Estou num estado de nervos quase catatônico. Quase tudo que planejo dá errado. É um saco! A minha vida é um asco! Qual será a grande e mirabolante solução de hoje?

Não sei. Coloquei um choro pra tocar. Talvez ajude a espairecer a cabeça. Se assim, ou se assado, não faz a menor diferença. O que devia eu fazer, se tudo o que faço não parece suficiente? Se tento ler um livro, durmo; se tento assistir a um filme, me perco num tédio eterno. Todas as coisas que me proponho fazer me dão a sensação de estar jogando tempo fora. O que eu faço, então?

Deve ser mais fácil a vida dos animais, então. Olho Clarita, minha cadelinha, pelo menos me parece mais fácil a vida dela. Se bem que, às vezes, ela me olha com olhos perdidos, por longos momentos. Será que ela está pensando em seus problemas? Mas que problemas? Que problemas pode ter um cachorro? Talvez esquecer onde enterrou seu osso?

Deveria ser mais fácil, deveria ser mais fácil… Mas, se mais fácil fosse, seria assim tão divertido? Divertido? Por que achamos que só o difícil é divertido? E por que procuramos o difícil, para depois ficar por aí reclamando? Ou estaria eu romantizando minhas dificuldades, colocando o difícil como divertido para ver se assim consigo alguma alegria em minha vida vazia?

Vazia, como um copo sem água, sem conteúdo. Como a minha pessoa. Onde está a diversão, onde está a alegria?

São seis horas no despertador. Acordo, mas não consigo levantar da cama. Todos os dias me parecem iguais. O que faço, ou o que deveria fazer? Procuro respostas o tempo todo e nunca encontro nada.