Home II escrita por llRize San


Capítulo 20
Sobrevivência




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Sentado no pátio da prisão, Innie contemplava o céu azul e observava os pássaros em seus voos intermitentes, aproveitando o horário designado para a prática de esportes, mesmo que não tivesse se acostumado ainda com esse tal de "basquete".

Innie encontrava-se na prisão injustamente, ocupando o lugar de I.N, sendo acusado de crimes cibernéticos. Ninguém imaginaria que o renomado hacker I.N pudesse ser associado a uma personalidade tão adorável, caracterizada pela meiguice, fofura, amorosidade, carinho e simpatia, tornava-o alguém cativante, naturalmente atraindo a proteção de todos ao seu redor. Como um verdadeiro "felino", Innie adaptava-se rapidamente e demonstrava uma incrível habilidade para sobreviver em qualquer situação.

Innie, um pirata oriundo de Amicitia e híbrido de felino, costumava viver pelos sete mares saqueando outros piratas desavisados. Contudo, sua jornada o trouxe ao nosso mundo, onde acabou sendo capturado e enviado para a prisão. Durante o tempo que passou na cadeia, ele compreendeu perfeitamente como as coisas funcionavam, e para sua surpresa, não ficou intimidado; na verdade, considerava o ambiente prisional bastante confortável. Afinal, Innie já havia vivido por anos na temida cidade de Distrito Nove, localizada próxima ao deserto de Harenae em Amicitia. Essa cidade era infame por seus crimes, roubos e contratos nada convencionais, atraindo os piores tipos de pessoas. Innie estava bem habituado a esse cenário, além de passar muito tempo na ilha pirata de Furantur. Lidar com valentões, ladrões e assassinos era uma rotina com a qual ele estava familiarizado em seu dia a dia.

Ninguém conseguia compreender como aquele jovem de aparência tão meiga e pura poderia encontrar-se em um ambiente tão degradante e perigoso. Apesar de Innie ter sido injustamente preso, sua inocência estava longe de ser absoluta; talvez ele tivesse cometido mais crimes do que todos aqueles homens juntos.

No dia em que Innie chegou, foi submetido a uma revista e obrigado a vestir um desagradável macacão amarelo. No entanto, ele não demonstrou grande preocupação com isso. Ao ser conduzido até sua cela, os outros detentos se ergueram de suas camas, encarando-o com expressões nada amistosas enquanto percorria o corredor sob escolta.

— Olá meus amigos! — Disse Innie animado, sendo completamente ignorado. 

Os homens observavam Innie de cima a baixo. Um deles se aproximou, examinando-o minuciosamente e até mesmo tocando seus cabelos.

— Qual o seu nome, novato? 

— Jeongin, e você, meu nobre senhor, como se chama? 

— Dak-ho, mas você pode me chamar de daddy.

— Daddy? O que é isso? 

— É a forma como você vai me chamar a partir de agora.

Innie não entendia o significado daquela estranha palavra, mas entendia de maldade humana e sabia exatamente o que o homem queria.

— Está bem, então… daddy — Innie sorriu, tentando parecer meigo.

No dia seguinte, durante o almoço no refeitório, enquanto saboreava sua refeição animadamente, um rapaz moreno, alto e robusto aproximou-se e sentou-se à sua frente.

— Você é o Jeongin? O novato que todos estão comentando? — perguntou o rapaz.

Innie olhou surpreso, sem ter ideia de que já havia se tornado tão famoso na prisão.

— Sim, sou eu mesmo. Por que perguntas, meu nobre senhor? — Innie sorriu fingindo inocência. A julgar pela forma que o homem o olhava, entendeu se tratar de outro ser desprezível. 

— Todos aqui me chamam de Chul, me chame como quiser, Jeongin. Vim até aqui porque estou interessado em você, se for só meu, posso protegê-lo.

Innie curvou os cantos da boca para baixo, deixando seus olhos lacrimejarem e sua expressão adquirir uma tristeza palpável. Ele era um excelente ator.

— Eu me afeiçoei a ti desde a primeira vez em que te vi, és um homem viril e belo — Innie o olhou com uma expressão tão triste e ao mesmo tempo tão meiga, que era impossível não cair em seu joguinho — O problema é que… — Innie fez uma pausa dramática e olhou para o chão.

— Qual é o problema? — O homem já estava envolvido naquela teia invisível. 

— Conheces o nobre senhor Dak-ho?

— Sim, conheço, ele comanda a outra metade desse presídio. O que tem ele? 

— Ele é um bondoso homem que reside junto a mim em meus aposentos. Apesar de sua enorme generosidade, ele tomou posse de mim e agora não posso fugir dele… a não ser que me salvas, não poderei ser seu, pois, pertenço a Dak-ho. 

Innie possuía uma habilidade notável para manipular as pessoas, como se essa fosse sua própria capacidade especial. O homem, convencido, o encarou, pois já havia tomado sua decisão.

— Não se preocupe com isso, você será meu. Ninguém irá me impedir. 

— És o mais forte desse reino, sei que conseguirá... se bem que…

— Se bem que o que? — Perguntou o homem, curioso.  

— Dak-ho disse-me que ninguém pode ir contra ele, que não há homem mais forte que ele nesses pátios. Temo por sua vida, Senhor Chul.

O homem riu, sentindo-se desafiado.

— Ele disse que é o mais forte? 

— Sim, ele disse.

— Não se preocupe, novato, resolverei isso essa noite. Você será meu depois que eu me livrar de Dak-ho.

— Serei seu com o maior prazer... meu nobre guerreiro. 

O homem se retirou apressadamente em direção à sua cela, maquinando uma estratégia para confrontar Dak-ho. Innie deu de ombros e retomou sua refeição, apreciando um prato de peixe, seu favorito.

Ao retornar à sua cela, deitou-se na cama, ainda sem a chegada de ninguém. Decidiu então forjar um choro falso, permitindo que lágrimas caíssem abundantemente. Quando Dak-ho finalmente adentrou o quarto, encontrou Innie em meio a um pranto aparentemente genuíno.

— O que houve, Jeongin? 

— O homem chamado Chul, estás a querer tomar posse de mim, mesmo eu dizendo que sou inteiramente fiel a ti, meu senhor — Innie soluçava de tanto chorar. 

— Ele fez algo com você? 

— Não, ainda não, mas fará muito em breve.

— Não vou permitir que isso aconteça! Aquele cuzão não tem que mexer nas minhas coisas.

O homem saiu enfurecido. Innie, ao limpar as lágrimas, soltou uma risada maldosa. Estava incrédulo com o quão tolos eram os humanos daquele mundo em comparação com os de Amicitia.

No dia seguinte, Innie despertou com um barulho ensurdecedor, indicando que os guardas estavam conduzindo uma inspeção nas celas. Innie tentou obter informações sobre o que estava acontecendo, mas recebeu apenas respostas ríspidas.

Após a conclusão da inspeção, desceu para o refeitório a fim de tomar seu café da manhã. Percebeu que o clima estava tenso e estranho, como se algo grave tivesse ocorrido naquela manhã.

— Aconteceu algo? — Perguntou Innie para o rapaz ao seu lado.

— Não ficou sabendo? Houve duas mortes nesta madrugada.

— Quem morreu? — Innie arregalou os olhos, mas já sabia a resposta.

— Dak-ho e Chul.

— Que triste, como eles morreram?  

— Todos sabem que eles sempre se estranharam, tinham suas desavenças. Inclusive já houve muitas mortes dos membros dos dois lados. Ao que me parece foi mais uma das tantas brigas que eles tinham por poder.

— Lamentável, muito triste. Pobres almas desses senhores bondosos — Disse Innie, porém, seus pensamentos eram de que já tinha resolvido um problema ali sem nem precisar se esforçar. 

À medida que os dias se desenrolavam, Innie aprimorava seu entendimento sobre o contrabando de facas, drogas e celulares dentro da prisão. Consciente do ambiente perigoso ao seu redor, ele cuidadosamente providenciou facas e as escondeu em suas roupas, preparado para qualquer eventualidade que pudesse surgir no futuro.

Enquanto Innie contemplava o céu azul, deitado nas arquibancadas da quadra do presídio, dois carcereiros se aproximaram, projetando sombra sobre ele. Innie os observou com uma expressão intrigada.

— Vamos! — Disse um deles.

— Pra onde? — Innie se levantou. 

— Você será transferido.

— Transferido? 

— Sim! Vamos. Não tenho o dia inteiro!

Innie foi conduzido até um ônibus, cujas laterais ostentavam grades fortemente reforçadas. Ele não compreendia completamente o que estava prestes a acontecer, mas não sentia nervosismo ou medo; apenas uma curiosidade intrínseca, ponderando sobre como lidaria com os próximos detentos que se autodenominavam "donos" do presídio.

A viagem era longa, horas se passavam dentro daquele ônibus. Innie observava a paisagem do lado de fora, percebendo que estavam em um deserto, onde apenas uma pista se estendia infinitamente, ladeada por vastos campos áridos que alcançavam o horizonte.

Subitamente, o ônibus parou. Innie levantou a cabeça, curioso, com as mãos algemadas. Um dos carcereiros abriu a porta de acesso aos passageiros e dirigiu-se a Innie dali mesmo.

— Tem um acidente de carro logo à frente que está impossibilitando o caminho. Vamos retirar o carro e…

O carcereiro foi surpreendido por um golpe na cabeça; um rapaz encapuzado, com o rosto oculto por uma máscara, desferiu uma coronhada com a arma contra ele. Innie olhou surpreso para o misterioso rapaz.

— Quem és tu? — Perguntou Innie. 

O rapaz o ignorou e pegou as chaves com o policial desmaiado, então abriu as algemas de Innie. 

— Agradeço sua ajuda, mas por que estás a fazer isso? 

— Porque somos amigos — Disse o rapaz tirando o capuz e a máscara. Innie deu um pulo para abraçá-lo. 

— TAEHYUNG!


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Notas finais do capítulo

Innie sobrevivendo na cadeia sem fazer o mínimo esforço kkkkkkkkkk

Conseguiram resgatar o Innie. O que será que vem agora?



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