Among Other Kingdoms escrita por Break, Lady Lupin Valdez


Capítulo 9
Capítulo IX




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Estela olhava para a princesa, óbvio que ela sabia que William torturava pessoas, o viu cortar fora o membro de um homem, isso foi bem na sua frente, lembrava dos corpos que ele largava na fornalha do antigo castelo e das prostitutas carregadas para fora da fortaleza, além de todo terror psicológico que ele havia feito com ela, e óbvio que sabia que ele queria a foder, ouviu isso várias e várias vezes. Mas, não conseguia chegar numa conclusão se William seria um bom pai, as vezes tinha dúvidas quanto a Estevão, e olha que a única ambição do marido eram os bebês.

—Bom...Se ele for igual ao pai deles – Estela sorriu, gostava de seu sogro, era afável com ela – Aliás, ele iria adorar você.

—E ele é? – Auterpe olhou para a rainha, que virou o olhar para o mar. – William é como o pai?

—Não – disse envergonhada – Nenhum dois – quando tornou a olhar para a princesa, tinha um sorriso fraco no rosto – Eu sinto muito, Auterpe.

—Ah, não! Eu estou feliz com a gestação, meu bebê nascerá em um país diferente, onde irá governará independente do que tiver no meio das pernas – Elas trocaram uma risada, Estela ouviu porcelana quebrar ao longe e fechou os olhos, Estevão provavelmente estava na sala do pequeno conselho, que ficava algumas portas de distância – Isso é o que estou pensando?

—Com certeza, ele está... – Estela engoliu o que ia dizer, não queria dizer para a outra que o tio de seu sobrinho estava furioso pelo nascimento dele.

—Está o que? – Auterpe arqueou a sobrancelha.

—Furioso – completou – Eu não consegui engravidar depois que perdi o primeiro bebê. – outra porcelana foi estilhaçada - É por isso que temos tantos vasos no castelo – Elas riram – Quanto ao William, ele gosta de você, o que é bem difícil vindo deles, e ele será um bom pai; e eu sou só a esposa do irmão dele - o barulho dessa vez era de algo maior sendo arremessado, Estela fechou os olhos quando ouviu o choque – É melhor eu entrar – ela sorriu para a princesa – Com vossa licença – girou e entrou no quarto, fechando as portas na sequência, outra coisa atingiu a parede da sala.

Auterpe encarou a varanda vazia, Estela não havia sido muito convincente ao dizer que não havia dormido com William, mas considerando o quanto Estevão era surtado, era bem provável que o garoto não estivesse vivo se tivesse ocorrido algo desse gênero, no entanto algo no “Eu acho que não” quando questionada se William pensava nela soava estranho. A princesa sorriu, seria irônico o rei trancar sua rainha como um pássaro e ela ainda assim visitar ninhos alheios, algo formigou nela, precisava comer...e transar.

—Que inferno – Estevão gritou ao entrar na sala do pequeno conselho e arremessar o primeiro vaso que encontrou.

—Se acalme, seu maluco! – Mandrik berrou, limpava o sangue do nariz, sabia que aquele golpe havia vindo num momento de fúria, Estevão jamais bateria nele, era para isso que Estela servia.

—Como vou me acalmar?! – passou os dedos pelos cabelos furioso – Meu irmão fode com aquela garota meia dúzia de vezes e vai ser pai, sabe quanto tempo estou com Estela?

—Mas ela engravidou, lembra? Daí você quis levar os dragões para colocar meia dúzia de camponeses a correr e ela perdeu o bebê – relembrar isso o deixou mais furioso, outro vaso encontrou o destino do primeiro.

—Que merda, Mandrik – resmungou – Eu sou o rei, eu preciso de herdeiros! – Jogou uma cadeira na parede – Que tanto poder o pau de William tem?!

—Julgo que não seja William, mas Auterpe – o conselheiro respirou fundo, precisaria chamar a criada para limpar aquela bagunça.

—Deveria ter encontrado esse país antes, me casado com uma mulher que seja capaz de parir – socou a parede tão forte que seu punho foi arranhado.

—Relaxa, Estela vai engravidar – Mandrik deu de ombros.

—Ela vai, pode ter certeza que vai – rosnou atirando contra a parede um peso de papel, respirou fundo.

—Deixa de ser louco, você vai assustar eles – o cavaleiro encarou o rei, que o olhou de volta.

—Tem razão, precisamos agradar eles, faremos um torneio em nome do meu sobrinho – os olhos de Estevão brilharam – Organize isso para os próximos dias – ele serviu vinho nas duas taças, agradar Auterpe seria agradar Perseu, e com o rei manso, a aliança seria belamente consolidada.

Mandrik bufou e começou a organizar o evento, precisava ser perfeito, precisava enviar mensageiros para os condados, precisava de campeões.

Estela abriu a porta, olhou para os lados, Estevão estaria ocupado na sala do pequeno conselho, deu suaves passos para fora, novamente olhou para os lados, queria sair, iria sair. Desceu a escadaria quase em pulos, caminhando apressadamente até a porta de saída, dois guardas a trancaram.

—Eu quero sair – disse para eles.

—Temos ordens do rei de manter a senhora aqui dentro – o mais alto respondeu, ela olhou por cima dos ombros dele, o dia estava perfeito para voar – Volte para o quarto, majestade.

—Eu estou ordenando que me deixem sair – bateu o pé.

—Se vossa majestade não retornar para o quarto, temos ordens de levá-la para lá – o homem a encarava firme, a vontade dela não prevalecia sobre a vontade do rei, então, a ordem dela era irrelevante, além disso, nenhum guarda seguraria a bronca de deixar a rainha sair depois do rei ordenar de manter ela dentro do castelo.

Estela deu meia volta completamente frustrada, respirou fundo, poderia enrolar antes de voltar para o quarto, onde sabia que ficaria presa por um longo período. Chegou ao corredor da sala de dança, Perseu estava parado na janela, havia tido uma conversa complicada com a irmã, eles precisavam pensar no melhor para os reinos. O rei de olhos azuis assustou-se quando percebeu a entrada da rainha, Estela estava assustada, conseguia ver, ele abriu os braços para a receber em um abraço, ela se aninhou e recebeu um beijo no topo da cabeça.

—Está bem? – Perseu perguntou.

—Estou com medo – respirou fundo – Estevão está surtando com a gravidez de Auterpe – ela olhou para o rei com os olhos marejados – Ele disse que matará meus filhos se eles não tiverem os cabelos brancos.

—Ele não vai fazer isso – acariciou o rosto dela, Estela tinha olhos grandes, os lábios desenhados e um nariz perfeito.

—Eu o conheço, sei que ele faria – ela levou as mãos para a nuca dele e encostaram a testa um no outro.

—Vai ficar tudo bem, você vai ver – Perseu sorriu e limpou uma lágrima teimosa que saiu dos belos olhos verdes – Por que não vai até os dragões? Ajudaria a se sentir melhor?

—Não posso, os guardas não me deixam sair – falou baixinho, eles ficaram alguns instantes parados, ouvindo a respiração um do outro, os corações batendo sincronizados – Eu preciso voltar – deu um passo para trás e o rei segurou seu pulso, não como seu marido fazia, era de uma forma delicada.

—Obrigado pela noite de ontem – Perseu sorriu, ela retribuiu, ela que deveria agradecer, ainda parecia caminhar nas nuvens, o tanto que Perseu contrastava com Estevão era estranho, mágico e assustador. Estela fechou a porta com lágrimas nos olhos, queria morar naquele abraço e viver aquela segurança.

Subiu a escadaria quase correndo, ouviu risadas vindo da sala do conselho, Estevão e Mandrik estavam de bem, mesmo com uma cotovelada o conselheiro não saía de perto do rei, mas Estevão já havia apanhado de Mandrik várias vezes. Estela entrou no quarto, assustando-se com a presença de William sentado em uma poltrona perto da janela, ele sorria largamente.

—Eu vou ser pai – ele disse com uma feição tão feliz que chegava ser assustadora.

—Eu sei, eu apanhei por esse fato – ela fechou a porta com cuidado, não queria que qualquer ruído chegasse aos ouvidos de Estevão.

—Você apanha por qualquer coisa – William riu, mas não foi retribuído – Não seja assim – levantou, pegou as mãos dela e as beijou – Não quer passear com Jaspe e Perseu? Comemorar seu sobrinho ou sobrinha?

—Os guardas têm ordens para não me deixar sair – murmurou, William a abraçou, beijando a testa dela, Estela sempre seria a primeira mulher de cabelos brancos da sua vida, mas Auterpe era o caos que ele amava, era o sadismo, a necessidade de sexo.

Eles balançaram abraçados de um lado para o outro, Estela preferia os braços de Perseu. O cunhado depositou outro beijo na testa dela e saiu com um sorriso enorme no rosto, a rainha ficou sozinha, trancada como um pássaro em uma gaiola.

O sol estava quase tocando o oeste quando Estevão entrou nos aposentos reais, ele estava bem embriagado, segurou-se na porta e sorriu para a esposa, que o olhava com desdém de onde estava sentada, os últimos raios de sol deixavam seus cabelos laranjas e a poltrona a abraçava por completo. Ele cambaleou para dentro, jogando a porta com força suficiente para fechá-la, largou o vinho que trazia na mão em cima da mesinha de cabeceira enquanto deitava pesadamente na cama.

—Tranque a porcaria da porta e venha para a cama – disse numa ordem, Estela suspirou antes de levantar, caminhou até a porta e girou a chave, permanecendo ali alguns instantes, na completa esperança de quando tornar a virar ele já ter apagado – Eu disse para você trancar a porta e vir para a cama – as mãos dele encontraram os pulsos dela, o corpo quente em suas costas.

—Estevão, não, por favor – choramingou enquanto era puxada para o leito, caiu de costas no colchão, ele rasgou a seda do vestido como se fosse papel, a rainha fechou os olhos pensando no quanto Perseu havia sido delicado, ela deixou um sorriso escapar.

—Está pensando em quem?! – seu marido apertou suas bochechas, a fazendo arregalar os olhos rapidamente – Por que está sorrindo?!

—Em ninguém...não é nada – sussurrou, ele a beijou, o que quase a deixou bêbada – Pensava em nós, no início – contornou, levou as mãos pelo peito até a nuca, como havia feito com Perseu na noite do baile, mas era Estevão, e não apreciou o carinho, levou uma mão nervosa para o botão da calça, Estela lembrou porque estava ali – Meu amor, assim não – Estevão a olhou confuso – Não bêbado.

—Cale a boca – rosnou a virando de bruços, seu rosto afundou entre os travesseiros e enquanto seu marido a penetrava com força, completamente irritado, ela chorava silenciosamente.

Auterpe contava de seus planos para Perseu, dizia o quanto queria proporcionar o melhor para seu bebê, ele ouvia pacientemente.

—Se for menina será Evary, se for menino será Arion – Auterpe alisou a barriga sorrindo, um barulho chamou atenção de Perseu, era uma porta batendo com força e então as súplicas de Estela.

—Ouve o que ele faz com ela?! – sussurrou irritado.

—Sim, não posso fazer nada – a princesa deu de ombros – Como dizia, quero também um quarto novo, bem luxuoso e... – Perseu já não prestava atenção no que a irmã dizia – Irmão, o que aconteceu entre vocês? – a pergunta o pegou de surpresa, ele apertou a glabela, não adiantava mais esconder.

—Eu e ela saímos passear ontem de noite, acabamos numa praia vazia – um sorriso brincou nos lábios do rei – Ela é tão linda sob a lua.

—Ela é casada! – engoliu o grito – Com um maluco, por sinal – Perseu jogou a cabeça para trás – O que fizeram?

—Eu tive a melhor noite com uma mulher, ela foi perfeita – o sorriso se alargou – Eu não entendo porque ele age assim com ela, Estela é um doce!

—Perseu, você não pode repetir isso – Ela sussurrou.

—Ela merece um pouco de felicidade e carinho – respirou fundo.

A manhã seguinte começou estranhamente silenciosa, Estela iria discordar dessa observação, o ronco do marido havia a acordado várias e várias vezes durante a noite, o sol estava perto de nascer quando ela levantou, colocou lenha na lareira da sala de banho e começou aquecer a água, queria tomar um banho sem Liandra e Kaila, talvez chorar um pouco; a água estava agradável quando ela entrou, ficou submersa por alguns segundos, molhando os cabelos por completo, ouviu passos se aproximando, Estevão vinha com os olhos semicerrados, se aliviou no reservado, saiu espreguiçando, olhou para a esposa e sorriu, sem retribuição.

—Por que está mal humorada? – riu caminhando até a banheira e entrou na água, a puxando para perto, a colocou entre as pernas e a abraçou pelas costas, beijou a nuca da mulher.

—Passou o vinho? – Estela perguntou encolhendo o corpo.

—Bebi um pouco demais – ele desceu as mãos pelo corpo dela, parando no baixo ventre, onde deu uma leve pressionada, estava firme, rígido, não macio como sempre era, ele engoliu o sorriso – Faremos um torneio em homenagem ao filho de Auterpe – beijou novamente o pescoço dela – Aparentemente todo homem consegue engravidar uma mulher, menos quem realmente é importante – Estela se encolheu ainda mais com a frase – Mas tenho certeza que logo teremos nosso bebê de cabelos brancos. – beijou os preciosos fios que saiam da cabeça dela.

Perseu passaria os próximos dias envolto da organização do torneio em homenagem a gravidez de Auterpe, o que considerou estranho, ainda mais vindo de Estevão; Estela estava aparecendo muito raramente, não mais que alguns minutos em cada refeição, não ia mais aos dragões, nem o encontrava na sala de música, ele estava preocupado com ela, será que Estevão seguia agredindo ela? Será que estava desconfiado de algo e por isso estava a trancando no quarto?

—E seu cunhada, William? – o rei de olhos azuis perguntou enquanto o namoradinho de sua irmã estava carregando frutas para a grávida, William virou sorrindo.

—No quarto – disse simplesmente.

—Por quê? – arqueou a sobrancelha se aproximando.

—Porque Estevão quer – deu de ombros.

—Eu quero vê-la e sei que você tem acesso livre ao quarto – Perseu sussurrou.

—Quase livre – sorriu – Vem – William o guiou escadaria a cima – Sabe que amanhã de manhã começa o torneio em homenagem ao meu filho? – o garoto falava orgulhoso qualquer assunto que envolvesse a gestação.

—Estou ciente – Perseu parou na porta onde William também parou, era enorme, com maçanetas douradas e asas de dragão talhadas na madeira.

—Estela, abre, sou eu – William bateu duas vezes, a chave foi girada e quem abriu a porta foi Liandra, estava com um semblante preocupado no rosto – Onde está minha cunhada? – Perseu olhou para dentro, depois dos sofás e poltronas, a porta aberta mostrava a cama, estava vazia e abarrotada.

—Vocês sabem onde está o rei? – Liandra juntou as sobrancelhas, franzindo o cenho.

—Organizando os últimos detalhes do torneio – Perseu respondeu, a criada olhou para ele.

—Pode chamar sua majestade, mi lorde? – Liandra virou para William, que assentiu; correu para o quarto de Auterpe, onde largou a cesta de frutas e desceu escada a baixo aos pulos.

—Ela está bem? - o rei de cabelos brancos tentou espiar o interior do quarto, mas era impedido pelo corpo da criada. – Precisa de ajuda?

—Sua majestade está bem, ela só precisa do marido – Perseu queria falar que Estela precisava era ficar longe de Estevão, mas não iria ser atrevido nesse nível. Ouviu o burburinho que emergia a escadaria e se esgueirou para o quarto de Auterpe.

—O que está acontecendo? – a princesa perguntou – Aconteceu algo com o torneio do meu bebê?

—Não, está tudo certo – Perseu parecia distante – Estela não está bem, consigo sentir.

E não estava, naquela manhã ela havia ficado encolhida na cama, sua garganta ardia, seu estômago revirava e seu ventre queimava, estava tonta e o cheiro doce do vinho de pêssego a fez vomitar assim que sentou na cama. Estevão havia saído cedo, estava vendo os últimos detalhes para o torneio, tudo precisava sair perfeito, não era momento de ficar doente. Quando Liandra chegou, ela estava ajoelhada no chão abraçada em um balde, suava de tanto que havia vomitado, a criada deu um banho para limpar o suor, prendeu os cabelos e escolheu um vestido fresco, que também não ajudou nada nos enjoos, além disso, estava com muita cólica.

Estevão estava na arena, o torneio seria magnífico, com tudo para mimar os visitantes, ele e Mandrik faziam a inspeção nas últimas armas de combate amistoso quando William chegou correndo, suas bochechas estavam vermelhas e ele arfava.

—Que houve? – Mandrik perguntou.

—Estela – falou respirando fundo, nunca havia descido a escadaria tão rápido.

—No quarto – Estevão deu de ombros e voltou sua atenção para as armas.

—Eu sei – recuperou o fôlego – Liandra pediu para te chamar, ela não está bem – a última frase foi o bastante para o rei largar tudo e ir de encontro com sua esposa, o conselheiro veio logo atrás, catando Linor no caminho, o pequeno grupo chegou no quarto do rei e da rainha em instantes, William preferiu esperar na antessala, onde Mandrik também ficou.

Estela ficou de pé com o apoio de Liandra, mal tinha forças para ficar de olhos abertos, Estevão a segurou pela cintura com um braço, passando o outro por baixo dos joelhos dela e a pegando no colo, ela escondeu o rosto no peito do marido até ser colocada na cama.

—O que você tem? Estava bem de manhã – Estevão alisou os cabelos dela com delicadeza, beijou sua testa, que estava salgada de suor.

—Posso ver, majestade? – Linor se aproximou, o rei deu lado, o curandeiro começou a apalpar o baixo ventre, que apresentava resistência, estava duro ao toque – Vossa majestade sente dor? – ela confirmou com um aceno acompanhado de gemido – Com licença – Linor ergueu a saia do vestido, Estela revirou os olhos quando o homem afastou suas pernas, Estevão repousou a mão em um de seus joelhos, como um lembrete que estava ali, ou um lembrete para ela não tentar nada contra o exame; Linor examinou o fim do canal, estava rígido e fechado, suas aulas práticas serviram naquele momento – Vossa majestade será pai – disse ele assim que retirou os dedos de dentro dela, lavou a mão na bacia de água enquanto Estevão estava boquiaberto.

—Certeza? – o rei perguntou arqueando a sobrancelha.

—Absoluta – o curandeiro sorriu para a rainha – Irei me retirar. Com vossa licença – Linor saiu do quarto, Mandrik e William tentaram espiar, mas o garoto foi rápido ao fechar as portas.

—Que merda, você realmente ficou grávida – Estevão passou os dedos nos cabelos, sorria alegremente – Meu bebê...nosso bebê de cabelos brancos – ajoelhou no lado dela, segurando sua mão e beijando sua barriga – Meu príncipe cavaleiro de dragão – sussurrou contra a pele delicada, ele levantou, abrindo a porta num rompante – Vamos ter um bebê! – ele gritou, William suspirou aliviado, Estela não morreria, Mandrik também estava aliviado, enfim Estevão deixaria de ser doido.

Perseu encarou Auterpe, que comia uma bela e suculenta maçã verde, ela estava ficando faminta com a gestação.

—Ela está grávida – o rei sussurrou.

—E é dele? – a princesa deu outra mordida forte – Porque pode muito bem ser seu – Perseu a olhou em silêncio – Se fosse seu, deixaria para Estevão criar?

—Não – respondeu simplesmente.

Durante o almoço, a mudança de humor de Estevão era nítida, o sorriso era sincero e atravessava seu rosto de uma ponta a outra, ele comeu entre piadas, risadas e promessas de uma aliança vantajosa para os dois mundos. Perseu estava preocupado com a segurança da rainha e com a alimentação, sabia que não havia comido nada de desjejum.

—E a rainha? – Perseu perguntou, o sorriso de Estevão aumentou, ele queria contar para todos, mas não anunciaria a gestação de seu filho de forma tão casual.

—Está indisposta – usou a mesma frase que Perseu usara quando Auterpe teve os primeiros sintomas.

Durante toda a tarde, William fez companhia para Perseu e Auterpe, ele preferia fazer companhia apenas para a princesa, mas sem o rei no castelo e com a rainha vomitando como se não houvesse amanhã, seria complicado não ser ele o anfitrião. Ele levou os dois para um pequeno tour pelo castelo, mostrando os detalhes da arquitetura impecável que haviam reconstruído, a princesa achou entediante, o seguiu para o agradar, Perseu não prestou atenção em meia frase, queria ver Estela, falar com ela.

—Eu poderia falar com Estela? – Perseu perguntou.

—Ela não está muito disposta – William deu um sorriso cínico, misturado com safadeza.

—Eu só quero vê-la – o outro assentiu, novamente pararam na porte com asas talhadas, William colocou a chave na fechadura e girou a maçaneta, revelando a antessala, a cortina tremulava com a brisa que entrava pela janela, os sofás estavam perfeitamente alinhados e limpos, Auterpe torceu o nariz para aquilo, quem precisa de uma sala no quarto?

—Entra, depois daquela porta – acenou recuando, pegou na mão de Auterpe, tinha planos mais divertidos para os dois.

Perseu deu dois passos tímidos, será que era seguro? Quando olhou para trás viu que William já não estava ali, o deixaram sozinho, bufou, passou pelo tapete e parou na outra sala, resolveu que bateria, deu três toques suaves, ouvindo o farfalhar de um vestido se aproximar, se fosse uma criada, o que ele diria? Por sorte não era, quem abriu a porta foi Estela, extremamente pálida, engoliu em seco ao ver o rei de cabelos brancos.

—Eu estou grávida – disse de uma vez, como se aquela frase fosse a chave de sua sobrevivência, Perseu a abraçou.

—Eu ouvi ele comemorar – beijou o topo da cabeça dela.

—Você não pode contar para ninguém, Estevão não quer que ninguém saiba por agora – ela o encarou preocupada, Perseu engoliu o medo e selou seus lábios nos dela – Estou com medo.

—Vai ficar tudo bem – acariciou o rosto delicado – Eu queria te ver, saber se está bem.

—Vou ficar – afagou as mãos dele – Vá, Liandra já vai retornar – ela selou os lábios deles mais uma vez, Perseu saiu rapidamente, Estela tinha razão, a criada já iria voltar, estava chegando no corredor, no entanto, deu tempo dele chegar em seu quarto e ouvir os barulhos que sua irmã e William faziam no quarto ao lado.

Depois do jantar, que Estela fez no quarto, Estevão deitou ao lado dela, a abraçando, beijando seu rosto, seu colo e seus cabelos, ele acariciou seu ventre enquanto imaginava o futuro de seu filho, falava para Estela tudo que faria em homenagem ao nascimento do primogênito e tudo que esse conquistaria quando fosse rei.

A manhã seguinte começou igualmente péssima para a rainha, as coisas só melhoraram quando um banho fumegante foi arrumado, a água quente a abraçava.

—Está muito quente – Linor comunicou, ele apenas havia ido verificar se a rainha estava bem.

—Eu também disse isso – Liandra deu um leve empurrão no curandeiro.

—Meu filho é um dragão, dragões gostam do calor – os criados se dispersaram quando Estevão se ajoelhou no lado da banheira, sabia que a água estava muito quente, ele mergulhou sua mão até encontrar o ventre da esposa, onde afagou – Como está hoje? Melhor? – Estela negou sorrindo fracamente, sentia-se destruída.

—Acha que é mesmo um dragão? – olhou para o marido receosa.

—Claro que é – ele a beijou, enfim tinha ao seu lado o homem pelo qual se apaixonou, o que era carinhoso, gentil e atencioso.

As realezas dos dois mundos estavam prontas para o início do torneio, Auterpe usava um vestido roxo com prata, era elegante com belos bordados e lindas rendas, Perseu usava a mesma roupa do baile, William usava um paletó verde escuro e a camisa branca, além de ostentar um sorriso de um lado ao outro do rosto. Quando Estela chegou, Auterpe ficou incomodada, a garota parecia ter algum holofote que a iluminava para o povo, todos os presentes saudaram a rainha, era nítido que era para ela e não para Estevão; o rei usava roupas bem parecidas com as de William, só que ele ostentava uma coroa ricamente detalhada, com uma mini escultura de dragão no centro, porém Estela estava deslumbrante no vestido verde, porque afinal, era sempre verde, o corpete era ricamente bordado, com pérolas por toda a gola, a saia também era bordada, mas num tom diferente de verde, a coroa que lembrava chamas na cabeça, decorando os belos cabelos brancos com os fios de ouro.

—Por que o povo gosta tanto dela? – Auterpe sussurrou para William, não conseguia entender porque Estela era tão amada se mal saia da fortaleza.

—Porque ela acabou com qualquer ameaça de ataque, além disso, foi ideia dela estocar mais alimento no inverno, o que diminuiu o preço da compra nesse período – William explicou porcamente enquanto os aplausos diminuíam até cessarem.

—Meus condes, meus lordes, meu povo – Estevão tomou a frente do mezanino, abaixo dele a arena onde os cavaleiros estavam dispostos lado a lado para começarem as justas – Esse torneio é um momento muito especial, é em homenagem ao futuro de Calasir, em homenagem ao primogênito de meu irmão – alguns mais conhecidos de Estevão se olharam confusos, por que ele faria um torneio para comemorar a gravidez de uma cunhada? Auterpe deu um passo a frente, certa que seria sua hora de falar – E não só isso, é em homenagem a algo mais especial, hoje, é com imenso prazer e com uma alegria que não cabe em mim – pegou a mãos de Estela, a puxando mais para frente, ao seu lado, passou o braço pela cintura dela – Hoje eu anuncio que em nove luas teremos outro torneio – olhou para a esposa sorrindo, as damas na plateia suspiraram pensando que gostariam de um homem que as olhasse como rei olhava a rainha – E ele será em homenagem ao meu herdeiro – selou os lábios nela rapidamente – Em nove luas teremos um príncipe, o herdeiro do trono! – quando ele virou para a plateia, todos irromperam em palmas, o povo realmente gostava da rainha e a maioria havia presenciado a perda do primeiro bebê – Está aberto o torneio!

O casal real estava feliz, eram um casal muito bonito para qualquer um que não os conhecesse. A rainha passaria todo o evento acenando, sorrindo e dando prendas aos cavaleiros, enquanto Estevão receberia as felicitações pela chegada do herdeiro.

Mandrik beberia boa parte do torneio ao lado de Navi e Leodak.

Auterpe passaria uma parte incomodada por Estevão trocar o centro das atenções dela para Estela, mas entenderia, depois uma longa conversa com Perseu, que ali era o reino deles e que poderiam fazer quantas festas quisesse no outro lado para homenagear seu filho.

William estava nas nuvens, pouco importava se Estevão não deixou o eventos ser exclusivo de Auterpe, ela tinha um reino só dela, mas agora, com um bebê no ventre, Estela estava segura.

Perseu olhava para a rainha, pensando se aquele bebê seria dele, se fosse, o que poderia fazer? A levar para Saphiral? Mordeu o lábio inferior, respirou fundo.

—Partimos para Saphiral amanhã – anunciou para Navi.

 

 


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