Eu sou apenas um garoto escrita por Pinkie Bye
ELIJAH ACORDOU COM TONTURA. Tossiu com força. Olhou ao redor e viu o mar salgado, a luz forte do dia — a qual teve que cobrir os olhos com as mãos, para protegê-los — e as engrenagens do submarino ressoando suave e tranquilamente nas ondas.
Arregalou os olhos e com atenção observou suas mãos contra o sol. Além de ensanguentadas, conseguia ver o endo esqueleto de seus dedos e de seu antebraço. Um cobre incrivelmente dourado.
Se sentou na areia fofinha e deslumbrando a paisagens linda ao redor, percebeu:
— Oh, acho que finalmente estou acordado. — disse, sem saber ao certo se deveria sorrir ou chorar.
Nesse momento, sentiu alguma coisa roçar em sua perna. Olhou para aquela direção e viu o coelhinho branco, o olhando com serenidade. Pegou-o no colo e o abraçou.
— Parece que sobrevivemos, amiguinho. Você gostou de mim, não é? — O ergueu, para que ficassem cara a cara. — Porque eu fiquei encantado ao conhecer você. Você precisa de um nome! Vamos, você me ajuda a escolher. Que tal Wei?
O coelho continuou imparcial.
— É, também não gostei. Que tal Ming? Chen? Liang?
O animal continuou com a mesma expressão.
— Entendi, você é do tipo difícil de agradar. Hm... Jun? Guang? Qing? Xi-Wang?
O Coelho inflou as narinas.
— Xi-Wang? Você gostou?
Mais uma inflada nas narinas e uma abanada no rabo.
— Xi-Wang, é isso, que nome lindo! Xi-Wang significa “Esperança”, é exatamente disso que precisamos nesse momento, amiguinho. — Voltou a abraça-lo. — É o que mais precisamos. Mas e aí? Está a fim de explorar esse lugar? Sei que pode parecer perigoso, mas não precisa ter medo, protegerei a nós dois.
Elijah levantou-se cuidadosamente, sentindo uma sensação estranha sob seus pés enquanto caminhava pela praia. A areia macia e fina acariciava seus dedos. Naquela praia a areia era branca e havia águas cristalinas que se estendiam até onde os olhos podiam ver.
Sua cabeça doía e seus pés vacilavam, por isso decidiu que não iria muito longe, apenas veria o suficiente para se situar. Tentou se conectar à rede, a fim de ligar o GPS, porém nada. Provavelmente aquela opção havia sido queimada quando o submarino explodiu.
Enquanto caminhava em linha reta, Elijah notou que havia algo incomum sobre o lugar. A vegetação era exuberante e diversificada, com árvores altas e coloridas — amarelas, verdes, laranjas —, flores exóticas e pássaros cantando melodias desconhecidas. A ilha parecia um paraíso escondido, intocado pela civilização.
Nesse momento, se questionou se ainda estavam no pacifico. Se estava até mesmo na Terra. Com a globalização e a tecnologia, era praticamente impossível um lugar estar inabitável, ou era...?
Encontraram uma trilha que os levou para o interior da ilha. A cada passo, eles descobriam mais maravilhas da natureza: cachoeiras deslumbrantes, riachos límpidos e densas florestas tropicais. Elijah sentia-se ansioso e vivo de uma maneira que nunca experimentara antes.
— Isso é maior do que eu poderia imaginar, amiguinho. — disse, enquanto fazia coelho no animal. — Nem acredito que me privaram de tudo isso por todo esse tempo...
Enquanto a tarde se transformava em noite, Elijah decidiu montar um acampamento improvisado. Usaram folhas largas e galhos para construir uma pequena cabana, onde poderiam se abrigar e se proteger. Com a ajuda de uma pequena fogueira, prepararam uma refeição simples com frutas tropicais que encontraram na floresta.
— Boa noite, amiguinho — desejou para o coelho. Que estava deitado tranquilamente numa caminha improvisada por folhas que Elijah fizera.
Elijah cobriu-se e sorriu diante o seu estrelado. Era uma obra de arte tão linda.
Nos dias que se seguiram, Elijah mergulhou de cabeça na exploração da ilha isolada. Cada manhã, ele acordava com o sol nascente e o som suave das ondas quebrando na praia. Xi-Wang, muitas vezes o cumprimentava com um olhar sereno e uma batida suave de sua patinha.
Elijah logo descobriu que a ilha era muito mais do que apenas praias e florestas. Havia trilhas sinuosas que o levavam a locais surpreendentes. Ele escalou colinas cobertas de vegetação exuberante e explorou cavernas misteriosas com formações de estalactites e estalagmites que pareciam obras de arte naturais. A cada passo, ele se maravilhava com a diversidade de vida selvagem que encontrava, desde pássaros coloridos a borboletas exóticas e pequenos lagartos.
Durante suas explorações, Elijah também fez descobertas incríveis. Ele encontrou nascentes de água fresca e cristalina, o que significava que tinham um suprimento confiável de água potável. Além disso, descobriu árvores altas frutíferas que forneciam alimentos deliciosos e nutritivos.
E pela primeira vez, usou seus poderes sem medo de machucar alguém...
Ele também aprendeu a pescar em riachos próximos e a construir armadilhas para pequenos animais, tornando-se mais habilidoso na busca por comida.
A ilha revelou mistérios que o intrigaram. Elijah descobriu sinais de uma antiga civilização que havia habitado a ilha no passado. Ruínas cobertas de vegetação, restos de cerâmica e artefatos misteriosos o fizeram questionar o que acontecera com essas pessoas e por que a ilha agora estava desabitada.
— Em que ano estamos, hein, Xi-Wang? — perguntou para o coelho, que bebia água sereno. — Será que o desaparecimento de todas essas pessoas tem alguma ligação com os planos do laboratório? Para eles, eu era uma arma e uma arma se encontra em cenários desastrosos, não é?
O coelho apenas o olhou. Elijah suspirou.
— Ainda bem que fugi há tempo para não participar de nada do tipo. Mas mesmo assim, sinto um vazio. Eles nunca me quiseram ou gostaram de mim de verdade. — Começou a rapar o galho que pegou de uma arvore.
Xi-Wang apenas correu em sua direção e sentou-se em seu colo.
— Ainda bem que tenho você.
Cada dia na ilha isolada trouxe novas descobertas e desafios. Elijah estava aprendendo a viver em harmonia com a natureza, a entender os ritmos e os segredos da ilha. Ele começou a registrar suas experiências em um diário improvisado, usando folhas de plantas e cascas de árvores como papel e urucum e frutos semelhantes para a tinta. Suas anotações documentavam não apenas as maravilhas da ilha, mas também seu crescimento pessoal e aprofundamento da conexão com Xi-Wang.
À noite, enquanto a lua iluminava o céu estrelado, Elijah se aquecia ao redor da fogueira. A ilha isolada havia se tornado mais do que apenas um refúgio; era um lugar de autoconhecimento, renovação espiritual e um profundo senso de propósito.
Voltando a olhar para seu diário, sorriu ao escrever:
“As dificuldades podem ser enormes. Cada dia é um novo desafio para a nossa sobrevivência. Mesmo assim, é melhor que o “conforto” do laboratório. Não faço a mínima ideia se um dia serei resgatado, mas isso não é nem de longe um problema.
Sabe diário, estou feliz, tenho um melhor amigo, uma cama, um verdadeiro objetivo. Sinto que enfim estou feliz, liberto e vivo, como jamais estive!
Tudo graças a Jiaying, jamais irei te esquecer, mãe”
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