Destino de Lestrange escrita por Pandinhakk


Capítulo 1
Prológo




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1971: Antes de tudo acontecer.

Meu destino começaria mudar e sabia disso.

Meus últimos meses nessas paredes me faziam suspirar a cada passo que dava para o meu destino.

Pensando se era sensato ir até aquele homem que comandava essa escola, mas deveria, afinal, era o diretor e tinha que mostrar o devido respeito.

Alisei mais uma vez minhas mãos na minha capa, secando o suor que tentava me amedrontar com a ansiedade em meu peito.

Não queria pensar no pior, mas era a única coisa que minha cabeça pensava no momento. Que fiz algo de errado e que estaria suspensa até a minha próxima reencarnação.

Tentei pensar positivo, mesmo levando uma advertência, estaria estudando com o Antonin na biblioteca. O que deveria estar fazendo agora, e não subindo a Grande Escadaria.

Olhei para trás, tentando ver se via meus amigos Sonserinos, mas nenhuma roupa verde apareceu em minha visão.

Talvez estivessem ocupados com os pequenos Severus e Regulus que chegaram tem pouco tempo.

Eles precisavam aprender a se locomover nessa escola, ainda mais que não estaríamos mais aqui.

Viro no corredor e a escadaria que me levaria ao gabinete do diretor, me esperava, sem que precisasse dizer uma senha estranha.

Subo os degraus, tentando não fazer meus sapatos soarem altos demais, mas sei que era impossível. Ainda mais que o diretor já me esperava e só precisava entrar na sala.

Paro no último degrau, tentando respirar fundo, precisava estar impecável.

Merlim, não conseguia me acalmar, nunca fui chamada para a sala do diretor e nem sei o motivo ainda, mas a minha cabeça dizia que estaria indo para a forca, talvez realmente fosse.

Queria vomitar e minha barriga estava fazendo barulhos estranhos, odiava essa sensação de impotência.

Dei batidinhas no meu rosto e vejo a porta aberta, mesmo assim, dou alguns passos e bato à porta, chamando atenção do Dumbledore.

— Mandou me chamar, diretor? - Tentei aparentar forte, mesmo que minha casa não fosse a Grifinória.

— Por favor, senhorita Olwey, sente-se. - Sorriu e caminhei até a cadeira à sua frente, me sentando contida.

— Fiz algo...

— Por favor, não se preocupe, a senhorita não fez nada de errado. - Então por que estou aqui? _ Apenas quero conversar um pouco. - Tentei sorrir em alívio, mas não conseguia.

— Então, diretor, o que devo a honra de estar em seu escritório? - Observei a fênix em seu poleiro, era magnífica.

Ela me observava com aqueles olhos sábios e repreensivos, como se soubesse tudo de minha vida, até aquilo que ainda não passei.

Queria tocá-la para saber se suas penas eram quentes como alguns diziam, mas apenas apertei minha mão em meu colo, contendo mais um dos meus impulsos.

"Você precisa parar de se conter, você é uma Lufana excepcional, não se limite a nada."

Contenho meu sorriso por lembrar do Rabastan me repreendendo, ele me conhecia como ninguém...

— Fiquei sabendo que a senhorita está andando com os Sonserinos. - Franzi o cenho.

Aquilo não deveria ter vazado em pleno meu último ano, mas o que posso fazer? Nada, apenas devo continuar sendo amiga daquelas cobras que de venenosas não tinham nada.

— Alguns professores e até mesmo seus amigos de sua casa, estão preocupados com você. - Seus olhos mostravam carinho e conforto, mas suas palavras insinuavam outra coisa.

Continuava sem entender, os Sonserinos eram pessoas boas que acreditavam em uma ideologia diferente, não podemos ser preconceituosos com algo que não foi provado que é ruim.

— Eles são gentis. - Estava tentando pensar positivo com suas insinuações.

— Mas eles são de famílias que seguem o Lorde das Trevas, são pessoas puras. - O sangue sempre era colocado nesses assuntos, já estava cansada disso.

— Sei que sou uma nascida trouxa e não me importo com isso, nem mesmo os meus amigos. - Alisou a barba, me observando pelo óculos meia-lua.

— Os Lufanos estão preocupados com isso. - Tentou me apaziguar, mas apenas discordei.

— Só porque a família dos Sonserinos segue o que eles acham ser o certo, não quer dizer que também pensem assim. - Mesmo acreditando que eles querem seguir.

— Talvez eles também sigam os passos dos pais e aposto que seus pais não iriam querer que a senhorita se juntasse a eles.

Apertei minha capa, tentando não soar grosseira em minhas próximas palavras, mas odiava todos esses rótulos.

Esse mundo precisava de igualdade, precisava de diversidade e de pessoas com mente abertas, e Dumbledore não era essa pessoa.

Talvez pudesse ser o você-sabe-quem, mas isso dependeria se ele mudasse seus ideais e acho difícil disso acontecer.

Respirei fundo e falei:

— Por que o senhor colocou minha família no meio desta conversa? - Ficou surpreso.

— Senhorita... - Não o deixei continuar.

— Minhas palavras podem ser expressivas demais para o seu vocabulário antigo.

Poderia ser expulsa por isso, mas não deixarei meus amigos serem desrespeitados.

— Mas o senhor, ou até mesmo os meus pais, não tem o direito de decidir minhas amizades.

Dumbledore ficou ainda mais surpreso e não sabia se poderia continuar, mas deveria. Meus amigos fariam o mesmo por mim, ou até pior.

Sempre fui curiosa com a mesa verde e prata, ainda mais quando todos me diziam para ficar longe daquelas pessoas.

Mas nunca consegui, então, conheci Bella e isso foi o estopim para entrar no grupo dos Sonserinos, algo que não me arrependo.

Respirei fundo mais uma vez, tentando organizar meus pensamentos, até que falo:

— E se eles querem seguir o Lorde Voldemort. - Merlim, consegui falar. _ Que sigam, não mudarei minhas atitudes em relação a eles porque ficaram no lado negro.

— Senhorita Olwey, acho que minhas palavras podem ter sido interpretadas de forma errada. - Duvido muito.

— Desculpa, diretor, mas acho que você quis dizer exatamente o que quis dizer. - Continuei o observando. _ Sou amiga deles devido ao caráter e não por fama, ou dinh...

— Nunca falei disso, apenas comentei que isso pode ser perigoso. - Que seja!

— Não me importo de ser perigoso, apenas estou dizendo que continuarei sendo amiga deles e não mudarei, apenas por um aviso sem sentido. - Acho que já falei de mais. _ Bom, se for só isso, tenho que ir, tenho algo para fazer.

Levantei-me da cadeira e o olhei pela última vez, esperando que ele me impedisse de ir para o meu destino. Mas apenas estava analisando minhas palavras.

— Com sua licença. - Caminhei até a porta de entrada, saindo por ela.

Dei apenas um passo e me apoiei na parede, sorrindo por ter conseguido falar o que queria e não me censurado por ter ofendido a autoridade de Hogwarts.

Merlim, nem sei como pude falar tudo aquilo, mas estava feliz demais para me repreender agora e sei que isso era apenas um grande passo para aquilo que me esperava.

Paro de pensar e desço os degraus da escadaria, porém, antes que pudesse descer completamente, pude ver alguns Sonserinos ali, com suas máscaras de frieza e desinteresse, algo que era apenas para os estranhos e não para mim.

Aqueles cabelos loiros arrumados em uma única presilha já me diziam que Cisa estava pronta para entrar na sala do diretor para me proteger, caso fosse necessário.

Entretanto, ela conversava baixinho com Regulus e Severus, dois garotos com personalidades diferentes, mas com algumas características idênticas.

Mas aquela única pessoa que me observava, me fez prender a respiração.

Seu olhar era um mistério para mim, ele queria dizer algo, mas que só conseguia com os olhos e ainda não sabia ao certo o que era.

Rabastan tentava conter o sorriso, mas não conseguiu e se aproximou, me fazendo descer os últimos degraus e ficar a sua frente, tentando inutilmente me parecer maior.

— O que fazem aqui? - Pensei que ele iria me responder, mas ele não conseguia dizer um único "A".

— Soubemos que Dumbledore a chamou para conversar. - Severus respondeu. _ O que ele queria? - Olhei em volta e puxei o Bas pelo pulso.

— Vamos andando, não acho que podemos conversar essas coisas aqui. - Concordaram e soltei o Bas. _ E ainda tenho que encontrar o Antonin na biblioteca.

Tentei conter o sorriso, mas foi impossível, afinal, gostava da presença do Antonin, ele era gentil e educado, e nossas conversas eram inspiradoras e caóticas.

— Dolohov aqui e ali, aposto que quando você se formar, estará casada com ele. - Regulus zombou, me fazendo sentir vergonha.

— Por Merlim. - Olhei para eles, mas o semblante do Bas estava estranho.

Iria perguntar o que ele tinha, mas Cisa foi mais rápida e me fez perder a minha pergunta.

— Acho que não será apenas no meu casamento que vocês irão gastar dinheiro. - Zombou.

— Já marcou a data? - Bas a olhou, esperando sua resposta.

— Abraxas marcou a data para nós, ele está mais ansioso do que minha mãe. - Riu. _ Mas não posso dizer que não estou ansiosa também, Lucius é tudo que já desejei.

— Eca, odeio romance. - Cisa apertou o nariz do Reg, o fazendo revirar os olhos.

— E como a Bellatrix está? - Perguntei animada. _ Sinto saudades das loucuras dela nesta escola. - Observei o nosso caminho.

— Não mudou nada, continua a mesma doida da família, mas sinto pena do seu irmão, Bas. - Rabastan apenas sorriu de lado, não se importando com seu irmão.

— Ele merece por tudo que me fez passar nesta escola. - Revirei os olhos.

Mas ele sorriu de lado, mostrando uma pequena covinha no final da bochecha.

— Amor de irmãos sempre me impressiona. - Peguei seu braço, o segurando.

— Pelo menos os dois se gostam, imagina se eles se odiassem? - Tirou minha mão do seu braço, fazendo que nossas mãos se entrelaçassem.

— Bella o teria matado na lua de mel. - Zombei e todos me olharam. _ Não falei nenhuma mentira.

— Não falou, cordeirinho. - Apertou minha bochecha, me fazendo parar de andar e puxar seu cabelo.

— Pare com isso, isso dói. - Falei com a voz engraçada.

Mas apenas alisou minha bochecha, me fazendo retirar a mão de seus cabelos medianos.

Ele não me chamava de cordeirinho havia anos e ser lembrada desse apelido me trazia constrangimento.

Mas ele amava me chamar assim e apenas parou quando comecei a chamá-lo de gelinho, algo bobo e infantil.

Sua mão calejada continuava alisando minha bochecha, fazendo que tudo ao nosso redor sumisse.

Era sempre assim quando estava com ele, esses olhos verdes sempre roubavam minha concentração.

— Talvez não seja o Dolohov que ganhará o coração da Destiny. - Regulus comentou, nos fazendo olhá-lo. _Talvez seja um Lestrange. - Bufei, enquanto voltamos a caminhar.

— Somos apenas amigos. - Bas comentou.

— Mas é na amizade que começa tudo. - Snape sorriu, se lembrando de alguém.

— Mudando um pouco de assunto. - Narcisa olhou para os únicos primeiros anos. _ Como estão indo nas aulas?

— Gosto mais de poções, essa matéria me intriga de um jeito que faz meu coração bater muito rápido. - Ele não era de falar sobre seus sentimentos.

Diferente de Regulus, que sempre queria contar sobre seus medos e anseios.

— Prefiro feitiços. - Regulus comentou e apoiei suas palavras.

— Também, amo as aulas de feitiço, me sinto livre para expressar tudo.

— Você tem que ver ela nas aulas do professor Flitwick. - Começou a brincar com os meus dedos e apenas revirei os olhos. _ Não revire os olhos, Tiny, é a mais pura verdade.

Continuei revirando os olhos, apenas para ter meu nariz agarrado por sua mão fria.

Apertei sua bochecha, fazendo que nossos passos parassem novamente no meio do corredor vazio.

— Vocês vão acabar se casando. - Cisa comentou, indo à frente com os outros dois.

Mas apenas continuei implicando com ele, até que tirou a mão do meu nariz, fazendo que minha boca se fechasse para retomar a respiração no lugar certo.

Porém, apenas alisei sua bochecha, tentando desfazer a vermelhidão que ficou no local, ele não era tão branco quanto os nossos amigos, mas nunca seria pardo como eu.

— Não deveria ter rido de mim. - Soltou minha mão e cruzou os braços, como se estivesse zombando de minhas palavras. _ Sou apenas uma garota indefesa e frágil.

— Você não tem nada de frágil, é a pessoa mais forte que já conheci. - Sorriu, mas apenas continuei o meu teatro.

— Sairei correndo para dizer que os futuros Comensais me maltrataram. - Franziu o cenho, me observando com atenção.

— Tiny... - Era como uma súplica.

Sabia o que ele iria me dizer, acho que desde que o Voldemort voltou em menos de um ano, já sabia qual lado eles haviam escolhido.

— Não me importo qual caminho você ou os outros irão seguir, só peço que continuemos assim. - Suspirei.

Segurou minha cabeça e amassou meus cachos com suas mãos, enquanto beijava minha testa.

Olhei para ele, sentindo seu hálito de chá de hortelã, seu preferido, já que odiava bebidas forte como café.

— Senti tanto medo de você não gostar dessa informação. - O abracei, tentando tirar esse temor de seu coração. _ Não sabe quantas vezes tentei contar e na hora, apenas me calei.

— Nunca abandonaria você apenas por uma escolha, não sou assim. - Nunca seria. _ Deveria ter expressado minha opinião mais cedo.

— Não, eu que deveria ter contado sobre isso e não ter criado suposições em minha cabeça. - Apertou-me em seu abraço. _ Não quero perder você, cordeirinho. - Ri, sentindo seu perfume natural de terra molhada.

— Você não vai, gelinho. - Nunca iria abandoná-lo.

Escutamos passos e olhamos para o lado, vendo os três nos encarando com sorrisos e um olhar que já sabia qual era.

Mesmo o Bas sendo a melhor pessoa que já conheci, não tinha sentimentos românticos por ele e nem ele por mim, era impossível ficarmos juntos.

Sei que ele encontrará alguém que o ame como ele merece.

— Acho que o Chapéu Seletor estava certo em dizer que os Lufa-Lufa são gentis e fiéis a quem confia. - Cisa comentou, se aproximando.

— Sempre confiarei em vocês, juro pela minha magia. - Apertei o Bas, o fazendo rir, amava o riso dele.

Era energético e rouco, parecia um ganso esganiçado.

— Vamos sempre ser amigos, juro pela minha magia. - Falaram os outros três, menos o Bas.

— Juro. - Beijou minha testa, me fazendo sorrir.

Saímos do abraço, e voltamos a andar, indo em direção à biblioteca que não estava tão longe.

Mesmo nos aproximando, nenhum aluno estava à vista, estavam provavelmente ocupados demais para perambular pelo corredor.

Ou queriam aproveitar as últimas horas do sol da tarde.

— Mas você ainda não nos contou o que o velhote queria. - Cisa retomou a nossa conversa principal, uma que já tinha me esquecido.

— Ele apenas queria que parasse de conversar com vocês, mas vocês sabem que desde 1966 isso já era impossível de se acontecer. - O dia que mudou minha vida.

— Ainda me lembro como a Bella nos apresentou. - Entrelacei nossas mãos novamente.

— Nem me lembre, aquele dia tive que pedir a Madame Pomfrey para me dar uma poção calmante. - Cisa colocou a mão na testa, se lembrando do ocorrido.

— Aquele foi um maravilhoso dia, não concordam? - Sorri e chegamos. _ Bom, ficarei por aqui. - Bas não me deixou ir.

— Vamos, preciso conversar com o professor Slughorn. - Cisa puxou os garotos, deixando apenas Rabastan ao meu lado. _ Boa sorte. - Gritou.

Talvez ela estivesse me dando boa sorte para dizer os meus sentimentos para o Dolohov, mas acho que pode ser outra coisa, ainda mais que Rabastan estava ao meu lado.

— A senhorita está entregue. - Separou nossas mãos e fez uma mesura para mim.

Peguei minha capa com os dedos e fingi ser um vestido, o fazendo rir pela minha ação.

Mas o riso se foi e o olhar de antes voltou, me fazendo temer que algo de grave tivesse acontecido.

Seus olhos poderiam ser como esmeraldas sendo abraçadas pela luz do sol, mas elas podiam ser tão escuras quanto a grama ao anoitecer.

E eram essas vezes que não entendia seus pensamentos que sempre foram tão límpidos para mim.

— Destiny. - Era estranho escutar meu nome saindo de sua boca, ou invés de apelidos. _ Tenho que contar uma coisa.

Olhou para os lados e percebi que o assunto poderia ser mais sério, que aceitá-lo por ser um Comensal.

Acabei com o espaço entre nós, criando várias hipóteses que pudesse me dizer o que ele poderia me falar, mas a única coisa que me veio na cabeça era:

— Sua mãe está precisando de ajuda? - Genevieve era uma das melhores pessoas que já conheci, ela me lembrava minha própria mãe.

Parei de pensar em sua mãe, afinal, Rabastan apertava suas mãos como uma forma de convencê-lo a falar.

Peguei as mãos do homem a minha frente, a segurando com firmeza.

— Pode me dizer. - Apertei seus dedos, tentando passar confiança.

— Eu te amo. - Minha respiração ficou presa em minha garganta, me fazendo engasgar. _ Desde o dia que a conheci.

Olhei para ele, tentando saber se era mentira, mas não era, estava sendo sincero e minha consciência me culpava por ter sido tão idiota nesses anos.

Entretanto, minha mente estava em branco e não sabia o que dizer no momento, apenas tentei me situar na situação.

— Bas, o que você quer dizer? Pensei que seus sentimentos por mim fossem apenas... - Não me deixou terminar.

— Você era a garota mais linda em todo o salão e foi a única que me ajudou a brigar com meu irmão. - Fiquei confusa.

— O que quer dizer? Nunca fiz isso... - Sussurrei.

— No Beco Diagonal, em 1965. - Apertou minha mão. _ Nos conhecemos pela primeira vez ali, você me protegeu do meu irmão que tentava me insultar.

Não me lembrava desse dia, mas sei que era uma lembrança especial e não queria ser insensível.

— Desde aquele momento você ficou em minha cabeça, até que você surgiu no Grande Salão, e pude finalmente saber seu nome. - Levantou nossas mãos, as observando.

Meu coração estava agitado em meu peito, fazendo que fosse doloroso até mesmo piscar ou escutar os poucos ruídos ao nosso redor.

Mas os seus lábios em meus dedos, quentes e macios, me fizeram voltar a realidade proposta a minha frente.

— Bas... - Minha voz quebrou e lágrimas desciam pelo meu rosto.

— Gostei quando Bella a trouxe para nós, poderia finalmente conhecê-la melhor e cada dia que passava, a paixão infantil, se transformou em algo bom.

Funguei, não queria estragar suas lembranças e seus sentimentos, mas não o amava como ele me amava... Não posso ser tão egoísta assim.

— Cordeirinho. - Beijou minha pálpebra. _ Não contei isso para você se sentir mal, contei isso por querer desabafar todos esses anos que amei e continuo amando. - Tentou secar minhas lágrimas.

— Desculpa. - Funguei novamente.

— Não tem que me pedir desculpa por nada, apenas devo agradecer por ter me agraciado com sua presença por todos esses anos. - Apertou nossa mão. _ Não chore, odeio ver esses olhos verdes chorosos.

Não conseguia, estava magoando meu amigo e ele poderia me odiar, se fosse necessário. Afinal, não consegui ver seus sentimentos, mesmo estampados bem a minha frente.

Respirei fundo e tentava me acalmar, odiava ser fraca na frente das pessoas, mas ele não era uma pessoa insignificante.

— Desculpa. - Pedi novamente. _ Não quero magoá-lo, mas, não quero que você seja o segundo em meu coração, você não merece ser a segunda opção, Bas. - Sorriu.

— Sei que você ama o Antonin, e estou bem com isso. - Beijou minha testa. _ Quero apenas que você seja feliz, Tiny. - Por que isso estava doendo tanto? _ Apenas seja feliz. - Sorriu, soltando minha mão.

— Bas... - Deu passos para trás. _ Eu, e se...

— Não se force a gostar de mim apenas para tentar não me magoar, não gostaria de vê-la triste ao meu lado.

— Você está sendo tão injusto. - Enfiou as mãos nos bolsos e concordou. _ Por que logo agora?

— Sei que posso estar sendo infantil no momento, mas não poderia guardar isso.

— Por quê? - Dei um passo em sua direção.

— Porque queria parar de me iludir que um dia você iria acordar e me ver, acho que preciso parar de ler romance. - Tentou ser engraçado.

— Rabastan! - Segurei sua camisa desarrumada. _ Por que você não pode ser egoísta?

— Quer que eu a sequestre e a prenda em minha torre?

Estava sério e sua voz virou uma rouquidão sem fim.

— Não quero um amor doentio, cordeirinho, apenas queria seu carinho e já tenho com a nossa amizade.

— Mas você quer mais.

— Claro que quero, você poderia ser o meu destino, mas sei que é de outro. - Encostou sua testa na minha. _ Amar alguém é deixar ir, e quero vê-la feliz, seja com quem você quiser amar.

— Mas você estará triste. - O que adianta ser feliz?

— Não estou vendo meus sentimentos no momento, Destiny. - Bufei. _ Pare de se culpar e seja feliz. - Balançou meus braços. _ Que tentarei ser do meu jeito, confie em mim. - Piscou, ele tinha razão.

— Você é um idiota, mas amo você. - Limpei meu rosto, quando ele se afastou um pouco de mim.

— Depois me ajude com o dever de poções, não aceito um não como resposta. - Terminou o assunto com um sorriso, enquanto prendia os cabelos em sua fita verde.

Respirei fundo, à medida que ele caminhava para longe desse corredor deserto e apenas um pensamento continuava em minha cabeça.

Serei feliz, Bas. Tudo que preciso fazer é entrar na biblioteca... Que pena que não foi assim que aconteceu.


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