Uma Segunda e Verdadeira Chance a Nós escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 11
Capítulo 11




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Crowley dirigia o Bentley de forma calma e tranquila, ou ao menos, o quanto o trânsito de Soho o permitia, mas ainda assim, a sensação de paz e segurança era notória, e era justamente por isso que ele estava em estado de alerta. Se havia uma coisa em que ele acreditava era que se as coisas estavam calmas demais, era bem possível de algo ruim acontecer, de repente. O que dava razão ao seu estado alerta.

—Qual o problema, querido? - a voz doce e delicada de Aziraphale o tirou daquela torre de vigia.

—Problema? Eu estou bem, anjo - ele improvisou uma resposta, não querendo preocupá-la.

—Não minta pra mim, sei bem quando está mentindo - ela disse em um tom mais de repreensão do que compreensão.

—Tudo bem, tem razão, eu não consigo mais mentir pra você, você sempre sabe - ele deu de ombros, um tanto frustrado, mas disposto a colaborar - é que eu não queria te preocupar, de qualquer forma. É que na minha humilde opinião, as coisas estão super calmas, não acha?

—Acho e isso é ótimo, oh, entendo - ela baixou o queixo, de forma pensativa - quer dizer que você acha que algo ruim pode acontecer, ora, Crowley, não há o que temer, as coisas estão ótimas, o bebê está bem, eu estou bem, e nós ainda temos mais uma semana para o parto, oh, nós ainda temos mais uma semana para o parto...

—Uma semana que pode ser adiantada ou atrasada - ele reiterou - então, tudo pode acontecer, a qualquer momento.

—Concordo, mas é pra isso que estamos com tudo pronto, a compra que fizemos hoje foi justamente pra deixar tudo pronto para o bebê, e bem a tempo, já que ele ou ela ainda não está aqui - Aziraphale perdeu o entusiasmo ao falar novamente, como se estivesse tudo bem, porém, ela se lembrasse de um detalhe fora do lugar - é super estranho não podemos saber se é um menino ou uma menina, pra mim, foi a única coisa mais esquisita em tudo isso.

—O doutor explicou que o nosso filho simplesmente se recusava a colaborar, para usar termos mais educados - Crowley rebateu - seja um menino ou uma menina, nós vamos descobrir, a qualquer instante.

—Instante esse pelo qual estamos preparados, não é? - ela ergueu um dedo, reiterando sua opinião, mas vacilando logo em seguida.

—Eu estou com você e você comigo, estamos do mesmo lado, não é? - ele afirmou, deixando o medo para trás.

—Estamos, nosso lado - Aziraphale afirmou com toda certeza que tinha, nunca duvidando da sua decisão de ter voltado e construído a vida que os dois tinham juntos agora.

Um solavanco na estrada assustou os dois, o que os deixou preocupados, mas nada que um pequeno milagre não resolvesse. Ainda assim, o acontecido foi o suficiente para que Aziraphale se sentisse estranha. Seu cérebro listou os primeiros sintomas do que vinha estudando e esperando nos últimos meses.

—Crowley, digamos que o momento tenha chegado exatamente agora, teremos que pôr toda essa preparação em prática - ela avisou, a voz ficando cada vez mais esganiçada a cada palavra que dizia.

—Ah droga! - ele exclamou, trincando os dentes para não dizer coisa pior - quer dizer, está tudo bem, Aziraphale, aguente firme, vou mudar de rota, vai ficar tudo bem.

Ele parou o carro bruscamente e girou o volante com rapidez para a esquerda, o Bentley girou e guinchou em protesto, se ajeitando para a jornada que viria.

A respiração de Aziraphale começou a ficar cada vez mais curta e acelerada, o que o deixou mais nervoso. Crowley podia deduzir que ela estava com dor, e nem mesmo milagres poderiam livrá-la daquilo. De certa forma, a dor fazia parte do processo completo.

Ela uivou ao receber uma pontada na barriga, algo que reconheceu como uma contração.

—Está chegando a hora - ela avisou com dificuldade.

—Eu sei, mas nós precisamos chegar lá primeiro, esse bebê precisa se segurar - Crowley recomendou, desesperado.

—Ai! - Aziraphale respondeu com mais um grito de dor - eu não sei se vai ser possível, eu estou tentando contar o intervalo de tempo e está ficando cada vez mais curto.

—Tudo bem, tudo bem, tudo bem - ele tentou manter a calma - vamos nos manter positivos, eu vou conseguir chegar a tempo, nós vamos chegar a tempo.

Colocando os maus pressentimentos de Crowley em prática, um engarrafamento sem fim se colocou na frente do casal, o que só deixou Aziraphale mais preocupada e Crowley mais tenso.

—Isso é um pesadelo! - ele acabou soltando, exasperado.

—Ai! - sua esposa gritou outra vez, com medo, reconhecendo os sinais do próprio corpo - eu não quero te assustar, mas Crowley, o bebê vai nascer agora, é impossível chegar a tempo, você vai ter que fazer alguma coisa.

O que aquilo significava o fez surtar de vez. Ele se conteve para não soltar um grito, então ele recobrou o juízo e fez a coisa mais sensata que poderia fazer no momento. Ele saiu de seu assento, foi para a rua e gritou a plenos pulmões:

—Alguém aqui é médico?! Minha esposa está tendo um bebê!

Não houve resposta, a não ser comentários de que ele era maluco.  Crowley voltou para a janela do Bentley, vendo a esposa em dor e desesperada. Eles eram um time e estavam juntos nessa. Se era de um parteiro que ela precisava, era isso que Crowley se tornaria.


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