Destino de Lestrange escrita por Pandinhakk


Capítulo 6
Capítulo cinco




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Fevereiro de 1979:

Alisei mais uma vez o vestido verde em meu corpo, secando meus olhos com o lencinho que estava nas mãos do homem sentado ao meu lado.

O seu sorriso não parava de crescer, porém, no fundo dos seus olhos tinha um pouco preocupação, tentando não me fazer ficar desconfortável com toda a atenção exagerada.

Mas dessa vez não tinha mais um peito suado ou manchas de lama para me fazer pensar em certas cenas pecaminosas...

Não que agora não esteja pensando nesses braços grandes e ágeis, me agarrando novamente e tomando meus lábios com a possessividade que sei que continha.

— Você está um pouco melhor? A ponta do seu nariz está ficando vermelha novamente. - E de quem é a culpa?

— Estou. - Arrumei-me no sofá e balancei meus pés.

— Coma, sei que está com fome e o bebê precisa que a mãe esteja bem alimentada. - Acho que não existia ninguém como Rabastan.

E mesmo se existisse, ninguém poderia ser comparado com ele, ele era único e talvez pudesse ser apenas meu.

Peguei um dos biscoitos e o quebrei na boca, o observando enquanto a felicidade em meu peito nublava os meus pensamentos negativos.

Acho que ele aceitou mais rápido a minha gravidez do que eu.

— Ainda não perguntei. - O observei. _ Você pensou sobre o que fará? Com o bebê e com sua acomodação? - Certo, tinha essas coisas.

— Terei o bebê. - Concordou. _ Mas o aborto passou pela minha cabeça.

— É normal, você sofreu um abuso e seria difícil organizar os pensamentos a tempo para aceitar. - Tão prestativo. _ E no final você aceitou a gravidez, isso que importa. - Sorriu e prestou atenção na minha barriga.

Engoli em seco e um pensamento traiçoeiro passou pela minha cabeça, mas talvez fosse repentino demais.

Mas e se...

— Ainda não sei onde vou ficar, mas vou pegar uma casa em...

— Quer ficar aqui? - Falou mais rápido e fiquei assustada. _ Aqui tem tudo que você pode precisar, e podemos ir ao médico... - Lembrou-se de algo. _ Foi ao médico?

— Não, queria resolver o divórcio e contar sobre os meus sentimentos primeiro, fui negligente, eu sei. - Discordou e me viu pegar mais um biscoito.

— Você quer ir? Posso ir com você, não tenho nenhuma missão e se tivesse, falaria ao Lorde que não poderia ir. - Fiquei estática com o biscoito na boca.

O que ele disse? Pisquei algumas vezes tentando saber se o que escutei estava certo.

Não, isso estava indo rápido demais, mas esperamos anos para que isso acontecesse.

Contudo, não somos mais adolescentes que ficavam corados por misérias carícias, não éramos mais crianças que precisavam de meses para saber de algo que já sabíamos.

Somos adultos, e já demos o primeiro passo de nos confessar, então, por que não?

— Senhor Lestrange, o senhor está me propondo em casamento? - Comi o biscoito e o vejo corar.

— Não. - Gritou e tossiu. _ Não, ainda não. - Tive que rir. _ Não ria, estou nervoso. - Um homem desse tamanho está nervoso por algumas palavrinhas.

Fofo, incrivelmente fofo.

— Preciso propor com um anel e... - Coçou a barba. _ Sei que é cedo e você acabou de sair de um relacionamento conturbado, mas não quero perdê-la novamente, não quero mais guardar minhas palavras, quero dizê-las e demonstrá-las.

— Você não existe. - Peguei outro biscoito. _ Você aceitou minha gravidez muito bem.

— É uma parte sua, se você dissesse que iria abortar ou ter, apenas iria apoiar. - Aguente, coração. Não podemos morrer.

Lambi meus lábios e peguei o suco, não poderia tomar chá.

O suco estava sem açúcar, mas a doçura do biscoito intensificou e fez que o suco fosse doce.

— Tudo bem. - Deixei o copo na mesa de centro. _ Aceito sua proposta, já esperamos demais para que isso acontecesse.

Soltou a respiração que estava prendendo e acariciou meu rosto, aproximando cada centímetro dos meus lábios, mas não os beijou.

Apenas sorriu e beijou minha testa, como se estivesse dizendo que não era o momento para isso.

Acho que estava certo, mesmo aceitando seus sentimentos e ficar aqui, podíamos ir devagar neste quesito. Dessa vez tínhamos tempo...

Beijei sua bochecha, sentindo sua barba em meus lábios, não era áspera ou fazia muitas cócegas, e o cheiro era bem melhor que loção barata.

Às vezes queria voltar no tempo e ter dito mais cedo que o amava, mas acho que assim está bom.

Apoiei minha cabeça em seu ombro e a textura de sua camisa era fofinha, quase me dando um pouco de sono. Acho que meu corpo relaxou demais e só queria ficar assim, com ele

— O quer comer no almoço? - Poderia ser ele? _ Tenho um chefe elfo maravilhoso, ele tem as mãos divinas.

— Se ele for melhor que você, ficarei aliviada. - Rodeou seus braços em minha cintura. _ Só estou pensando na sobremesa, quero bolo de chocolate.

— Esqueci que você é uma formiguinha. - Idiota. _ Pedirei quando chegarmos. - Beijou meu rosto. _ Vamos?

— Precisamos marcar uma consulta...

— Não precisa, tenho amigos que trabalham lá e será mais fácil. - Isso que chamamos de pessoa com influência. _ E não terá ninguém para fofocar, bom, dos meus amigos.

— Não me importo de sair fofocas, não estou fazendo nada de errado. - Levantei-me e limpei minhas mãos no lencinho, o deixando na mesinha. _ Estou fazendo algo de errado?

— Nunca fez. - Piscou e se levantou. _ E mesmo se fizesse, estaria ao seu lado. - Colocou a mão em minhas costas, me guiando para a lareira.

Peguei um pouco de flu e dessa vez não teria sapatos desconfortáveis, ou vestidos apertados. Apenas uma mão calorosa em minhas costas e palavras que esqueci que eram especiais.

Entramos na lareira e sorri, quando sua mão pegou a minha e a entrelaçou. Suas bochechas estavam avermelhadas como um garoto saindo com sua primeira namorada.

Bom, era realmente verdade, afinal, era a sua primeira namorada e talvez a única. Vou ter que ensinar sexo a ele?

— Você já fez sexo? - Suas palavras ficaram presas em sua língua. _ Terei que ensinar como penetrar em mim? - Eram perguntas sérias.

— Cordeirinho, não é porque quero ser todo romântico que não consigo foder e dar prazer a você. - Falou sério e meu corpo esquentou, parecia que estava com febre. _ St. Mungus. - Jogamos o flu no chão e aparecemos no hospital.

O silêncio e o cheiro de poções/medicamentos, me fez retorcer o nariz, odiava hospitais.

Sempre continha notícias ruins, ou boas, e mesmo assim, odiava.

Minha mão foi levantada e um lenço alisou os meus dedos, os limpando.

Fiquei surpresa com aquilo e a sensação quente se foi, mas só me fez entender que o que sentia pelo Dolohov era apenas monotonia.

Saímos da lareira e algumas pessoas me observaram, mas apenas apertei a mão do homem ao meu lado, que guardava o lenço em seu bolso.

— Quando o Lorde ganhar, podemos tirar todos os olhos dessas pessoas. - Sussurrou. _ Se quiser. - Ele queria fazer isso.

— Deixem que falem, será mais rápido assim. - Concordou. _ Dolohov ficará bastante agitado e poderei socar aquele rosto.

— Ajudo a segurá-lo. - Tive que rir, chamando mais atenção. _ Não cubra seu sorriso, ele é lindo. - Abaixou minha mão e nem mesmo havia percebido essa mania. _ Melhor.

Acho que nunca poderei abandonar o sorriso em meu rosto e nem quero.

Continuamos andando e os cochichos aumentaram, mas não me importei, porém, alguns eram bem engraçados.

Paramos na recepção e observei os outros que me olhavam, se eles querem fofocar, que fofoquem direito.

— Senhora Dolohov. - Olhei para o lado. _ Seu marido sabe que está na presença de outro homem? - Olhei para a senhora de cima a baixo, a medindo com os olhos.

Rabastan olhou para a mulher e iria falar algo que não sabia, afinal, minha boca ainda funcionava.

— Sabe, afinal, ele está ao meu lado. - Escutei uma bandeja caindo e o hospital ficou em silêncio total, nem a pena que riscava no pergaminho era mais ouvida.

A senhora ficou branca, mais branca que o possível, e tudo parou. Até a respiração do Rabastan atrás de mim.

— Senhora Dolohov! - Revirei os olhos.

— Senhora, que desconheço o sobrenome, se está tão preocupada com a minha reputação e vida, por que não paga minhas contas? - Rabastan gargalhou. _ Dinheiro é sempre bem-vindo.

— Trair em público é tão deselegante. - Saiu e queria ter falado mais coisas para essa mulher.

Que pessoa insuportável, como ela pode tentar entender minha vida apenas com achismos?

Mas espero que todos saibam que estou "traindo" Antonin, para depois acabar com a reputação de prestígio dele.

O dinheiro e a glória sempre foram o que motivou Antonin ser assim, mas se tirar isso aos poucos, o que irá sobrar para um traidor ganancioso?

— Senhora Olwey, por favor. - Encontrei seu olhar e continuava sorrindo. _ A médica nos espera. - Concordei e caminhamos para o consultório.

Os nossos passos estavam sincronizados e a sapatilha era mais confortável que saltos, tudo ao lado desse homem era confortável.

O senti me observando, tentando entender se isso acabaria no minuto seguinte e sei que não vai acabar.

Bateu à porta e logo abriu, sem se importar com as formalidades, o que me assustou um pouco.

— Não sabe esperar? - A mulher de cabelos negros e de olhar penetrante estava irritada. _ E se estivesse trocando de roupa?

Entramos no consultório e sentamo-nos em nossos receptivos lugares a sua frente.

— Você não trocaria de roupa no seu consultório, prima. - A mulher revirou os olhos e nos observou. _ Tiny, essa é Charlotte Nott, minha prima materna.

Não sabia que Genevieve era uma Nott, bom, tinha muitas coisas que não sabia a respeito do Bas e de sua família, mas que posso saber futuramente.

— Prazer. - Sorri e ela ficou surpresa por algum motivo.

— Merlim, titia deveria ter me contado que encontrou uma beldade. - Fiquei surpresa. _ Se você terminar com ele, me mande uma carta. - Piscou, fazendo seu primo revirar os olhos. _ Mas parando de brincar, qual é o motivo de estarem aqui?

Sua postura descontraída se foi, e uma postura profissional entrou em cena. Seus olhos castanhos nos observaram e esperou que um de nós falasse.

— Estou grávida e queria saber se está tudo bem com o bebê. - A pena em sua mão caiu e tossiu.

— Quem diria que o priminho que odiava relacionamentos seria papai primeiro que o irmão. - Zombou e se levantou. _ Por favor, senta-se na cama.

Concordei e fiz o que me pediu, vendo que Rabastan também se levantou e ficou ao lado de sua prima, que tinha algumas semelhanças.

Sua varinha apontou para a minha barriga e pensei que a magia seria fria, mas era quentinha e dava mais sono.

Bas segurou minha mão e a mulher viu essa cena, ficando mais uma vez chocada. Acho que o Bas era muito introvertido, e que algumas ações poderiam ser consideradas de outro mundo.

A luz vermelha da varinha se transformou em outra, fazendo a Charlotte sorrir.

— Em perfeitas condições para uma gravidez pacífica e saudável. - Sorrimos. _ Mas temos que marcar a sua próxima consulta para que continue assim. - Olhou para o primo. _ Espero que venha todas as consultas, ou contarei para a titia como você é um desgraçado.

— A odeio e queria que você morresse, mas preciso saber se os dois estão bem. - Iriam começar a se agredir, até que perguntei.

— E o sexo? - Fiz os dois me olharem. _ Podemos fazer sexo? - O sorriso da mulher ficou maior e do Bas ficou estagnado.

— Que isso, primo. Você é tão bom assim? - Cutucou o braço do homem. _ Claro que podem, apenas tome cuidado com o sexo bruto, pode acabar deslocando a placenta, ou ter machucados no colo do útero...

— E? - Rabastan a fez continuar.

— Bom, se tiver sangramento a traz rapidamente, não queremos um aborto. - Concordamos. _ E quando sua barriga estiver grande demais, por favor, não se deite de costas para dormir ou transe assim, você pode morrer sufocada.

— Charlotte! - Empurrou a mulher. _ Ela é louca, não ligue muito, mas teremos os cuidados necessários. - Deu batidinhas em minha mão.

— Grosso. - Será que era? _ A libido pode crescer, ainda mais que ela já está com um mês de gravidez. - Pisquei algumas vezes. _ Sentiu enjoos?

— Algumas vezes, mas já parou. - Concordou.

— Isso é normal, mas se forem muitos, me procure. - Concordei. _ E os hormônios irão aumentar ao longo do tempo. - Olhou para o Bas. _ Não diga que está gorda ou a irrite, ou você vai apanhar.

— Eu sei. - Estava sério. _ Provavelmente o bebê nascerá em outubro, correto?

— Sim, final do mês. - Ficou surpresa. _ Gostei, você está sendo um bom pai. - Não parecia estar brincando. _ Não tome poções e não pense em comer por dois, isso é mentira.

Balancei as pernas e apenas concordei com suas recomendações, pensei que poderia comer um bolo inteiro de chocolate, mas terei que ficar apenas com um pedaço.

Bom, poderia fingir que estava com desejo e...

— Os desejos são falta de vitaminas, se acontecer ou for recorrente, me fale que passarei as vitaminas necessárias.

Concordei, dando adeus ao meu plano nada mirabolante de comer doces como se o mundo fosse acabar no dia seguinte.

Brinquei com os dedos do Bas que conversava alguma coisa com ela, minha mente estava pesada e queria fechar os olhos.

Bocejei e eles me olharam.

— Desculpa, estou com sono. - Tombei a cabeça para o peito firme do homem a minha frente. _ Acho que me sinto segura. - Fechei os olhos.


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Notas finais do capítulo

Feliz Natal atrasado.



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