Among Other Kingdoms - Terceira Temporada escrita por Break, Lady Lupin Valdez


Capítulo 28
Espelho-Pesadelo da Memória


Notas iniciais do capítulo

O Capítulo a seguir contem:
Sofrimento
Envenenamento
Mutilação
Não é lá aquelas coisas, mas, mexeu comigo. Leia com cautela...

♥~Enjoy~♥



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Elora e Elisa faziam companhia para a mãe após outro trauma completamente doloroso, mesmo que Estela sentisse que tinha duas filhas, na verdade ela tinha três, uma que estava sempre ausente, sempre sendo uma tristeza.

—Como você está tia? – Orion apareceu no quarto, sabia muito bem o quanto a perda de um filho era irreparável, as primas deram um sorriso e o garoto se aproximou beijando e abraçando a tia. Quando ele entrou, a expressão de Estela era de choque, sabia que a filha tinha machucado o garoto, mas, não daquele jeito, se fosse uns centímetros pra cima teria arrancado seu olho. – Os sussurros ainda são alto pelos corredores... – Ele deu um sorriso. – Eu sinto muito pela sua perda, estou aqui para qualquer coisa que precisar. – Ela acariciou seu rosto, evitando tocar na ferida. – Incluindo mencionar, fiz um doce pra você.

—Não precisava...

—Precisava sim, nos momentos amargos da vida, precisa de um doce. – Elora se levantou na calma.

—O que é isso?

—É um doce de canela, maçã e mel. – Era parecido com um biscoito, porém, era fofo. Estela agradeceu, mas, como as filhas ficaram olhando ela dividiu para as três e quando ofereceu a ele, negou. – Obrigado.

—Porque você faz coisas de mulheres? Você cozinha, costura, você queria ser mulher? – Elora perguntou devorando o doce, Elisa olhou para ela surpresa, e tocou na irmã para que ela pedisse desculpas, mas ele deu risada ao comentário.

—Não Elora, eu não quero ser mulher. Eu gosto de fazer isso porque deixa os outros felizes. Eu gosto de fazer os outros felizes, eu gosto quando as pessoas gostam de mim.

—E quem não iria gostar de você querido? – Estela perguntou fazendo carinho nos cabelos dele. – Você é cuidadoso, atencioso...

—Não sei. – Ele deu ombros. – Ás vezes eu posso passar dos limites. Meu tio Perseu disse que a felicidade é um remédio que ninguém sabe que precisa até experimentar.

—O Rei Perseu é bem inteligente. – Elisa disse com calma, Estela concordou. Claro que ela concordava.

Claro que existiam pessoas que não gostam do garoto, apenas por ele ser quem era, e quando isso foi lembrado para ele, foi em poucas palavras, devastador.

Orion ficou imóvel o tempo todo após o ataque. Seu coração estava acelerado, Elisa foi acertada e em instantes só conseguiu se afastar porque estava tão imóvel que mal conseguia correr, ele deveria ajudar o tio, ele tinha poderes para isso, podia e devia ajudar, afastar a ameaça, mas, não, ele ficou com medo, e ficou surpreso, o homem sabia que Evie era filha de Perseu, e em vez de interferir, observou o tio ser atingido, ele segurou o pânico que se instaurou em seus pulmões, mas, sua tia gritou. Não era para ele estar ali, não era para ele estar em Calasir, ele devia estar no refúgio, ele se sentia culpado e mesmo com a morte do assassino, sua culpa não desaparecia. O remoía, ele devia ter lutado, devia, mas, agiu como um covarde, sua prima estava ferida e em segundos, seu tio estava morto. Ele estava chorando junto com os outros, o desespero de sua tia dizendo que ele iria acordar o quebrou por dentro, ele era assustador ás vezes, mas, não merecia ter morrido para o salvar, ele só precisava se entregar, e já que Eveline estava perigosa arrastar ela também, assim todos estariam seguros, seu tio e Rei de Calasir estaria vivo.
 Ele se recusou a ir junto com eles de volta, Eveline estava afastada, mantinha um sorriso no rosto, pelos deuses, ele a salvou de ser morta, ele poderia ter entregado ela, e ela ainda mantinha esse ar de desdém, como se nada tivesse acontecido. Não era para o tio o defender, não precisava bancar o herói, não precisava se sacrificar por ele e nem pela filha bastarda ingrata. Ele ressentiu profundamente da garota. E tudo que ele podia fazer era estar perto da tia. A Rainha estava inconsolável, enquanto embalsamavam o corpo do tio ele se sentou no canto, observava em silêncio, se sentia tão culpado, não queria ficar perto da família, não conseguia olhar pra eles, só ele sabia porque, seu tio morreu como um herói, ele se sentia péssimo de não ter tentado, seu coração doía. E ele não tinha ninguém para se agarrar e chorar.  Seu pai e seu tio estavam em Ruphira, sua mãe estava ferida, sua tia estava de luto e sua prima favorita estava indiferente ás coisas.

Ele se trancou no quarto, porque sabia o que vinha a seguir, quando um Rei morre, seu Herdeiro precisa assumir, podia ouvir o quanto Eilon estava relutante no início, entretanto, cedeu, iria se tornar Rei de Calasir; naquele exato momento, ouviu Evie bater incessantemente na sua porta ele tampou os ouvidos. Ele tinha muita coisa no seu quarto, e tudo que era perigoso ele colocou na caixa sem fundo do seu tio e guardou dentro do universo do espelho, onde apenas ele tinha acesso, depois do ocorrido, com Elisa e o veneno do seu pai, ele não podia mais arriscar, ela tentou uma vez, se ela entrasse, iria conseguir fazer algo pior. Por ele, ficava o dia inteiro no quarto esperando seu tio e seu pai voltarem, mas, ele precisou sair, Navi disse que havia uma anunciação, ele precisava ouvir, pois, estaria representando o pai e Perseu.

Todos que habitavam e tinha uma função no castelo, foram convocados para irem ao salão do trono, tinha um silêncio no local, Estela estava no seu lugar de sempre, olhava para o lugar vazio no trono, Estevão sempre estava ali segurando a sua mão, com força ou com carinho, mas, sempre estava ali; seu coração pesou, mas, quem estava mais sentido com tudo era Eilon, ele segurava na mão de Elisa com força, perdeu o pai, não queria perder ela também. Mandrik deu um passo para frente, seu coração estava pesado, Estevão era seu melhor amigo, mas, além de tudo em volta era muito mais que isso, em todos os seus pensamentos escondidos, mas, era feliz como seu melhor amigo e Conselheiro, assim que olhou para seu filho, seguido de seus companheiros, a ninhada de Estevão, enfim para Estela; e respirou fundo.

—É com um grande pesar e dor no coração, mas, sendo necessário, antes de qualquer ameaça, quero anunciar que o próximo na linhagem de sucessão ao trono, a coroa e ao á Eilon e Elisa, os agora Rei e Rainha de todo esse Reino e condados de Calasir. – Evie o encarou com uma feição irritada. – Após os dias de luto, em homenagem à Estevão da casa de Balaur, vamos dar início ás preparações para a coração.

—Quero reivindicar. – Evie interrompeu o discurso emocionante, era patético, ela deu um passo para frente. – Eu como a verdadeira primogênita, e cito a que nasceu primeiro, sou a próxima na linhagem de sucessão! – Mandrik a encarou irritado.

—Princesa Eveline, gostaria de lhe lembrar que...

—Que mulheres não herdam a coroa... – Ela diz com desdém. – Que foi um erro da Rainha Estela eu ter nascido primeiro.

—O que?  De onde tirou isso? – Estela perguntou, e Evie sorriu maquiavélica.

—Bom, foi o que o Rei Estevão me disse. – Ela ficou em choque. – Eu sei, ele não era muito gentil, mas, eu sei que é meu direito, e quero reivindicar, quero ter o direito de governar. – Eilon respirou fundo, era ridículo o quanto sua irmã era desagradável até em um momento como aquele, ele não queria ser Rei naquelas situações, imaginava ser Príncipe por algumas décadas antes de ser coroado, ele não tinha paciência para aquilo.

—Nosso pai disse que não importava quem nasceu primeiro, você não vai governar Calasir, você não fazia o básico. – Ele engoliu secamente. – O único jeito de você ser rainha seria se tivesse se casado comigo. O que não aconteceu. – Eilon estava em pedaços, não estava elevando a voz, estava sofrendo, e sua irmã estava apenas sendo inconveniente.

—Não aconteceu porque você é um mimado... Que sempre conseguiu tudo o que queria e Elisa estava desesperada de te perder, você estragou o plano do seu papai primeiro... O errado é você! – Antes de Eilon revidar Estela se dirigiu até Eveline e colocou a mão em seu ombro e olhou em seus olhos.

—Já chega. Querida, era sonho do seu pai, era desejo dele, nem tudo o que queremos... – Evie encarou, seus olhos pareciam mais escuros que o normal, ela tirou a mão da mãe do seu ombro e subiu para seu quarto esbarrando em Orion com tudo, o garoto a ignorou.

—Eu devia ter arrancado seu olho! – Ela rosnou e subiu a escadaria em direção ao seu quarto. Estela deu um suspiro frustrado, foi quando seus filhos a abraçaram, Orion olhou em direção a escadaria, segurava a chave do seu quarto na mão, ele precisava se manter alerta. Não apenas para si mesmo, mas, para todos, sem seu tio Estevão com certeza as coisas tinham a piorar.

—O fato importante é que após a coroação, a Rainha Estela terá o título de Rainha mãe. – Ele acenou para ela que concordou. – Estou esquecendo de mencionar algo? – Mandrik perguntou depois de um longo silêncio.

—O senhor William precisa ser avisado da morte do Rei, seu irmão. – Max falou baixinho, o pai concordou com ele.

—Como faremos isso?

—A fênix do Perseu. – Estela se lembrou, a ave ainda estava no castelo. – Mandamos por ele. – Mandrik olhou para Navi, ele saberia tocar na ave sem problemas, ele acenou de volta. – Mais algo?

—Não Mandrik, acho que decidimos tudo o que precisamos.

Os três dias seguidos foram muito incômodos, na qual Orion estava atento; resolveu acompanhar os primos durante o dia; Ethan havia sido agredido quando foi visitar Vieno, não chegou a ser como foi com Elisa, mas, ela perfurou seus braços com pedrinhas pontiagudas, ia atingir o rosto do garoto, mas, foi impedida pois o garoto começou a gritar por socorro, gritar por ajuda e seu dragão se aproximou para defende-lo, ela saiu furiosa do covil foi quando viu dois guardas indo em direção ao menino. Ao chegar derrubou Elora da escada pisando em seu vestido, amarrava os pés de Evan a noite com tanta força que quando as babás iam acudi-lo de madrugada os pés e as mãos estavam roxas, aquilo era tortura,  Elia também tinha sido coberta com um pano a ideia era afoga-la, mas, Estela chegou a tempo graças aos deuses  e Evie correu; houve também um duelo desonesto e surpreso em Max, o garoto teria se machucado se Leodak não tivesse aparecido,  e havia o envenenamento em Elisa, Orion já estava ficando sem soro para desintoxicar ela. O clima no castelo estava assustador, seu tio e pai ainda não voltaram, ele não sabia quanto tempo mais teria que aguentar. Foi quando ele começou a pedir para todos trancarem as portas e as sacadas, eram como prisioneiros em sua própria casa, ele não via de outra forma e estava afito.

Mas, no quarto dia foi além de crítico. Eveline foi a primeira a se sentar para o desjejum, estava sentada parecendo arrependida do que fez, a mesa estava posta, tudo tinha um cheiro agradável, parecia que ela tinha dado uma trégua depois que Orion começou a se trancar no quarto com os mais novos, Elisa ficava em seu quarto e ele contava histórias, fazia truques, tentava mantê-los calmos, e mesmo que ela tentasse invadir o quarto de Orion não tinha sucesso.

—(...) O que aconteceu com você? – Ethan perguntou segurando na mão de Elora, Evie apenas os observou.

—Não quero falar, não me sinto bem. – Sua voz soava irritada, ela parecia exausta, que não dormia a dias, e talvez não estivesse mesmo. A roupa ainda era preta, quando todos se sentaram para comer, Orion respirou fundo e pulou para fora da mesa em pânico. – O que houve cicatriz? – Ela perguntou surpresa com a atitude dele, ele era o primeiro a devorar a comida. Ele olhou assustado para ela.

—(...) Eu. Eu... – Ele olhou em volta. – Não estou me sentindo bem. – Estela se aproximou do garoto preocupada.

—O que você tem? – Eveline o olhou sem entender.

—Estou me sentindo fraco. – Quando Ethan esticou a mão para pegar um pão, ele bateu na mão do primo gentilmente o fazendo largar o pão. – Sufocado, existe outro lugar que nós podemos comer?

—Como assim outro lugar? – Eilon perguntou sem entender.

—A mesa está pronta. – Eveline disse sem compreender aonde ele queria chegar. Parecia muito teatral para ela, foi quando ele se aproximou de Elisa.

—Existe algum lugar agradável para se tomar um desjejum sem um ambiente mórbido? – Todos o encararam. Elisa pensou um pouco.

—Dragoi. – Ela disse depois de pensar um pouco. – Comer no solário lá é agradável. O ambiente é calmo e.

—Podemos ir para lá? – Ele puxou Ethan e Elora da mesa sem ter uma resposta. – Agora?

—Orion, o que há de errado? -  Estela se aproximava, mas, ele começou a se afastar dela com os primos, Navi e Leodak levantaram da mesa junto com Max e Mandrik, mas Eilon, Elisa e Eveline ainda se mantinham em seus lugares. A atitude no garoto estava incomodando os outros.

—Tia Estela eu não me sinto bem. Eu quero ir pra Dragoi. Eu quero ir agora! Por favor vamos comigo... – Navi tentou se aproximar dele, mas, ele se afastava com os menores, parecia que ele estava entrando em um surto, ele já viu Auterpe ter surtos parecidos, e geralmente Perseu a abraçava, a acalmava, ele precisava controlar o garoto.

—Podemos ir depois primo. – Elisa disse suavemente, ele negou.

—Evan e Elia tem que vir também. – Estela olhou para Navi.

—Você estava ouvindo ou vendo algo? – Eveline estava rindo do pânico do primo, era engraçado o desespero dele. Ele negou. – O que está sentindo?

—Por favor... Vamos pra Dragoi.  Agora! – Ele suplicou. Eveline começou a comer seu desjejum, ignorando o alvoroço, era como se ele não estivesse lá, mas, os demais estavam preocupados. Ele apenas se afastava.  

—Orion, sejamos razoáveis, não vamos a lugar nenhum de barriga vazia.  – Eilon disse pacientemente. Orion se abaixou e olhou para os mais novos.

—Vão para o covil, vou buscar Evan e Elia, e me esperem, eu vou para Dragoi. – Ele subiu as escadas correndo, todos olharam confusos para o garoto, e quando Estela se colocou a subir as escadas ele já estava com Elia no colo amarrada em uma tipoia e Evan nos ombros.

—Orion! – Estela gritou preocupada. – Vão atrás deles! – Estela pediu e Mandrik, e Navi foram atrás deles, não era uma coisa boa. Mas, Elisa também ficou preocupada e foi atrás dele, Eilon a seguiu e Eveline apenas riu, saboreando seu chá.

—O que ele pode estar vendo? Tendo alucinações? – Mandrik perguntou, Navi olhou sem saber o que poderia ser, foi quando ele foi mais à frente e segurou na mão de Orion.

—O que você pensa que está fazendo? – Orion se afastou dele e o encarou sério.

—Não comam nada. Eveline envenenou a comida. – Ele soltou o garoto assustado. – Vocês não sentem o cheiro de veneno, mas, eu sinto. Você precisa por favor fazer a tia Estela vir comigo e trazer Eilon e Elisa, se puder até Max e Leodak, mas, você precisa se livrar da comida e colocar o Gameon para dormir. Eu só volto quando meu tio Perseu voltar. Você está me ouvindo Navi de Cléota? – O homem ficou sério, á anos ele não era chamado pelo sobrenome, se esqueceu que ainda era da casa do Extremo, e aquela era uma medida extrema.

—Estou. – Ele deu meia volta se encontrando com Mandrik confuso, ele deixou Elisa e Eilon passarem, mas, quando chegou a porta chamou Estela discretamente, para Eveline era uma sensação engraçada, foi quando Navi percebeu que ela havia realmente separado disfarçadamente sua refeição para não parecer suspeito.

—O que houve Navi?

Vocês têm que ir pra Dragoi. Agora Rainha Estela! — Ele sussurrou. – Nós comeremos em outro lugar.

—Porque?

—Orion vai dizer.  – Navi não deixou Max encostar na comida e negou discretamente para Leodak não comer também, como aquela garota conseguiu fazer aquilo? Estela correu o máximo que conseguiu, mas, Orion estava em Atlas com Evan e Elia, e ainda conduzia Ruphi a acompanha-lo. Mandrik viu aquilo como sequestro, entretanto, mesmo de vestido, Elora seguiu Orion, assim como Ethan, Elisa vendo aquilo ficou desesperada, seu primo estava louco, iria matar os irmãos.

—Não estou com roupa de montaria para seguir eles. – Ela disse aflita para Eilon.

—Elora também está de vestido.  Que diabos deu na cabeça do Orion? Ele ao menos sabe onde fica Dragoi?

—Não estou gostando disso. – Elisa murmurou.

—Rainha Estela, o que nós faremos? – Estela correu tanto que seu penteado se desfez, ela olhou para Mandrik séria, ainda era a Rainha, e estava com medo, não havia nada de errado em estar com medo.

—Nós vamos para Dragoi. – Ela disse e em seguida olhando para os filhos que olharam com medo para ela. – Fique de olho aqui, quando William chegar, nos avise. Mandrik concordou e em seguida com a ajuda de Eilon, Elisa subiu em Tyrax, Estela e Eilon montaram em seus dragões sem a roupa de montaria pela primeira vez na vida e seguiram Orion, foi quando Estela ficou perto do sobrinho que a olhou assustado.

—Orion, querido, se acalme.

—Quando chegarmos em Dragoi, eu me acalmarei. – Estela tomou a frente e os guiou até Dragoi, ambos pousaram em segurança, Ele não soltou Evan em momento algum, apenas o colocou nas costas do animal, Atlas era tranquilo e quando ele desceu do dragão respirou fundo.

—Chegamos. – Estela disse assustada. – Pode me dar Elia...Orion – Ele entregou a prima e em seguida segurou na mão de Evan e Elora, ambos foram em direção a fortaleza, eles foram bem recebidos, claro, notaram o garoto de cabelos estranhos que parecia muito assustado, a fortaleza parecia segura, todos estavam com fome, foi quando as criadas levaram as crianças para comer, foi quando ele soltou a mão dos primos, e quando eles estavam dentro das instalações ele vomitou, Estela afagou suas costas. – O que está acontecendo? – Ele olhou aflito para a tia. – Você me assustou pegando as crianças assim, porque? (...) Fala comigo...

—A senhora precisa comer, e eu preciso contar uma história pros meus primos... – Estela o olhou assustado.

—Que história?

—Sobre aquela maldita Rainha. – O sangue dela congelou, ela ficou pálida. Seus filhos estavam passando pelo luto do pai, as atrocidades da irmã e se descobrirem que Eveline era filha de Perseu, ela não conseguia imaginar o que poderia acontecer depois, ela também lidava com o luto, com a culpa, com tanta coisa.

Durante a refeição, Orion usou dois panos para contar a história de Éfellya como contou para Evie, até o momento era do seu ponto de vista, com detalhes que ela não se lembrava mais quando Auterpe lhe contou.

—E porque está nos contando essa história? – Eilon perguntou irritado.

—Você tem sorte de ter nascido depois de Eveline. – Ele olhou sem entender. – Porque o espírito dessa criatura possui os primogênitos...

—Mas, você nasceu antes de nós. – Eilon lembrou.

—Eu não nasci em Saphiral. Vocês sim, e se ela tornou Eveline como receptáculo dela, estamos em perigo, eu sei que vocês têm medo dela; eu também tenho.

—E como faremos com a sua avó? – Orion tremeu quando Ethan perguntou.

—Ela não é a minha avó! – Ele disse nervoso.

—Ela é a mãe da sua mãe, então é.

—Não! Não nos referimos a ela com isso, sempre pelo nome, sempre pelo que ela fez, o nosso laço de sangue não é importante. Não quero ter nada a ver com ela, nenhum de nós quer, nem minha mãe, nem meu tio. O único que pode dizimar esse espírito é o Perseu, eu não sou forte, eu sou covarde.

—Você não é covarde! – Estela disse sentida. – Você fez algo incomum, simplesmente pensou rápido. Foi muito corajoso.

—Não. Se eu fosse corajoso eu teria morrido no lugar do tio Estevão, aquele cara queria a mim, se eu tivesse...

—Ele te protegeu... – Elisa disse emocionada, pela primeira vez, ele não achou a voz dela enjoativa. – E agora você nos protegeu, tem protegido a gente a dias. Orion, isso é ser corajoso. – Ele respirou fundo.

—Quem me dera ser corajoso... Quem me dera...

Perseu e William chegaram em Calasir perto da hora do almoço, usaram o poder de Musphee para chegarem o mais rápido o possível, ele fechou o portal corretamente e minuciosamente depois que atravessaram, o clima triste estava no ambiente, ambos usavam preto, mas notaram que havia um silêncio no castelo, como se não houvesse ninguém ali, não um silêncio de luto, era vazio.

—Quanto tempo passamos fora? Esse lugar parece abandonado... – Eles entraram no castelo chamando por Orion, Estela, alguém, não houve uma resposta, logo o pânico tomou conta de ambos, será que mais de uma pessoa atravessou o portal e matou a todos? O quarto de todos estavam trancados, exceto o de Evie, William abriu a porta e viu a garota dormindo, enquanto caminhavam pelo castelo esbarraram em Navi.

—Graças aos deuses vocês voltaram! Como estão? Como foi lá?

—Uma coisa de cada vez. – William perguntou. – Cadê todo mundo?

—Algumas coisas aconteceram, e saíram do controle hoje de manhã.  – Os dois morderam os lábios aflitos.

—E cadê eles?

—Estão em Dragoi. – Navi respondeu. – A garota está no estábulo tentando acordar o Gameon.

—Você tem que explicar o que aconteceu... – Perseu pediu.  

O almoço foi servido no solário, tudo estava sendo seguido como um retiro espiritual, após o desjejum, Estela seguiu com eles para o templo para orarem por proteção, Orion ficou pouco tempo, estava inquieto, Elisa já estava bem fraca, ele não sabia mais o que fazer ara desintoxicar a prima para fazer s futura rainha ser coroada com graça.  Ele estava em um pátio que dava para os portões quando de longe viu Gameon voando em direção a fortaleza, ele se levou assustado correndo atrás da tia, a puxou para fora, não queria assustar os outros; entretanto quando os guardas não impediram o Pégasus de aterrissar no templo Estela ficou preocupada, mas quem desceu dele foi o Rei de olhos azuis na qual, a Rainha começou a chorar, estava em partes aliviada, ele estava vivo, ele veio ajudar eles, foi quando ela foi em direção aos seus braços, ele a abraçou, a encaixou em seu peito e suspirou em seus cabelos.

—Eu sinto muito.  Minhas condolências, eu sinto muito pela sua dor. – Ela o abraçou com força. – Deve estar doendo demais, e sinto muito. Me perdoe. Não devia ter entrado no seu caminho... – Perseu limpou as lágrimas que escorriam das bochechas de Estela e deixou sua cabeça descansar em sua cabeça.

—Obrigada Rei Perseu...

—Estão todos bem? – Orion correu e abraçou o tio soluçando. – Obrigada pela coragem. Eu sinto muito.

—Como está meu pai? E minha mãe?

—Seu pai está bem, voltou comigo; entretanto sua mãe está ferida. – Ele respirou fundo. – Mas, estão cuidando dela, então, não se preocupe, ela vai ficar bem para brigar com você logo, logo. – Ele concordou. – Orion, eu vou precisar muito da sua ajuda. Da sua coragem, sei que você já se mostrou corajoso, mas, agora você vai ter que se mostrar mais.

—Como assim? – Ele se sentou no chão e Orion o acompanhou, era sério.

—Estou te dando permissão para acessar o universo do espelho da memória. – Orion se tremeu. Permissão? – Colocar Eveline lá dentro e passar as memórias de Éfellya para ela presenciar.

—Eu não...

—Sei que você pode fazer isso. – O garoto inclinou a cabeça.

—Mas, eu não tenho as memórias...

—Eu tenho, mas, só você pode fazer. – Orion mordeu os lábios.

—Não quero invocar ela... – Perseu passou a mão nos cabelos, queria mostrar que se importava com o bem estar do sobrinho.

—Orion, eu nunca pediria isso se eu não soubesse que você seria capaz de fazer, eu nunca te colocaria em perigo. – Ele engoliu em seco. – Entenda que você não vai estar em perigo, não tem como invocar ela, não pessoalmente. – Ele esfregou as mãos. – O que te aflige?

—E se não funcionar? O que acontece com ela? – Perseu fechou os olhos, tinha que funcionar, iria funcionar, ele tinha certeza disso.

—Nós sabemos o que acontece... – Ele fechou os olhos e concordou. – O medo é o nosso inimigo, para fazer isso não podemos ter medo. – Perseu levantou o rosto do menino. – Só temos isso para ajudá-la.  – Perseu segurou na mão do sobrinho. – Mas, você tem que ir na frente e sozinho.

—(...)

—Temos um plano. – Ele entregou uma adaga para ele. – Se tudo correr bem, em dois dias você pode tirar ela de lá.

—Dois dias? – Era muito tempo, Perseu concordou. – E não será prejudicial?

—Mentalmente talvez, mas, as coisas estão no limite.

*

O plano era aparentemente fácil, Eveline estava furiosa com Orion porque ele retirou todo mundo da mesa de desjejum em pânico, ninguém ficou para comer, nem o atual ou futuro Conselheiro ou outras pessoas comeram sua comida envenenada, ela tentou ser amigável com William, que apenas conversou para distrai-la para que Perseu pudesse trazer Orion, depois que ela deu por falta de  Gameon e foi para o estabulo, ele usou a chave reserva do filho para jogar o liquido que Perseu lhe deu no espelho,  em seguida ele se trancou no seu quarto e esperou. As primeiras horas da tarde já davam as caras quando o primo apareceu, no momento que ele viu a garota seu corpo se arrepiou, as pontas de seus cabelos estavam pretas, ele não esperou o Pégasus pousar, pulou com tudo e saiu correndo, na qual ela começou a correr atrás dele, ela tinha uma espada nas mãos, a espada de Estevão estava empunhada com fúria.

—Você é um traidor, era pra você estar do meu lado!

—Eu estava do seu lado. Até eu não conseguir mais!

—Qual é Orion, você é forte, poderoso, mais ainda é um covarde. – Ela berrou. – Como seu pai.

—Ainda bem. – Ele riu correndo mais rápido, foi quando ela jogou algo na direção dele, o garoto desviou, era uma faca, ele precisava se manter firme, mesmo cansado, ele destrancou a porta do quarto com dificuldade e entrou, sabia que sua prima estava perto demais. Ele tentou fechar a porta mais ela chutou com tudo.   

—Orion seu desgraçado, cadê você? – O quarto estava escuro, mesmo que fosse dia; ela entrou no quarto com calma, viu o garoto entrar no quarto desesperado, estava machucado, ela iria ferir ele primeiro, depois iria atrás da sua coroa; mas, foram questões de segundos, para ela sentir um chute nas costas e seu corpo ser tomado por uma sensação semelhante a entrar em Pardóx, porém, era mais pegajoso.

~

Evie caiu em um deserto de areia vermelha, olhou em volta, não estava em Calasir, estava observando o local, quando de repente alguém a puxou para ficar em pé. Era um rosto desconhecido, ela usava uma roupa rosa, e havia mais seis pessoas ao seu lado. Um deles estava em pânico.

—Fica em silêncio Pômene. – Foi quando uma mulher de longos cabelos negros, olhos verdes escuros, com uma roupa rosa cheia de sangue e uma coroa de Safiras cor de rosa surgiu, Evie ficou obcecada, a mulher era forte. – Como foi Majestade? – Perguntou, foi quando a Rainha jogou oito cabeças decapitadas aos pés deles, ela foi pega de surpresa, eram cabeças de bebês.

—Os Rubis verdes não terão Herdeiros. – A Rainha falou e estralou os dedos. – Fogo, desmembramento e decapitação dos moradores do país.

—Mas, Rainha, não precisamos...

—Calado Dionio! – Ela berrou avançando contra seu rosto. – É uma ordem, vou dizimar esse país mesmo, façam a parte de vocês.  Ninguém ameaça o meu trono, nem minha coroa, ou minha pedra, ninguém ameaça as Safiras. – Ela deu um sorriso maquiavélico, Evie quis concordar, mas, os demais pareciam assustados demais para mostrar a mesma empolgação.

Foi divertido para ela decapitar alguns homens, não teve problemas com algumas mulheres e crianças que tentavam ser salvadores, ninguém poderia ameaçar uma Rainha ela dava a razão para a Rainha por isso, mas, ela não tocou nos recém-nascidos, saberia que eles não iriam sobreviver por muito tempo, quando se afastou do que parecia ser um berçário, ouviu o grito da Rainha quando viu quantos bebês ainda estavam vivos, ela não conseguiu dizer uma palavra, apenas viu o fogo consumindo o local, ela estava furiosa. Após entrarem em todas as casas do Reino cada um subiu em seu grifo, e a última imagem que ela viu do país era que o fogo tomou o local, nenhuma plantação restaria, inúmeros animais estavam morrendo, ela ficou com dó pelos animais, mas, entendia que eles não sobreviveriam sem seus donos, era apenas um destino, e isso seguiu por mais sete Reinos diferentes, mais, as abordagens eram diferentes, depois do quinto local, ela notou que todos se rendiam, ninguém se colocava contra ela, estavam dispostos a fazer o que ela quisesse, entregavam tesouros e prometiam nunca se virar contra ela, mas o final era sempre o mesmo, primeiro a morte dos Reis, depois dos Herdeiros e quem ameaçasse seu trono, seguido dos súditos que gritavam misericórdia e uma chance de escravidão, mas, pediam que poupasse suas vidas, a Rainha sorria, concordava para depois estar envenenando eles ou desmembrando-os, no décimo Reino que começou a abordagem, o Rei das Azuritas entregou sua coroa, se ajoelhou perante a Rainha, era uma rendição, por Evie eles poderiam passar por aquele Reino, o único problema foi que quando o Rei pediu apenas para retirar a família e se mudarem para outro Reino, ela ordenou que seus Guardiões matassem todos, os gritos de horror que se seguiram deixou o Pômene imóvel, e foi naquele instante que a Rainha colocou as mãos em sua cabeça e arrancou do corpo com fúria. Todos ficaram imóveis, mas, se não quisessem terem o mesmo destino, deviam seguir as ordens dela. Sempre matar os habitantes, ás vezes capturavam alguns moradores para que a Rainha pudesse tortura-los, ou usa-los como bem quiser e o Reino acabava em cinzas. Nessa caminhada, dos sete Guardiões três foram mortos pela Rainha, não era mais lealdade, era apenas sobrevivência e medo. Não estava mais divertido, foram anos, ela não sabia dizer quantos anos eram, mas, era mais do que alguns dias. Todos estavam assustados e cansados, choravam e rezavam para ficarem vivos, pois, não tinham mais família ou apoio, a Rainha destruiu Saphiral e matou seus súditos, era cruel e irracional.

O ponto alto foi quando estiveram no Reino dos Rubis Negros, o Rei era casado, tinha nove filhos, a Rainha era bem tranquila, mas, o que deixou tudo mais divertido foi o fato de que o primogênito pediu negou ser o próximo na linha de sucessão, deixando para sua irmã, como ela queria que Eilon tivesse essa mentalidade; foi quando as coisas saíram do controle. A Rainha acabou envenenando a esposa daquele Rei que morreu enquanto dava a luz; foi quando ela cortou o rosto do recém-nascido no mesmo lado que ela cortou Orion; ela disse que aquele lado da cicatriz matou a Rainha e todos que tivessem a cicatriz do lado esquerdo deveriam morrer, porque eram amaldiçoados.
Foi quando começou a maior carnificina de Ruphinegré, todos naquele Reino nasciam com uma cicatriz branca e imperceptível, no rosto, mas, a realeza tinha cicatriz nos dois lados, o que dava o poder para ambos, mas, agora, quem tinha a cicatriz do lado direito tinha que caçar e matar quem tinha a cicatriz do lado esquerdo, os Guardiões não aguentavam mais, e com a nova aliança com o Rei dos Rubis Negros e menos Guardiões, mais 50 Reinos foram reduzidos a cinzas, e quando aquele Rei não lhe era mais útil, ela o empalou em praça pública, o que causou uma revolta no Reino, em defesa ela destruiu grande parte do Reino, levando a morte de outro Guardião seu, restando apenas três Guardiões, Evie estava representando um dos três Guardiões e pode ver o surto da Rainha quando descobriu que estava grávida, ela tentou inúmeras vezes matar os filhos, mas a outra guardiã impedia, quando perguntaram porque ela tinha que deixar a criatura daquele monstro nascer ela sorriu.

—Será nossa esperança e salvação.

—A criança pode ser um receptáculo dela, e vai ser pior.

—Nós mataremos se for igual a ela, eu não me importo da dinastia das Safiras acabar por aqui.

 Evie observava, foi quando ela percebeu que era a mãe de Perseu e Auterpe, que quase foram mortos por ela várias vezes, incluindo pelos dois outros Guardiões, nesse momento Evie apenas assistia, chegou ao ponto de até os Guardiões restantes tentarem matar eles. Mesmo que com apenas dois anos, Perseu conseguiu prender aquela criatura em dois recipientes, de ouro e marfim, aquela coisa nunca poderia renascer novamente, e por muitos anos, depois de coroado tentavam matar os gêmeos, Evie colocou a mão no peito, não era culpa deles; entretanto, ela estava tomando o mesmo rumo, inconscientemente ou conscientemente. Via que Perseu tentou se matar tantas vezes porque ele não queria aquele peso, mas, sempre tinha uma Guardiã para salva-lo. Ela confiava nele, e cada batalha horrível, cada ameaça, era um lembrete, ele não precisava passar por aquilo se sua mãe tivesse sido boa. Ele estava sempre sozinho, principalmente quando Auterpe se mudou, ninguém confiava nele, Evie colocou a mão no pescoço o sentiu queimar, tocou em seus cabelos, que estavam pretos, como daquela criatura, foi quando ela sentiu o corpo queimar, sentia a dor, se contorcia para tentar fugir, mas, quando correu, foi enforcada, se sentia sendo cortada, sentia dores, foi quando seu pescoço quebrou, ela estava morta.

Evie levantou em um suspiro. Estava em sua cama, olhou para seu corpo, haviam marcas de queimaduras, de cortes, ela estava assustada, ela estava em pânico, foi quando ela ficou em dúvida do que fazer a seguir. A porta do seu quarto e da varanda estavam trancadas, tudo estava em silêncio, ela estava sozinha e sentia seu corpo queimar sempre eu fechava os olhos.
Orion a manteve no espelho por dois dias e meio, no segundo dia, Estela retornou com os filhos para a fortaleza, mas, Perseu trancou as portas. Ela iria precisar se recuperar, seu corpo iria sofrer por uns dias, todas as almas que Éfellya matou estavam buscando vingança, e quando acharam algo parecido com o receptáculo agarraram a torturam, Perseu sabia que doía, foi assim com ele, foi assim com Auterpe, foi assim com Orion, e agora infelizmente foi assim com Artemisa, ele não queria optar por matar a filha, mas, teria que fazer isso para manter a paz nos dois lados para sempre.


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Notas finais do capítulo

~♥Beijos da Autora♥~



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