Celestial Cross escrita por WitchParfait


Capítulo 4
Fragrância




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Cheiro de suor, acordei em um ônibus aparentemente, vestia um uniforme escolar preto. Ao meu lado, a minha irmã dormia apoiada em meu ombro, parecia tão pacífica que me dava vontade de me juntar a ela, invés disso observei a paisagem, e notei um problema. Eu não reconhecia quase nada, casas brancas eram amarelas, amarelas eram verdes, grafites eram diferentes, não sei se a pichações mudaram nunca entendi elas, alguns restaurantes não estavam lá, nunca tinha visto uma loja de penhores no caminho tinha estacionamentos onde eram hospitais. A chance de passar do ponto era bem preocupante, diria que desesperador, já que conclui que era o caminho para a escola. Chegar atrasado só me deixaria mais atrás nas matérias, seria difícil continuar a estudar, não que eu realmente apreenda no momento, e será que outras pessoas ririam disso? 

Além disso... minhas pernas formigavam, cadê a minha saia quadriculada? Um tecido horrível cobria as minhas pernas, era uma maldita calça, se fosse um short tudo bem, mas isso? Tinha outra coisa que me incomodava. Com muito medo, puxei levemente a barra da minha calça e vi que usava meias brancas sem graça, saudades das minhas meias calças.  

Enquanto eu questionava a minha dignidade, um peso saiu do meu ombro, os olhos da Grapple lentamente se abriram, ela se levantou e deu sinal, e olhou para mim e respondeu: 

— Nossa, como você é distraído, ainda bem que o alarme natural de uma garota é bem apurado, né? 

Quando chegamos na escola, eu fui em direção a minha sala, minha irmã correu atrás de mim falou que era do outro lado. Com muita vergonha fui a acompanhando e timidamente perguntei: 

— Onde eu me sentava mesmo? 

— Sua memória está fraca hoje, é só sentar à minha esquerda 

— E... – relutante, mas era uma pergunta de extrema importância – você tem alguma, quem sabe... uma saia reserva? Essa calça está bem aper... 

— Apertada? – Ela começa a rir descontroladamente – essa foi boa irmão 

Um assunto sério como esse foi respondido apenas com risadas, que mundo cruel é esse em que cai? Esperava que as coisas iriam pelo menos melhorar... ao entramos na sala percebi que era o exato mesmo lugar que sempre me sentei, no fundo perto da porta, assim era mais rápido de sair... Isso fez de todo aquele diálogo supostamente irrelevante. 

  Com isso as horas passaram, com a chegada do intervalo fui abordado por um grupo que parecia ser de outra sala, sendo justo não reconheço nem as que estavam comigo, não eram bem pessoas importantes, mas enfim o pesadelo de verdade se aproximava... 

— Como vai o seu desenho? – diz um garoto  

— Viu a série que lançou ontem? – disse uma garota  

— Preciso de ajuda nesse trabalho – ouço ao fundo 

— Ei amigo de infância, preciso de você – mais vozes  

— Que tinta usou no seu cabelo? – ainda mais vozes 

Muitas vozes falavam coisas sem sentido e cada vez mais distorcidas, meu rosto ficou da cor do meu cabelo, queria muito soltar um berro de desespero ou ao menos falar algo, apesar que minha voz se perderia no vácuo produzido pelo furacão de vozes. Os sons produzidos por essa besta me deixavam enjoado, então só tive uma alternativa 

Corri em direção ao banheiro, ignorei qualquer pessoa que bloqueasse a minha passagem, meu coração parecia que iria dizer “Tchau” e descer pela privada. Minha respiração estava ofegante, molhei o meu rosto e percebi que não era “eu” de quem se referiam, era um incômodo estranho. Um dia em outro lugar estranho por acaso era outro sonho? Quando menos percebi, decidi ir embora para casa. Me perdi, pois eu não fazia ideia do caminho, era tudo tão diferente, não sei se alguém me procurou. Deitei-me em um lugar na rua e contemplei as estrelas, ao menos isso era algo que parecia não ter mudado, exceto uma estrela dourada que parecia estar se aproximando. 

Pessoalmente não entendo nada de constelações ou cometas que passariam no ano, mas uma coisa eu sei é que essas estrelas não dão curvas, parecia que se atraia diretamente a minha pessoa, como se fosse uma espécie de stalker. Estranhamente ela não parecia aumentar e lentamente ela desceu dos céus, revelou que não era bem uma estrela. O brilho começou a falar comigo: 

— Boa noite, humano. Hoje, a noite está tão linda, não acha? Parece uma noite perfeita para “passeios” 

— P-Perfeita para passeios? Desculpa, não sou de sair 

— Bobinho, não esse tipo de passeio, estou falando de passeios em seus desejos, sou a Estrela que realiza desejos, me diga o seu 

— M-meu de-desejo? N-não sei se tenho algo a-assim 

— Pense em algo rápido, ou realizarei o meu 

 Me assusto com a repentina mudança de fala do brilho, parecia estar bravo. 

— Olha, não me leva a mal eu só faço isso por que é divertido, vou te dar 10 segundos para pensar em algo 

— E-Espera 10 segundos? 

O meu desejo, eu não sabia se pedia por ajuda comigo mesmo ou trazer a minha família de volta ou se aquilo era só um outro sonho, é um pouco difícil dizer o que é realmente real. E aparentemente o brilho descumpriu sua promessa e em 5 segundos se irritou. 

— Que seja humano... Vou ver seus segredos, oba! 

O ser revela sua aparência, era uma fada com belos olhos dourados um glamour tão belo que deixaria qualquer ouro parecendo ser dos tolos, seus cabelos eram azuis e seu corpo era formado por várias tiras de papel parecia que tinha palavras gravadas, rodeavam uma estrela. Após revelar sua aparência, nossos estranhos olhos se encontram e novamente sua atitude muda, se irritava cada vez mais. 

— Você é... - Estrela dá uma pequena pausa – um celestial, como ousa desejar algo cachorro? E mesmo assim seu pedido era tão óbvio... Voltar ao seu mundo. Quer saber? O que quer que aconteça é tudo culpa sua, esse seu ideal doentio vai terminar, o dia chegará... E esse foi o desejo... Plim-Plim! 

Em momentos, ele retornou aos céus. É meio estranho, o desejo já era de conhecimento dele, era uma existência um tanto caótica, quase uma criança. Observei aos céus e decidi falar o que minha cabeça tinha como resposta, não sei se pensei na possibilidade de ser ouvido e compreendido por ele. 

— Comparado a viver em um mundo com a minha família morta, prefiro ser esses outros “eus”, sinto que pouco importava se não eram bem a mesma família, só não quero ter que me preocupar com o futuro... Me desculpe, Grapple e Zephyr 

Me senti relaxado, mesmo que a minha cabeça gere mais e mais perguntas infestaram minha mente, sobre os infinitos dias, o que seria um celestial, mas eu poderia pensar por horas e minhas respostas jamais iriam aparecer. Quanto tempo durou essas incertezas? O que abandonei? Por que tudo isso aconteceu? Isso tinha uma relevância? Estou em coma? Terá um fim essa jornada? 

Isso é um sonho?...  

Os outros “eus” não se sufocam com calças? 


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