t e m p o r á r i o escrita por Roxeley Rox


Capítulo 7
O Happy Hour




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Ela não queria ir. Não gostava de bares. Não gostava de beber. Não gostava de público. Não gostava de interagir. Basicamente, nada a atraía ali. Mas Daniel que a convidou.

Um bar novo, estilo americano, ele e o pessoal foram para um happy hour.

Ela nunca tinha participado de um happy hour, só visto em filmes. Então, ela aceitou. Porque Daniel a convidou. Com aquele jeitinho fofo dele de convencer até o diabo a aceitar Jesus em seu coração.

O cara do RH, o psicólogo da empresa, ele tem lábia. E ela gostava da simpatia dele.

É claro que Daniel conseguiria convencer Cecília a sair, se enturmar. Ele era uma das duas pessoas nesta cidade que faria ela se ajoelhar aos seus pés.

Cadelar não é o termo certo, mas, secretamente, Cecília pensou mais de uma vez que poderia facilmente cadelar para Daniel e para a soldado Schimidt. Se eles mandassem ela fazer qualquer coisa, ela faria.

Felizmente, eles não eram do tipo “mandar”. Eles eram do tipo “convidar”. Eles não queriam obrigá-la a fazer nada. E esse era mais um motivo para Cecília os considerar os únicos amigos nessa cidade.

— Você quer uma cerveja? — Daniel perguntou se inclinando para perto dela.

— Não. — Cecília respondeu, ela bebia uma Coca-Cola zero com uma rodela de limão.

— Certeza?

— Eu não bebo.

— Nada?

— Não bebidas alcoólicas.

Ele levantou as sobrancelhas demonstrando leve surpresa, depois deu um sorriso encantador.

— Isso é legal. Acho que é a primeira que conheço que não bebe.

— Quem não bebe? — Alguém do grupo perguntou, fazendo os dois olharem para os demais.

— Cecília. — Daniel respondeu olhando para Geovana, uma colega do setor financeiro que tinha o nariz empinado como uma madame.

— Não bebe? — Ela perguntou, olhando para Cecília como se ela fosse uma alienígena. Cecília apenas balançou a cabeça. — Nada?

— Não. — Ela respondeu, novamente balançando a cabeça.

— Por quê?

Porque eu não quero. Dã!

— Eu só não gosto.

— Mas já experimentou?

— Já.

— Mas e não quer beber de novo?

— Não.

— Ah, vai, experimenta!

— Experimenta!

— Uma só!

— Vai, Cecília!

Cecília tentou vocalizar que não queria, não tinha interesse, não ia beber, mas seus colegas ficavam insistindo, sequer a ouviam. Era intimidante, se sentia uma estranha e já não conseguia mais pensar em argumentos para não beber.

Mas ela não queria beber, não ia beber, então por que estavam insistindo?

— Ela já disse que não quer.

A voz ela reconheceu. Não foi Daniel, nem ninguém do grupo, foi alguém atrás dela, ao lado dela, próxima a ela.

Antes que pudesse realmente olhar para o rosto dela, a soldado Schimidt já estava sentada ao seu lado, praticamente grudada a ela.

Por um momento, Cecília quase ficou de boca aberta.

Nunca havia visto a soldado Schimidt sem farda. Ela sempre estava fardada e com os cabelos bem presos em um coque. Agora ela estava com uma camiseta branca e uma calça jeans, os cabelos loiros estavam soltos caindo por seus ombros até quase cobrindo os seios.

— Oi. — Ela disse para Cecília, estava tão próxima que Cecília se inclinou um pouco para trás para conseguir olhá-la nos olhos, tão azuis e claros até mesmo na luz mais baixa do bar.

— Oi, soldado Schimidt. — Cecília sorriu.

Agora ela tinha duas pessoas que gostava num mesmo lugar para ajudá-la a lutar contra as forças do mal... quer dizer... contra Geovana e a trupe do “Bebe só uma, vai!” que obedeceram a policial e pararam de incomodá-la imediatamente.

— Cecil... — A soldado a chamou pelo apelido, ela era a segunda das duas pessoas que a chamavam assim.

— Sim? — Ela indagou.

A soldado pareceu se inclinar um milímetro mais perto de Cecília.

— Pare de me chamar de soldado Schimidt, eu não estou trabalhando agora. — Ela sorriu de lado.

— Força do hábito. — Cecília também sorriu.

— A Danielle que sabe. — A voz grossa de um homem foi ouvida.

Um homem que Cecília reconheceu como um dos colegas soldados da soldado Schimidt proferiu para os demais do seu grupo. Ele também estava sem farda, junto de outros dois homens.

— Dani, a gente vai pegar uma mesa, você vem? — Ele perguntou para a soldado Schimidt.

— Depois eu vou. — A soldado Schimidt respondeu, eles apenas assentiram e se despediram do grupo, indo para uma mesa mais ao fundo do bar.

Ela voltou a olhar para Cecília, colocando um braço sobre o encosto de costas do banco em que estavam sentadas, virando-se mais em direção da morena.


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