Uma Segunda e Verdadeira Chance a Nós escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 16
Capítulo 16




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Mesmo sem ainda ter um ano de idade, era clara a fascinação que os livros podiam provocar em Elizabeth Crowley, já que ela literalmente era cercada por eles. Com o tempo, sua mãe criou o hábito de ler para ela várias histórias e as ilustrações nos livros certamente chamavam sua atenção. Foi então que a pequena Lizzie decidiu que exploraria os livros por conta própria.

Sua mãe estava por perto, com um olho na sua leitura de "A Ilíada", e nos movimentos de Lizzie, que até então estava ocupada com um chocalho. O barulho do brinquedo de repente parou, quando a menina olhou para cima, fascinada com uma cópia de capa verde brilhante de "O Hobbit". Ela soltou o chocalho e se mexeu até o livro. Apoiou o peso em suas mãos e engatinhou até lá, se afastando um pouco de sua mãe. 

Assim que Aziraphale notou o silêncio, ela olhou diretamente para Lizzie, a vendo engatinhar pela primeira vez, o que a fez deixar o livro de lado e se levantar por tamanho espanto e admiração.

Por instinto, ela se abaixou, ainda observando a filha, com medo de que ela parasse de engatinhar. Sua estratégia deu certo, pois Lizzie se mexeu mais um pouco, erguendo sua mão em direção ao livro que queria. A menina perdeu um pouco do equilíbrio, mas virou a cabeça para recuperá-lo. Quando ela não alcançou o livro, Lizzie apenas bateu sua mão na estante e o livro caiu perfeitamente na frente dela, o que arrancou uma risada de satisfação.

Atrás dela, Aziraphale deixou escapar um longo suspiro. Era como se Lizzie tivesse feito o livro cair num passe de mágica, não como um mero acidente. Ela tinha certeza que tinha acabado de presenciar um pequeno milagre.

Depois de processar seu próprio espanto, a segunda reação de Aziraphale foi querer chamar Crowley, ávida por contar o que tinha acabado de ver. Sendo bem honesta consigo mesma, ela não sabia dizer o que a tinha espantado mais, o fato de Lizzie já estar engatinhando ou fazendo milagres.

Foi então que depois de alguns instantes, Crowley chegou em casa, segurando um novo vaso de plantas, do jardim móvel que tinha crescido ao longo dos anos e encontrado um lugar na livraria. Ele encontrou Lizzie folheando o exemplar de "O Hobbit", enquanto sua mãe ainda estava em uma posição estática.

—Está tudo bem por aqui? – ele perguntou, dividindo o olhar entre as duas.

—Está sim, é só que... – Aziraphale respondeu sussurrando, sem tirar os olhos de Lizzie.

—Tem certeza de que está tudo bem? Você tá bem... – ele tentou encontrar a palavra mais correta para a situação.

—Bom, é que a Lizzie acabou de engatinhar e fazer um milagre! – Aziraphale finalmente conseguiu explicar.

—Um milagre? Como assim? Ela seria capaz mesmo? Além disso, ela é só um bebê, então... – o pai dela teve algumas dúvidas quanto isso.

Foi então que para provar o contrário, Elizabeth deixou o livro e engatinhou até seu pai, tocando a perna dele.

—Olha só pra você... você é uma maravilha e tanto – ele disse igualmente espantado, chegando a pegar Lizzie no colo.

Como se tivesse gostado do elogio, Lizzie então fez o vaso de plantas flutuar, o mudando de lugar, o colocando onde achava melhor para ele ficar. Foi aí que o espanto enorme de seus pais se igualou.

—Ok, garotinha, não duvido nada que foi você que fez isso – Crowley comentou – você só não pode... bom...

—Fazer isso em público? Concordo – Aziraphale disse, um tanto preocupada com as implicações das novas habilidades descobertas.

—Você disse que ela acabou de fazer isso, então pode ser que seja algo ainda em desenvolvimento – ele deduziu.

—Você lembra de alguma "Fase de desenvolvimento", bem, quando você também.... ? – ela questionou.

—Nós fomos criados com habilidades, o que faz da Lizzie uma criaturinha com habilidades – Crowley continuou a especular – a diferença é que nós sabíamos controlar isso tudo desde sempre, mas ela, como qualquer bebê, não deve ter a mínima noção do que está fazendo.

—Ou como um bebê que nasceu com habilidades, ela sabe delas, só não sabe usá-las ainda! – Aziraphale compreendeu – o que nós vamos fazer agora?

—Primeira coisa, é não se desesperar, anjo – ele aconselhou com gentileza – a gente já sabe do que ela é capaz, vamos apenas observar e ajuda-la como pudermos.

—Parece um ótimo plano – ela concordou, dando um sorriso aliviado.

Por ora, o casal tinha concordado que a única coisa que fariam a seguir seria ler "O Hobbit" para a filha, que claramente queria saber do que se tratava aquela história em particular.

O tempo foi passando e apesar do olhar atento dos pais a Elizabeth, seus milagres fora do comum não aconteceram novamente. Acabou que aquela manifestação tinha sido única até então e se mostrado um verdadeiro mistério. Havia com certeza, nas mentes de Crowley e Aziraphale, a possibilidade de isso acontecer novamente a qualquer momento. Mas também a possibilidade de isso não acontecer de novo e ter sido realmente, uma coisa única. Fosse como fosse, seus pais estavam de olho nela, da melhor maneira possível.

Como naquela ocasião em que Aziraphale tinha incentivado uma tarde pai e filha, o que Crowley estreitou os olhos primeiro, e sua esposa cruzou os braços, um tanto indignada.

—Qual o problema de passarem um tempo juntos? Vai fazer bem pra vocês dois – ela incentivou mais um pouco.

—Eu amo passar um tempo com a Lizzie, não me entenda mal, a questão toda é que se acontecer alguma coisa, como uma emergência higiênica, eu vou conseguir, você sabe, me virar sozinho? – ele tentou se explicar.

—É claro que vai, você já foi babá, além disso, você trouxe ela ao mundo, não tem nada que não saiba a respeito de bebês, incluindo sua própria filha – ela argumentou.

—É aí que você se contradiz, meu anjo – ele voltou a argumentar, chegando a colocar as mãos na cintura, para enfatizar.

—Por que eu me contradigo? – ela deu um passo perigoso à frente, se aproximando dele.

—Porque, pelo bem ou pelo mal, nossa pequena Lizzie aqui é imprevisível – ele contrapôs.

—Imprevisível? Como pode chama-la de imprevisível? – Aziraphale tinha se indignado com o termo, mas ao entender ao que ele tinha se referido, ela abriu a boca em espanto, num perfeito "oh" – você quer dizer que ela pode fazer outro milagre, a qualquer momento.

—Exato, e você acha que eu saberia lidar com isso sozinho? Quer dizer, eu... – ele suspirou antes de despejar sua confissão – eu não teria problemas em errar com o Warlock, mas com a Lizzie... eu não quero errar nunca com essa garotinha.

—Ah meu querido... – Aziraphale se compadeceu do estado do marido, e seu passo perigoso à frente se tornou um afago no seu rosto – seu esforço para ser perfeito para nossa filha é admirável, mas aí é que está a questão, ninguém é perfeito, nós erramos um com o outro mais vezes do que posso contar, mas ainda assim, estamos aqui, sabe por que?

—Eu tenho uma ideia, mas tenho certeza que vou gostar de ouvir você dizer – ele conseguiu sorrir aliviado.

—Porque nos amamos e a Lizzie sabe o quanto você a ama, esse amor leva ao perdão – ela afirmou de todo coração.

—Desde quando você virou poetisa? – ele comentou, mas contente com o conselho.

—Ora, eu tenho sido dona de uma livraria há muito tempo, não? – ela deu de ombros, de um jeito orgulhoso – tenho certeza que vocês dois vão ficar bem.

—Depois disso tudo, eu preciso acreditar nisso, obrigado meu amor – ele aproveitou o momento para beijá-la nos lábios, como forma de agradecimento.


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