Mestre do Poço dos Desejos escrita por Sorima


Capítulo 7
Pedro


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Depois que vi Bianca se abraçando à árvore do outro lado e abrindo o berreiro finalmente respirei aliviado. Quase tinha me lançado na ponte quando vi sua expressão assustada quando olhou para mim. Mas ela tinha conseguido superar seu medo de cair e chegou sã e salva do outro lado.

Olhei para meu bastão de fazer trilha, não daria para atravessar com ele na mão, então amarrei ele a minha mochila com uma cordinha que eu deixava ali para essas situações e segui o caminho de Bianca sem nenhum incidente.

Ela ainda soluçava quando cheguei nela, o rosto todo vermelho e tremendo. Soltei ela o mais gentilmente que pude da árvore e apoiei ela até que se sentasse no chão onde ela ficou por mais alguns minutos até que se recuperasse.

— Você pode me abraçar? – ela pediu parecendo cansada.

Desamarrei meu bastão da mochila e sentei do lado dela passando meu braço sobre o seu ombro. Fiquei ali até que a respiração dela tranquilizasse e ela parasse de tremer. Ela limpou o rosto com as costas da mão e, por falta de opção melhor, limpou o ranho na bainha da camisa que vestia.

— Eu pareço uma criança chorando assim – ela falou começando a se ajeitar para levantar.

— Não tem problema – a tranquilizei – pouca gente encara o que assusta de verdade, e você foi muito bem.

Ela fungou me encarando com os olhos vermelhos.

— Minha namorada discorda de você, ela me acha uma pessoa mimada.

Então ignora uma namorada dessas, eu quis dizer, mas preferi me abster. Era escolha dela no fim das contas.

— A quanto tempo vocês namoram? – perguntei me levantando.

— Desde o Ensino Médio, uns 4 anos, acho.

— Bastante tempo, uma faculdade.

Ela riu.

— Vamos seguir em frente? Acho que a gente consegue almoçar lá – ela falou se alongando.

— Talvez – concordei.

A gruta que a gente deveria atravessar não era muito longe dali segundo o mapa. Meu bastão poderia ser útil nessa hora. Seguimos na direção que o mapa apontava que era a entrada, realmente não estávamos nem a meia hora de caminhada dali.

Pegamos as lanternas nas mochilas e olhamos para o breu que havia ali dentro. Torcendo para que não tivesse nenhum animal selvagem, entramos.

— Fique por perto para não se perder – avisei a minha parceira de jornada.

— Sim, senhor.

No começo, foi tranquilo, desconsiderando que tinha rocha para todo lado e que a entrada desapareceu depois da primeira curva... Estávamos indo bem com o auxílio das lanternas.

Uma curiosidade de entrar em uma gruta, quanto mais estreito ficava o nosso caminho mais os sons ficavam abafados, menos o da respiração, já que o ar que você respira parece ficar mais denso e logo nos encontrávamos ofegantes andando em fila indiana. Virava e mexia víamos aranhas andando no chão e nas paredes, aranhas que preferíamos deixar quietas no canto delas.

Será que faltava muito? Eu nunca tinha me considerado claustrofóbico, mas começava a repensar a possibilidade. Ao menos não tínhamos encontrado fezes de animais pelo caminho que seguíamos, já que haviam outros menores ou muito estreitos pelo caminho. 

Parei um instante para respirar fundo algumas vezes, me sentindo tonto.

— Tudo bem aí? – Bianca perguntou com a respiração pesada.

— Parece que está faltando oxigênio...

Tentei suprir o sentimento de falta de ar imediato que me deu ao proferir aquelas palavras. Senti meu olho ardendo e passei a mão só para notar que era suor. Como eu podia estar suando tanto ali dentro?

Cacei minha garrafa d’água, era melhor me hidratar antes que desmaiasse ali.

— Vamos, estamos quase lá – Bianca me chamou.

Como ela podia saber disso? Preferi não discutir e apenas a segui. Estava demorando uma eternidade até que escutei um som fino. Segurei o braço de Bianca para que ela parasse e ouvi com atenção. Não ouvi o som de novo, mas Bianca apontou para o chão onde vi pequenas fezes.

Fiquei surpreso, não esperava que tivessem morcegos naquela gruta, ou pelo menos naquela parte do país. Bianca me puxou, tinha uma expressão animada. Se aproximando da minha orelha ela falou:

— Devemos estar perto da saída.

Sim, ela tinha razão. Concordei animado, desesperado para me ver ao ar livre. De fato, não demorou muito para que eu notasse que estava ficando mais fácil de respirar e a pressão nos ouvidos parecia estar começando a sumir, além dos meus ouvidos começarem a captar outros sons.

Semicerrei os olhos quando achamos a saída, a luz que vinha de fora tinha ficado muito forte agora.

— Nossa! Acho que fiquei cega com essa – Bianca falou surpresa fechando os olhos com força.

Desliguei a lanterna e deixei meu olho se acostumar aos poucos com a claridade agora excessiva do sol. Logo nos dois já conseguíamos manter o olho aberto desde que não olhássemos para a saída.

— Acho que se ficarmos lá fora agora vai funcionar melhor – Bianca disse.

— Então vamos lá!

Não deu outra. Por mais que a luz nos tivesse feito voltar a fechar os olhos, rapidamente tornamos a conseguir ver, mesmo que estivesse tudo borrado.

— Que estranho... – comentei.

— Finalmente vocês chegaram aqui! Achei que vocês não se mostrariam merecedores.

A voz forte de um homem se fez ouvir.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo programado par lançar dia 25/01/2024



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