Todos já haviam ido almoçar, como sempre. Raramente alguém ficava para trabalhar ou almoçar na empresa, todos saiam para almoçar em casa ou em algum restaurante.

Cecília ficou, como já fazia há pouco tempo. Ela estava aguentando bem com seus Clube Social, mas já estava ficando enjoada de sempre comer os biscoitos secos e agora sem graça. Como ela queria um café para acompanhar!

O lado bom disso: ela estava mantendo a dieta. O lado ruim: Dani tinha razão, Clube Social não sustenta. Felizmente, sua barriga já havia passado da fase "dor de fome" e se acostumado com a pouca comida.

Uma batida na porta aberta. Virou-se e viu quem menos esperava ali: a soldado Schimidt.

— Oi, Cecil! — Ela disse com um sorriso animado.

— Oi, solda...

— Sem "soldado Schimidt"!

— Mas você está trabalhando...

— Estou na minha pausa do almoço. E falando em almoço, Daniel me contou que você está comendo Clube Social. — A afirmação soara como pergunta, seguida de um apertar de olhos em direção de Cecília.

Ela pareceu um pouco constrangida.

— É. — Foi tudo o que conseguiu pensar em dizer.

— E já comeu hoje?

Ela hesitou antes de responder.

— Ainda não, mas...

— Que bom, porque eu trouxe comida. De verdade.

A soldado levantou a sacola plástica que trazia consigo, de onde exalava um delicioso cheiro de almoço.

— Não, eu...

— Não estou te convidando para um almoço, Cecília. Estou ordenando que coma a comida que eu trouxe. — Disse a soldado, entrando na sala e se aproximando da mesa de Cecília, pondo a sacola com comida sobre a mesa.

— Eu não posso aceitar. — Cecília falou, sentindo um nó em sua garganta. Ela sempre fora emotiva.

— Por que não?

— Porque não. — Maldito nó!

— Eu não aceito essa justificativa.

— Danielle, eu...

— Olha só! Finalmente me chamando pelo nome! — A soldado a interrompeu, evitando que a garota recusasse o almoço mais uma vez. — Olha, Cecil, se você não comer a comida que eu te trouxe, vou ficar muito chateada.

Nada como uma chantagem emocional!

Cecília estava sentindo as lágrimas querendo surgir, então desviou o olhar e respirou várias vezes, lutando contra o nó na garganta. Sentiu a mão da soldado Schimidt em seu ombro e logo ouviu a voz dela em um tom calmo pouco ouvido antes:

— Cecil, tudo bem pedir ajuda. — Cecília apenas balançou a cabeça, sentindo o pequeno aperto da mão da soldado. — Você vai ficar bem?

Ela se inclinou levemente para olhar o rosto de Cecília, que levantou o olhar para ela, deparando-se com os olhos azuis tão claros como nunca vira antes.

Balançou a cabeça mais uma vez, sorrindo. Um sorriso constrangido.

— Sim. — Ela respondeu. — Obrigada pelo almoço, Dani.

A soldado Schimidt sorriu.

— De nada, Cecil.