Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 64
Passatempo




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Distante em seus pensamentos, com o olhar fixo para a janela, subitamente você sente algo empurrar seu braço com uma certa força. No mesmo instante começa a ouvir uma voz que aos poucos ecoa de longe até ficar nítida em seus ouvidos percebendo que é por seu nome a quem ela chama...

— S/N! S/N! Acorda aí, eu tô falando com você!

— Hãm, o quê?! Oi, Allison. 'Tava falando alguma coisa? — você pergunta despertando de vez.

— É, eu 'tava, mas tô vendo que foi tudo à toa já que não ouviu nenhuma palavra do que eu disse.

— Me desculpe, eu 'tava com a cabeça longe mesmo — você confirma, rendendo-se.

— Deu pra perceber. E posso saber o que você 'tava pensando?

De imediato você lembra de suas memórias de segundos atrás e, não querendo compartilhar das mesmas, conclui que não seria apropriado tratar do assunto com Allison. Por isso, pensa numa explicação sincera e em apenas três letras você responde um breve e direto:

— Não.

— Não?! Por que não?

— Coisa minha. Não importa agora — você fala.

— Tá bom — Allison diz.

— Mas me fala, por que exatamente você 'tava me chamando?

— Eu precisava falar com você sobre aquele assunto.

— Que assunto?

— Bom, dias se passaram e o tempo tá passando. Quero dizer, acho que isso já tá demorando e sendo adiado demais. A gente precisa começar a investigar o que aconteceu com a sua memória e saber mais sobre os trilhos de trem.

— Claro, sobre os trilhos de trem, o Super 8, a gente tem que investigar mesmo isso, eu prometi pra você. Mas em relação a minha perda de memória, como você espera que isso seja resolvido? Eu suponho que não há nada que a gente possa fazer — você deduz.

— Talvez não, mas, quem sabe se você tentar lembrar algo daquela noite, o que fizemos, por onde andamos pode ser que se lembre dessa parte que você diz que não lembra de nada?

— A de depois que eu fui embora? Dentro do metrô? Eu não lembro de nada mesmo.

— Então! Por que você não tenta? Se esforça mais pra lembrar — Allison diz encorajando-lhe.

— Eu posso tentar, mas não sei se vou conseguir lembrar de alguma coisa. Eu já tentei, mas não me vem nada na cabeça.

— Tenta de novo e quantas vezes for necessário — ela fala.

— Tá bom.

Nesse momento, você interrompe seu raciocínio e começa a analisar Allison minuciosamente fazendo-lhe levantar uma dúvida na cabeça na qual não perderia a chance de receber a resposta.

— Vem cá... — você inicia.

— Sim? — Allison pergunta.

— Aproveitando que estamos aqui...

— Sim?

— Por que isso é tão importante pra você?

— O quê?

— É. Não é a primeira vez que você fala disso e tenta insistir pra que eu lembre de alguma coisa. Então isso deve ser um assunto realmente bem importante mesmo, né? Principalmente pra você. Por quê? — você dispara sem nem ao menos pensar.

— Ah... porque eu quero te ajudar. É, eu quero te ajudar a resolver isso. Você não quer saber também o que aconteceu pra não lembrar de nada? Não quer uma explicação? — elx pergunta tentando se justificar.

— Sei. E quer me ajudar bastante pelo visto. Você tá bem mais empolgadx com essa história do que eu que nem sequer lembro direito do que aconteceu.

— Bom, se fosse comigo eu investigaria até o fim, mas se você não quer descobrir...

— É claro que eu quero descobrir. Você insiste tanto que aconteceu algo depois que eu peguei aquele metrô, mas eu já te expliquei o que aconteceu: eu dormi e pronto. Mas se quer me ajudar, então tá, vamos fazer. Mas não agora. Estamos na escola e a nossa aula vai já começar.

— Não, é claro que não. Tudo em seu tempo. Mas se tiver notícias ou lembrar de alguma coisa, por menor que ela seja, me avisa, por favor.

— Tá, pode deixar. Com certeza você vai ficar sabendo — você garante na tentativa de acalmá-lx.

— Obrigadx, S/N. E não precisa desconfiar de mim. Eu só quero te ajudar nessa — Allison diz logo se afastando e indo em direção à sua carteira.

Nesse momento, Cris e Rebekah adentram a sala de aula conversando e sorrindo com suas mochilas nas costas e logo vão para suas carteiras. Lavínia chega em seguida e logo vai se aproximando de você e Allison e decide perguntar...

— Sobre o que vocês estão conversando, ainda mais sozinhxs aqui na sala de aula?

— Ah, não é nada demais. A gente só 'tava falando sobre as provas e comentando sobre alguns temas pra estudar — você fala.

— Nossa, que conversa chata a de vocês — Cris comenta.

— Nem me fale das provas finais. Eu sei que tô por dentro de todos os assuntos mas parece que ultimamente eu tô me estressando mais por conta disso — Rebekah fala.

— Sempre o mesmo drama adolescente — Cris dispara revirando os olhos.

— Mas gente, mudando de assunto: vocês sabem que dia é hoje? — Rebekah pergunta, animada.

— Não me diga que hoje tem prova — fala Cris com uma expressão amedrontada.

— Não, não é nenhuma prova — ela responde.

— É aniversário de alguém? — pergunta Allison.

— Também não — ela diz — Vocês esqueceram que foi anunciado que hoje teríamos mais notícias sobre a rádio?

— Ah, eu acho que vi algo sobre ontem à noite — Cris comenta.

— Aqui: “Amanhã, propriamente na hora do intervalo, daremos mais informações sobre a oficialização da rádio do Colégio Montreal. A aluna do primeiro ano C do período matutino e uma das idealizadoras do novo recurso Cynthia Delano é quem trará as informações com a ajuda da governanta Meredith Glover, sob autorização do atual diretor Afonso Pascualli. O anúncio será feito de forma clara e objetiva e quaisquer dúvidas poderão ser sanadas de forma imediata, caso houverem.” — diz Rebekah lendo a notícia em seu celular — Essa notícia foi postada ontem à tarde no perfil de notícias da escola.

— Eu nem sabia que a escola tinha um perfil de notícias na internet — você exclama.

— S/N, em que mundo você vive? É claro que existe um perfil de notícias da escola — declara Lavínia levantando os ombros convencidamente.

— Ah, eu só não sabia. Não sou ligadx nessas coisas.

— Pois trate de ficar, senão você fica por fora das coisas.

— Tá, mas e, aí? Será que vai demorar muito esse anúncio? — Allison pergunta.

— Eu não sei. Aqui não tem uma hora marcada, mas normalmente as coisas acontecem na hora do intervalo, né? — diz Rebekah.

— Bom, então só nos resta esperar. Isso pode acontecer a qualquer momento — Allison avisa.

— Será que hoje você vai ter seu aguardado reencontro com a Cynthia, Lavínia? — você pergunta, sorrindo.

— É verdade, eu ainda não vi essa garota pela escola. Voltei ontem mas nem na sala ela ficou com a gente — Lavínia responde.

— Ela tá ocupada demais com a rádio da escola — Rebekah diz.

— Tomara que eu não encontre ela. Prefiro não passar raiva, nem hoje e de preferência nenhum dia mais na escola.



⌚️ Na hora do intervalo...


— “Olá todo mundo, aqui é a Cynthia outra vez. Como vocês puderam acompanhar, hoje está marcado para darmos mais informações sobre a consagração da rádio, então aqui vai o aviso: dentro de algumas horas os equipamentos para a funcionalização da rádio irão chegar. Desse modo, percebemos que iremos precisar de mãos operárias que possam servir de auxílio pra dar vida ao projeto, por isso, eu e minha — por enquanto — singela equipe convidamos a quem se interessar para ser um de nossos estagiários. Tudo o que precisa-se fazer é procurar a mim ou qualquer outra pessoa que faça parte do grêmio estudantil e fazer sua inscrição. Depois disso, realizaremos uma entrevista com o ou a candidata para fazermos a nossa avaliação e ver se essa pessoa está apta ou não para integrar o nosso time. Eu sei que pode parecer um processo longo, mas não podemos aceitar pessoas que não tenham o perfil que procuramos. A incompetência é algo da qual queremos distância.”

Os alunos no refeitório começam a cochichar entre si.

— “Bom, é isso. Eu agradeço mais uma vez pela atenção. Estaremos esperando por suas inscrições que eventualmente estarão oficialmente abertas depois do fim das aulas. Esperamos seus nomes nas listas. Um bom dia e boa sorte.”

O falatório continua e, alguns estudantes animam-se com o anúncio vibrando de um modo meio abafado. Entre o grupo que está, o assunto também vira pauta e na mesma hora seus colegas não perdem tempo e já começam a comentar...

— Então é isso. Hoje finalmente começam as inscrições — Rebekah comenta.

— Quanta burocracia, né? E também muito criteriosa essas inscrições — Allison fala.

— Muito seletiva você quis dizer. Eu aposto que as pessoas selecionadas vão ser aquelas com o jeito de ser parecidas com o de Cynthia ou aquelas que possam ser consideradas facilmente manipuláveis. Já tô até vendo, coitadas. Vão ter que concordar e fazer tudo o que ela pedir — Lavínia dispara.

— Será o que vai acontecer? Tipo, quais vão ser os trabalhos, o que o pessoal vai fazer nos bastidores? — Rebekah questiona.

— Isso só descobre quem for — Cris fala.

— Por que você não se inscreve, Rebekah? Você não gosta dessas coisas que envolvem notícias? — Lavínia pergunta.

— Eu não sei. Quer dizer, parece uma boa, mas...será que eu devo? — ela se pergunta.

— Se você quer, não tem porque não ir — Allison diz.

— Bom, eu que não vou pra um negócio desse. Nem se eu quisesse — Max fala — Trabalhar com Cynthia?! Nunca que eu faria isso. Prefiro fazer outras coisas.

— Que tipo de coisas? — Allison pergunta dando um sorrisinho.

— Te beijar, por exemplo — Max fala aproximando-se de Allison para um selinho.

— Ai, tá bom, tá bom. Já vai começar a melação de vocês, então vou sair antes que eu vomite — Cris profere fazendo uma expressão de nojo.

— Invejosx!

— E você, S/N, vai se inscrever também? — Allison pergunta.

— Ah, não. Eu não tô com cabeça esses últimos dias. Não tô prontx no momento pra administrar tantas responsabilidades. Talvez eu faça numa outra oportunidade — você diz sabendo que não irá de fato.

— Realmente deve ter muita coisa pra fazer. E trabalhar sobre pressão da Cynthia deve ser bem difícil. Só a presença dela às vezes já incomoda bastante. Às vezes é até estranho — Cris comenta.

— Nem me fale — você comenta automaticamente olhando para Rebekah que lhe devolve o olhar.

— Então, olha nós aqui outra vez falando da Cynthia. Essa menina tá sendo nossa pauta com bastante frequência ultimamente. Vamos mudar o assunto, pessoal? — Cris sugere.

— Vamos falar sobre o quê agora? — Allison pergunta.

— Eu não sei vocês, mas vou me encontrar com Stefan agora — Lavínia fala — S/N, você vem comigo?

— Pode ser, mas eu não vou incomodar? — você pergunta.

— Se fosse incomodar eu não te chamaria. Vamo', é importante — ela diz lhe pegando pelo braço.

— Tá bom — você fala — Eu vou nessa, pessoal. Depois a gente se fala de novo.

— Tudo bem, depois a gente se fala — fala Rebekah.

— Tchau — diz Max acenando com os dedos.


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