A missão escrita por camibsva


Capítulo 8
Bücherverbrennung




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809905/chapter/8

A língua de fogo envolveu tulhas de papel. Assistimos o conhecimento amolecendo em chamas. Crabble arremessava livros à fogueira, rindo com os colegas. Ao menos, com a engenhoca de Blásio Zabini, a missão conseguiu salvar alguns volumes, desde Lockhart até Literatura Clássica. Ainda assim, assisti o assassinato injustificado das letras, contrariada. 

Morcegando entre alunos e professores, Dolohov agia como um bruxo em ritual de Halloween. Acima de si, estava a marca negra, em celebração, tão comum, mas ainda capaz de enviar calafrios pela espinha de todos nós. A visão nos parava, como uma nota macabra e desafinada ressonando em silêncio.

“Servida?” Zabini me oferecia marshmallows “Vamos aproveitar porque não sabemos quando será a próxima vez.” riu “Sim" ele murmurou, quando me viu engolindo quase sem mastigar, “também estou morrendo de fome.”.

Em silêncio, comemos ao crepitar do fogo, como se a falta de palavras não criasse vácuo, nem constrangimentos. Vendo-o iluminado pelo fogo, invadiu-me um sentimento de comunhão. Desde o incidente de Hogmead, em que ele e Chang me trouxeram em segurança de volta ao castelo, os laços se estreitaram. 

No início, assim que soube que me enfeitiçou para me proteger, discutimos. Principalmente no dia subsequente, quando o Profeta Diário noticiou o asssassinato do nascido trouxa em Hogsmead. Eu podia ter impedido, pois não tinha qualquer medo da dor; entretanto, o meu rompante foi inconsequente para Zabini. Ele perguntou quem iria cuidar das cobaias caso Greyback me capturasse; quem choraria se eu morresse ali, desperdiçando tudo. 

Eu o compreendi, mas não cansava de me perguntar qual a diferença entre mim e aquele homem assassinado. Ele também não foi desperdiçado ? 

“Olha, Dolohov está vindo. Tome cuidado".

Cedo demais, acordamos do sonho. Zabini segurou meu punho, enquanto o professor chegava. A expressão de Dolohov, recheada de cicatrizes e rugas, ganhava um assombro maior à luz da fogueira. Olhos vis. Encarou-nos da carne ao osso. Ofereceu-me um livro. 

“Alimente a fogueira.”

Permaneci calada.

“Sabe, Angelou, isto não é sobre apenas queimar livros. Também é sobre lealdade." Dolohov prosseguiu, cordial. “Vocês dois devem encarar isso aqui como um convite. Sem mais escalações, sem mais sanções, tudo ao alcance de um livro.”

“Como o senhor pode imaginar, todos aqui estamos decididos” Zabini arriscou responder. 

Em resposta, o bruxo lançou-lhe um olhar violento. Em reação, o punho do sonserino tremeu e ele se aproximou, em escudo.

“Zabini,até onde você vai levar essa história? Por acaso já aproveitou essa amável ocasião para contar à senhora Angelou suas antigas aventuras?”.

Detive o sonserino. O imperador verde teve ímpetos de levantar o punho contra o professor. Mas também não pude ignorar o comentário. Ao mesmo instante amigo, ao mesmo tempo, estranho. Alguém capaz de entoar maldições imperdoáveis. Alguém que me impediu. Era o que o professor queria me dizer?

Mas Dolohov já tinha ido embora, satisfeito com a própria chaga de veneno. Um chamado nos despertando.

Ei. Vocês dois”.  

Era Gina Weasley e Cho Chang, procurando guiar-nos de volta ao porto seguro da missão.

“Venham comer uns marshmallows” - a ruiva gesticulou com a mão.

Uma sombra de dúvida passou por Zabini, que soltou minha mão. Nosso silêncio se converteu em desconforto. Eu soube que Dolohov envenenaria tudo que pudesse. Mesmo assim, decidi não acabar com aquela noite. Encorajei o sonserino e, juntos, seguimos Gina e Cho até uma fogueira isolada. Ao longe, pude ver Simas Finnigan, Dino Thomas e até Zacharias Smith, há muito recuperado de uma escalação violenta. Quando nos aproximamos, foi visível a curiosidade de todos.

"Fiquem à vontade" — Gina sorriu. "A propósito, sua ideia sobre os livros foi realmente incrível. Obrigada". 

A ruiva, sem dizer mais nada, afastou-se para ir cochichar algo com Dino Thomas. Pude vê-lo com a testa franzida para Zabini, enquanto nós dois sentávamos junto com Chang. Engoli em seco, a fala de Dolohov zumbindo como um mosquito insistente em meus ouvidos. De que aventuras estava falando? Suspirei, mas Chang continuou conversando.

"Às vezes, tenho a sensação de estar vivendo um sonho. Estamos aqui reunidos com essa marca negra no céu." A chinesa abaixou a cabeça, como se um mar de lembranças a tivesse atingido  "parecia ontem que Fudge falava que era mentira e que o Harry tinha inventado tudo. Tudo sobre Você-Sabe-Quem". 

"Me pergunto se algo teria sido diferente caso o velho tivesse aberto os olhos antes" Zabini abocanhou um marshmallow "mas ele era um idiota. E eu também fui um idiota". 

"Foi muito legal da sua parte, sabe?" Chang tentou sorrir. Sabia que estava prestes a entrar em terreno desconhecido. Nenhum de nós falávamos sobre as circunstâncias que fizeram Blásio Zabini um subversivo. "A ideia dos livros, sua recusa a participar das aulas. Nem sempre foi assim". 

"Não" ele repetiu, pensativo "nem sempre foi assim". 

"Você sabe, é preciso coragem". 

"Sim"

“Grifinório ou Sonserino?” - Chang brincou, rindo. 

Nesse instante, Zabini me ofereceu um marshmallow espetado. Tinha uma expressão de autopiedade no rosto, como se tivesse me pedindo desculpas. Aceitei, ainda em silêncio, preocupação tomando o meu ser. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A missão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.