Honey, Honey escrita por Lura


Capítulo 6
Ironia ou não?




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Lucy havia se acalmado e começava a se acostumar com a ideia de ser mãe. No fim, ela decidiu que as coisas não eram tão ruins.

Natsu queria a criança e já vinha pedindo por ela há algum tempo. Ele também havia dito, quando se reconciliaram, que poderiam se casar algum dia, se ela quisesse. 

E a loira também já não era nenhuma adolescente, mas avançava pela casa dos vinte. Sua própria mãe era mais nova que ela quando a teve. 

E uma vez que superasse o constrangimento da situação, sabia que poderiam contar com o apoio da guilda.

A maga estelar também ponderou que ter filhos sempre esteve em seus planos distantes, mas o sonho foi ofuscado pela crença de que jamais conseguiria isso com Natsu.

E bem, ali estavam eles. As coisas não haviam vindo do jeito ou na ordem que ela havia imaginado, mas ainda assim, estava recebendo tudo o que desejara um dia. Isso a motivou a acreditar que poderia superar as dificuldades e, ao fim do dia, ela começava a apreciar o fato de estar esperando um bebê.

Após tomar um longo banho de banheira e vestir-se para dormir, Lucy se aproveitou que Happy parecia distraído o suficiente com seu jantar e que havia enxotado Natsu pra uma ducha, para parar alguns minutos em frente ao espelho e admirar sua imagem de perfil, apenas para se frustrar, visto que nada parecia diferente. Fazendo beicinho, a loira levantou a blusa do pijama, mas a barriga parecia tão lisa quanto se lembrava.

— Eu teria percebido se você estivesse maior — Natsu observou, enquanto se aproximava, o vapor saindo do corpo demonstrando que havia usado os próprios poderes para se secar.

Sentindo-se flagrada, Lucy sobressaltou e corou, completamente constrangida.

— E-eu só queria ter certeza! — alegou, em tom de defesa. — Os sintomas que eu apresentei não fazem exatamente com que eu me sinta grávida — alegou, enquanto rastejava pela cama e se colocava sob o cobertor.

Natsu não tardou em se juntar a ela.

— Bom, depois que eu ouvi o coração do bebê, é como se eu não conseguisse mais me distrair disso — alegou, abrindo um dos braços para que ela pudesse se acomodar.

— Que inveja. Poder ouvir o bebê — expressou a maga estelar, aconchegando-se contra o peito nu do parceiro. 

— É a minha única vantagem aqui. Ele vai morar dentro de você pelos próximos meses — argumentou o rapaz. 

— Você fala como se um bebê não fosse um inquilino problemático — brincou, arrancando risadas do outro.

Alguns minutos de silêncio se passaram, em que apenas aproveitaram a presença um do outro, antes que Lucy perguntasse:

— Eu sei que a Porlyusica-san disse que deveríamos contar logo ao mestre, mas acha que podemos guardar isso dos demais, por enquanto? — Enquanto falava, a loira alisava o ombro do rapaz com o indicador, de maneira distraída.

Imediatamente, sentiu o humor do dragon slayer cair. Ela sabia o quanto Natsu amava compartilhar novidades, mas precisava daquele tempo.

— Se você desejar — o timbre dele era compreensivo. — Mas não acho que poderemos esconder isso dos outros dragon slayers por muito tempo — avisou. — Assim como eu ouvi o bebê, eventualmente eles podem ouvir também, se forem atentos o suficiente — explicou. — Isso se eles já não tiverem percebido a mudança no cheiro — emendou.

Lucy crispou o semblante.

— Como assim? — indagou.

— Faz uns dias que notei uma mudança sutil no seu cheiro — respondeu. — Não parecia nada ruim,  mas eu tinha a sensação de já ter sentido algo parecido. Depois que percebemos a gravidez, lembrei o cheiro da Levy também mudou enquanto  ela esperava os gêmeos — concluiu.

— Isso quer dizer que talvez já saibam — a loira comentou, desanimada.

— Talvez — Natsu confirmou, franzindo o cenho, uma vez que também não lhe agradava a possibilidade de outras pessoas terem percebido a gravidez antes que eles.

— Bem, acho que vou evitar a guilda por uns dias — decidiu a maga estelar, com desânimo. — Só preciso de um tempo para me acostumar. Mas temos que comunicar ao mestre também — ponderou.

— Se formos rapidamente, é possível que a situação passe despercebida — o mago do fogo supôs. — Não acho que os dragon slayers vão se concentrar especificamente no seu cheiro ou batimentos cardíacos, a menos que pare para falar sozinha com qualquer um deles — concluiu.

— Ok — decidiu ela, sentindo a exaustão do dia cobrar seu preço, os olhos mal aguentando permanecerem abertos, enquanto Happy se juntava a eles na cama.

A conversa, no entanto, seguiu em sua mente e assim, no dia seguinte, ela decidiu ir com Natsu até a guilda, para contarem ao mestre o que estava acontecendo e acabarem logo ao menos com essa parte. Os demais amigos poderiam esperar, até que ela se sentisse menos abalada. 

Contudo, no momento em que chegaram lá, os dois ergueram as sobrancelhas, intrigados, visto que mal haviam pisado no salão e Mirajane anunciou que o mestre queria falar com eles.

— Qual foi a idiotice da vez, cérebro flamejante? — puderam ouvir Gray gritar enquanto subiam as escadas, mas para o espanto de todos, Natsu o ignorou e seguiu seu caminho. 

Lucy supôs que, assim como ela, o mago do fogo provavelmente se questionava se Porlyusica havia se adiantado e contado a novidade a Makarov, o que justificava a parca atenção dedicada ao mago do gelo. A maga estelar começava a refletir possíveis motivos que teriam levado a curandeira fazer isso e o exagero da situação, visto que tinham descoberto a gestação há apenas um dia, todavia, quando chegaram ao escritório do mestre, a indignação fugiu brevemente de seus pensamentos, ante o estranhamento em relação à pequena reunião que havia se formado.

Acomodados nos assentos disponíveis, estavam o mestre, Porlyusica e Lisanna, a última mal reparando na presença deles, enquanto declarava de maneira indignada:

— Se vocês concluíram que eu não coloquei nada estranho nessa bebida, eu mereço saber porque ela precisou ser investigada!

— Você saberá no devido momento, mas eu preciso realmente que nos dê licença para que possamos conversar com Natsu e Lucy agora — o mestre pediu, educadamente.

Só então, a Strauss mais nova percebeu a chegada dos dois amigos.

— Natsu! Lucy! Vocês não adoeceram depois de consumir a “Honey Honey”, certo? — indagou preocupada.

— Não — o dragon slayer afirmou com tranquilidade, alheio ao olhar cético lançado pelos demais.

— Se eles foram foram as únicas pessoas que quiseram provar a “Honey Honey” e não passaram mal, é mais um motivo para dizerem porque eu tenho que tirá-la do cardápio e estou sendo investigada! — A albina parecia aborrecida. — Eu sei que mais ninguém pediu, mas estou certa que é a minha melhor criação — defendeu.

Em timbre apaziguador, Makarov tomou a palavra:

— Você não está sendo investigada, Lisanna. — Isso era verdade. — E ninguém questiona a sua capacidade como barista. — Já isso, nem tanto. — Só desconfiamos que sua bebida talvez possa causar efeitos… Peculiares. Por isso pedimos que a retirasse do cardápio por enquanto, para que pudéssemos verificar os ingredientes.

Percebendo que o mestre realmente estava ciente de sua situação delicada, Lucy corou imediatamente.

— Efeitos peculiares? — a albina indagou, confusa. — E o que diabos levaram vocês a acreditar nisso?

— Oh! — para o horror de Lucy, apenas naquele momento a lâmpada da compreensão havia acendido sobre a cabeça de Natsu. — Vocês acham que eu engravidei a Lucy por causa da bebida que a Lisanna fez?  — questionou.

Makarov e Porlyusica bateram com suas mãos nas próprias testas diante da falta de tato do rapaz em anunciar aquilo com tanta facilidade, sem perceber o desconforto de Lucy ao seu lado, que parecia prestes a sumir por qualquer rachadura no chão.

— Natsu… — a loira choramingou. 

Lisanna, por sua vez, piscou diversas vezes os grandes olhos azuis, tentando assimilar a notícia.

— Bem, uma vez que não é mais segredo — Porlyusica tomou a palavra, resignada. — Depois do que Lucy me disse, eu fiquei preocupada com eventuais efeitos desconhecidos que a bebida de Lisanna poderia provocar nos magos que a consumissem. Por isso tive que adiantar a situação a Makarov — justificou. — Chamamos vocês aqui apenas para dizer que vimos Lisanna preparar as bebidas e, em tese, os ingredientes, consumidos com moderação, não seriam alucinógenos, embora eles sejam, indubitavelmente… — a velha parecia desconfortável, mas pigarreou antes de continuar: — Estimulantes — completou, erguendo uma folha para que eles pudessem ver, caso se interessassem.

— Se é que ao menos um de vocês dois entendem — Makarov observou. 

Lucy sentiu o rosto esquentar tremendamente.

— No entanto, estamos cientes de possível efeito potencializado que isso pode ter gerado em Natsu, já que a magia dele faz com que ele reaja de maneira instintiva a estímulos internos e externos. Além da bebida que ele consumiu, sabemos que evidentemente Lucy estava em período fértil na época, e se os instintos dele estavam aguçados por causa da mistura que a Lisanna fez… — novamente, Porlyusica hesitou. — Bem, talvez seja por isso que estão nessa situação agora. Só achamos que deveriam saber — concluiu  a velha.

— Não é como se eu me sentisse fora do juízo na época, mas se fosse o caso, o que isso importaria agora? — Natsu seguiu indiferente, como sempre. Dessa vez, Lucy meio que concordava com ele que, àquela altura, uma conversa humilhante era tudo que a revelação poderia gerar.

Ela só não estava ciente do quanto essa humilhação poderia crescer.

Finalmente assimilando tudo, Lisanna caiu na gargalhada, para espanto dos demais.

— Vocês estão dizendo — após minutos, ela tentou se manifestar, mas ainda entre risos, mal conseguia falar —, que a bebida que eu fiz é afrodisíaca e, por causa disso, o Natsu, O NATSU(!) — enfatizou com um grito —  engravidou a Lucy? — questionou, caindo novamente em uma gargalhada histérica. 

— Pare de gritar! — Lucy implorou, escondendo o rosto nas mãos enquanto emitia um gemido de constrangimento.

— Sabem quão irônico isso é? — ignorando-a, Lisanna seguiu falando. — Eu merecia um prêmio por acabar com essa ladainha! Talvez em vez de voltar com ela para o cardápio, eu deva patentear como um  tônico — ponderou, já imaginando os lucros. 

Após um pigarro, Makarov comentou, solenemente:

— Com certeza haveria interessados. — Claro, Porlyusica não se absteve de dar um tabefe no velho após o comentário inapropriado.

— Oh Mavis, eu tenho o efeito comprovado e a propaganda perfeita! — a albina comemorou, os olhos brilhando como se tivessem tomados por estrelas. — Espere até todos saberem  que  Natsu e Lucy vão ter um bebê e a minha participação nisso! Vou ficar rica!!! — acrescentou, antes de sair correndo da enfermaria em direção ao salão da guilda, com Lucy em seu encalço, implorando aos berros para que não dissesse nada e Natsu, por sua vez, seguindo-a e insistindo que uma mulher grávida não deveria correr daquela forma.

Dentro da enfermaria, Makarov suspirou, antes de dizer:

— Eles ainda parecem crianças. — De todas as pessoas ele definitivamente ainda teria que se acostumar com o fato que, justamente Natsu, seria pai.

Porlyusica, por sua vez, meneou a cabeça, antes de declarar:

— Só posso imaginar a baderna ainda maior que vai reinar neste lugar, agora que suas crianças estão fazendo mais crianças. 


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Notas finais do capítulo

É isso. Espero que tenham gostado.
“Autora, vai ter continuação?” Talvez. Eu não vou dizer que não tenho uma sequência planejada, porque eu tenho, e ela tem nome e tudo. Se algum dia ela chegar a ver a luz do sol, será outra one ou short, que se chamará “Sweety, Sweety”. Porém, eu não tenho nada escrito e isso depende totalmente da minha inspiração e do meu ânimo volúvel. Quem leu “Baby, Baby” quando eu postei sabe o quanto demorou para que eu conseguisse inspiração para escrever “Honey, Honey”.
De qualquer jeito, se eu decidir continuar, vou atualizar as notas para avisar, mas claro, você pode me seguir no Spirit e/ou no Insta (@nomundodalura) e acompanhar meus trabalhos, se preferir.
Eu agradeço pelo apoio de todos. É sempre gratificante encontrar os leitores que me acompanham de outras histórias, e também os que acabaram de descobrir meu trabalho.
Até a próxima!



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