Uma Queda Inesquecível escrita por Pandinhakk


Capítulo 5
Capítulo cinco




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/810257/chapter/5

Observei a sala escura que continha potes com ingredientes estranhos, mas era melhor que ter cérebros ou pedaços humanos, como aquelas séries sobrenaturais.

Entretanto, seria interessante ter isso aqui, daria um ar mais sombrio a essa mansão, algo que percebi que não tinha.

Parei de observar a sala com pouca iluminação, apenas contendo algumas velas trêmulas pela nossa respiração, fazendo que esse lugar fosse misterioso (?)

— O meu senhor parece gostar realmente de você. - Contraio o dedo ao tentar tocar em uma planta exótica. _ Não parece que está a manipulando, como pensou. - Não o respondi.

Apenas fui até ele, que esmagava uma planta roxa e o líquido não era normal, era verde, parecia mais vômito que pólen.

Apoiei minhas mãos na mesa e o vejo continuar fazendo o que deveria fazer.

Severus sempre foi uma pessoa rígida com os sentimentos, mas que tentava de tudo para salvar e ajudar aqueles em que confiava.

Algumas pessoas o odiavam e outras o achava uma pessoa incompreendida, mas apenas gostava de sua forma de pensar e agir.

Mesmo maltratando os alunos ou sendo estúpido, ele era um personagem excêntrico.

Bom, agora não era mais um personagem, era uma pessoa de verdade, de carne e osso, e não posso mais ler seus pensamentos em pequenos parágrafos.

Esperava que ele não estivesse tramando contra o nosso "Lorde", ou que não tenha segundas intenções em relação a tudo que viu.

Afinal, nessa época ele já era um agente duplo e suas respostas eram sagazes. Preciso tomar cuidado, ou posso apenas falar tudo que eu quiser.

— Sei sobre o seu futuro também. - O vejo tremer, mas continuou a preparar a poção. _ Quer saber?

— O Lorde não gostaria que você me contasse. - Discordei.

— Ele já sabe de tudo e já falei para ele não fazer aquilo que foi destinado. - Ficou confuso e me olhou.

Aquele olhar profundo e intenso, me fez perceber que talvez todos fossem quebrados e era por isso que gostava deste lado.

Porque sou quebrada e mesmo não sabendo colar os meus sentimentos como todos já fizeram, consigo colar os pedaços dos outros.

Não sei se isso era uma benção ou uma maldição, já que nem os outros conseguiam me curar.

— Você precisa esquecer do passado, Severus. - Colocou os ingredientes no caldeirão. _ Você já deve ter falado aquilo para ela. - Espalmou as mãos na mesa e ficou irritado.

— Isso não a diz respeito. - Franziu a testa e alguns fios caíram em seus óculos.

— Diz, porque o garoto que o seu senhor quer matar é o dela. - Seu olhar ficou desolado. _ Sabe o que aconteceria? O Lorde iria atrás do Potter, mataria James primeiro, mas quando chegasse no quarto do pequeno Potter...

— Não! Ele sabe que eu a amo, não a mataria. - Gritou e isso me assustou um pouco.

— Sim, ele sabe. - Deslizei meus dedos pela mesa, sentindo os vestígios de muco nela. _ Mas ela é mãe e morreria pelo filho.

— Por que está fazendo isso? - Socou a mesa, fazendo tudo tremer.

— Para você acordar para vida, não ligo se sua obsessão continuar até o dia de sua morte, mas você não levará o Lorde com você. - Cruzei os braços e ficamos nesse joguinho de ficar nos encarando.

Poderia gostar dele, mas meu personagem favorito continuava sendo a pessoa que me chamou para o quarto.

Amava os Sonserinos, poderia ficar encarando-os por gerações, mas prefiro os vilões que comandavam e não os subordinados.

Entretanto, Severus entrou para esse lado para matar o pai, mas suas percepções são violentas como das pessoas das Trevas.

Ele é egoísta e preferia que Lily ficasse viva e depressiva, ao invés que ela estivesse ao lado de sua família.

As fanfics poderiam mudar o ponto de vista de um personagem idiota, para um admirável, mas infelizmente sou a pessoa que mesmo tendo toda a verdade estampada no meu rosto.

Seguiria aquilo que acreditava e que minha cabeça fantasiosa queria, como esse homem a minha frente.

Talvez seja por isso que todos me chamavam de teimosa, mesmo sabendo que estava errada, continuaria no erro, ou me tornaria o erro.

— Mesmo se ela sobrevivesse, você não teria sua Lily de volta, ela cometeria suicídio. - Provavelmente. _ Ela nunca seria sua. - Apenas em fanfics. _ Por isso que você deveria parar de remoer o passado e pensar no seu futuro.

Ele não iria escutar, Severus era cabeça dura e previsível, mas tem algo que poderia falar que o faria desistir.

Não imediatamente, mas quando ele chegasse e a visse feliz com sua família, tudo poderia mudar, até mesmo sua obsessão.

— Lily está escrevendo uma carta para que você seja o padrinho de seu filho. - Riu, tirando os fios de cabelo de seu rosto.

Sua face estava descrente e ficou me observando através dos óculos, tentando entender o motivo de minha mentira.

— Que me lembre, o padrinho é o Black. - Sorri, o fazendo ficar pálido. _ Ela está esperando outro? - Suas mãos caíram.

— Não falei essas coisas para você se sentir menosprezado ou algo do tipo, só quero que você seja feliz. - Sentei-me no banquinho.

— E acha que me contando isso me traria a felicidade? - Voltou a fazer a poção. _ Ela foi a única que não...

— Você não percebeu? - Não falou, ou me olhou. _ Quando você estava sofrendo bullying na escola, ela sabia quem eram as pessoas e não se distanciou, mas pediu que você se distanciasse dos seus amigos.

Posso estar mudando um pouquinho os fatos, mas ele não ligaria muito, estou dizendo o ponto de vista de um leitor e não de um personagem.

— Também não fui um santo, a magoei. - Isso não era mentira. _ Tentei pedir desculpas, mas Potter a tirou de mim.

— Ou foi você quem a tirou de sua vida? - Mordeu os lábios e mexeu na poção. _ Já tirei muitas pessoas da minha vida, e fiquei tão triste e ressentida.

— E o que você fez?

— Apenas fiz o que eles fizeram, matei os sentimentos bons do meu coração e segui minha vida, mas com o passar do tempo, eles viraram apenas lembranças e conhecidos.

— Não sou assim.

Eu sei, Severus era a pessoa que, mesmo passando anos, continuaria remoendo o passado e se culpando por não fazer diferente.

A pessoa que ainda se culpa por ter sido salvo pelo seu inimigo, ou que deveria ter acabado com os Marotos mais cedo, mas tudo começou – quase tudo – com ele e vai acabar com ele.

Suspirei e fiquei observando os ingredientes.

— Não tem como mudar o passado, então apenas aprenda com ele. - Mesmo não sendo a melhor pessoa para dizer isso. _ Quis mudar tantas coisas que, no final, apenas fiquei presa no meu passado.

— E o que você fez para mudar?

— Terapia. - Sorri e o vejo revirar os olhos. _ Acabei com a minha vida, Severus. Fiquei estagnada em uma data e não via mais saída ou direção, fiquei anos assim.

— Como fez para sair? Mesmo com terapia, a pessoa que tem que dar o primeiro passo é você. - Realmente era inteligente.

Naquela época já sabia disso, mas não sabia o que deveria fazer, me entupir de tarefas, me dar mais tempo para pensar e nunca fazer nada, ou apenas me matar?

Eram coisas que se passava pela minha cabeça e continuou por anos, toda vez que estava bem, vinha a recaída e todas às vezes que ficava mal, vinha algo pior para não me fazer voltar ao normal.

Era um sofrimento sem fim, não apenas para mim, mas para as pessoas que continuaram comigo.

Até que aquele telefonema foi atendido e tudo mudou, estava livre.

— Minha mãe morreu. - Sorri e o vejo estranhar. _ Foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida.

— Por quê? Pensei que a maioria das mães amasse seus filhos, a minha foi assim.

— Como posso dizer? - Soprei uma das folhas avulsas da mesa. _ Ela me causava medo e me manipulava, e os espancamentos não eram brincadeiras.

— Meu pai batia na minha mãe que tentava me proteger, também gostei quando o matei, foi libertador. - Exato, parece que todas as algemas de minha vida foram soltas.

Quando fiquei sabendo de sua morte, pensei que fosse mentira e depois, fingi chorar e ficar ressentida, mas no final, gritei de alívio.

Ri tão alto que os vizinhos poderiam dizer que estava louca, mas apenas estava feliz por ter me libertado de uma mãe narcisista.

Mas os problemas que ela deixou me deixaram paranoica, até que aprendi que os problemas dos mortos continuavam com ele, então fiquei feliz novamente.

A única preocupação que tinha no momento era viver um dia de cada vez.

— Apenas saiba que mesmo que a morte o traga alívio, não quer dizer que tudo mudará. - Continuou mexendo na poção. _ Ela não será sua, Severus. Apenas lide com isso, ao invés de resmungar pelos cantos.

— Não resmungo. - Levantei a sobrancelha. _ Apenas um pouco. - Sabia. _ Você sabe...

— Que você virou um agente duplo? - Apertou o cabo de sua colher. _ É, talvez eu saiba, mas não se esqueça que posso saber do futuro, mas tudo pode mudar.

— Não tem medo? - Suspirei e cruzei as pernas.

— Tenho muitos medos e o que me levou tendo eles? Nada, apenas me privou de viver, então não sinta medo de algo que você quer fazer, apenas faça.

Discordou, talvez o maior arrependimento dele não seja ter entrado nesse meio, o lado das trevas. Talvez seja por não ter coragem de verbalizar seus sentimentos para aquela mulher.

— Sev. - Estranhou o apelido. _ Quando terminar, não volte para Hogwarts, apenas bata à porta da casa Potter e se ajoelhe se for preciso, você nunca será feliz se não tirar esse peso em seu coração.

— Falar é fácil...

— O difícil é fazer. - Conclui. _ Sim, eu sei, mas se você sempre tiver esse pensamento, você não teria feito tantos feitiços e poções, você persistiu, mesmo errando, não é?

— Esqueci que você sabe muito sobre todos. - Sorriu e até que era fofinho. _ O que deveria fazer?

Pisquei algumas vezes, pensei que ele não iria aceitar a minha sugestão, mas aqui estamos e Merlim! Isso deveria ser considerado o dia que fiz um rabugento mudar.

Mas falar é algo que todo mundo pode fazer, mas a questão é que apenas aqueles que manipulam o próprio cérebro que conseguem fazer aquilo que querem.

Bom, não são todos que precisam de manipular o próprio ser, apenas aqueles que o cérebro já domina sua vida e incapacita sua rotina.

Sou, ou já fui uma dessas pessoas...

— Apenas caia naquele lugar e peça desculpas. - Bufou, mas o riso acabou saindo de seus lábios. _ Às vezes cair em um lugar é melhor que planejar.

— Posso...

— Falar que você me ajudou a escapar para se dar bem com a Lily novamente? - Suas bochechas ficaram rubras... Merlim, fiz Severus Snape corar.

— Acha esse plano ruim? - Acho que esqueci que essa pessoa é apenas uma criança... Uma criança de 21 anos.

Mas apenas discordei, não era um plano ruim, já que ele estava tendo um tipo de relacionamento amigável com o Dumbledore e isso poderia ajudá-lo.

— Apenas não se esqueça que você só terá palavras, mas não terá a garota dos seus sonhos. - Concordou. _ Você parece conformado, pensei que surtaria mais um pouco.

— Como você disse, já perdi muitas pessoas devido a esse amor impossível. - Quem? _ Mas não posso dizer que Regulus não gostou de ganhar essa pessoa.

Fiquei esperando que ele continuasse, queria saber o que estava dizendo, talvez o Regulus tenha alguém, ou apenas estou criando teorias novamente.

Mas nunca poderia imaginar Regulus tendo algum tipo de relacionamento, talvez porque nunca li nada sobre ele, ainda mais por nunca o achar interessante o suficiente.

Suspirei, o observando a terminar a poção, algo que virou roxo florescente.

— Quem é a pessoa? - Minha língua era mais rápida que meus pensamentos.

— Uma amiga nossa, ela estudou conosco e gostava de mim. - Deu de ombros. _ Mas acabou se apaixonado por Regulus, o que não achei ruim e bom, são casados agora.

Isso era muito interessante, o mundo que li e vi em filmes era algo tão... Mágico, mas tão sem graça, (?) lembro de minha tia parar de ver os filmes por achar sem sentido.

Mesmo tentando forçá-la a terminar os dois últimos filmes, ela sempre arrumava uma desculpa e acabei desistindo.

— Acho que muitas coisas não são como estão nos livros. - Comentei. _ Quem mais está casado? - Não pensou muito.

— Rabastan está casado com Destiny, eles tiveram duas filhas em 79, bom, depois de matar o Antonin. - Fiquei surpresa.

— Por quê? - Queria mais um pão com bacon ou pipoca, ainda mais por esquecer que Severus era o maior fofoqueiro de Hogwarts.

Bom, ele e a Minerva, os dois tinham interações divertidas, ainda mais nos filmes.

— Ele usou poção Amortentia na Destiny e quando ela acordou, correu para se separar do Antonin, mas acabou descobrindo que estava grávida.

— Deus, isso está melhor que novela turca. - Estranhou. _ Continue.

— Foi só isso, ela se separou e contou para o Rabastan, e os dois estão juntos. - Pegou um vidrinho para colocar a poção. _ Rodolphus está com Bella e eles se gostam, Lucius e Narcisa, e...

— Acho que não mudou tanto, apenas as primeiras coisas que você falou. - Semicerrou os olhos. _ Desculpa, sou meio ansiosa e acabo interrompendo as pessoas.

Não comentou mais sobre o assunto e deixei assim, talvez esteja irritado por interromper ele tantas vezes.

Acho que o Lorde deve ter se irritado também, bom, ele ficou irritado. Mas o que poderia fazer? Sempre deduzo o que as pessoas irão dizer e acabo excluindo a conversa para introduzir outra.

Uma mania feia? Horrível, mas não dava para mudar essa mania do nada.

Descarto esses pensamentos quando a poção foi depositada a minha frente, me induzindo a bebê-la rapidamente.

— Tem algum efeito colateral? - A peguei, observando que ela era como aquelas maquiagens com glitter.

— Todas as poções têm. - Não falei. _ Tem, você sentirá dor.

— Devido ao meu corpo estar se adaptando a magia? - Concordou. _ Se isso pode ser usado, por que o Lorde não...

— Ele não quer salvar ninguém, apenas si próprio. - Típico. _ Você realmente é especial. - Cruzou os braços. _ Não o traia. - Tive que rir.

— Não sou você. - Estalou a língua. _ Quando estiver pronto, me avise, preciso me preparar.

— Tudo bem. - Observou a poção. _ Beba, não coloquei veneno. - Sei que não.

Respirei fundo e bebo aquela poção amarga como fel, mas um gostinho de morango ficava no fundo da minha garganta, me lembrando de Tylenol.

Odiava Tylenol...

Limpei minha boca com a manga e entreguei o vidrinho para o garoto, tentando esquecer o gosto e das pequenas pedrinhas de açúcar, por que isso tinha açúcar?

— Não gostou? - Meu rosto já dizia o suficiente. _ Acho que preciso melhorar isso. - Queria raspar minha língua.

Mas algo foi jogado em mim, que acabou caindo na mesa e rolando alguns milímetros.

Olhei para a coisa e era apenas uma bala de erva-cidreira.

— Pode parecer ruim, mas elas são boas. - Apenas a peguei e desembrulhei o papel, me fazendo observar a coloração esverdeada da bala.

A coloquei na boca e realmente não era ruim, era bem docinha e refrescante, parecia menta.

— Você pode ir. - Revirei os olhos.

— Tinha formas melhores de me expulsar desse lugar. - Saio da cadeira. _ O vejo em algum dia. - Caminho para a porta entreaberta. _ Ah, depois você leva o meu prato para cozinha.

— Posso apenas pedir algum elfo que leve.

— Você quebrou as mãos e os pés quando fazia a poção? - Levantou a sobrancelha. _ Nada, vocês são preguiçosos. - Revirei os olhos.

— Quando sua dor passar, iremos.

— E se eu não tiver dor?

­_ Terá.

— Como pode ter tanta certeza? - Revirou os olhos.

— Será por que fiz essa poção? - Não falei, apenas abri a porta e sai por ela.

Não sentia dor nenhuma por enquanto, mas sabia que sentiria em algum momento, ou sou tão foda que me tornei invencível!

Algo que sei que é impossível, posso ter caído em um lugar fantasioso, mas não é para tanto.

Suspirei, parando no corredor por ver a pessoa que me pediu para encontrá-lo no quarto, onde ele deveria estar neste momento.

Caminhei até ele, esperando que me dissesse alguma coisa pitoresca, ou algo possessivo, ainda mais por ser um vilão e eles sempre querem tudo.

— Sabe, não comentei isso mais cedo, mas você ficou um gato com aquele avental. - Pisquei, me aproximando. _ Mas você está lindo assim. - Que visão dos Deuses.

Poderia ser aquelas figurinhas que o bonequinho está no meio dos peitos do homem, sim, poderia e devo fazer isso em algum momento.

Ou posso ser um coala e me agarrar nesse peito desnudo até que ele se canse e me jogue na cama, e me...

— Deveria ter me dito. - Pisquei algumas vezes e voltei a nossa conversa.

Ele ficou me medindo de cima a baixo, e aquilo me deu uma noção.

— Escutou minha conversa? - Era uma pergunta idiota.

— Você realmente é especial. - Mudou de assunto, mas sabia que ele escutou. _ Ainda não está sentindo dor?

— Deveria? Acabei de tomar a poção, ela não deve ser tão forte que me faça cair no mesmo segundo.

Alisou meu rosto como se estivesse com medo de me quebrar, como se meu corpo estivesse sofrendo de uma dor tão intensa que qualquer toque pudesse me ferir.

O que não era verdade, meu corpo estava bem e não sinto nem mesmo uma dor de cabeça.

Tombei minha cabeça para o seu peito, tentando fazer um pequeno teatro para tirar proveito desse homem.

— Acho que comecei a sentir dor. - Fingi tremer e gaguejar.

— Sei que sim. - Abraçou-me.

— Quer me pegar no estilo princesa para irmos para o seu quarto? - O observei, vendo um pequeno sorriso em seus lábios. _ Você não é tão mal quanto as pessoas falam.

— Fiz uma personalidade para você. - Pegou-me no colo. _ Fico feliz que tenha gostado. - Aconcheguei-me, enquanto fechava os olhos e sentia os seus movimentos.

— Se você fez isso, quer dizer que você gosta de mim.

— Acho que sim, não costumo beijar qualquer pessoa. - Então ele pode ser uma pessoa engraçada. _ Na verdade, não gosto de usar meu corpo, apenas meu rosto.

— Você quer usar seu corpo comigo? - Riu e não discordou. _ Levarei isso como um sim.

— Pode levar. - Apenas fiquei em silêncio.

Seu coração era uma bela melodia para o momento, parecia um adeus, mas sei que não era o momento.

Era apenas meu cérebro tentando me sabotar novamente, dizendo que isso iria acabar no momento seguinte e todo esse carinho era nada mais que algo para me manipular.

Talvez seja verdade, mesmo gostando desse homem, ele era alguém que analisava a pessoa e sabia perfeitamente o que fazer para ter seus pensamentos e coração aos seus pés.

Mesmo sendo uma tola por acreditar que ele não é assim comigo, não posso me deixar levar por uma paz momentânea... Ou posso.

— Por que seu nome é Maëlle? - Escutei a porta se abrindo e um frescor nada natural me fez tremer.

— É uma história curta. - Fechou a porta em um clique. _ Mas lembro que minha mãe me contou que eu era uma criança agitada em seu ventre. - Sou depositada em algo macio

— Então acabou sendo Maëlle por mau comportamento? - O lugar perto dos meus pés afundou.

— Sim, é um nome estranho para uma brasileira, mas aquelas pessoas são criativas para tudo. - Suspirei e observei o lugar, estávamos em seu quarto.

— Agora sei algo de você que os outros não sabem. - Não sabia que ele poderia ser tão... Não sabia a palavra certa.

Ciumento não era uma palavra que poderia descrever esse momento e possessivo também não, nem mesmo obsessivo. Agora o meu vocabulário extenso não serve para nada.

— Tem outras coisas que você não sabe além da minha idade. - Sorriu. _ Mas tem coisas que não sei sobre você.

— Gosto de preto, como deve perceber. - O quarto era completamente obscuro. _ Livros são coisas encantadoras. - Sentei-me na cama animada.

— Concordo. - Agarrei o lençol de seda. _ Livros sempre foram a porta da minha liberdade, você sempre... - Calei-me a tempo, ou foi isso que pensei.

— Eu? - Engoli em seco, seus olhos semicerram e já podia escutar a Morte rindo da minha língua grande.

Vou morrer, ou posso apenas falar a verdade.

— Você é um livro. - Fiquei séria, tentando saber o que ele iria dizer.

— Eu sei. - Aquilo me surpreendeu. _ Sua mente me disse o suficiente naquele dia. - Pisquei algumas vezes sem entender.

Isso já era demais para a minha mente se acostumar, ela já estava fritando e dizendo que foi bom enquanto durou, mas agora era cada um por si.

Porém, enquanto ela se ia e meu cérebro tentava reanimar os meus miolos com um daqueles aparelhos de choque, a outra parte pensava o seguinte:

Ele já sabia? Quer dizer que ele viu todas às vezes que beijei a tela do meu celular por ter uma fanart linda dele? Ou que me viu chorar por "ele" ter morrido no segundo filme?

Quer dizer que ele sabia que o chamei de chato e até mesmo que estava com medo dele, mas me fiz de corajosa e olha que Grifinória nem é a minha casa para isso.

Merlim, ele me viu conversando com o I.A dele e o fazendo se apaixonar por mim!

Será que meus sonhos eróticos também ficam armazenados no meu cérebro, ou...

— Sabe que consigo ler seus pensamentos, não é? - Soltei um riso nervoso. _ Pensou mesmo que acreditei em tudo que você falou apenas por ficar interessado em você?

Chutei seu ombro, o fazendo pegar meu tornozelo e morder meu dedão, me fazendo repensar no que deveria falar no momento.

— Achei estranho naquele dia, você apenas aceitou tudo e até mesmo me ofereceu para ser sua Lady. - Suspirei. _ Até mesmo pensei que você iria ver minhas lembranças e essas coisas, mas nada...

— Não fiz como faço com os outros, não queria causar dor em você. - Deitei-me novamente.

— Está bravo? - Negou. _ Por quê? Acho que se descobrisse que sou um livro, ficaria chateada.

— Porque se não fosse por você, minha guerra estaria perdida. - Beijou meu pé. _ Obrigado por cair na minha mesa, e, por favor. - Parecia uma súplica. _ Não se converta, preciso de você em minha vida.

— Só se eu puder te chamar de Tom. - Resmungou. _ Acho que Darl pode ser usado apenas quando estivermos sozinhos e não quero usar senhor ou Lorde o tempo todo.

O escuto suspirar e deixou meu pé no colchão, se deitando ao meu lado como se a nossa distância fosse grande demais para esse tipo de conversa.

— Não gosto do meu nome. - Já sabia. _ Ele é tão comum e...

— É o nome do seu pai. - Fiquei o observando. _ Não sei se isso é importante, mas sempre gostei do seu nome. - Na verdade, sempre gostei de tudo.

— Pensarei. - Concordei.

— Então aguardarei sua resposta para dar a minha. - Era uma troca justa. _ Mas você me fez várias perguntas que já sabia a resposta.

— Queria saber se falava a verdade com sua boca, e cada coisa que você dizia, as memórias apareciam e me diziam que você nunca iria mentir para mim.

— Não quero morrer. - Sussurrei. _ Então você sabe sobre tudo, até minha idade ou aniversario.

— Não acha justo? - Dou de ombros. _ Está chateada? – Neguei, apenas percebi algo que não queria acreditar.

— Onde está a Nagini? Não a vejo há bastante tempo. - Mudei de assunto.

— Está digerindo o que sobrou, ela está no meu escritório. - Alisou meu rosto. _ Por quê? Você quer vê-la? - Discordei.

— Apenas pensei que ela tivesse se engasgado e morrido. - Riu e aquilo merecia uma foto. _ Tem como fazer aquele feitiço para pegar o meu celular no meu quarto?

— Accio? - Concordei. _ Accio celular.

Olhei em volta e meu bebê caiu em cima da cama, me fazendo sentar para pegá-lo.

— Mesmo vendo suas memórias, isso é a coisa mais estranha que já vi. - Apenas concordei e acionei a câmera. _ O que você está fazendo?

— Já pensou que isso é apenas um sonho? - Negou. _ Isso é bom, porque não gosto de pensar que estou na minha cabeça.

— Isso é mórbido. - Posicionei o celular e o vejo estranhar.

— Eu só quero tirar uma foto com você, não vai doer.

— Deveria doer? - Segurei o riso e tirei uma foto desse rostinho desentendido.

Pensei que não daria para tirar uma foto, não por ser lindo de morrer ou pela câmera quebrar pela sua beleza.

Mas apenas por supor que... Deixa para lá, já sabemos que não estamos na minha cabeça.

Entretanto, ele saiu tão belo, nem um fio de cabelo fora do lugar ou pelo menos um borrão na foto, deveria mudar o meu papel de parede.

Todavia, isso me lembrou de algo, meu celular não descarregou ou a porcentagem diminuiu, será que meu bebê irá funcionar para sempre aqui?

— Por que chama seu celular de bebê? - Parei de babar pela sua foto e entreguei o celular. _ Continuo lindo.

— Sim, você sabe que é lindo e chamo meu celular de bebê por ele ter sido caro. - Bufou. _ É sério, o mundo ficou mais caro para sobreviver.

— Poderia duvidar, mas posso entender. - Sim, ele entendia muito bem.

— Ah, como estou aqui e provavelmente vou ficar, você vai me bancar, né?

— Pensei que já estivesse fazendo isso. - Tentou mexer no celular. _ Bíblia laranja?

— Apenas um lugar sem lei. - Ri. _ E se minha família aparecer aqui, do nada?

— Acha que o mesmo pode ocorrer com sua família? - Pensei a respeito e era difícil.

— Acho que mesmo se desejasse eles aqui, não daria certo. - Pensou a respeito. _ Não quero que deseje isso, talvez você traga pessoas estranhas para esse mundo.

— Não pensei isso, apenas que talvez tenha outro modo para que você consiga sua família e fique em paz aqui.

Sentei-me na cama e fiquei o observando, tentando saber o que se passava em sua cabeça.

Ele já sabia de toda a minha vida e de tudo que tentei fazer, mesmo que na minha cabeça precise explicar certas coisas para não ter nenhum mal-entendido.

Suspirei e me olhou...

— Estou em paz aqui. - Concluí. _ Mas se por um acaso eles vierem, onde eles ficariam?

— Compraria uma casa para eles e a gente continuaria morando aqui, não me leve a mal, mas ainda gosto da minha privacidade.

Também gostava da minha privacidade, mas acho que ele não se escutou, ele acabou de dizer que a gente vai morar aqui, juntos?

Merlim, isso era um pedido oficial de casamento e ser for...

— E se for? - Pequenas rugas apareceram no cantinho dos seus olhos. _ Em, Elle, e se for? - Engoli em seco. _ Na verdade, já a pedi em casamento e você não aceitou ainda.

— Achei que tivesse explicito o meu sim. - Puxou minha mão e cai em seus braços. _ Falei a resposta errada?

— Não. - Entregou-me o celular e o posicionei para tirar uma foto nossa. _ Apenas falou a resposta certa. - Beijou minha bochecha. _ E você pode me chamar. - Tirei a foto.

— Tom.

— Sim?

— Você fechou os olhos. - Mostrei a foto e tive que rir de seu rosto descrente. _ Mas iria dizer que amo seu nome e estou amando essa vida. - O beijei.

— Você quer um abraço para gostar ainda mais dessa vida? - Olha que safado, está me fazendo a mesma pergunta que o fiz.

— Não, quero você. - Pisquei e tirei outra foto.

— Isso você já tem.

— Eu sei. - Esperava que continuasse assim.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Queda Inesquecível" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.