Uma Noite Diferente escrita por Jéssica PFR


Capítulo 1
Capítulo Único




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Betty já havia marcado com antecedência o dentista para aquele dia. Antes de ir para casa se arrumar, se livraria enfim dos ferros que a muito lhe acompanhavam. Mas só tirar o aparelho não era o suficiente. Ela queria e precisava estar deslumbrante essa noite. Por Seu Armando.

 

Durante o mês que passou longe de seu doutor, a última conversa que tiveram no Bom Terra ainda lhe doía a lembrança. As palavras de Armando naquela noite pareciam tão sinceras... E a expressão de dor que ele tinha e sua despedida partiram seu coração ainda mais.

 

Ela havia decidido, em uma noite de insônia, que não o rejeitaria da próxima vez, que lutaria por ele, pois ela não poderia mais viver sem tê-lo ao seu lado, mesmo que tivesse que passar por cima de seu orgulho, mesmo que tivesse que brigar contra o mundo. Se ele estivesse disposto a assumi-la e terminar definitivamente com Dona Marcela, ela seria dele e pronto.

 

A presença de Armando em seu escritório naquela manhã só havia aumentado aquela certeza dentro de si. Mas como tocar no assunto e dizer-lhe tais palavras? Ela nunca foi corajosa para tomar iniciativas.

 

Quando viu e conversou com Alejandra Zingg, a venezuelana convidada de Armando, teve dúvidas e se sentiu novamente pequena diante de sua presença estonteante. Mas, as palavras de Alejandra, dizendo que Armando havia falado muito sobre ela, lhe acendeu uma pequena fagulha de esperança e era nisso que se agarraria naquela noite e por isso mesmo precisaria estar maravilhosa para não fazer tão feio diante daquela linda venezuelana. Com isso em mente, ligou para seu anjo da guarda de sempre, Catalina Angel, que logo se prontificou a ajudá-la. Dessa vez ela seria mais ousada, mais instigante... Necessitava chamar a atenção de Armando para si.

 

Saiu da Ecomoda e foi direto ao consultório do dentista e depois para sua casa, onde Catalina a aguardava com um lindo vestido, sapatos, bolsa, acessórios e até mesmo lingerie, o que deixou Betty corada instantâneamente.

 

******

 

Assim que pisou no salão do lançamento todos admiravam Beatriz. Estava de tirar o fôlego vestindo um vestido vermelho de alça, que ia até os joelhos, e com as costas nuas. Usava sapatos de salto agulha de tira preto, uma bolsa preta pequena discreta, brinco de ouro em formato de gota longa, além de ter alisado os longos cabelos pretos, que caíam soltos por seus ombros como cascata, e destacado os lábios com um batom vermelho que agora, sem o aparelho, iluminava seu lindo sorriso. Estava elegante e sensual, era o que Catalina havia lhe dito.

 

Beatriz recepcionava os convidados com Catalina, quando Armando entrou no salão acompanhado por Alejandra, que estava perfeita com seu vestido preto provocante.

 

Armando assim que cruzou o olhar com o de Betty, sentiu as pernas fracas, o coração acelerado e o corpo arder ao avistar o quão deslumbrante sua Betty estava. Ficou paralisado por um minuto, admirando a mulher que arrebatava seu corpo e coração. Mas lembrou-se da promessa que lhe fez e se recompôs rapidamente, caminhando em direção a Beatriz e Catalina. Se Cumprimentaram com um aperto de mãos um pouco mais longo que o habitual, pareciam querer prolongar aquilo.

 

******

 

Armando observava Beatriz discretamente a todo momento enquanto cumprimentavam os convidados. Para ele, ela parecia um sonho de tão linda... E como estava provocante. Aquilo o estava deixando louco, mas tinha de se controlar, havia prometido a ela. Contudo, quando Alejandra e ele foram entrevistados por uma repórter um pouco inconveniente, lhe pareceu que Beatriz ficou incomodada, talvez com ciúmes... Não pôde deixar de sentir alegria e uma pontada de esperança em imaginar que ela se incomodava com outras mulheres perto dele.

 

Nesse momento, aproximou-se Catalina Acosta, Miss Colômbia do ano anterior, para cumprimentar Catalina Angel, que imediatamente apresentou Armando e Alejandra e Betty a saudou.

 

— Betty?! Mas é claro que me lembro de você. Tivemos uma boa conversa no Galeão... – Sorriu com simpatia para Betty, lhe cumprimentando com um beijo na bochecha. – Mas você está deslumbrante, menina! Como você mudou!

 

— É que Cartagena me mudou muito. – Respondeu Beatriz sorrindo com simpatia.

 

— Depois, vou ligar para você para marcarmos de sair e conversar sobre tudo... Que te parece, Betty? – Perguntou Catalina Acosta animada.

 

— É claro, Catalina, será um prazer. Me ligue e saímos. – Disse Betty sorrindo.

 

Armando assistia a tudo aturdido. Então foi para Cartagena que Beatriz foi... Estava com Catalina Angel trabalhando no concurso. Se ele soubesse na época...

 

******

 

Pouco tempo depois chegavam Margarita e Daniel, que foram cumprimentados por Betty. Armando havia se afastado por uns minutos, mas já estava retornando e escutou Daniel sendo venenoso com Betty. Teve vontade de socá-lo, mas precisava ser controlado. Aquele lançamento tinha que ser perfeito, não só por ser importante para a Ecomoda, mas também porque era o primeiro lançamento da mulher que amava a frente da empresa. Ela merecia que tudo fosse impecável e ele faria de tudo para que assim fosse.

 

Tão logo chegou próximo a eles, cumprimentou a mãe com um beijo e tratou de colocar Daniel em seu lugar, defendendo sua Betty. Isso fez o coração de Beatriz quase saltar pela boca. O fato dele ter ficado o tempo todo a olhando e a defendido a fazia ter esperanças.

 

— Olha, Beatriz, por favor, não ligue para o Daniel. Você sabe como ele é! – Pediu Armando a Betty.

 

— Imagina, doutor! Eu não ligo para o que o Dr. Valencia diz. Deve estar mordido até agora pela afronta que lhe fiz aquele dia no restaurante. – Beatriz disse aquilo rindo, fazendo questão de deixar claro para Armando que naquela noite ela foi desagradável com Daniel.

 

Armando relaxou com a risada de Beatriz e ficou ainda mais louco com aquele lindo sorriso. Acabaria perdendo a cabeça por aquela mulher. E o fato dela ter-lhe dado aquela informação sobre o jantar com Daniel aqueceu seu coração.

 

— Beatriz, desculpe, mas eu preciso te dizer que está lindíssima essa noite. – Falou por impulso, completamente envolvido por ela e o momento. Teve medo imediatamente de ter ido além dos limites e afastá-la.

 

Beatriz notou a insegurança de Armando assim que ele fez o elogio. Imaginou o motivo e resolveu lhe dar algum conforto e até mesmo indício de que estava tudo bem.

 

— Muito obrigada pelo elogio, doutor Armando. Eu aprecio que tenha notado. – Sorriu timidamente para ele, o deixando encantado.

 

Armando sorriu tão lindamente, como a muito não fazia. Ficou tão feliz por ela não ter o censurado e por aparentemente ter gostado de seu elogio. Se perguntava se aquilo significava que ela lhe daria uma chance, quando Catalina Angel veio até eles os chamando para cumprimentar os demais convidados.

 

******

 

Seguiam recepcionando os convidados que iam chegando, quando adentrou Andrea Nocetti, vencedora do concurso de Miss Colômbia daquele ano, acompanhada de Claudia Elena Vásquez. As duas cumprimentaram animadamente Betty e perguntavam por um francês que havia lhe acompanhado na noite dos fogos de artifício.

 

No mesmo instante, Betty ficou constrangida, sorrindo nervosamente para as moças e olhando para Armando, que a encarava com os braços cruzados, com visível ciúmes e descontentamento. Ele queria saber que história era essa de francês acompanhando sua mulher em evento com fogos de artifício em Cartagena.

 

******

 

Betty foi chamada por Hugo no camarim e se dirigiu até lá para verificar o que ele queria. Armando notou a movimentação de Beatriz e deixou Alejandra, indo atrás dela. Ele jamais permitiria que Hugo aprontasse com ela.

 

******

 

Beatriz saía do camarim preocupada com a apresentação que Hugo havia mencionado, quando topou com Armando que a amparou com os braços para que ela não caísse. Ambos sentiram-se fraquejar com aquele contato. Ficaram se olhando por um momento, quando Betty se afastou e pediu desculpas pelo atropelo.

 

— Me diga, Beatriz, há algum problema? Aconteceu alguma coisa com o Hugo? – Preocupou-se Armando.

 

— Não, nenhum problema. Acontece que o Seu Hugo estava me perguntando sobre se teria apresentação.

 

— Mas é claro que tem que haver apresentação, Beatriz. É um grande lançamento, uma grande coleção, e há muitos convidados importantes.

 

— Eu sei, doutor. Mas como sempre foi seu pai e depois o senhor que faziam essas apresentações, quando eram presidentes...

 

— E agora você. – Afirmou Armando, antes que Betty concluísse seu raciocínio.

 

— Eu?! Imagina, doutor! Estava justamente indo procurá-lo para pedir esse favor.

 

— Eu?! Esqueça, Beatriz! Você é a presidente, é o seu trabalho, seu produto...

 

— Doutor, ambos sabemos que estou a frente da Ecomoda por meras questões burocráticas e não pela vontade dos sócios... Seu pai, inclusive, não quis vir.

 

— Escute bem, Beatriz! Você é presidente desta empresa porque merece mais que ninguém. E não sou eu que digo isso, mas todo o seu trabalho.

 

— Doutor, por favor... Eu sou uma economista, não uma relações públicas. – Pedia aflita, enquanto Armando a olhava com carinho. – O senhor faz isso melhor que eu. Além disso, há muita gente lá fora...

 

— Eu fazia isso sim, Beatriz, mas não mais... Nesse momento há muitas pessoas querendo ouvir você e chegou o momento que receba o reconhecimento que merece.

 

— Doutor... – Pedia Betty.

 

— Não, Beatriz. Para você chegou o momento do reconhecimento. E você merece mais que ninguém... – Disse Armando a olhando com amor e admiração. – Eu entendo que você não acredite em mim, entendo perfeitamente que me odeie... Mas vou lhe dizer uma coisa, se não acredita em mim nesse momento é como se não acreditasse em si mesma. Então, vá lá e tome o lugar que é seu. – Ele se aproximou de Betty a olhando profundamente e a segurou pelos braços, despertando uma espécie de eletricidade entre os dois com aquele toque. – Muita sorte, Betty.

 

Beatriz o olhou profundamente, com amor e carinho. Estava abalada por aquele toque e por aquelas palavras. Sentia seu coração batendo rápido como nunca. Mas a afirmação dele sobre ela o odiar lhe doía. Ele não poderia achar isso, ela precisava lhe falar algo.

 

— Doutor, eu não o odeio... Eu o amo. – Deixou que as palavras finalmente saíssem, perdida em seu olhar.

 

Armando sentiu que morreria com aquelas palavras. Ela estava lhe dizendo que o amava. Não podia acreditar. Esqueceu de tudo e se aproximou, determinado a beijá-la. Mas Betty imediatamente se afastou.

 

— Doutor, eu o amo e não pretendo mais negar isso. Não lutarei mais contra esse sentimento, já não suporto mais. – Ela lhe dizia com sinceridade. - Mas, não posso mais agir como antes e ser... A outra. Não é justo comigo mesma. – Fez uma pausa, buscando as palavras certas, sob o olhar atento de Armando. - Ao assumir essa mudança, eu jurei que não admitiria mais que me humilhassem ou fizessem pouco de mim. Se aceitasse algo assim novamente, estaria fazendo pouco de mim mesma. E isso eu não posso permitir.

 

— Eu entendo, Betty. Minha Betty... Não vou submetê-la mais a esse tipo de situação. Vou agir corretamente e vou lhe provar que eu te amo. Vou terminar com a Marcela tão logo esteja com ela e vou assumir publicamente esse sentimento que carrego por você. E, mesmo que demore, vou lhe provar que todas as atenções que lhe dou são por amor. Até que você me aceite, até que me ouça e não me rejeite.

 

— Resolva sua vida primeiro, doutor. Conversaremos depois, se estiver realmente disposto.

 

— Eu resolverei tudo, meu amor. Eu a quero como um maluco. – Declarou Armando apaixonado. - A amo, a desejo e morro por um beijo seu...

 

— E eu morro pelo senhor... – Betty deixou que as palavras lhes escapassem, completamente desamparada por seus olhos penetrantes e sorriso bonito. – Mas, não posso ser sua nos mesmos termos. Me entende?

 

— É claro que sim, meu amor. Resolverei minha situação. – Prometeu Armando.

 

Armando estava exultante. As palavras de Beatriz eram um aceno as possibilidades, ao futuro... E ele era louco por aquela mulher e voltou da viagem disposto a lhe reconquistar.

 

— Agora, preciso me preparar para enfrentar essa multidão. – Betty estava preocupada.

 

— Você consegue, espertona. Tenho certeza que se sairá muitíssimo bem, você é brilhante. Estarei assistindo, torcendo por você. Muita sorte, viu! – Disse Armando dando um sorriso encorajador e se afastando dela, indo sentar-se em seu lugar.

 

******

 

Após o término de seu discurso, Betty foi aplaudida por todos, em especial por Armando que a admirava atentamente. Ele não conseguia esconder de ninguém a profunda admiração e amor que sentia por Beatriz. Quem perdesse poucos segundos o analisando se daria conta que ele se iluminava na presença da presidente da Ecomoda.

 

Betty logo sentou-se em seu lugar ao lado de Catalina e apreciaram o desfile, quando Hugo soltou a bomba da demissão pública e ainda quis estragar tudo expondo o Quartel. Contudo, Betty não permitiu que ele lhe estragasse o lançamento e nem que humilhasse suas amigas e as incentivou a brilharem na passarela.

 

O Quartel e ela foram aplaudidas de pé efusivamente e Betty foi abraçada e cumprimentada por todos. Até Daniel lhe cumprimentou e Margarita a surpreendeu muito quando a abraçou lhe parabenizando.

 

Armando estava tão orgulhoso de sua Betty. Era tão importante para ele vê-la triunfante em seu primeiro lançamento a frente da Ecomoda. Quando Alejandra se afastou de Betty, após cumprimentá-la, ele não pôde se aguentar diante dela e de toda a emoção daquele momento e a puxou a para um longo e forte abraço. Se afastou a parabenizando por tudo. Ele quis ir tirar satisfações com Hugo pela canalhice que tentou lhe fazer, mas foi impedido por Betty que lhe garantiu que se encarregaria de Hugo.

 

******

 

Marcela apareceu disparando seu veneno para Armando e Alejandra. Armando então a puxou para um canto e lhe repreendeu.

 

— Escuta, Marcela. Não vou permitir que seja grosseira com a Alejandra e nem que faça seus escândalos nessa noite tão importante para a Ecomoda.

 

— Eu sou sua noiva e não vou permitir que você fique se exibindo com essa mulher no evento da minha empresa, embaixo do meu nariz.

 

Armando respirou fundo, tentando controlar seu humor. Ele imaginou uma maneira totalmente diferente de dizer o que queria a Marcela. Ensaiou aquela conversa durante vários dias, mas alí estava ela testando sua paciência e lhe provocando. Não havia mais o que fazer e ele não se esquivaria mais daquela decisão, principalmente agora que sentia urgência de se acertar com a mulher que amava e que tudo dependia desse momento. O momento era aquele.

 

— Eu pretendia fazer isso de outra maneira, mas não há mesmo como dizer isso sem feri-la. Mas, acredite que, embora seja difícil, será bem melhor que alongar essa história de enganos. – Fez uma pausa, olhando Marcela com pesar. – Marcela, eu refleti durante a minha viagem e voltei decidido a romper de uma vez por todas a nossa relação. Não há mais como adiarmos essa decisão... O que havia entre nós acabou faz muito tempo. Não existe confiança e nem mais amor.

 

— O que está dizendo, Armando?! Você não pode fazer isso comigo! Quer me humilhar, me destruir? – Disse Marcela com lágrimas nos olhos.

 

— Não quero humilhar você e nem te destruir. O que eu quero é agir corretamente contigo e comigo. Não posso seguir com você, tendo a mente e coração com outra. Não é justo com ninguém.

 

— Você está terminando comigo por aquela venezuelana, mas vai voltar para mim, porque sabe que sempre estarei esperando.

 

— Marcela, não estou terminando contigo pela Alejandra e nunca mais voltarei para você. Além disso, a Alejandra e eu somos apenas amigos, nada mais. Eu não posso ter nada contigo, nem com a Alejandra e nem com nenhuma outra mulher, simplesmente porque eu nunca deixei de amar a Beatriz.

 

— Então está terminando comigo pela Beatriz? Ela nunca te perdoará, conforme-se.

 

— Ainda que a Beatriz nunca me perdoe, eu morrerei a amando, entenda de uma vez.

 

— Armando, por Deus, reflita! – Suplicava Marcela, que com o choro, já havia chamado a atenção das pessoas.

 

— Eu já refleti, Marcela. E essa é minha decisão. Não quero lhe fazer mal, mas ficar ao seu lado por culpa ou compromisso seria continuar te ferindo a cada dia mais... Eu desejo que você seja feliz, de verdade. Vou pedir ao Freddy para buscar minhas coisas na sua casa amanhã. – Disse se afastando dela, indo em direção a Alejandra para pedir desculpas pela cena de Marcela.

 

Marcela, aos prantos, puxou Patrícia para ir embora e foi para seu apartamento se afogar na garrafa de whisky.

 

******

 

Armando deixou Alejandra na companhia de Mário e foi em busca de Beatriz. Sentia uma empolgação tão grande por lhe contar que era enfim livre para amá-la como ela sempre mereceu.

 

Quando ele a viu conversando com seus pais, Nicolas e Catalina, ficou alguns passos atrás apenas escutando o que diziam.

 

— Papai, leve a mamãe em meu carro. Como combinado, ficarei até após a apresentação do cantor convidado e depois dormirei na casa da Catalina. – Disse Betty gentil ao pai.

 

— Ai, minha filha! Veja lá, não vá me aprontar hein, senhorita! Não esqueça que o diabo é porco.

 

— Imagina, Seu Hermes! Ela estará comigo, na minha casa. Não se preocupe com nada. – Disse conciliadora Catalina sorrindo.

 

— Pois muito bem! Mas a senhorita trabalha amanhã. Como pensa ir a empresa vestida nesses trajes?! – Ralhou Seu Hermes.

 

— Ora, papai! Já havia me preparado, é claro... Tem uma maleta com minhas coisas já no carro da Catalina. – Respondeu Betty.

 

— Está bem, filha... Pois então, bom fim de evento e uma ótima noite para você. – Hermes falou um pouco mais manso já dando um beijo na testa da filha.

 

— Boa noite, papai! Até amanhã. – Disse Betty lhe sorrindo e afagando seu rosto. Este gesto sempre desarmava Seu Hermes.

 

— Boa noite, filhinha! Que Deus lhe abençoe. – Disse Dona Júlia beijando a testa de Betty e lhe abençoando como sempre.

 

— Boa noite, mamãe! Quero que saiba que fiquei muito emocionada pelo seu comparecimento. – Betty plantou um beijo doce na testa de Dona Júlia e lhe deu o mais belo e brilhante sorriso.

 

Nicolas disse que já ia também e se despediu de Betty lhe dando um abraço fraterno e logo Catalina se afastou também, pois havia sido chamada por uma assistente.

 

Armando assistia a tudo de longe e estava encantado com a maneira amorosa que Beatriz tratava seus pais. Ele mal podia esperar para fazer parte de sua vida, sua família... Mas, de repente se empolgou pela informação que adquiriu alí. Betty estava livre da vigilância de Seu Hermes essa noite. Sorriu com os planos que começaram a se formar em sua mente.

 

Quando ia se aproximar de Beatriz, viu Adriana Arboleda e Andrea Serna se aproximarem de Beatriz e resolveu esperar um pouco até poder pedir a atenção de Betty. Continuou aguardando e escutou a saudação das mulheres que pareciam muito animadas.

 

— Betty, você está tão linda! E o evento foi tão emocionante. Pode contar com uma nota amanhã no jornal. – Declarou alegremente Andrea, dando um beijo na bochecha de Beatriz em cumprimento.

 

— É verdade, Betty! O desfile foi um sucesso, parabéns! – Concordou Adriana sorrindo amável.

 

— Ai meninas, muito obrigada! – Corou Betty.

 

— Agora, Betty, você não foge da gente! Te disse antes no camarim que haviam umas coisinhas que precisávamos conversar... – Disse muito empolgada Adriana, com um sorrisinho travesso, intrigando Betty e também Armando que de repente se pegou mais interessado no diálogo das mulheres.

 

— É, Betty! Adriana e eu estávamos conversando e estamos morrendo de curiosidade para saber o que passou com aquele francês de Cartagena... Porque aquele homem, Betty... Deus, que homem! – Andrea exclamou, suspirando e depois acompanhando Adriana em uma risadinha cheia de malícia e curiosidade.

 

Imediatamente Betty corou e sorriu nervosamente para elas. Ela não entendia porque todas aquelas mulheres estavam tão ávidas por saber de Michel.

 

Armando ouvia tudo louco de ciúmes e desesperado por saber mais. Não era a primeira vez que questionavam Beatriz sobre esse tal francês. Sentiu de repente sua gravata o estrangular, estava nervoso.

 

— Ora, meninas! Não há o que comentar... Naquela noite nos despedimos e só. Respondeu Betty.

 

— Mas não aconteceu nada mesmo entre vocês? – Perguntou atenta Andrea. – Desculpa, mas é que ele parecia estar bem interessado em você.

 

— Na verdade, ele demonstrou interesse sim... Mas depois nos acertamos e estabelecemos uma amizade e só. – Disse Betty visivelmente tímida com aquele estranho interrogatório.

 

— Mas ele demonstrou interesse como, menina? E porquê você o dispensou, boba?! – Animou-se Adriana com a fofoca.

 

Armando já estava louco ouvindo aquela conversa. Embora não conhecesse o sujeito, só sentia vontade de lhe partir a cara.

 

— Bom, naquela noite, ele me levou ao hotel depois e... Ele me roubou um beijo dentro do carro. – Betty contava mortificada. – Mas eu não retribuí e saí bem depressa do carro e o deixei. Na minha última noite em Cartagena, conversamos e ele me pediu desculpas e eu lhe expliquei que o problema era comigo e não com ele. Ficamos em paz... Eu gosto muitíssimo dele, mas como amigo.

 

Armando estava transtornado. Só de imaginar outro homem beijando sua Betty ele ficava mortificado e desesperado. Mas ao menos ela não havia correspondido e o dispensou.

 

— Ah, Betty! Mas como o deixou assim?! Tão lindo e atencioso! Porquê não lhe deu uma oportunidade... Quero dizer, sentimentos podem brotar com uma amizade... – Falou Andrea suspirando.

 

— Andrea, eu não poderia... Ele obviamente é maravilhoso, mas meu coração não está disponível. Na verdade, meu coração nem me pertence mais... Me entendem?! – Declarou dando sua risada típica.

 

— Entendo que quando amamos não podemos nem pensar em outra pessoa, por mais maravilhosa que seja. – Disse Adriana em solidariedade. – Mas quem é o sortudo que lhe arrebatou o coração?

 

— Um tigre. – Respondeu Betty misteriosa, ainda que risse muito.

 

— Um tigre?! – Perguntaram as moças em coro visivelmente intrigadas.

 

— É brincadeira... Apenas um modo de falar. – Sorriu Beatriz. – É que eu não posso falar sobre isso... Me entendem?!

 

— Claro, Betty! Não queremos ser indiscretas. – Desculpou-se Andrea.

 

— É, Betty! Não faremos mais interrogatórios. – Adriana concordou sorrindo.

 

Armando estava encantado naquele momento. Ela havia dito que era um tigre, e ele era o tigre de Bogotá, ou ao menos foi um dia, porque a muito que ele havia se convertido em apenas o homem de Beatriz Pinzón Solano. Seus dias de tigre e caçada haviam acabado, desde que ela lhe tomou seu corpo e alma para si. Na verdade, ele que acabou caçado por ela definitivamente. Sorriu com o pensamento.

 

Resolveu se aproximar e lhe tomar a atenção. Depois de tudo o que houve naquela noite e após tudo que escutou, só queria lhe tomar e reivindicar seus lábios e seu corpo. Estava desesperado por isso. Mas teria que agir com certa cautela. Não queria assustá-la.

 

— Boa noite, Andrea e Adriana. Como vão? – Cumprimentou Armando. – Será que eu posso lhes roubar a Beatriz um pouco?

 

Adriana e Andrea concordaram e foram cumprimentar outras pessoas, os deixando finalmente a sós. Mas Armando não queria ter aquela conversa com Beatriz no meio de tanta gente, por isso a puxou até um local discreto, longe das vistas de todos dentro do salão.

 

— Beatriz, por acaso o tigre seria eu? – Perguntou lhe lançando aquele sorriso lindo com covinhas que encantava Betty.

 

— O senhor estava escutando minha conversa, doutor?! – Alarmou-se Betty corando.

 

— Escutei e acredite que desci ao inferno ao saber que outro homem tocou seus lábios. Mas também alcancei o paraíso quando disse que o rejeitou e mais ainda quando disse que seu coração não lhe pertencia mais, porque era de um tigre. – Declarou se aproximando e lhe segurando pelos ombros a olhando profundamente. – Não quero parecer pretensioso, mas estou cheio de esperanças que esse tigre seja eu.

 

— Doutor, já disse que não posso ter essa conversa com o senhor. Por favor... – Disse Betty desviando de seu olhar e se afastando de seus braços.

 

— Eu terminei minha relação definitivamente com a Marcela. Deixei claro para ela e ela já se foi. Eu sou livre para te amar como merece. Por favor, meu amor, não me rejeite mais. Eu não sei viver sem você. – Armando dizia com súplica e paixão no olhar.

 

Betty o olhava admirada pela declaração. No fundo, ela não sabia se ele teria realmente coragem de terminar com Marcela Valencia. Mas alí estava Armando Mendoza diante de si lhe falando aquelas palavras que ela tanto sonhou em escutar dele e estava tão seguro no que dizia que lhe arrepiava a pele. Ela se aproximou dele, tomada de coragem e amor, até que estivesse em uma distância tão perigosamente curta, que poderiam sentir o calor dos corpos um do outro.

 

— O senhor é o tigre. – Disse simplesmente o olhando cheia de paixão e saudade.

 

Armando não pôde mais suportar e pôs fim a curta distância que separavam seus lábios, selando-os em um beijo apaixonado e desesperado.

 

Beatriz entregou-se aquele beijo com muita vontade e saudade. A tanto tempo não sentia aquela boca que lhe fazia perder o horizonte. E agora ele estava livre. Ela não o rejeitaria mais. Nunca mais. Precisava daquele homem com todas as forças de sua alma. Contudo, seu lado racional lhe acendeu o alerta de que alguém poderia aparecer do nada e lhes surpreender. E não era assim que pretendia que as pessoas soubessem. Teriam que fazer as coisas certas dessa vez.

 

— Doutor, por favor, alguém pode nos ver aqui. – Disse reunindo toda sua força para afastar-se dele, ainda que estivesse sorrindo feito boba e olhando sonhadora.

 

— Eu não ligo se nos virem, meu amor. Não pretendo escondê-la. Pelo contrário, quero exibir você para que o mundo veja a mulher maravilhosa que eu tenho ao meu lado. E vou falar com seus pais. Essa relação será séria e de conhecimento público. – Afirmou seguro. - A menos que você não me queira... – Deixou as palavras saírem num sussurro triste.

 

— Doutor, eu quero o senhor mais que tudo no mundo. Mas não é assim que quero que as pessoas se inteirem do que temos... Nossas famílias... Não merecem saber de uma maneira desastrada.

 

— Você está certa, meu amor. É que eu perco o horizonte contigo e a tanto tempo que não sinto seus lábios e o seu calor... Estou desesperado de saudades.

 

— Eu também estou... meu amor. – Betty lhe deu seu sorriso tímido ao ousar chamá-lo de “meu amor”, cortando as formalidades e lhe devolvendo a forma de tratamento carinhosa que ele usava para se dirigir a ela.

 

Era notória a surpresa e felicidade nos olhos de Armando naquele momento. Estava experimentando uma sensação tão maravilhosa e doce ao escutar aquelas palavras mágicas saídas de seus lábios: “Meu amor”, soou tão lindo. Mais uma vez ele se apressou em romper a distância entre eles e segurou o rosto de sua amada com as duas mãos a olhando de maneira tão intensa que Betty jurou que ele seria capaz de ver sua alma e aquilo eriçou sua pele.

 

— Beatriz, repete, por favor. – Pediu seriamente Armando.

 

— Meu amor. – Pronunciou com doçura Betty.

 

— Meu amor, vamos embora daqui, por favor. – Implorou Armando muito próximo dos lábios de Betty. – Eu necessito estar com você, sentir sua pele e seu calor sob o meu toque.

 

— Sim. – Respondeu Betty presa no encanto dos olhos de Armando. – Eu também preciso estar com o senhor, doutor. Mas o que faço com Catalina? Minhas coisas estão com ela e... O senhor está com a Alejandra. – Disse num sussurro triste, ao lembrar de Alejandra, o que Armando percebeu.

 

— Eu vou resolver com Catalina, não se preocupe. Com relação a Alejandra, eu peço ao Mário para levá-la ao hotel. – Armando a olhou ainda mais intensamente tentando transmitir com o olhar todo seu amor e devoção de uma maneira que ela soubesse que só ela lhe importava. – A Alejandra é apenas uma amiga, nada mais. Não passou e nem vai passar nada entre nós, porque meu coração é cativo do amor que lhe tenho. Nada nesse mundo é mais importante para mim do que você, minha Betty. Eu te amo.

 

Beatriz nada disse, apenas lhe deu seu sorriso mais bonito e brilhante. Armando tinha o dom de lhe causar aquela sensação de borboletas no estômago.

 

— Vou resolver tudo com Catalina e levar suas coisas para o meu carro. Preciso me despedir da Alejandra também e pedir que vá com o Mário. Me espera que já volto.

 

— Espera, doutor. Preciso me despedir da Catalina e da Alejandra também. Não fica bem não cumprimentá-las. – Disse Betty preocupada.

 

— Claro, meu amor. Você está certa, como sempre. Mas, por favor, não me chame mais de senhor e nem de doutor. Quero que me chame apenas de Armando e... Meu amor. – Declarou apaixonado. – Foi tão lindo quando me chamou de meu amor.

 

— Está bem então... Meu amor. – Betty lhe brindou com um sorriso doce e sonhador.

 

******

 

Armando e Betty foram procurar por Catalina e ele fazia questão de segurar sua mão pelo caminho, até que avistou o fotógrafo do evento e teve uma ideia.

 

— Beatriz, olhe alí está o fotógrafo do evento. Gostaria de ter uma foto com a mais bela e mais importante mulher da festa. Me brindaria com uma recordação nossa desta noite tão importante? – Perguntou com os olhos brilhantes e o sorriso que desarmava Beatriz.

 

Betty acenou sorrindo para ele e Armando visivelmente empolgado chamou a atenção do fotógrafo, pedindo que ele tirasse uma foto dos dois.

 

Ele puxou Betty pela cintura e a trouxe bem junto de si a abraçando, em um gesto carinhoso. Imediatamente colou seu rosto ao dela e sorriu para a câmera e Betty sorriu tão feliz, como jamais sonhou que seria.

 

Quem olhava, mesmo de longe, obviamente poderia notar o amor e a grande conexão entre eles.

 

— Essa é oficialmente a nossa primeira foto juntos, minha Betty. – Armando estava que não se aguentava de tanta felicidade.

 

******

 

Encontraram Catalina logo após tirarem a foto e se dirigiram até ela para se despedirem e para pedir as coisas de Betty. Mas, ao se aproximarem de dela, Beatriz gelou, estava corada e tímida. Só pensava no que diriam e no que a amiga pensaria. E Armando, adivinhando os pensamentos de Beatriz, apertou sua mão, lhe sorrindo encorajador.

 

— Vamos encarar tudo e todos com toda a dignidade a partir de hoje, minha Betty. E desde que estejamos juntos, nada poderá nos atingir. A partir de agora somos apenas você e eu. – Incentivou Armando, enquanto caminhavam com as mãos unidas.

 

— Está bem, meu amor. Você e eu. – Encorajou-se Beatriz segurando a mão de Armando forte.

 

Chegaram enfim até Catalina, que os observava curiosa e sorria amigavelmente atenta. Para ela pareciam tão bem juntos, definitivamente combinavam, faziam um belo par.

 

— Cata, preciso de um favor. A Beatriz e eu já vamos e preciso que me entregue as coisas dela para que eu as guarde no meu carro. – Declarou Armando cheio de segurança e com um belo sorriso, escancarando a felicidade que tomava seu ser.

 

— Betty... Você vai com o Armando? – Perguntou Catalina um pouco abalada.

 

— Sim, Catalina, eu irei com ele. Por favor, veja minhas coisas. – Beatriz deu um olhar cheio de significado para Catalina, que entendeu que depois ela lhe explicaria.

 

— Está bem, eu vou pedir a minha assistente para acompanhá-los até o estacionamento e que retire suas coisas para lhe dar. Só um momento. – Catalina hesitou e voltou a atenção a Betty rindo. - Mas depois, querida amiga, temos alguns assuntos a falar.

 

— Está bem, Catalina. Amanhã podemos almoçar, se quiser. – Sorriu cúmplice.

 

Eles pediram um minuto para Catalina, enquanto iam em direção a Alejandra e Mário. Assim que chegaram até eles, Armando foi direto. Precisava fazer Beatriz se sentir segura diante de Alejandra.

 

— Alejandra, viemos nos despedir. Beatriz e eu estamos indo. – Armando falou puxando Betty, a segurando pela cintura. - Quero te pedir desculpas, mas não poderei levá-la. Mas eu creio que o Mário não se incomodará em fazer essa gentileza.

 

O gesto de Armando não passou despercebido nem por Alejandra e nem por Mário, que dirigiu um sorrisinho malicioso para Armando. Já Betty estava tímida, mas feliz pelo gesto de Armando, que parecia muito seguro e feliz.

 

— Imagina, irmão! Podem ir, eu levo a Alejandra. – Prometeu Mário a Armando. – Ah, e parabéns Beatriz pelo lançamento sensacional.

 

— Obrigada, doutor Calderón. – Sorriu sem jeito Betty.

 

— Bom, boa noite para vocês dois e até amanhã na Ecomoda para o fechamento do nosso contrato. – Disse Alejandra que havia perdido um pouco do brilho ao constatar que Betty era a mulher que Armando estava apaixonado e que obviamente haviam se acertado.

 

Se despediram dos dois e pegaram com a assistente de Catalina as coisas de Beatriz, as levando para o carro de Armando.

 

******

 

Dentro do carro, ambos experimentaram um misto de sentimentos. Armando estava nostálgico por tê-la com ele alí novamente após tanto tempo e também nervoso, se sentia um adolescente com a primeira namorada. Já Beatriz, que havia jurado jamais voltar a entrar naquele carro, sentia uma sensação familiar reconfortante, como se fosse seu lugar; também estava nervosa por saber que iria dormir com ele novamente depois de tanto tempo.

 

— Eu jurei que nunca mais entraria em seu carro novamente. Parece tão surreal estar aqui depois de tanto tempo. – Beatriz compartilhou seus pensamentos.

 

— Eu sei. Mas agora é diferente, meu amor. – Disse Armando enquanto dirigia, a olhando pelo retrovisor. – E, além do mais, de agora em diante, é bom se acostumar e aposentar seu carro, porque eu serei seu motorista. Para sempre.

 

Beatriz apenas sorriu e encostou a cabeça no ombro de Armando durante o caminho, despertando um sentimento familiar e terno em Armando. Ele havia sentido tanta falta deste gesto dela...

 

Ao chegarem no prédio de Armando, ele a conduziu até os elevadores, sendo cumprimentados pelo porteiro.

 

— Boa noite doutor Mendoza, boa noite senhorita. – Cumprimentou simpático o porteiro.

 

— Boa noite! – Respondeu com gentileza Beatriz.

 

— Boa noite, Francisco. Essa é Beatriz Pinzón Solano, minha namorada. Ela pode subir sem ser anunciada a partir de agora. Avise ao síndico e ao Rubem, quando trocarem de turno.

 

— Perfeitamente, doutor Mendoza.

 

Armando agradeceu e conduziu Betty para dentro do elevador. Estava ansioso para tê-la finalmente em seu apartamento. Já Betty estava emocionada com como ele havia lhe apresentado. Namorada de Armando Mendoza! Isso nunca lhe passou pela cabeça. Sorriu, despertando o interesse de Armando.

 

— Posso saber a razão desse sorrisinho tão lindo, doutora Pinzón?! – Perguntou Armando.

 

— É que eu não sabia que eu tinha um namorado, doutor Mendoza. – Respondeu alargando o sorriso um tanto divertida.

 

— É o que você é, minha Betty, minha namorada. – A puxou pela cintura lhe beijando delicadamente.

 

Em seguida, desceu com o beijo pelo pescoço de Betty, lhe provocando um arrepio. Ele amou sentir que ainda provocava nela as mesmas reações.

 

******

 

Armando abriu a porta de seu apartamento, encantado por poder enfim compartilhar de seu lugar sagrado com a mulher de sua vida.

 

Quando aquele dia começou, ele jamais sonhou que estaria o terminando ao lado de sua Betty. Ele abriu caminho, convidando Beatriz a entrar.

 

— Entre, meu amor. Quero te mostrar meu lar, meu santuário e refúgio. – Disse com um sorriso largo, cheio de covinhas, que encantou Betty.

 

Assim que Beatriz cruzou a porta e entrou, ficou admirada com o lugar. Era amplo e de muito bom gosto. Mas chamou sua atenção algumas fotografias de família, na verdade duas em especial. Uma de Marcela sozinha e outra dos dois abraçados e sorrindo. Ela já conhecia as fotografias, ele as tinha em seu escritório também. Aquilo a entristeceu e ela terminou por franzir o cenho, visivelmente desconsertada.

 

Armando analisava as reações de Beatriz a sua casa e notou as mudanças em sua feição e tão logo constatou o que chamada a atenção de sua Betty, tratou de se aproximar das fotografias e lhe explicar.

 

— Meu amor, assim que cheguei de viagem, tratei de ir para a empresa. Não tive tempo para reparar ou fazer nada. Essas fotos, fazem parte do meu passado e no passado ficarão. Quero que saiba que você é meu presente e futuro. A partir de hoje, serão fotos suas e nossas que estarão neste apartamento e em meu escritório. Apenas lembranças nossas, minha Betty. De agora em diante, somos apenas você e eu, não se esqueça. – Ele declarou, pegando as fotografias e as retirando das molduras, para em seguida, diante dos olhares de Beatriz, rasgá-las e jogá-las fora.

 

Beatriz o olhou com carinho, era evidente que ele estava empenhado em mostrar-lhe o quanto ela era importante para ele. Aquele homem tinha o dom de lhe encantar com seus gestos, suas palavras, seus olhares.

 

Ela se aproximou de Armando e depositou suas mãos sobre seu peito, colando o corpo a ele e lhe disse cheia de ternura.

 

— Não era necessário rasgar e jogar as fotos no lixo, meu doutor. Fazem parte de sua história.

 

— É que não faz sentido ter mais essas lembranças em minha casa ou no escritório. Fazem parte do meu passado e agora tenho você como tanto sonhei. – Disse a abraçando. - Não quero que se sinta intimidada pela figura de Marcela Valencia. Como disse, na minha casa e na minha vida apenas haverá nossas lembranças. A começar pela foto que tiramos essa noite... Farei cópias e colocarei aqui e no escritório. – A segurou ainda mais apertado, mas agora lhe dando seu sorriso conquistador. – Aliás, minha espertona, preciso de umas fotos suas para espalhar por aqui, na Ecomoda... E a que tenho sua na minha carteira está ultrapassada.

 

Betty o olhou curiosa. Como assim foto sua em sua carteira? Teve que lhe perguntar.

 

— Você tem uma foto minha? – Perguntou arqueando as sobrancelhas.

 

— Bem, minha doutora, quando me deixou eu ficava amargando sua ausência na sua antiga salinha, sentado em sua cadeira. E numa dessas ocasiões, abri sua gaveta e encontrei sua foto antiga do crachá. A guardei comigo e ela foi meu consolo durante todo o tempo. – Armando confessava com um certo pesar por recordar da dor que sentia naquela ocasião. – Até tentei me desfazer da foto, mas a resgatei do lixo, assim como resgatei também, da caçamba de lixo da Ecomoda, as lembrancinhas e cartões que te dei.

 

Beatriz ficou comovida com a confissão de Armando. Agora estava convencida de que ele realmente a amava. De outra maneira, não teria guardado uma fotografia sua em sua carteira e muito menos teria se prestado a resgatar do lixo suas recordações. Com os olhos marejados, o puxou para um beijo doce e ao se separar dele, disse sorrindo.

 

— Me lembre amanhã de ter dar uma foto do novo crachá para substituir está que carrega consigo. Imagina se alguém vê e pensa que ainda sou daquele jeito, por Deus! – Betty gargalhou do seu jeito único que enternecia Armando.

 

— Se você soubesse que praticamente todo barman de Bogotá conhece aquela fotografia... – Disse sorrindo com carinho. – Eu a mostrava a todos no auge de minhas bebedeiras.

 

— Meu Deus, Armando! Agora tem a obrigação de voltar nesses lugares e mostrar a foto atualizada e explicar que agora estou mais arrumadinha. – Betty brincava divertida.

 

— Farei melhor. De agora em diante vou me exibir em todos esses lugares contigo e terei orgulho de lhe apresentar a todos como minha belíssima e deslumbrante namorada.

 

— E... É verdade que resgatou nossas recordações?

 

— Sim, Beatriz. Estão no escritório e vou lhe devolver. Claro que primeiro vou separar os cartões que escrevi dos que Calderón escreveu. Os dele jogarei no lixo.

 

— Então você também escreveu? – Perguntou surpresa.

 

— Sim, meu amor. Assim que me apaixonei, passei eu mesmo a escrever os cartões. – Segurou seu rosto com suas mãos a trazendo para que o olhasse nos olhos. – Minha Betty, há tanto que preciso te dizer, que necessito esclarecer...

 

— Sim, meu amor, e iremos. Teremos todo o tempo para isso. Mas, agora, depois de tudo o que houve neste dia e de tudo o que me disse, eu só preciso e quero uma coisa.

 

— O quê, meu amor? – Perguntou Armando.

 

— Disto. – Betty disse lhe puxando para um beijo apaixonado e cheio de urgência.

 

Armando a colou em seu corpo, retribuindo a urgência do beijo. Ele desceu o beijo pelo pescoço de Betty, cheio de desejo a sentindo se arrepiar com seu toque.

 

Seguiu descendo ainda mais os beijos em direção ao colo de Beatriz, a fazendo soltar um gemido, que o pôs louco por ela.

 

Beatriz, tomada pelo desejo e se enchendo de coragem, se afastou um pouco de Armando e o olhando profundamente, desceu o zíper de seu vestido e afastou as alças deixando que o mesmo deslizasse por seu corpo, a deixando apenas de lingerie, diante do olhar desejoso e admirado de Armando Mendoza.

 

Pela primeira vez, ele podia admirar o corpo de sua Betty e ela era perfeita, parecia uma deusa coms seus belos contornos.

 

Não se aguentando mais de tanto desejo, Armando a tomou nos braços e a levou para seu quarto, a deitando sobre sua cama e a amando com toda sua paixão e doçura, enquanto desvendava seu corpo e sua sensualidade, sob a luz fraca do abajur.

 

Enfim tinha a mulher que amava em seus braços novamente e nunca mais permitiria que ela escapasse dele. A acolheu em seus braços e adormeceram plenos de felicidade.

 


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