergunta genuína, foi quando o coração do garoto se despedaçou um pouco.

—Você é minha mãe!

—Impossível! – Auterpe disse assustada. – Estou esperando meu primogênito. – Ela deu uma risada, a risada que Perseu conhecia, ela não se lembrava dele, foi quando ele se aproximou.

—Auterpe, você não lembra dele? Não lhe parece familiar? – Ela encarou Orion por um tempo.

—Familiar, talvez.  

—Eu sou o Orion. – O garoto disse aflito. Não... Aquilo não estava acontecendo.

—Orion é um nome bonito, se parece com Arion. – William ficou imóvel, era o nome que eles iriam dar para o filho, Estela colocou a mão na boca.

—Sim, mas, você preferiu Orion. – O garoto disse baixinho. – Você não lembra de mim?

—Auterpe, olha pra mim. – Perseu colocou a mão no ombro dela. – Lembra? Ele levou Artemisa pelo portal para Ruphira, lembra? Interromperam a reunião.

—Sim, Artemisa tinha um Pégasus e um dragão. Mas, eu não me lembro dele. Desculpa. – William segurou na mão dela.

—Você lembra como conheceu William?

—Conhecemos ele, Estela e Estevão quando queríamos fechar o portal.

—Isso! – Perseu exclamou. – E do que mais você se lembra? – Ela começou a pensar, mas, a cabeça doía

—Bom. – Haviam apenas os cinco no hall de entrada. – Estela engravidou de você, vocês brigaram. – Perseu acenou positivamente. – Bom, depois você me deixou aqui pra resolver uma invasão e quando eu pude voltar (...) Levei eles pra Ruphira.

—Isso, mas, você estava grávida. – Perseu falou e ela negou. – Do que mais você se lembra?

—William virou Rei honorário. Mas, eu tirei a coroa da mão dele. – Perseu respirou com mais calma, estavam em um ótimo caminho enquanto Orion a olhava aflito, segurava a roupa nervoso, capaz de rasgar ela.

—Mas, você lembra porquê?

—Ele insultou os deuses, insultou o Reino; ele não podia ter um vínculo com Ruphira. – Foi quando ela acariciou o rosto dele, e o beijou. – Mas, não que eles liguem pra isso.

—Mas, você lembra porque eu insultei eles? – William a colocou de frente para ela.

—Você ficou nervoso.

—Mas, porque? – Ele perguntou ansioso, ela mordeu os lábios, ela não lembrava o motivo, apenas que foi uma discussão feia.

—Eu não lembro. Preciso pensar nisso.

—Sem problemas. – Ele retomou. – Antes de nos encontrarmos naquele país, qual tinha sido a última vez que você me viu?

—Na época que o portal abriu. – Ela sorriu. – Como todo ano, toda vez.

—Mas, você sabe porque eu vou lá, não é?

—Para me ver? Não é? Para passarmos um tempo juntos. – Ela sorriu.

—Também, mas, eu também ia porque tínhamos um filho para cuidar. – Ela o olhou séria. – Nós brigamos porque você mandou Orion para o refúgio, nosso filho, nós fizemos a melhor celebração e sacrifício do nascimento dele, lembra? – Auterpe negou. – Auterpe, olha pra ele, ele é nosso filho. Cabelos brancos como os seus, pretos como os meus. – Ela deu um suspiro.

—Sim, ele se parece com você.

—Com vocês dois. – Estela disse tocando no ombro dela, mas, ela o olhava indiferente, ela não o conhecia, nunca o tinha visto, não tinha um vínculo. – Olhar pra ele é ver os dois. Sempre foi assim.

—Eu sou apenas um garoto para você? – Ela concordou quando Orion perguntou. – Como nós nos conhecemos?

—(...) Aqui em Calasir?!

—Não... – Os olhos dele se encheram de água na qual ele as limpou.

—Porque você está chorando? – Ela estava receosa. – Escute garoto, eu não posso ser a sua mãe, eu iria me lembrar, mas, é impossível.

—Ruphira está cheia de quadros nossos, mãe. – Ela mordeu os lábios confusa, não chegou a entrar no castelo. – Fazemos sacrifícios de aniversário e sempre ficamos na sala das taças. – Ele começou a chorar. – Eu sou seu primogênito e depois de mim teve mais quatro que não viveram. Você lembra disso? – Ela se agachou na altura dele e acariciou seu rosto, mas, não havia amor de mãe, era um toque comum, de dó, de preocupação, para que ele se acalmar.

—Eu sei que você está triste, e eu sinto muito por isso, mas; não tem como você ser meu primogênito, eu não tive outros, eu só tenho esse... Eu sinto muito garoto.

—É Orion... Vocês escolheram... – Ele subiu para o quarto com o coração em pedaços, ele foi em direção ao quarto. Era o pior dia da sua vida. Auterpe não sabia quem ele era, nenhum momento junto, era como se ele nunca tivesse existido. Ele não estava esperando por aquilo, não importava de ter um ou doze irmãos, não se importava se agora ele era Orion Archi Interlok; sua mãe que estava sempre ao seu lado dele, para tudo; e não se lembrava dele, aquilo doía mais do que ele conseguia expressar.

 Auterpe viu o garoto se afastar e olhou para William que estava preocupado, ele a abraçou, não era culpa dela, ela só precisava ter mais contato com ela, relembrar as memórias e momentos, tudo voltaria aos poucos. Porque eles não podiam ter um dia de paz? Mas, entre os três ali, William tinha mais sorte, não era infeliz, nunca ficou sozinho, nunca foi odiado, nem sofreu no casamento. Mas, estava sofrendo, porque assim que começou sua família ela se desfez na sua frente.


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Notas finais do capítulo

►Atenção, a quem acompanha essa saga; esse é o capítulo final da 3ª Temporada◄
►Aqui está o link da 4ª Temporada:https://fanfiction.com.br/historia/811237/Among_Other_Kingdoms_-_Quarta_Temporada/◄
→Não se preocupem, os demais capítulos já estão todos lá para vocês!!←
Nos vemos lá!!

~♥Beijos da Autora♥~



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