O Crime não Compensa escrita por Lilacyen


Capítulo 1
Capítulo 1 - Prólogo




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O sol estava prestes a se pôr na movimentada cidade de Irieton, pintando o céu de tons laranja e vermelho enquanto os últimos raios de luz dourada lançavam reflexos brilhantes nos prédios altos e nas ruas lotadas. A cidade fervilhava com a agitação urbana, com carros buzinando, pedestres apressados e um ar de urgência que pairava no ar.

No coração da cidade agitada, escondido em uma rua lateral, estava a Cafeteria Singular. Era um lugar pequeno, com mesas de madeira desgastada e um aroma persistente de café fresco. A cafeteria possuía uma fachada discreta, com uma única porta de madeira envelhecida que rangia levemente quando alguém entrava. Tinha, também, um pequeno letreiro de ferro forjado que pendia acima da porta, com o nome da cafeteria escrito elegantemente em letras douradas. Uma luminária com vitrais coloridos lançava uma luz suave sobre o espaço. Mas apesar da aparência, os visitantes eram recebidos por uma atmosfera acolhedora e calorosa.

No balcão de madeira polida, uma máquina de café antiga cintilava, emitindo aromas tentadores que preenchiam todo o espaço. O barista, um homem com um avental de linho branco, trabalhava com precisão e paixão, transformando grãos de café em obras-primas líquidas.

Nas prateleiras de madeira, uma seleção de doces e bolos caseiros aguardava os clientes, incluindo tortas de frutas de aspecto tentador e fatias generosas de bolo de chocolate, que provocavam os sentidos com seu aroma irresistível.

Um piano antigo ficava no canto, pronto para ser tocado por qualquer pessoa com talento musical. Era comum ouvir notas suaves e melodias cativantes ecoando pelo café, criando uma trilha sonora única para a experiência dos clientes.

Maxwell Turner, com seus trinta e cinco anos, era um homem de estatura média, cabelos desgrenhados e um sorriso cínico. Vestia uma jaqueta de couro surrada e tinha um ar de quem já vira de tudo na vida. Seu rosto era uma coleção de cicatrizes e rugas que contavam histórias de inúmeras aventuras e desventuras ao longo dos anos. Seu olhar, profundo e penetrante, parecia sempre absorver o mundo ao seu redor, como se estivesse constantemente em busca de algo que a maioria das pessoas nunca notaria. Seus olhos, um tom intenso de verde, transmitiam uma mistura complexa de sabedoria, cinismo e uma pitada de humor irônico. Max tinha um sorriso cínico que raramente se desfazia. E foi com aquele sorriso, que ele cumprimentou Lara, a gentil  atendente do café.

— Olá Lara! O de sempre, por favor.

                Café preto bem forte, com dois cubos de açúcar. Era o que Maxwell sempre pedia, “de amarga já bastava a vida”, ele dizia.

Lara se aproximou com a bandeja contendo sua xícara de café. Ela possuía um ar divertido. Na mesma bandeja, tinha um novo prato de bolo de chocolate. Ela pousou a xícara de café sobre a mesa, e falou:

— Max, temos uma surpresa especial hoje. Eu fiz um novo bolo de chocolate, e eu garanto que este é... bem, pelo menos, não é tão 'incrível' como o último.

Ainda bem que ele conseguia entender, realmente, a ironia em sua frase.

— Isso é reconfortante. Vou dar uma chance a este novo 'não tão incrível' bolo de chocolate.

Ele pegou o garfo e deu uma mordida no bolo. Seus olhos se arregalaram ligeiramente, mas ele segurou a surpresa e piscou para Lara.

— Sabe, este 'não tão incrível' bolo na verdade é... Impressionantemente melhor do que o último. – ele disse, ainda mastigando.

Lara riu e agradeceu. Enquanto eles compartilhavam uma risada, Max notou alguém do outro lado do café.

Tina Rodriguez estava sentada em uma mesa, olhando para seu laptop com concentração. Seus dedos ágeis dançavam pelo teclado enquanto ela trabalhava em alguma tarefa misteriosa. Max ficou intrigado e não pôde deixar de observá-la por um momento.

— Sabe, Lara, eu acho que temos uma nova adição interessante aqui no Café Singular.

Lara seguiu o olhar de Max e sorriu.

— Ah, você está falando da senhora do laptop? Ela tem aparecido aqui algumas vezes ultimamente. Dizem que faz trabalhos sigilosos e é muito talentosa.

— Que tipo de trabalhos sigilosos? – Max indagou, subitamente interessado.

— Ninguém ainda conseguiu descobrir.

Com essas palavras, Lara se afastou da mesa, deixando que o homem, intrigado, ainda olhando para Tina, finalizasse o seu café.

Do outro lado, Tina Rodriguez continuava absorta em suas próprias tarefas. A mulher de 28 anos possuía uma aparência discreta que mascarava sua inteligência afiada e seu talento para a tecnologia. Seus cabelos escuros caíam em ondas sobre os ombros, e ela usava óculos que muitas vezes deslizavam pelo nariz enquanto estava concentrada em seus dispositivos eletrônicos.

Naquele dia, Max e Tina estavam sentados em mesas opostas no Café Singular.  Ele estava prestes a ir até a mesa de Tina para iniciar uma conversa quando seu telefone vibrou em seu bolso. Ele pegou o aparelho. Número desconhecido. Então, ele atendeu o telefone e levou-o ao ouvido:

— Temos um trabalho para você. Uma mansão. Um magnata. E um pagamento generoso. – disse uma voz distorcida e rouca, do outro lado da linha.

— Me passem o endereço, vou fazer o serviço.

A pessoa do outro lado da linha, forneceu à Max as informações necessárias sobre a mansão e o magnata, antes de desligar abruptamente. Max encarou o telefone por um momento, sua expressão permanecendo impassível, pois ele sabia que esse era apenas mais um trabalho em sua lista interminável.

Tina, do outro lado do café, continuou absorta em seus afazeres, alheia ao que estava acontecendo. A oportunidade de diálogo que Max havia planejado estava escorregando por seus dedos, mas ele não podia se dar ao luxo de hesitar.

Max rapidamente se levantou da mesa, deixando algum dinheiro no prato para pagar pelo café e o bolo, ajustou a jaqueta de couro surrada, e se afastou de Tina e do Café. Ele tinha uma tarefa a cumprir, uma tarefa que era simplesmente parte de seu trabalho. Com determinação, ele saiu apressado do café, pronto para se preparar para executar o serviço que lhe fora atribuído.


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