Diferente escrita por Pandinhakk


Capítulo 2
Capítulo dois




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Após ficar um bom tempo sentada no chão vendo o sol subir no céu cada segundo que passava. Eu me levantei e deixei o meu corpo me levar para o meu salão comunal. Não queria ver ninguém por enquanto.

Eu só queria me deitar no sofá e começar a escutar uma música triste que minha cabeça iria começar a tocar. Entrei no banheiro e olhei para a pia que era a câmara secreta, foi naquele dia que Salazar fantasma disse para o Lorde sobre o meu pequeno passado, foi nesse dia que ele entregou algo para ele e esse objeto acabou se tornando muito importante para mim.

Devo esquecer essas coisas, nunca me fez bem e nunca irá me fazer.

Entro na minha sala e seco os meus olhos que com certeza estão avermelhados e meu nariz deve estar exatamente igual. Me joguei no sofá e fiquei lembrando de algumas coisas que poderiam me ajudar nessa confusão que entrei sem saber.

Mas acabei me lembrando o dia que fui atingida pelo Avada do meu avô, aquele dia que perdi a alma que estava dentro de mim, a alma de Tom Riddle. Eu deveria ter morrido, mas eu tinha feito tantas coisas para me manter viva e salva, que a única coisa que aconteceu comigo, foi dormir por bastante tempo.

Quando acordei, eu queria saber o motivo de ter dormido por tanto tempo, queria saber o que  fiz no meu corpo. E eu descobri que tinha pó de vira-tempo circulando no meu sangue naquela época. Algo prejudicial à saúde e a racionalidade... Levantei-me do sofá e fui até um dos armários que tinham no meu salão e ali tinha coisas que poderiam me ajudar.

Ajudar a saber o motivo de estar aqui, se vou voltar ou se ficarei para sempre. Provavelmente irei ficar para sempre, mas nada melhor que ter 100% de certeza.

Coloquei aquela caixa no chão e me sentei ao seu lado. Tirei o meu paletó e arregacei a manga da camisa e comecei a preparar tudo para fazer o exame de sangue. Fiquei muito tempo nessa sala e o tédio era muito estressante, então comecei a construir coisas. Sejam feitiços ou instrumentos.

Um dos motivos que nessa caixa tinha tudo, tudo que eu precisava para me testar. Peguei o garrote de tecido e o coloquei no meu braço e fiz todos os procedimentos para retirar o sangue.

Fiz que a minha magia colocasse o sangue no vidrinho e coloquei um algodão no furinho que fiz para retirar o sangue.

Comecei a analisar o meu sangue e deu positivo, positivo para pó de vira-tempo. Não sabia que pó de vira-tempo tinha mais um malefício e se eu soubesse não iria adiantar nada, esse pó não tem gosto e você só descobre que o ingeriu quando é tarde demais. Estou presa no passado para sempre...

Antes que eu guardasse tudo e fizesse meu sangue evaporar, quatro pessoas passaram pelo espelho. Eu me levantei e tirei o garrote do meu braço e abaixei a manga. Mas eles viram e ficaram me olhando.

— Eu só estava fazendo um exame, nada de mais. - Digo indo até eles.

Eles concordaram e os três me abraçaram e era confortável. Senti falta de receber abraços sinceros, sentia falta de muitas coisas que acabei não percebendo.

— Eu disse para vocês que ela tinha voltado. - Olhei para Salazar e ele estava sorrindo abertamente e que sorriso.

Meus amigos se distanciaram e começaram a me observar e eu fiquei com um pouco de vergonha.

— Fiquei tão feia assim? - Salazar iria falar algo, mas Rowena falou primeiro.

— Leesa, você está belíssima. - Seus olhos estavam transbordando de lágrimas. _ não sabe o quanto ficamos preocupados com o seu sumiço.

— Eu não queria me despedir de vocês, não queria deixá-los tristes.

— Menina boba, ficamos muito mais tristes sem a sua despedida. Mas você cresceu tanto, lembro quando você era do tamanho de um bebê Pelúcio. - Godric riu.

— Eu não era tão pequena assim. - Falo emburrada. _ Senti saudades de vocês. - Sorri tentando não chorar.

— Ah, minha criança, nós também. - Helga falou secando suas lágrimas.

— Quanto tempo irá ficar dessa vez? E eu espero que nos avise quando for. - Godric me perguntou ao lado de Salazar.

Salazar não parou de me observar e ele parecia querer essa resposta também e eu felizmente a tinha.

— Que rude, Godric. - Rowena reclamou. _ Primeiro, seja bem-vinda novamente ao passado, quinta fundadora.

— Obrigada, Rowe.

— Não sou rude, apenas prático. - Ele me olhou sorrindo. _ Bem-vinda ao passado, pirralha.

— Não sou mais uma pirralha, Leãozinho.

— Bem-vinda querida, espero que sua estadia seja repleta de felicidade e luz. - Helga estava mais sorridente do que antes. _ Não vai dar boas-vindas a ela, Salazar?

— Já dei minhas saudações a ela. - Falou me olhando e tudo que fizemos passou na minha cabeça.

— Gostei muito das saudações, que pena que acabei caindo depois que você se foi, quadro velho.

— Pequena rata, você deveria ter me gritado, eu te ajudaria a se levantar.

— E iria me trazer até aqui? - Perguntei tentando não sentir vergonha de minhas palavras de duplo sentido.

— Claro, e iria te fazer companhia.

— Não iria só querer a sua companhia, Sly.

— Não iria me opor de você me usar para limpar essa sala. - Paramos de falar e olhamos para as pessoas que estavam ali e elas estavam nos encarando.

— Perdemos algo importante? - Godric perguntou sorrindo.

— Não. - Dissemos com a face mais limpa que já tivemos.

— Ainda não me respondeu.

— Para a informação de vocês, eu não posso voltar para o futuro e eu não tenho o ingrediente necessário para viajar no tempo.

— E como você veio parar aqui? Seu negócio de viajar no tempo quebrou? - Rowena perguntou.

— Eu ingeri algo que acabou me trazendo aqui e não tenho nada na minha pasta que me faça voltar. - Aponto para a minha pasta. _ Espero que me aguentem por um longo tempo. - Sorri e as meninas começaram a pular de alegria e vieram até mim.

— Isso é esplêndido, Leesa. Faremos muitas coisas e irei te mostrar tudo que foi construído nesses dois anos. - Helga falou empolgada.

— Acho que a maioria dos lugares que você vai apresentá-la, ela já tenha ido, Helga. - Helga olhou para Godric e quase voou em seu pescoço. _ Se acalme, eu só estou sendo realista.

— Então fique com esse realismo para você. - Ela estava raivosa.

— Será muito bom tê-la mais uma vez entre nós, pequena rata.

— Espero que sim. - Meu sorriso não parava de crescer, mas parou quando Helga me perguntou:

— Você é casada? - Vi Salazar perder o sorriso.

Godric que estava discutindo com Rowena parou abruptamente e eles me olharam. Mas eu só conseguia ficar olhando aquele homem que só vestia verde, ele tinha um olhar de culpa. Salazar, sem falar nada e sem ao menos me deixar falar algo para reverter essa situação, ele se foi. Ele simplesmente saiu da sala.

Godric me olhou e olhou para o nosso amigo e foi atrás dele, só ficou eu e as meninas.

— Helga, olha o que você fez. - Rowena estava vermelha de raiva.

— Não foi a minha intenção, mas vi o anel e não pude me controlar, eu vou tentar resolver esse problema. - E Helga saiu me deixando com a Corvina.

— Ah, Leesa. - Veio até mim e pegou as minhas mãos e olhou para o anel. _ Já se passaram dois anos e ele continuou te amando, ele ficou trancado por um ano dentro daquela câmara e nem saia para dar aula ou para comer, tínhamos que pedir a Debby para obrigá-lo a comer. Ele só ficava olhando aquele quadro que só tinha o seu sorriso, ele até mesmo cogitou a ideia de se casar com Morgana. Mas ele te ama, Leesa. E ele pensou que um dia ele...

— Conseguiria ficar comigo?

— Sim. - Suspirou. _ Não me entenda mal, eu não estou dizendo para você esquecer o seu marido e a sua família no futuro, mas como você já vai ficar aqui, não seria melhor dar uma oportunidade ao Salazar? Esqueça o que eu disse, não fará bem a você. Mas, quando você pensar um pouco e quiser conversar com ele, é só ir nas masmorras, ele preferiu ter um quarto ali.

— Ok. - Suspirei e eu não iria dizer a ela que não sou casada.

— Salazar sofreu muito, mas isso não é desculpa para tudo que ele fez... Ele é um homem astuto e zombeteiro, mas ele tem uma criança interior e ela é pequena e está ferida.

— Está me dizendo para ser a psicobruxa dele?

— Não, estou dizendo que com você, essa criança tem mais vida e felicidade. Ele é feliz com você, Leesa. Mas, apenas se esqueça disso que estou falando, você deve ter mais problemas do que dividir e compartilhar uma vida com um homem rabugento. Te vejo no café da manhã ou no almoço. Fique bem e eu adorei ver você de novo.

— Até. - Ela se foi e me deixou aqui, olhando para a passagem que levava a todos a saída do meu salão.

Baguncei os meus cabelos e gritei deixando tudo extravasar.

Olhei para esse anel que estava no meu dedo anelar e comecei a rir como uma louca que eu era. Esse anel, eu pensei que esse anel fosse a forma do Lorde de expressar os seus sentimentos por mim. Um dos motivos que fiz o pacto de selamento de alma.

Pensei que o pacto seria eterno e duradouro, mas não foi. Quando fiz esse pacto com Tom, eu pensei que ele nunca iria se apaixonar por outro, já que quando o parceiro se apaixona por outro, a alma que foi compartilhada irá retornar para os seus devidos corpos.

Quando voltei para o futuro (1991), eu tive uma primeira vez horrorosa, fiquei grávida devido a uma poção de crescimento e fui atingida pela maldição da morte.

E devido à maldição, eu perdi o meu bebê e foi nesse momento que o amor de Tom acabou.

Quando fiquei em coma, eu fui apagada das memórias de Tom ou foi isso que coloquei em minha cabeça por não aceitar o desaparecimento de seus sentimentos por mim.

Claro que quando acordei faltando alguns meses para acontecer a guerra de 1998, eu fiquei arrasada por saber que eu tinha perdido o bebê, mas quando eu vi Tétia Callys, prima por parte de mãe de Draco Malfoy, ao lado do Lorde. Fiquei arrasada e louca, mais louca do que eu já estava.

Todos os meus sonhos ao lado daquele homem e todos os motivos que fiz para ele vencer, virou pó, como o pó do tempo que eu sempre soube manipular, mas acabei sendo manipulada por ele sem perceber.

Quando a guerra terminou, Riddle veio até mim para que eu devolvesse a alma que estava no anel que eu sempre usava. Quando eu tentei entregar o anel, ele negou e disse que o anel que eu sempre usava não era dele e sim de Salazar.

Aquele anel era o anel de noivado que Salazar iria me presentear na época que eu estava no passado. Aquelas palavras acabaram comigo e me fizeram rever todo o meu comportamento durante todos esses anos que eu o escolhi, mas ele nunca me escolheu de volta.

No final de tudo, eu apenas descobri que eu era apenas uma lunática, precisei de muita terapia para tirar aqueles conceitos e ideais de minha cabeça.

Sentei-me no chão e parei de gritar, isso não iria resolver a bagunça que esse anel me arrumou. Olho para o lado e vejo um fantasma e um elfo me olhando no pé da escadaria que levava para a sala precisa.

— Oi. - Digo sorrindo, mas eu não queria sorrir.

— Está doendo? - Debby veio até mim e me perguntou.

— Não me machuquei.

— Mas você está machucada aqui. - Tocou o meu coração e meus lábios tremeram. _ Minha criança, eu estou aqui, nós estamos aqui. Chore, faz bem para a alma.

— Mas isso não faz todos perceberem que eu não sou casada, eles nem me deixaram falar antes de tirarem suas próprias conclusões.

— Pessoas são assim, Leesa. Só ouvem e entendem o que lhe convém. - Melissa respondeu. _ Por isso que prefiro continuar sendo um fantasma. Muito mais prático.

— Acho que devo concordar com você, se eu não tivesse correspondido o beijo de Salazar ou voltado para Hogwarts, nada disso...

— Espera! - As duas gritaram.

— Você beijou aquele pedaço de mau caminho? - Melissa me perguntou voando pela sala toda.

— Melissa! - Debby gritou com ela.

— Estou morta e não cega. Agora nos conte, o que aconteceu? - Elas ficaram me olhando e eu acabei rindo.

— Vocês viraram pequenas ratinhas?

— Não, esse apelido foi criado exclusivamente para você e não para nós.

— Eu o encontrei em um dos corredores e ele pensou que estava sonhando, mas disse muitas palavras bonitas e doces.

— E... - Incentivaram a continuar.

— Ele me beijou e foi muito bom, eu até perdi a força das minhas pernas e acabei caindo no chão. Satisfeitas?

— Muito.

— Mas tudo acabou quando Helga perguntou se sou casada, mas eu não sou.

— E por que ela fez essa pergunta? - Debby perguntou.

— Por causa desse anel. - Mostrei o anel, que era feito de prata da mais alta qualidade e ele tinha duas pequenas cobras prateadas mordendo a esmeralda que estava no centro do anel. _ Esse anel é de Salazar, quando eu estava em 1942, Salazar o deu ao meu Lorde e meu Lorde me entregou apenas em 1998. Só foi nesse ano que descobri a verdade por trás desse anel.

— Helga não fez por mal, Leesa, mas, por que você estava gritando? Sei que você não gosta do Salazar. - Ela me olhou e ficou chocada. _ Você ficou abalada com o beijo?

— Conheço Salazar há anos, é claro que eu ficaria abalada com o beijo. - Digo emburrada.

— Salazar te amou e ainda te ama, mas você não gosta dele. Você apenas ficou abalada por ter sido beijada por ele. Não pode confundir as coisas. - Debby respondeu.

— Mas, e se eu quiser gostar dele? - Perguntei as olhando.

— Você estaria se forçando a gostar de uma pessoa e isso não é bom, ele pode ficar ainda mais magoado. - Debby falou com uma voz mansa e doce. _ Mesmo que o meu mestre tenha mudado, eu ainda o respeito e...

Não a deixei terminar de falar, ela com toda certeza iria falar um testamento e no final eu iria desistir de ir atrás da pessoa que eu deveria ver. Então saí correndo do meu salão e eu estava pouco me fodendo se eu estava descabelada ou algo pior. Eu só tinha que chegar nas masmorras e deixar bem claro que eu não era comprometida com ninguém.

Que quero que ele me beije novamente e me deixe tentar a ter ele na minha vida romântica. Pulei aquelas escadas como se eu estivesse fugindo novamente de aurores.

E quando cheguei na porta que a escola estava me dizendo que era a certa, eu tentei recuperar o meu fôlego e arrumar os meus cabelos para me parecer apresentável, mas acho que não consegui.

Bati na porta, mas ninguém me atendeu, então parei de ser uma pessoa calma e de boas maneiras e comecei a esmurrar a porta. A porta abriu e eu iria começar a gritar, mas parei por ver como ele estava.

Cabelos úmidos e algumas mechas negras jogadas para trás, os botões de suas vestimentas não estavam abotoados completamente e eu dou uma espiadinha em seu peito.

Ele tinha um bom porte físico e pelos no peito. Era uma visão tentadora.

— Leesa? O que foi? Está pegando fogo em algum lugar? - Sim, dentro de mim.

— Posso entrar? Tenho que te contar uma coisa. - Digo me recompondo.

— Uma dama não pode entrar nos aposentos de um homem.

— Me poupe Salazar, agora deixa-me entrar. - Falei já entrando e me sentando na cama de casal de lençóis verdes, muito sonserino. _ Vim aqui para explicar que eu não sou casada e não sou comprometida com ninguém e que esse anel. - Levantei a mão. _ Foi você quem me deu. - Falei tudo de uma vez, odiava enrolação.

Salazar fechou a porta e veio até mim, pegando a minha mão para olhar para o anel. Quando seus olhos fitaram o anel, ele deu um sorriso ladino e foi até a escrivaninha pegando uma caixinha de veludo verde que estava em cima dela. Ele abriu a caixinha e disse:

— Realmente é o anel. - Agora ele ri.

— Eu também vim aqui para lhe dizer a minha resposta. - Vi seus olhos brilharem, eram tão lindos. _ Mas antes, eu devo dizer que  quero tentar, quero te conhecer primeiro, quero saber se somos compatíveis e principalmente quero que você seja sincero comigo. - Respiro fundo e me levanto e digo: _ Eu aceito, mas se não der certo, eu quero que a nossa amizade seja como agora. O que acha?

Ele veio até mim e me abraçou, tremi um pouco pela sensação gostosa de seu ato e eu logo correspondi o abraço.

Mesmo que o nosso futuro relacionamento não desse certo, eu ainda teria um carinho imenso por Salazar. Eu não queria que fossemos apenas amantes, eu queria que fossemos amigos, companheiros e confidentes.

Acho que nada no mundo poderá abalar esse nosso laço e é com esses pensamentos que eu aceito dar um passo para o futuro, mas um futuro que eu não saberia o que iria acontecer e esse futuro poderia conter verdadeiras aventuras, romance e acima de tudo companheirismo e amizade. Amor não é uma doença ou loucura, amor é pôr as necessidades da pessoa que você ama acima das suas e Salazar fez isso por milênios.

Mas eu não quero retribuir com gratidão ou me sentir no dever de dar algo a ele por isso. Quero ser feliz, seja com ou sem Salazar. Quero algo diferente.

— Eu te amo.


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