O tempo frio não me assustava, nem o vento zunindo ou a neve caindo, fazendo que a minha família ficasse feliz, não por ver neve, mas por estar frio.

Elas odiavam calor e sempre reclamavam quando o verão chegava, era como se estivéssemos em um inferno particular e nem poderia beber meu chazinho ou chocolate quente.

Doces? Nem pensar, não queria morrer no banheiro.

Parece que estou no paraíso e isso poderia ser pelo amor sem limites que recebia dia e noite, ou pelos amigos que fiz nesse lugar.

Provavelmente os dois...

— Ainda não entendi muito bem como o Tom ganhou tão rápido. - Soprei o vapor do chá, enquanto observava as flores da estufa, algumas nem mesmo sabia o nome.

Contudo, Narcisa e Destiny estavam contando como eram a vida de casada com crianças em casa, algo que não iríamos ver acontecer nessa mansão.

Destiny era uma pessoa alegre e amava seu marido, – Rabastan –, com todo o seu ser, infelizmente ela passou por muita coisa e mesmo assim, conseguiu vencer essas barreiras.

Narcisa era exatamente como livro a descrevia, cabelos loiros e de um olhar sábio de mãe.

Ela era feliz com sua família e a vida como a senhora Malfoy apenas a fez se tornar ainda mais adorável.

Infelizmente a Bella não pôde estar conosco, mas ela me visitava algumas vezes, tentando entender como era o mundo em que vivi e isso me surpreendeu, já que não poderia imaginar que ela seria tão interessante.

Bom, ainda não havia conhecido a esposa do Regulus, mas sei que quando ela voltasse da Rússia iria me visitar.

— Acho que se deve pelo motivo que quando o Sev contou que você se foi, ele foi atrás do Dumbledore. - A cacheada sorriu.

— Aquele velho morreu mesmo? - Concordaram. _ Queria ter visto, odeio aquele idiota. - Riram. _ E a família Potter?

— Eles desistiram da guerra, já que a Lily está grávida. - Cisa suspirou. _ Eles não queriam desistir, mas o mestre contou que o menino Potter iria morrer e com isso... - Parou de falar, já dava para entender.

Tom venceu a guerra com palavras e não com uma chacina, mesmo que ele quisesse, todos desistiram quando Dumbledore se foi.

Bom, alguns tinham a esperança de que o menino predestinado lutasse realmente por eles e salvasse o mundo, mas os pais dos dois, Neville e Harry, não queriam colocar seus filhos em perigo.

Eles eram inteligentes e sabiam que com a queda de Dumbledore, mesmo que toda a Ordem da Fênix se juntasse, eles não iriam vencer.

Ainda mais que eles não tinham a mínima ideia das Horcrux e Regulus não traiu o seu senhor, ninguém traiu seu mestre.

Entretanto, quando as crianças crescerem e quiserem guerra, tenho mais uma oportunidade de ajudar o Tom e o farei que vença novamente.

— E o Sev? Já tem algum tempo que não o vejo. - A fumaça ondulava pelo ar, fazendo que minhas palavras fossem borrifadas de quentura.

— Está mais concentrado em ser professor, já que o mestre retirou a maldição do posto de DCAT. - Tinha me esquecido disso.

— Pelo menos ele pediu desculpas a Lily e será padrinho da criança. - A cacheada bebericou o chá. _ Acho que você foi uma benção em nossas vidas, nem sei como ficaria sem o Rabastan ao meu lado.

Não sabia como responder, já que elogios sempre me deixavam sem graça e pensava que não merecia tal tratamento.

Entretanto, críticas era algo que aceitava e ficava tão chateada, pensando que deveria ser melhor.

Acho que isso não mudou muito, mesmo mudando de mundo, mas tirarei esse traço de mim e serei melhor, porém, do meu jeito.

Antes que minhas palavras pudessem sair, as duas mulheres se levantaram e fizeram uma mesura.

Olhei para trás e vi o homem que virou meu marido em poucos dias.

Vovó ainda não podia acreditar que alguém poderia ser tão bonito e até mesmo Lufana me parabenizou por ter conseguido a pessoa que sempre fui louca.

Infelizmente ela não poderia ficar com o Draco e nem poderia ficar no futuro, mas o Severus era outro caso e queria ver como aquela garota tímida teria o ranzinza.

Talvez uma nova história nascesse em algum momento...

Apenas não queria que a titia matasse o coitado do Barty, ele era um amor e precisava de tanto carinho e... Merda, será?

— Senhoras. - Foi educado. _ Posso roubar minha esposa?

— Já estamos de saída, meu senhor. - Cisa foi simpática. _ Minha Lady, até algum dia. - Concordei e as vi saírem.

Levantei-me e fui até o homem de preto, o abraçando com toda a minha força.

— Por que está aqui? - Perguntei, mordendo seu queixo. _ Minha família fez alguma coisa? - Discordou. _ Então?

— Não posso ver minha esposa? - Suspirei e não falei. _ Quero levá-la para um lugar, bom, vários, na verdade.

— Quais lugares? - Beijou minha bochecha e sussurrou, quase me matando no processo.

— Hogwarts e Beco Diagonal.

Agarrei-me em seu corpo sem me importar se reagiria rapidamente para que não caíssemos no chão.

— Está tão feliz assim? Você me pediu...

— Mas nunca imaginei que você se lembraria. - Esse é um dos melhores dias da minha vida. _ Vamos, quero ir o mais cedo possível. - Concordou, mas não me deixou ir.

Porém, uma pergunta que não existia resposta na época saiu de sua boca.

— Não tive coragem de perguntar antes, porém, cadê o vira-tempo? - Seu hálito quente me fez tremer um pouco.

Suspirei e expliquei o que aquela mulher me falou, fazendo algumas considerações com base no que vivi nesse dia, mas que foram dias aqui.

Contudo, uma pergunta ainda ficava em minha cabeça e não tinha resposta para isso.

Por que não tinha as dimensões ou a data no vira-tempo? Era apenas para me trazer ansiedade, ou era para o Dumbledore saber que sua escolha de me tirar desse mundo foi sua pior decisão?

Bom, seja o que for, estando aqui, e ao seu lado, não me importava mais com essas coisas, apenas faria o que aquela mulher me falou.

Amaria Tom Riddle para sempre nessa realidade e esperava que as outras fizessem o mesmo.

— Bom, e foi isso que aconteceu. - Peguei seu braço e começamos a sair da estufa.

— E por causa disso, não comemoramos seu aniversário. - Dei de ombros.

— Podemos comemorar o seu. - Pisquei. _ E ano que vem podemos comemorar o meu. - Sorriu.

— Sim, podemos. - Beijou minha aliança.

Fim.