Celestial Cross escrita por WitchParfait


Capítulo 15
Lírio




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Em um jardim gigantesco, uma única flor dominava o cenário. O vento soprava suavemente, espalhando seu perfume doce e algumas pétalas que ocasionalmente tocavam minha pele, proporcionando uma sensação estranhamente reconfortante. Passos pequenos e arrastados se aproximavam cautelosamente, lentamente. Finalmente, quando ela se aproximou, sentou-se ao meu lado e fitou meu rosto diretamente. Era... era… era uma garota. Ela era linda.

Vestindo um vestido branco desgastado, seu corpo era delicado, esbanjando de um busto pequeno. Seus longos cabelos castanhos estavam presos em um rabo de cavalo, e entre os fios, havia um lírio do jardim. Ela tinha covinhas delicadas... E seus olhos, dourados, eram diferentes, tingidos de melancolia.

Nós nos contemplamos, meu coração batia intensamente, não era apenas a timidez convencional, eram batidas diferentes de tudo que já havia sentido, talvez semelhantes às que sinto por minha irmã, mas com uma intensidade diferente. Quando tentei desviar o olhar para controlar esse sentimento, ela recuou, não como um cadáver emergindo de uma sepultura. Eu queria continuar observando-a, admirando-a, mas ambos desconfiávamos um do outro, ambos carregávamos cicatrizes internas. O tempo parecia se recusar a passar, até que uma mão tocou meu ombro rapidamente, buscando confirmar se havia vida ali, movimentos bruscos estavam prontamente proibidos. Eu me ajeitei e me ajoelhei na grama, a garota ainda recuava, assim como eu.

— O-olá… 

Minha fraca voz foi o único som que passou pelo jardim, ela me respondeu com um fraco sorriso. Arrancou uma flor, engatinhou em minha direção e colocou em meu cabelo, se camuflando em minhas mechas vermelhas. Se esse evento continuasse por toda eternidade, pelo menos por alguns momentos esqueceria o meu fardo.

A garota se levantou e correu em direção ao horizonte, inconscientemente  tentei a acompanhar em uma distância segura. Uma lança em meu peito me impediu de prosseguir, uma criança falava sobre executar o humano, ele me pressionou sobre o chão e pisou em minha cabeça, a insignificância de meu ser brilhou nesse momento, a desistência apenas passou pelo meu corpo. Gritos finos de uma garota soaram pelos campos, e a minha lamentação se igualou.

— Gravitatis lapis: Erga

Eu murmurei, estragou o campo, o solo em que estávamos se parte ao meio como solicitei e os escombros são lançados, o garoto facilmente perfura a pedra com sua lança, se aproxima de mim e crava ela na minha mão esquerda, com isso pude vê-lo melhor, longos cabelos brancos, olhos também dourados, em seu corpo uma túnica negra com detalhes dourados, parecia ter cerca de 1,5 de altura, seu rosto era de um garoto de mais ou menos 10 anos de idade. 

— Humano mais estranho, resistir um ataque divino não é natural. Como ousa não querer morrer, por acaso está zombando da minha presença, basta!

O garoto falava isso com uma voz séria, sua intenção de me matar era assustadora. Vinhas se entrelaçam em volta de mim, envolvendo meus membros, senti a energia do meu corpo se dissipar completamente, semelhante a ser envenenado. Guardas com armaduras pesadas se aproximam apressadamente e começam a me erguer, como se eu fosse uma insignificante sacola de compras. Em questão de segundos, meus braços ficam imobilizados, minhas pernas suspensas no ar, o chão e as enormes grades pareciam distantes. Apesar de não ter som, uma ressonância era produzida pelo meu colar, com isso pude ouvir… Uma voz grossa, falava sobre “evoluir com sangue”, era estranho disseminar se apenas falava sozinho ou discutia com alguém… “Do sacríficio evoluímos", “Dominar outros é apenas desculpa para não ter carnificina”...Qual era o significado real disso era distante para mim, ou até mesmo quem teria pensamentos tão estranhos, talvez uma dessa personas…

Gritos desesperados solicitando para parar com alguns desvios de desculpas sendo interrompidos ecoavam pelo ambiente, seguido de choro, novamente ouvia o garoto parecia estar furioso gritando 

— Astrid, eu já te disse para nunca, em hipótese alguma ir ao jardim... Como ousa desobedecer o seu pai? Garota estúpida, amaldiçoada, marcada

Os gritos se intensificaram ainda mais ao ponto de se silenciar completamente, a doce garota… Tendo um destino miserável como esse, eu precisava fazer algo, não sei se era por pena… era apenas um incômodo estranho no coração… talvez na própria essência de meu ser, era profundo demais.

— Quem é você humano? por que pisou nesse reino? quem deixou você sujar essa cela com sua presença mortal? - questiona o garoto 

As altas grades acentuavam com o tamanho do garoto, seus olhos me encaravam intensamente, ele não pedia pela resposta… Ele mandava

— É-é que eu só... meio q-que... c-como pos... s-só apareci a-aqui… eu acho - o respondi

— Os humanos só dizem isso, não vou me dar ao trabalho de acabar com você, sinta-se honrado por poder perecer no castelo de um Deus.

Após essas palavras, ele partiu. Não esperava outra resposta, e ela nem mesmo existia. Enquanto seus passos se afastavam, um frio impregnava o ambiente, à medida que os sons desvaneciam, o lugar parecia congelar-se. A grade estava completamente coberta de gelo, mãos estavam se segurando nelas…

— Universo de número 5, energia principal mana, linha do tempo 2156… Por que está aqui?

Não podia acreditar,era a voz de Aria. Ela me encarava, aguardava por algum sinal de vida.

—E-Eu n-não sei… como você sobrevi… digo, como veio até aqui?

— Para uma antiga celestial do Espaço isso não era uma tarefa difícil, o meu antigo deus que servia, graças a você agora sirvo a Morte, eles fazem parte dos 4 grandes deuses, junto a Vida e o Tempo, nós celestiais apenas os servimos. Claro que temos outros grandes deuses mas esses não fazem parte do quarteto: Ódio, Amor, Sono e… Realidade.

— Realidade…- essa palavra não me parecia estranha, ouvir ela me deixava nauseado - Então… graças a morte que você venceu?

— Provável, ou era apenas um celestial polido patético.

— Já ouvi falar de bruto e imperfeito isso tem haver?

— Não sabe absolutamente nada, esperava por algo assim… Resumidamente temos castas, começa com os brutos eles não usam celestiais cross a não ser que estejam aptos a evoluir ou seja reconhecidos usando assim a mais fraca, bronze. em seguida os imperfeitos, usam a de prata. Ao evoluírem mais usam a de ouro e recebem o título de polidos… E ser por um acaso do destino Deus os escolherem, podem se tornar um dos seus 4 usuários da diamante cristalina, sendo recebidos o título de celestial perfeito, e caso Deus escolha… Seu braço direito com uma celestial cross única para esse guerreiro, a diamante branco. Também temos o diamante negro, o servo supremo de todos os deuses, mas isso é apenas um folclore.

— M-mas porque existem essas c-castas?

— Eu não sei, estudo bastante sobre o assunto, é a única conclusão que tenho é somente para vangloriar os especiais, tanto que temos uma prisão em um universo especial chamada zona do nada, as nossa celestiais crosses precisam da benção de algum deus para podermos usufruir do seu 100%, caso não tivermos… elas se tornam negras e nos tornamos renegados… Obsidianas, somos aprisionados por nossos pecados a não ser se conquistado o perdão ou a bênção divina, eu quase me tornei uma , o espaço me abandonou e a morte me abraçou 

—A-acho que entendi, m-mas por que…

—Foi a minha promessa que fiz a você no deserto., misturado a minha missão à morte, mais alguma pergunta antes de eu te tirar daqui?

— Se n-não for incômodo… De o-onde eu vim?

— Existem dez universos terrenos, cada um com a suas linhas do tempo, esse envolve as possibilidades do mundo que assim se tornaram reais, você por exemplo veio do universo 0 linha do tempo 900, entendeu?

Ao cerrar as mãos, as grades se estilhaçaram, a veia de sua testa pulsava.

— S-sim, s-senhora

— Jamais me chame de senhora de novo, quando me tornei celestial tinha apenas 25 anos

— Sim, s-senho… Descul… Cl..C-Claro

Adagas de gelo me soltam da grade me fazendo cair no chão, Aria me chamou para segui-la, passamos pela cela que estava a garota, pendurada e com várias feridas espalhadas no corpo.

— Essa Garota, ela está sofrendo

— Nem pense

— Mas ela está sofrendo

— você sabe o motivo? Cala essa boca e vamos

Aria continuou o seu caminho, algo me fez ignorar, um sentimento estranho.

— Idiota - ouvir ecoando do corredor

Das grades chamei.

— Ga-Garota

Sem resposta

— Ga-Garota

Novamente o silêncio

— A-Astrid

Respondeu com um murmuro, não entendi exatamente o que queria dizer, então me aproximei dela. A garota parecia estar com medo de falar, a porta estava aberta, o garoto tinha deixado talvez por pensar que a garota não tentaria fugir. Me esgueirei para perto dela, ela me abraçou e disse:

— Por favor, f-fuja...

— N-Não posso te deixar aqui, tem algum lugar que posso te deixar?

— Séri...- Astrid se desanimou no meio da frase - Sou uma existência fraca, me deixe...

— Não fale um absurdo desses... Você é muito fofa... não, não isso é… sim, f-forte para aguentar tudo isso, vamos eu te ajudo a s-se levantar

Peguei em suas delicadas mãos, no menor toque se esfarelaram, nossos olhos se reencontram por um breve momento.


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Notas finais do capítulo

Bom esse é o final prematuro da obra, não sei o que escrever mais e não tenho nenhum feedback, o que me faz sentir bastante desmotivado em continuar e até acho que a história não fica bacana nesse formato.

Mas enfim, talvez um dia essa história continue, até lá...
Que o infinito rubro abençoe vocês



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