Haunting escrita por Amelina Lestrange


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Daydreaming foi o erótico triste quando tudo ainda estava "bem"... Haunting é só triste mesmo pois não está nada bem, não mais.
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Leiam ouvindo Right Where You Left Me, da Taylor Swift. Triste o suficiente para voltar para a minha Folkmore Era.
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Aproveitem a leitura.



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Eu não causo nenhum estrago, fico na minha, se o nosso amor morreu jovem eu não posso testemunhar e já faz muito tempo

Mas se você alguma vez achar que errou eu estou exatamente onde você me deixou

right where you left me – Taylor Swift

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No banho as suas lágrimas se confundiam com as gotas que caíam do chuveiro molhando o seu corpo. Os soluços abafados pela vergonha passavam despercebidos quando colocava músicas tristes. Sabia que olhar no espelho era encarar envergonhada a frustração do seu desejo, a recusa do seu corpo e a rejeição da sua idealização. Reconhecia nos seus olhos verdes e tristes o quanto já havia sofrido pelo que não tinha acontecido. O seu rosto inchado indicava que não cessaria ali aquele tormento, ainda era muito para processar em tão pouco tempo.

O seu cabelo molhado caía pelas suas costas imaginando que aquele seria o toque que nunca sentiria. Havia estado o tempo todo nos sinais que insistia em não reconhecer que não aconteceria… e não aconteceu. Tinha baixado a guarda, ficado vulnerável e agora colhia o joio de ter desejado o que não podia ter. Ele nunca foi seu para que tivesse um sentimento de perda, mas a perda vinda do que criou dele nos seus sonhos à noite, das lacunas que preencheu no calor da sua emoção e do que pensou que poderiam viver.

Era vívido quando fechava os olhos, podia sentir o toque dele mesmo nunca tendo tocado diretamente a sua pele, somente através das luvas e sem nenhuma malícia. Imaginava os lábios finos e o sorriso jovem sendo seus por um momento ou vários, sempre recebendo calorosamente os seus beijos e toques mesmo que não passassem daquele ponto. Sempre pensava que teria sido mais fácil se tivesse sido recusada bem no início, porém, ter se calado teria causado menos danos… se tivesse permanecido com isso apenas na sua intimidade, não poderia causar estragos. 

Ser chamada de passional roubou do chão, mas sabia que era inteira feita das suas paixões, então não havia colocação mais perfeita que essa embora tivesse um pezinho de ofensa da sua parte. E tinha se apaixonado pela ideia, pelo proibido, pelo que não poderia ter. Realmente tinha chegado a pensar que poderiam ser algo a ser considerado, teria sido divertida a ideia de terem se escolhido para viver esses momentos sem pressões, sem cobranças, apenas… apenas parecia uma boa ideia.

Mais longe já havia estado, quando tudo não passava de uma possibilidade e passou a se tornar real, talvez real o suficiente para que causasse medo e apreensão. Liricamente, já haviam ultrapassado um limite, o longe demais já tinha acontecido e a única coisa a se fazer era não deixar que algo físico tivesse acontecido. Não haviam consumado os seus planos, já tinha estado unilateralmente afetivamente envolvida quando sentiu o primeiro baque, depois o segundo e por fim, o terceiro, quando sabia que estava escrito nas entrelinhas que nunca seriam um do outro de nenhum jeito; o querer era seu, a insistência era sua e estava cansada demais para continuar insistindo.

A sua cabeça continuava cheia dele, de pensar nele sempre que estava nua e quente, esperando um prazer que desejava ter com ele. Mas foi o seu coração que doeu quando a rejeição rebentou à sua porta. Tinham ido longe demais para olhar para trás, e sabiam disso. Mesmo assim ele insistia em ver tudo, menos que sabia que queria sozinha. Os seus olhos pesavam quando se recordava do desespero no choro, ou do maior desespero ainda que foi tentar e não conseguir. Os erros eram dos dois, mas reconhecia que o seu era maior; achava que alguém em uma situação similar à sua seria mais fácil de se relacionar. Um sim sempre seria um sim, mas um talvez sempre seria um não pois era carregado de dúvidas, e todas as dúvidas geravam confusão… e a confusão sempre era um prenúncio negativo.

Frustração. Recusa. Rejeição. Repetindo, o tempo todo.

Às vezes a sua tristeza se misturava com um pouco de raiva, um pouco de mágoa, um pouco de solidão… se sentia sozinha e a ilusão sobre ele agora a acompanhava e fazia companhia. Quando vestia o pijama e se deitava na cama, os seus olhos não viam mais somente o teto branco do quarto, tampouco o seu corpo sentia o grosso cobertor. Tinha se prometido que ninguém mais deixaria marcas nos seus pensamentos e no seu corpo, mas lá estava o seu corpo absorto em tudo o que sempre ensaiava dizer, mas que seria incapaz de proferir: era mentira que isso não a estava a afetando em uma grande proporção, também era mentira que isso não havia mudado a visão sobre as pessoas, mas também era mentira que isso a havia mudado para sempre. Ele tinha lhe deixado com nenhuma escolha a não ser ficar ali para sempre, perturbada pelos seus próprios anseios e assombrada pelo que poderiam ter sido. Se conhecia o suficientemente bem para saber que era desse jeito e tinha desejado que ele também fosse… mas não era. 

Na sua mente ainda estava preso o cheiro do desodorante, mas não sabia se isso havia sido uma lembrança genuína ou uma brincadeira que a sua psique tinha plantado para suprir a falta de memórias verdadeiras. Era a esperança de ter o que não podia que ainda guardava na mente e sabia no fundo que as suas lembranças para ele não deveriam ser reais, ou sequer seriam existentes. No ínterim, mantinha a sua distância e o respeito pois respeitava o homem que ele era e talvez fosse isso que tivesse encantado o seu olhar para ele, vendo-o sob lentes cor de rosa e doces sem nem ao menos saber se ele merecia o açúcar da sua visão naquele momento. No agora, definitivamente sabia que não, mas era dificultoso deixar ir embora as coisas que tinha construído mesmo elas sendo apenas suas.

Continuava aprisionada na sua cama, sentindo o seu corpo querer por dois, insistindo e permanecendo insegura nas suas cobertas como consequência dos seus devaneios e sonhos lúcidos onde se beijavam e faziam amor com as mãos entrelaçadas e olhos abertos, mas agora as lágrimas de prazer que vinham com o seu orgasmo tinham se transformando em lágrimas de decepção nos olhos e os lábios trêmulos sabiam que os seus desejos continuariam sendo apenas isso… desejos da sua solidão, ansiando por uma chance que não aconteceria, porém, que ainda aguardava já que ainda era uma menina esperançosa por fantasiar isso.


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Notas finais do capítulo

Me deixem saber se gostaram ♥



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