Among Other Kingdoms escrita por Break, Lady Lupin Valdez


Capítulo 11
Capítulo XI


Notas iniciais do capítulo

Ficou menor que o anterior? Sim, bem menor, mas não tenho muito mais o que dizer depois do 10° capítulo, que foi excepcional.
Nos vemos em breve.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/810224/chapter/11

—Ele partiu – Estevão entrou no quarto com um sorriso no rosto, beijou a esposa delicadamente e afagou seu ventre enquanto alisava seus cabelos. Havia acabado de deixar o rei do outro lado no porto e estava um tanto aliviado de não precisar ser completamente cortes com outro rei.

—Quem? – Estela perguntou ao se afastar.

—Perseu – o rei sentou na poltrona para tirar as botas e colocar um sapato mais confortável. Estela andou até a sacada, onde viu o navio de velas rosas distante do porto, então Perseu havia partido sem dar nenhum adeus? Ele ignorou totalmente a possibilidade da paternidade ser do bebê ser dele, por quê? Será que havia feito algo errado? Lembrou das palavras do rei de olhos azuis, ele dizia que ouvia as vezes que Estevão estava com ela, era óbvio que Estevão estaria com ela! Era seu marido, afinal! Mas isso não tiraria a possibilidade dele ser o pai de seu bebê – Como estão as coisas hoje? – ele a abraçou pelas costas, as duas mãos sobre sua barriga, Perseu tinha direito de questionar se era o pai, mas não o direito de fingir que a possibilidade de ser não era grande, afinal eles transaram primeiro durante a lua de sangue. – Estela? – ela virou – Perguntei como estão as coisas hoje. – Estevão repetiu firme.

—Bem, está tudo bem – ela sorriu o beijando.

—Qual nome daremos para nosso bebê? – beijou os cabelos dela, os cabelos que em breve seu filho teria. Estela sorriu com o uso de “nosso bebê”, o que a lembrou de Perseu, e seu coração se encolheu. – Eu pensei em Enoch ou Eilon, o que acha?

—Gosto de Eilon – ela sorriu, contornou o rosto dele com a ponta dos dedos indicadores – E se for menina?

—Não será – ele beijou a testa dela calmamente, Calasir teria um herdeiro ou não teria nada.

Auterpe entrou em seu quarto chorando, estava assustada e sozinha nesse lado estranho, condenada a passar parte da sua gestação num lugar onde mulheres não tem voz para nada, sem seu irmão para a apoiar. Respirou fundo, não, as não seriam assim, não com ela, não deixaria um homem fazer o que bem quisesse sem que a opinião dela fosse ouvida e levada em consideração. Auterpe precisava deixar de ser princesa e ser a rainha!

Perseu observou em um silêncio quase fúnebre o castelo ficar cada vez mais distante, as estátuas de dragão ficaram menores, as torres altas também diminuíam, seu coração ficava menor também, não havia dito nada para Estela, nenhum “até logo”, a queria junto, mas era proibido, estavam condenados a jamais ficarem juntos.

Três luas passariam num piscar de olhos, a barriga de Auterpe estava saliente, ela já estava planejando ir para Ruphira, queria que seu bebê nascesse lá, na segurança de seu povo, mas precisava saber como estavam as coisas naquele lado, se a guerra havia sido apaziguada; William não questionava nada que ela dizia, tudo que Auterpe escolhia estava bom para ele.

Aquela manhã estava belíssima, o dia ostentava um belo sol, céu azul e nenhuma nuvem, por outro lado, Estela estava achando péssimo, ela urrava dentro do quarto, seu corpo inteiro doía e seu útero parecia que estava sendo cortado, o bebê se mexia com violência, como se estivesse brigando. Linor entrou com pomadas para aliviar a dor e mais alguns instrumentos, estava preocupado com a saúde do herdeiro, se tivesse algo errado, sua cabeça seria servida em uma bandeja de prata aos dragões.

—Onde está meu marido? – ela perguntou entredentes segurando na quina de uma cômoda.

—Ocupado, majestade – Linor falou enquanto passava uma pomada nas costas da rainha para ajudar na dor – Estou preocupado, não era para sentir tamanha dor agora.

Houveram batidas na porta que interrompeu o curandeiro, Estela choramingou, queria Estevão ao seu lado e ele não bateria na porta. Liandra olhou para Kaila, que cuidava das panelas esquentando na lareira da sala de banho, a mais nova entendeu e foi em direção à porta.

—Eu gostaria de falar com a rainha – era Auterpe, Estela sorriu levemente, elas não estavam muito próximas, mas gostaria de conversar com ela.

—Sua majestade não está bem – Kaila respondeu.

—Deixe-a entrar – Estela falou alto suficiente para as duas escutarem, Auterpe entrou no quarto, nunca havia entrado ali de fato, havia visto parte dele quando Perseu pediu a William o levar ver a garota, ela olhou para a lareira com os dragões que faziam guarda ao fogo, a sacada estava aberta, Linor guardou o que havia levado.

—Com licença, majestade – acenou para Estela – Alteza – fez o mesmo para Auterpe.

—Você está bem? – Auterpe se aproximou.

—Estou com dor – sorriu fraco – Pelo Grande Dragão, é como se estivesse lutando dentro de mim – ela colocou a mão na barriga, sentindo os movimentos abruptos, nem sabia que conseguiria sentir tão cedo, Auterpe levou aos mãos ao ventre da garota e uma parte dos movimentos parou, a princesa arregalou os olhos e pediu, silenciosamente, um sinal de que o bebê era filho de Saphiral e então um choque chegou em sua mão, fazendo a outra arfar e se curvar, haviam duas energias ali dentro, uma a respondia como igual, outra a repelia, ela engoliu em seco.

—Por que não passeamos? – Auterpe sorriu docemente, Estela assentiu, calçando sapatilhas e seguindo a outra para fora, a água seguiria sendo aquecida para quando ela retornasse; elas desceram de braços dados pela escadaria e assim que colocaram os pés para fora do castelo, dois guardas já a seguiram, a princesa olhava para trás e caminhava um pouco mais rápido, queria ficar longe dos guardas, passaram pelo bosque e subiram as escadas até o covil, Estela suspirou aliviada quando Jaspe farejou sua barriga – Tudo bem?

—Sim – sorriu olhando para a outra – Quando estou perto de Jaspe e Sinler tudo para, não tem mais dor, nem brigas – acariciou a cabeça do dragão – Eu queria saber com o ele briga – Auterpe sorriu, será que deveria contar para Estela que haviam dois bebês em sua barriga e cada um era de um pai? Talvez essa segunda parte pudesse ser omitida.

Quando elas retornaram, o castelo estava cheirando a bolinhos de maçã, o que despertou fome na rainha, ela e a princesa foram para uma das salas de estar, a que ficava mais perto da sala de jantar, Calissa foi a responsável por levar os bolinhos em uma bandeja prateada.

—Querida – Estevão surgiu atrás de Estela, alisando seus cabelos delicadamente – Linor disse que queria me ver – eles sorriram um para o outro – Está tudo bem?

—Eu estava com dor, queria você por perto – afagou o pulso dele rapidamente, William se aproximou silenciosamente, sentando ao lado de sua princesa, Estevão fez o mesmo, puxando Estela para seus braços.

—Fico feliz que esteja com fome – sorriu para a esposa, tirando uma mecha de cabelo de seu rosto.

—E ela ficará muito mais faminta – eles viraram a atenção para Auterpe – Agora que come por três – a princesa sorriu – Você sabe que são dois, não sabe? – Estela negou com um aceno, ela não poderia estar grávida de dois, um só já iria enfraquecer seu corpo, porque era isso que bebês de estrangeiros faziam – Pois são – os olhos de Estevão brilharam, toda a espera valeria a pena, ele levou as mãos ao ventre da esposa e sentiu nitidamente um dos bebês chutar, enquanto outro remexeu ao toque.

—Será que serão dois príncipes? – Estevão sorriu para a esposa – Ou serão os próximos governantes?

—Seu filho e sua filha governariam lado a lado? – por um minuto Auterpe esqueceu com quem estava lidando e acreditou que seria possível.

—Ah, não – Estevão riu – Quando tivermos um casal de filhos, eles se casarão entre si para que gerem mais cavaleiros de dragão – Estela parecia bem com essa ideia, mas o estômago de Auterpe se encolheu, não conseguia se imaginar casando com Perseu.

—O que você acha disso, Estela? – a princesa perguntou, William já não prestava atenção, parecia que nem estava ali.

—De onde eu vim só tinha casamentos assim, primos com primas, irmãos com irmãs, tios com sobrinhas – Deragona era um país marcado pelo incesto, mas era o que mantinha os dragões com eles – Estrangeiras não geram cavaleiros – alisou o ventre com suavidade.

A cada dia que passava, mais Auterpe ansiava em retornar para casa, para Ruphira, para seu lar, precisava que Perseu lhe mandasse um sinal, precisava ir antes que seu bebê nascesse nesse mundo caótico, precisava de apoio! Com todos esses pensamentos ela entrou na biblioteca, surpreendendo-se com a presença de Estevão, havia uma garrafa de vinho e uma taça pela metade na sua frente, a princesa o analisou, era tão diferente de William, Estevão tinha belos cabelos loiros escuros, era muito mais másculo que o irmão, será que aguentaria a voracidade dela?

—Auterpe, entre – ele sorriu ao erguer a cabeça, via a insatisfação em sua cara.

—Desculpe atrapalhar – ela disse ao entrar e fechar a porta atrás de si – Você está bem? – se aproximou dele em passos curtos, Estevão passou os dedos nos cabelos, os bagunçando, talvez fosse seu desejo sexual agindo, ou talvez a briga com William que a deixou vulnerável, mas por todo o reino de Hades, aquele homem parecia tão bonito.

—Você não vai querer ouvir – ele riu completando sua taça, ela sentou, tomou a taça das mãos dele, o que arrancou outra risada, Auterpe deu um longo gole, precisava afogar seu desejo estranho.

—Pois conte – talvez ao ouvir ele e lembrar o quanto era um idiota, as coisas acalmassem e o fogo entre suas pernas cessasse.

—É Estela, está insuportável com a gravidez – Auterpe segurou para não revirar os olhos, pelos Deuses, o cara era insuperável no quesito de odioso – Me quer por perto, mas não como eu preciso – ele tomou um gole do vinho que dividia com a princesa.

—E como você precisa? – a princesa disse de forma demasiadamente sexy e totalmente involuntário.

—Eu preciso de sexo – Estevão falou sem muito rodeio – Eu não posso tocar na minha esposa porque pode ser perigoso, que merda, por que não me casei com alguém mais forte?! – houve mais batidas na porta, Auterpe gemeu desgostosa – Entre!

—Desculpe, majestade – era Kaila, tinha uma expressão preocupada no rosto – A rainha está solicitando sua presença no quarto. – o rei olhou com desdém – Ela está com dor.

—Diga que já vou – a criada assentiu e fechou a porta – Viu o que te digo? Ela está sempre com dor, olhe para você, está perfeita, saudável – os olhos de Estevão analisaram a garota, era belíssima, involuntariamente levou dois dedos para o rosto dela, o acariciando, Auterpe apertou uma coxa contra a outra, era um toque insignificante, não deveria emanar tanta energia.

—A rainha precisa de você – ela afastou a mão dele – Terminamos a conversa outra hora – Auterpe sorriu, o que foi retribuído por Estevão, que acenou e foi em direção à porta, arrumando seu membro por cima das calças, a princesa sentiu nojo de si mesma por estar desejando aquele homem inescrupuloso, ao mesmo tempo, sabia que era da gestação, era um fogo incontrolável.

Estevão subiu a escadaria principal pensando na princesa, entendia porque seu irmão se apaixonou por ela, era tão bela, tinha algo nela que causava desejo, algo que o deixava em combustão. Entrou no quarto, agradecendo por ter o feito tão grande, respirou fundo na antessala, a ereção diminuiu, Estela gritou.

—O que você tem? – ele perguntou ao se aproximar, ela usava um robe que deixava seu ventre protuberante, mais do que devia para três luas, mas eram dois bebês, pela primeira vez teve certeza absoluta que tinha sorte.

—Está me machucando – ela gemeu procurando o abraço dele, sendo imediatamente acolhida, ele afagou suas costas, o que arrancou um suspiro aliviado de Estela – Por que eles brigam?

—Porque são fortes – levou uma das mãos ao ventre, o que fez um dos bebês acalmar, ela o beijou suavemente, arrancando um sorriso sincero dele.

As coisas ficariam bem.

Perseu também pensava nisso, rezava aos Deuses para que as coisas ficassem bem, precisava livrar seu povo da invasão, apaziguar as coisas e trazer sua irmã para a segurança de Pardox. Ele observava o campo de batalha, eles precisavam ganhar, sua mãe ganharia, tinha certeza, mas ele não queria ser sua mãe.

O rei respirou fundo, a brisa bagunçou seus cabelos, Merope não estava forte suficiente para ajudar, não agora, pelo menos; ele caminhou pela escadaria, ele lutaria e venceria a batalha, acabaria com a guerra e com qualquer futura ameaça.

Ele era Perseu Archi, rei das safiras, e venceria qualquer coisa.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Among Other Kingdoms" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.