Lenta e Repentinamente Apaixonadas - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo Único - Uma Noite de Dança e Uma Mudança




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Quinn Fabray e Tina Cohen-Chang eram vizinhas desde que nasceram e suas famílias se davam muito bem, então as duas estavam sempre brincando juntas no quintal uma da outra e a amizade foi crescendo junto com elas, mesmo que aos poucos as garotas tenham começado a criar interesses e personalidades diferentes, muito diferentes.

Mesmo quando as duas entraram para o ensino médio e Quinn decidiu realizar o sonho de ser uma líder de torcida enquanto Tina preferiu entrar para o clube do coral por sentir que era mais a sua vibe, suas tribos passaram a ser completamente opostas, mas o respeito e carinho entre as duas nunca diminuiu. Na verdade elas até achavam divertido fazer parte de bolhas tão distantes, assim uma sempre tinha uma fofoca para a outra.

Geralmente elas contavam essas tais fofocas em casa quando faziam suas tradicionais festas do pijama de sexta-feira ou em alguma lanchonete quando tinham folga de seus próprios círculos sociais e conseguiam sair juntas, porém naquele dia em específico a novidade que Tina tinha a deixou animada demais para esperar, então no horário de almoço ela correu até a amiga, que estava sentada junto com as outras líderes em uma mesa do refeitório.

— Babe, babe, babe! — exclamou com um sorriso que quase ultrapassava as bochechas. — Você pode vir comigo um minutinho?

Quinn sorriu ao ver o estado de euforia que Tina estava, então respondeu. — Claro. Mas primeiro respira um minutinho e se acalma. Parece que cê vai explodir a qualquer segundo toda elétrica desse jeito.

— Não dá, eu to energizada demais pra me acalmar. — Tina respondeu rindo e pegando a loira pela mão para poder puxá-la para uma sala vazia, onde poderia surtar a vontade sem ficar chamando atenção desnecessária. — Então... Sabe o Mike?

Quinn não conseguiu conter um sorriso debochado. É claro que ela sabia quem era Mike Chang já que Tina falava dele toda vez que tinha uma oportunidade desde que entraram naquele colégio. E se não tivesse criava ela mesma uma desculpa para colocar o garoto em pauta.

— Não, imagina. Não é como se você tivesse uma quedinha por ele desde, tipo assim, sempre. — ironizou com ar de diversão.

— Ah, cala a boca, idiota. — Tina revirou os olhos e a empurrou pelo ombro, mas de um jeito bem-humorado.

— Vai, desembucha logo, babe. — mandou, retribuindo o empurrão. — O que é que tem o Mike?

— Ele chegou com aquele sorrisinho fofo dele, todo acanhado e lindo, e me chamou pra longe do pessoal. Dava pra ver que ele tava nervoso, mas mesmo assim ele foi em frente e me convidou pra ser acompanhante dele no baile. — contou, sentindo o coração acelerar de alegria só de lembrar da cena.

— Não brinca! — Quinn também se empolgou, sabia o quanto ela queria aquilo.

— Juro! Foi a coisa mais fofa do mundo. — Tina respondeu sorrindo toda bobinha.

Quinn também sorriu largo e pulou no pescoço da amiga, abraçando-a com força. — Eu to tão feliz por você, babe.

— Obrigada. — Tina retribuiu o abraço com carinho, mas quando se afastou estava com o rosto bem corado. — An... Eu só preciso de ajuda com uma coisa.

— O que? — a loira perguntou, franzindo as sobrancelhas curiosa.

— Eu nunca fiz questão de aprender a dançar porque o meu lance é canto, mas... Esses eventos são pra isso e o Mike dança pra caramba. — a asiática explicou o contesto e mordeu o cantinho da boca antes de pedir o favor. — Eu queria que você me ensinasse a dançar.

— Fala sério que você tava com vergonha de me pedir isso? Claro que eu te ajudo, babe. — Quinn sorriu enquanto bagunçava com carinho os fios escuros da amiga. — Pode ser sexta à noite antes da nossa festa do pijama? Antes disso é meio apertado de tempo pra mim.

Tina sorriu largo enquanto arrumava o cabelo. — Nossa, pra mim também é. Então sim, sexta tá perfeito.

— Combinado então.

As duas trocaram mais um abraço, dessa vez de despedida, antes de voltarem para suas respectivas bolhas sociais escolares.

A sexta-feira não demorou a chegar e logo Tina estava apertando outra vez a campainha da residência dos Fabray e sendo muito bem recebida pelos pais da melhor amiga. Porém dessa vez não disseram que Quinn estava esperando-a no quarto como de costume, mas sim no deck, então seguiu para o lindo quintal da casa.

Havia um caminho de madeira que levava ao deck a beira do laguinho artificial que tinha ali, ambos encantadoramente iluminados por lâmpadas fofas no formato de velas e pisca-piscas estilo fio de fada. E um pouco mais ao fundo, não chamando muita atenção em contraste com o restante do ambiente, uma mesinha dobrável apenas com uma caixinha de som em cima.

— Uau, babe. Você me trazer pra dançar justamente aqui, um lugar tão bonito, me faria pensar que está tentando me seduzir se eu não te conhecesse tão bem. — Tina brincou com um sorriso sugestivo ao chegar perto o bastante para que sua amiga pudesse ouvir.

— E quem te garante que não, senhorita Cohen-Chang? — Quinn provocou em um tom charmoso, mas logo caiu na gargalhada. — Para de ser boba, babe. Eu só quis deixar tudo pronto pra quando a gente for ver filmes e tomar sorvete mais tarde, então o chão do quarto virou uma piscina de almofadas. Aqui temos espaço pra dançar.

— É, isso faz mais sentido. — a asiática respondeu com ar de riso.

— E aí? Por onde quer começar? Música agitada ou música lenta? — a loira perguntou enquanto conectava o celular com a caixinha de som.

Tina fez uma expressão pensativa por um segundo ou dois e então disse. — Acho que é melhor música agitada. Você provavelmente não vai querer me ensinar mais nada depois de eu pisar pela oitava vez no seu pé.

— Para com isso. Tenho certeza que você vai se sair bem. — Quinn a encorajou mesmo tendo precisado segurar uma risada.

— Tomara que você esteja certa. — já Tina não fez questão de prender o riso. — Mas se não estiver, eu só peço pra se lembrar que você me ama quando a vontade de me esganar estive perigosamente alta.

Dessa vez a loira se permitiu rir junto e negou com a cabeça. — Vou tentar. Mas só por via das dúvidas, vamos começar com música agitada mesmo.

— De acordo, babe.

Quinn encarou o celular por alguns segundos com uma expressão pensativa até por fim escolher uma música de sua playlist intitulada “animadas e alto astral” para tocar. Shut Up and Drive era antiga, porém bem contagiante e parecia que estava ecoando para o infinito céu acima delas, deixando o lugar ainda mais bonito. E então ela se aproximou com passinhos ritmados, mexendo os braços e a cabeça.

— Porque tá parada ainda, babe? — perguntou erguendo uma das sobrancelhas.

— Uh... Porque você ainda não me ensinou? — Tina respondeu confusa.

Quinn sorriu e disse. — Sente a música e deixa percorrer o seu corpo.

— An? O que isso quer dizer? — perguntou rindo.

— Só sente, babe. — insistiu sem explicar. — Vem, dança. So if you feel me, let me know, know, know...

A expressão de Tina ficou ainda mais confusa, mas ela tentou fazer isso. — Tipo assim?

— Você tá muito travada. Não pensa, dança. — a loira pediu ainda fazendo movimentos fluídos de acordo com a batida da música. — Não é uma coreografia, você não precisa planejar os passos. Só solta o corpo, deixa o som viajar por você.

Foi ainda mais difícil para a asiática parar de pensar agora que estava pensando em parar de pensar. Parecia que quanto mais tentava menos conseguia.

— Acho que não tá rolando, babe. — constatou o óbvio, se sentindo frustrada.

A próxima faixa começou no automático e foi bem fácil reconhecer a batidinha divertida de Take On Me, então Quinn perguntou. — gosta dessa música?

— Claro que gosto. É um clássico absoluto. — disse o que pensava ser óbvio outra vez.

Quinn não disse mais nada, só pegou as mãos de Tina e começou a balançá-la olhando-a nos olhos, fazendo que os dois corpos se mexessem de forma não exatamente coordenada. E com as íris avelã encarando as suas Tina finalmente se distraiu da “missão” de aprender a dançar e começou a mexer a cabeça ao ritmo daquele clássico imortal dos anos 80 enquanto um sorriso muito genuíno se espalhava por seus lábios, fazendo a loira sorrir também.

Não demorou muito e as duas já estavam cantando “TAAAKE OOON MEEE” uma para a outra, Quinn fez Tina rodar por baixo de seu braço, depois o contrário, elas dançaram abraçadas de lado, deram risada e sentiram o ritmo contagiante fluir por seus corpos.

— Viu? Não foi tão difícil. — a loira constatou com um sorriso ainda brincando nos lábios ao fim da música, aquilo tinha mesmo sido muito legal.

— Qual é, babe? — a asiática revirou os olhos e riu. — Duvido que eu tivesse dançando bem agora.

— Primeiro: Você tava se divertindo? — perguntou erguendo uma sobrancelha.

— Sim, pra caramba. — respondeu, falando mais uma obviedade pela terceira vez em questão de poucos minutos.

— É isso o que importa, babe. Pode sair bonito ou não, ninguém liga. Se você estiver se divertindo tá tudo certo. — Quinn constatou, bagunçando com carinho o cabelo da amiga.

— Acho que você esqueceu o detalhe de que eu vou pro baile com o Mike Chang, que é simplesmente o melhor dançarino do McKinley. — Tina disse com um ar de grande importância.

— Tá. E daí? Você é a melhor cantora do McKinley. Vai ficar performando artisticamente a cada música que gostar ou vai gritar a plenos pulmões enquanto pula no meio da galera? — Quinn debochou, colocando as mãos na cintura.

— Eu não sou a melhor cantora do McKinley. — Tina murmurou sentindo as bochechas ficando vermelhas. — Eu até sou boa, mas “a melhor” é muito exagero.

— É a melhor sim e se você discorda tá errada, guarda pra você. — a loira rebateu com a voz assustadoramente séria e irredutível. — Agora responde a minha pergunta: você vai solar todas as músicas no baile?

— Não, isso seria ridículo. — respondeu tentando segurar o sorriso pelo elogio um tanto quanto violento.

— Exatamente. — Quinn disse com ênfase. — Porque é uma festa, babe. Não é pra ficar tentando impressionar o Mike, se ele não gostasse de você nem teria te chamado pra começo de conversa. O que importa mesmo é só você se divertir.

— Tem razão, eu não devia ficar tão pilhada com isso. — Tina respondeu, começando a se sentir mais animada do que nervosa para o baile graças a sua melhor amiga.

— Eu sempre tenho razão. — se gabou com um sorriso convencido enquanto ia pegar o celular para trocar a playlist por uma de música lenta. — Mas mesmo assim eu vou te ensinar a dançar música lenta, só pra você não acabar pisando ou tropeçando no pé dele, já que esse tipo de música tem que dançar mais juntinho.

— Sim, por favor. Esse aí sim é um mico que eu realmente não gostaria de pagar. — Tina comentou rindo.

Quinn se aproximou e segurou as mãos da amiga. — Não presta atenção na música agora porque a gente vai só treinar o movimento bem devagar. Depois que pegar o jeito tenta ir no ritmo, tá bom?

— Tá bom, — ela concordou.

— Beleza. Agora vamos começar mexendo o corpo de um lado pro outro. Pronta? — a asiática fez que sim com a cabeça e as duas fizeram o movimento, então a loira disse. — Isso aí, muito bem. Agora a gente vai dar passinhos de um lado pro outro, dá o passo com um pé e junta o outro, aí faz o mesmo pro outro lado. Pronta? Passo e junta, passo e junta...

Tina imitou conforme Quinn fazia e foi pegando o jeito. — (...) passo e junta. Olha, tenho que admitir que to me saindo melhor do que eu esperava.

não devia se subestimar tanto, babe. Você tá indo muito bem. — a loira disse com um sorriso fofo. — Agora vamos mudar um pouquinho, ao invés de dar um passo só, vamos dar dois pra lá e dois pra cá.

— Ah, é por isso que chamam de “dois pra lá, dois pra cá”. — Tina falou como se fosse a descoberta do século, fazendo a amiga rir. — Nossa, eu era muito leiga mesmo de dança.

Depois disso as duas ficaram treinando com dois passos por alguns minutos.

— Olha aí, você pegou. — Quinn constatou sorrindo. — Agora que você dominou o “um pra lá, um pra cá”, o dois e o mexe de um lado pro outro, tá pronta pra qualquer música lenta.

— Acha mesmo? — questionou empolgada.

— Com certeza. Mas se quiser testar seria uma honra pra mim te conceder uma dança. — propôs, recebendo um sorriso como resposta. — Eu vou colocar alguma música do começo.

Tina continuou sorrindo enquanto a observava se afastar outra vez para pegar o celular e escolher uma música.

— Excelente escolha. — constatou ao reconhecer a batidinha gostosa de Perfect junto à voz melodiosa de Ed Sheeran quando Quinn voltou a largar o celular perto da caixa de som.

Quinn também sorriu e se aproximou novamente, dessa vez fazendo uma reverência e estendendo a mão como um convite bem pomposo para a dança, o que fez Tina rir e revirar os olhos antes de aceitar.

Desde o primeiro passo seus movimentos já tinham bastante harmonia, era como se as duas estivessem perfeitamente conectadas de uma forma muito natural.

— Viu só, babe? Não tem nada pra se preocupar, você tá maravilhosa. — Quinn disse com um sorriso, sem conseguir desviar o olhar das íris escuras dela.

— Por sua causa. — Tina respondeu retribuindo o sorriso. — Acho que eu só consegui me soltar tanto porque estava aqui com você. Isso foi muito mais fácil com você.

— Pra mim tudo é mais fácil com você. E mais divertido também. — revelou.

Tina se sentiu ficar vermelha, mas também não conseguia parar de encarar aquelas íris cor de avelã. Era como se as duas estivessem hipnotizadas uma pela outra, e então lentamente seus rostos foram atraídos até que seus lábios se tocaram com delicadeza.

Foi um beijo tão calmo quanto o ritmo da música, suas línguas se moviam com carinho e cumplicidade, descobrindo o sabor e a textura uma da outra sem pressa.

Ambas estavam tão envolvidas naquele momento que só ao se separar e abrir os olhos, caindo de volta na realidade, perceberam que não era mais a mesma música tocando (e Quinn descobriria quando colocasse aquela playlist novamente na manhã seguinte que não havia se passado uma música apenas).

As duas ficaram se encarando em choque sem conseguir pensar em nada para dizer por um longo tempo, o clima piorava a cada segundo até chegar a um ponto quase insuportável.

— I-isso não aconteceu, tá bom? — Quinn finalmente quebrou seu silêncio, soando mais como nervosa e desesperada do que autoritária.

A asiática ficou surpresa com o quanto seu coração ficou apertado ao ouvir aquilo, mas entendia a amiga. Provavelmente seria melhor assim.

— Como quiser, ba... — respondeu, se interrompendo por não saber se ainda podia usar aquela palavra depois do que aconteceu.

— Você... Tá com fome? Eu super toparia uma pizza e um filme agora. — a loira propôs, se forçando a sorrir e tentando usar um tom mais natural possível, a garota a sua frente era sua melhor amiga e o que menos queria na vida era deixar as coisas estranhas com ela.

— An... Claro. Eu nunca vou negar isso. — Tina forçou um sorriso também, finalmente tirando as mãos que não tinha percebido que ainda estavam na cintura da melhor amiga.

Os primeiros dias foram realmente um pouco estranhos para ambas porque não sabiam como agir uma com a outra, mas aos poucos elas foram voltando ao normal, embora nenhuma delas conseguisse evitar que aquela lembrança tomasse sua mente de vez em quando.

A noite do baile não demorou a chegar e as amigas decidiram mudar o plano inicial de ir juntas em um carro só, agora cada uma iria com seu respectivo par em carros separados. Quinn recebeu vários convites, mas não tinha um real interesse em ninguém, então aceitou o convite do membro menos escroto do time de futebol só pela carona. Já Tina teria o baile que idealizava desde que entrou para o clube do coral e conheceu Mike.

Quinn queria ter aproveitado o baile, mas seu par não conseguia prender sua atenção o bastante para fazer com que seus olhos parassem de buscar involuntariamente a melhor amiga a cada oportunidade que tinha. E o pior é que não estava gostando nada do que estava vendo.

Mike estava fazendo Tina rir, dançando com ela, oferecendo ponche e agindo como um perfeito cavalheiro, o que fazia seu estômago revirar desconfortavelmente. Mas a pior parte foi quando a banda começou a tocar uma música lenta e os dois começaram a dançar colados até que em algum momento aquele garoto teve a audácia de beijar a asiática.

Aquilo foi demais para Quinn e ela precisou sair dali antes que acabasse fazendo alguma besteira. Como chorar na frente de todo mundo.

Tudo o que queria era ficar sozinha e ter tempo para limpar a mente, mas por um acaso do destino a primeira sala vazia que achou depois que saiu do ginásio (onde estava acontecendo o baile) foi justamente a sala de ensaios do coral, o lugar que mais gritava “Tina” naquela escola. Abraçando a ironia da situação, Quinn decidiu ficar por ali mesmo e tentar não ficar triste.

Por sorte, já que não estava tendo lá muito sucesso, Quinn não precisou ficar tentando por muito tempo, pois logo a asiática de quem estava fugindo surgiu para impedi-la de enterrar os próprios sentimentos.

— Você sumiu. — Tina disse, se aproximando com cautela.

— Você notou. — Quinn queria ter se impedido de sorrir, mas não conseguiu.

— É... Quer dizer, não. Na verdade eu tava te procurando e aquele carinha que te trouxe disse que você tinha sumido. — Tina confessou, ficando vermelha. — O que aconteceu?

— Jura que você não vai parar de falar comigo ou ficar estranha se eu contar? — a loira nunca havia escondido nada dela e não queria começar agora, mas estava com medo.

— Claro. — mas para sua sorte a asiática não imaginava sua vida sem ela.

— Eu estava vendo você e o Mike hoje e, mesmo querendo que você se divertisse e tudo mais, eu não consegui não ficar desconfortável. — Quinn confessou sem conseguir encarar sua amiga, então se levantou e começou a andar de um lado para o outro, gesticulando sem parar enquanto continuava a falar. — E aí ele beijou você. Eu sei o quanto você queria isso desde que viu ele pela primeira vez e eu devia ter ficado feliz por você. Eu queria ter ficado, mas... Parecia que alguma coisa tava rasgando o meu peito e eu só... Quis desaparecer da face da Terra.

A voz de Tina sumiu por um instante e tudo que ela conseguiu dizer depois de um longo e sufocante momento foi. — Vo-você tá... Falando sério?

— Sim. — Quinn ainda estava envergonhada, mas se forçou a olhar para a asiática. — Eu sei que te pedi pra fingir que aquilo... Aquele beijo nunca aconteceu e pra você esquecer, só que... Eu não consegui fazer isso. E, sinceramente, eu nem sei se quero. Porque eu gostei dele muito mais do que queria admitir.

No entanto, para sua surpresa, a reação de Tina foi bem diferente do que ela esperava. O mais provável seria que Tina ficasse sem graça e tentando pensar em formas de dizer que não estava interessada sem magoá-la ou algo do tipo, as duas eram amigas demais para que Quinn esperasse nojo ou algum tipo de reação pior. Mas não foi nenhum dos dois. Simplesmente um sorriso lindo foi se espalhando pelo rosto de traços asiáticos.

— Babe... — ela começou, fazendo a loira estremecer só de ouvir aquela palavra depois de tantos e intermináveis dias. — Você acha mesmo que eu consegui esquecer?

— Não conseguiu? — indagou esperançosa.

Tina corou e, mesmo que ainda sorrisse, desviou o olhar um instante. — Sabe como foi ser beijada pelo Mike?

Quinn se forçou a não revirar os olhos, precisando pigarrear para disfarçar um pouco o seu desconforto. — Nem imagino.

— Legalzinho. Não foi ruim. — revelou, dando de ombros em descaso, então completou. — Mas sabe como foi beijar você?

— Não, mas isso eu realmente gostaria de saber. — respondeu com um sorriso miúdo.

— Te beijar foi... Incrível! Mágico, eu... — Tina fez uma pausa para suspirar e morder o lábio. — Eu não tenho nem palavras pra explicar a explosão de borboletas na minha barriga, os arrepios... O gosto da sua boca não saiu da minha mente por dias, babe.

— Foi assim que eu me senti também, babe. — Quinn confessou, aumentando pouco a pouco o sorriso.

— Senti saudade de você me chamando assim. — murmurou encarando os olhos cor de avelã. — E como as coisas vão ficar agora.

— Se fosse com outra pessoa eu diria que a gente deveria sair e ver se rola uma química. — a loira constatou, se aproximando devagar e entrelaçando seus dedos lentamente. — Mas eu e você já temos uma conexão tão bonita desde que éramos só crianças. Eu quero ficar com você. Se você também quiser ficar comigo.

— Eu quero, mas você tem que me prometer que se um dia parar de dar certo, a gente vai conversar e fazer de tudo pras coisas não ficarem estranhas entre nós. — Tina pediu com um tom doce e receoso. — Eu amo demais a nossa amizade e tudo o que você representa na minha vida, eu... Só não quero correr o risco de perder você.

— Claro que prometo. Principalmente porque eu sinto a mesma coisa por você. — Quinn respondeu com um sorriso fofo e apaixonado, fazendo carinho na bochecha da amiga.  — Posso te beijar agora?

Tina riu de um jeitinho bem tímido e respondeu. — Eu diria que você não precisava nem pedir, mas eu te entendo. To nervosa também, isso é novo pra gente. Mas sim, babe, você pode me beijar agora e quando quiser.

Quinn sorriu e finalmente acabou com a distância entre seus rostos, selando seus lábios com carinho e delicadeza. O beijo durou uma mistura de “para sempre” e “pouco demais” até que as duas se separassem abrindo os olhos devagarzinho e dando um suspiro apaixonado quase em sincronia.

— Percebeu que estamos perdendo o nosso baile? — Tina perguntou com um sorrisinho de canto.

— É, mas... Acho que prefiro ficar aqui, tá mais divertido. — Quinn respondeu e a encheu de beijinhos por todo o rosto. — Sabe o que eu acho que tornaria essa noite ainda melhor?

— O que? — indagou, franzindo as sobrancelhas.

— Você cantando uma música pra mim. — constatou com um sorriso animado. — Seria bem apropriado já que estamos aqui, na sala do coral.

— Fala sério, que vergonha. — Tina reclamou, ficando vermelha instantaneamente.

— Como assim? Você é do coral. — Quinn replicou, erguendo uma sobrancelha.

— É, mas geralmente eu fico, tipo, só compondo o coro. — explicou corando ainda mais. — Eu fico atrás sem chamar muita atenção, nunca em foco.

— Ah, qual é? A sua voz é linda e seria um presente maravilhoso ter a lembrança de você cantando pra mim na nossa primeira noite como namoradas. — a loira insistiu, seus olhos avelã até brilharam com a ideia.

— Você disse namoradas? — já os pretos da asiática se arregalaram.

Só nesse momento Quinn percebeu o que havia dito e arregalou os olhos também. — E-eu disse. E-eu me precipitei?

Mas então foi a vez do olhar de Tina se iluminar. — Não! De jeito nenhum. Eu fiquei em choque por um segundo, mas agora eu to feliz pra caramba.

Ambas sorriram uma para a outra e então se beijaram mais uma vez.

— Também to feliz demais por ser sua namorada. — Quinn constatou depois do beijo.

— Bom, eu... Acho que minha linda namorada merece uma música. — Tina murmurou mesmo ainda envergonhada, pois sua felicidade era muito maior que a vergonha.

Então ela pigarrou e timidamente começou a cantar a música que marcou sua vida para sempre, a mesma que tocava da primeira vez que se beijaram.

E Quinn repousou delicadamente as mãos na cintura de Tina para que pudessem dançar coladinhas, desfrutando aquele momento perfeito.


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