Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 48
O bairro alternativo - Parte Final




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— O que vamos fazer agora? Você acha melhor ficarmos aqui ou vamos tentar ir pra algum lugar próximo? Acredito que a luz não vai demorar a voltar, não é? — você pergunta, apreensivx.

— Não, não vai demorar a voltar. Pelo menos assim eu espero — declara Allison.

— Anda, pega seu celular e acende sua lanterna. Você tá com ele aí, não tá?

— Meu celular? Então, é que...

— Por favor, não diga que não trouxe.

— É claro que eu trouxe. Só ia brincar com você — Allison diz, sorridente.

— Deixa de brincadeira e acende logo sua lanterna que eu vou fazer o mesmo.

Então, ambxs tiram seus aparelhos de seus bolsos e logo acendem suas lanternas. Por sorte, suas baterias estão com carga suficiente para iluminar o caminho por um bom tempo e assim, não correr o risco de acontecer aquele clichê dos filmes em que o celular de alguém sempre está com pouquíssima bateria e quando mais precisa o aparelho descarrega.

— Ok, luzes acesas. Agora vamos sair daqui logo e tentar ir de volta pra casa — Allison diz.

— Ótimo — você concorda.

Sendo assim, Allison começa a ir em uma direção contrária da qual usaram para chegar até onde estão. Você apenas observa a atitude com estranheza e uma dúvida logo surge em sua cabeça, por isso, sem pensar, pergunta:

— O que você tá fazendo? Pra onde você tá indo? A gente na veio pelo outro lado?

— Sim, S/N. Mas pra esse lado tem uma saída que está mais perto. Desse jeito a gente sai daqui rapidinho. Confia em mim.

— Tá bom. Vamos por qualquer caminho que tire a gente o mais rápido daqui.

Desse modo, começam a seguir pelo caminho indicado por Allison andando por um breve tempo usando suas lanternas até chegarem em um outro portãozinho bem semelhante ao que tinha na entrada principal. A única diferença é que esse possui uma maior estatura, além de ser mais amplo.



Do outro lado do portão...


— E agora, pra onde a gente vai? — você pergunta, atentx.

— Bem, vamos ter que seguir por uma rua aqui próximo que dá aceso à rua da minha casa — Allison responde passando a luz ao redor tentando localizar o caminho.

— Não é muito longe, né?

— Não, só vamos ter que cortar caminho. Por quê? Você tá com medo de novo?

— Olha, não pense que eu tô com medo ou coisa assim, mas é porque situações como essa me deixam nervosx ,ainda mais em um lugar onde eu não conheço nada. Só pra avisar, ok?

— Bom, eu não disse nada. Mas se você me garante que não tá com medo, quem sou eu pra duvidar? — Allison diz, rindo.

— Tá, agora vamos deixar de conversa e ir logo. A confusão ainda não passou e parece que ela tá se movendo pra perto — você conclui ao ouvir o vozerio mais alto.

— Você tá certx. Precisamos sair daqui logo antes que alguém possa nos ver. Principalmente você que não é residente do bairro e não tem permissão pra andar nessa área.

— Mas você é residente. Isso já não basta pra que eu tenha passe livre?

— Não para as áreas privadas. Você pode andar aqui com alguém que seja habitante do bairro, mas precisa ficar longe das áreas privadas como o santuário e as demais — Allison explica.

— Agora eu tô confusx. Se aqui é uma área privada onde um desconhecido não pode trafegar, então por que me trouxe pra cá?

— Ah, eu só...

Antes de Allison responder a sua pergunta, repentinamente, algumas vozes começam a se aproximar rapidamente indo na direção onde se encontram. São vozes masculinas e os tais homens parecem discutir algum assunto. Sendo assim, ao perceber, você e Allison imediatamente desligam suas lanternas e, sem pensar, procuram sair dali o mais depressa possível procurando algum lugar ou objeto para que pudessem se esconder e assim não serem pegxs.

Então, sem nenhuma dificuldade, acabam por encontrar um montante que parece ser uma pilha de madeira ou troncos de árvore e ambxs vão para detrás dele para tentar descobrir o que aqueles homens conversam e o porquê de estarem no local bem no meio de um apagão.

"— Isso tem que ser resolvido imediatamente senão irá afetar uma parcela maior de pessoas. Esse é um caso de solução imediata" — diz um deles.

"— Logo a luz vai voltar e tudo ser normalizado" — fala o outro.

E assim, ambos seguem por um caminho reto iluminado por suas lanternas de luzes néon, na quais são bem fortes por sinal pelo fato de iluminar uma grande área à frente de onde passam.

Enquanto isso, você e Allison esperam os homens se distanciarem um pouco mais para assim poderem especular sobre o ocorrido.

— Quem são eles? Você os conhece? — você pergunta.

— Não que eu me lembre. Mas as vozes não me parecem estranhas — Allison responde.

— Bom, então agora que eles foram nós já podemos voltar pro nosso caminho antes que eles ou mais alguém surja.

— Eu também acho uma boa.

— Então vamos.

— Ou não.

— O quê?! Por que não?

Ao perguntar, no mesmo instante ouve alguns gritos e percebe que eles estão bem perto e seu volume cada vez mais aumenta. Ao olhar para o lado, vê algumas pessoas correndo vindo da mesma direção que os dois homens haviam passado há pouco indo bem para onde estão. Porém é estranho, porque parece que elas estão fugindo de algo, mas não se sabe o que poderia ser.

No entanto, logo a sua dúvida é sanada quando vê surgindo mais outras pessoas correndo logo atrás dos primeiros homens chamando por eles aos gritos e até mesmo proferindo palavras baixas e hostis. Desse modo, por sua lógica, acaba concluindo que aquilo trata-se de uma perseguição, que por sua vez ganha características mais violentas ao ver que um dos perseguidores ameaça os supostos fugitivos com uma espingarda que segura apontando para suas direções.

O clima fica mais tenso ao passo que eles se aproximam cada vez mais, estando apenas há alguns metros de sua posição. Você ainda tenta entender o que está acontecendo ao ver o perseguidor com a espingarda fazendo ameaças novamente.

Ele parece bem determinado a atirar, então, sem hesitar, sem mais nem menos, acaba efetuando o primeiro disparo. É então, nesse mesmo momento, que você sente uma mão lhe puxar pelo braço com toda a força lhe fazendo despertar e assim poder sair do lugar.

— Ei, espera! Assim vai arrancar meu braço! — você exclama reclamando da força bruta que Allison fizera enquanto é puxadx pelx mesmx.

— Eu tive que te puxar. Você parecia que não ia sair do lugar por conta própria. O que você tem? Quer levar um tiro? — profere Allison ainda correndo velozmente.

— Pra onde você tá me levando?

— Aqui ao lado tem um galpão abandonado. A gente vai se esconder lá por enquanto.

— Um galpão abandonado?! Quem garante que lá tá mesmo sem ninguém? — você pergunta, receiosx.

— Para de perguntas e corre, S/N — ordena Allison ainda lhe puxando.

Você apenas olha para Allison franzindo a testa enquanto tenta seguir a sua velocidade não querendo acreditar que literalmente elx havia acabado de lhe mandar se calar. Uma resposta já estava sendo projetada na ponta da sua língua, mas, no momento em que ia responder, Allison solta o seu braço e, apontando em uma direção, diz:

— Ali.

Seu dedo aponta para um lugar amplo e escuro com as janelas de vidro quebradas e as paredes surradas. Esse é o dito galpão. Ao lado dele há uma escadaria não muito extensa levando para um andar inferior. Allison já no primeiro degrau lhe chama fazendo sinal para que lhe acompanhe. Você obedece e põe-se a descer a escadaria até chegar num portal de madeira. Nesse momento, mais um disparo é efetuado. Sendo assim, você atravessa o portal, e, ao dar uma breve conferida acaba fechando a porta.

— Caramba, que situação! O que foi isso? — você pergunta, arfando.

— Eu não sei. Mas que bom que conseguimos — diz Allison bem cansadx.

— Verdade. Acho que esse lugar foi a nossa salvação.

— Foi o único lugar que pensei como abrigo. Que bom que a gente não 'tava tão longe.

— Sim. Que sorte também.

Com sua lanterna ainda acesa, você vira o seu telefone para iluminar o ambiente e assim poder ver melhor o que se encontra por perto para se situar melhor onde exatamente estão.

O lugar é tenebroso, um pouco sinistro até; não por causa da escuridão que está fazendo, mas pela sua característica de abandono. Quer dizer, pra falar a verdade não está tão abandonado assim. Essa conclusão veio após a sua breve inspecionada, pois não encontrara tanta poeira ao passar os dedos nos objetos que têm e também por ver a estrutura do interior mais conservada do que a do lado externo.

— Então, parece que aqui não é tão abandonado assim. Esse lugar ainda é usado pra alguma coisa? — você pergunta.

— Não que eu saiba. Ninguém fala muito desse lugar. Eu também não vejo nenhum movimento aqui todas as vezes que passo aqui por perto. Está sempre assim: quieto e escuro — Allison responde passando a mão em umas cortinas em cima de uma caixa de papelão.

— A maioria das coisas estão em bom estado. Acho que quem vem aqui só vem pra guardar coisas.

— Talvez.


Um breve silêncio toma conta por alguns segundos até que você toma a iniciativa de fala.


— Será quanto tempo nós vamos ficar aqui? — você pergunta.

— Não faço ideia — Allison responde — Mas por que você tá me perguntando isso? Não tá gostando da minha presença?

— O quê?!

— Eu tô só brincando com você.

Você nada responde.

— Eu não sei quanto tempo vamos ficar aqui. Mas acho melhor esperarmos passar algum tempo — Allison sugere.

— O que você acha que aconteceu lá em cima? Será que aqueles homens já foram embora?

— Talvez.

— Quando aquele primeiro disparo foi feito nós corremos, depois logo veio o outro. Eu só quero saber no que deu aquilo — você declara com aspecto de preocupação.

— Se não tivéssemos corrido não sei nem o que poderia ter acontecido com a gente. Talvez nem estivéssemos mais aqui pra contar história — Allison diz, brincando.

— Vira essa boca pra lá! Não quero nem pensar nisso. Ainda bem que viemos bem rápido pra cá. Aliás, obrigadx por me puxar.

— De nada. Mas, já falando nisso, o que foi aquilo que aconteceu com você, afinal?

— Aquilo o quê?

— Sei lá, você viu que o cara estava com uma espingarda na mão e que ele poderia atirar a qualquer momento, mas você nem se mexeu e ficou assistindo tudo ali, paradx — elx diz, confusx.

— Aquilo? É que... eu não sei bem o que aconteceu. Ver aquela cena me veio coisas na cabeça — você fala.

— Coisas? Que tipo de coisas?

— Ah, deixa pra lá. Coisa minha. Melhor não dizer. Não precisa.

— Não, não. Agora que começou, continua.

Você dá uma breve pausa e então diz:

— Tá. O que aconteceu foi que no momento em que eu vi aquele homem com aquela arma na mão eu tive uma visão.

— Uma visão? De...

— Um flashback, uma lembrança. De repente me veio a cena daquele dia. Do dia do ponto de ônibus, na segunda-feira — conclui.

— Da segunda-feira? Mas por quê?

— Eu não sei. Só veio. Sem mais nem menos. Por um momento me senti revivendo aquilo tudo outra vez.

— Ah, é sério?

— É.

— Entendi — diz Allison em seguida ficando em silêncio.

— Bom, mas isso já passou. Eu já superei esse dia.

— Tem certeza?

— Sim. Isso já faz um tempo. Por mais que tenha sido intenso e difícil toda a situação, não posso me prender à esse fato — você diz, confiante.

— É, você tem razão. Sabemos como foi, principalmente eu, mas bola pra frente — elx fala — E sinto muito pela sua mente te fazer reviver as cenas do infortúnio.

— Esquecer isso. Já passou.


Após alguns minutos estando no galpão, ambxs decidem sair do local para ver se há alguma movimentação do lado de fora e assim poderem retomarem o caminho rumo à casa de Allison. Em meio a indecisões e incertezas, acabam chegando em um consenso e concordam em sair do espaço juntxs para fazerem a inspeção.

Sendo assim, com todo o cuidado saem e fecham a porta com todo o cuidado para não fazerem barulho e atraie atenção. Em seguida, põem-se a subir os degraus da escadaria até alcançarem o último. Com isso, olham em volta para verificar se alguém está por perto. Tudo limpo. Desse modo, decidem por pegar o caminho que fizeram antes de chegarem ali, mas parecia que as circunstâncias estão determinadas a fazerem de tudo para que não consigam sair do local. Isso porque o motivo da vez é quando avistam outros homens surgindo na área, porém estes seguram tochas em suas mãos e parecem procurar por alguém, pois olham em todas as direções, atentos.

Há uns cinco deles e todos andam juntos, guiando seus caminhos apenas usando o fogo em meio a escuridão.

Ao vê-los, você tenta desligar a lanterna de seu aparelho, mas por algum motivo desconhecido a luz não desliga de modo algum. E é justamente esse o motivo que faz com que um dos homens notem sua presença e de Allison logo indicando para os outros.

— "Ali! Intrusos!" — grita um deles.

Nisso, a caçada inicia outra vez e os homens põem-se a correr atrás de vocês, fazendo com que a única solução que podem adotar no momento é a de correr o mais depressa possível.

Por isso, sem hesitar, você e Allison começam a correr aceleradxs para o caminho de antes indo novamente em direção ao galpão. Os homens por sua vez também seguem rápido, então apressam o passo instantaneamente.

Chegando no galpão já cansadxs somado à adrenalina que estão sentindo devido a fuga, tentam abrir a porta, mas dessa vez encontram um pouco de dificuldade para abri-la, talvez por conta do nervosismo. Quando olham para trás, veem os tais homens chegando pela escadaria e aos gritos, ordenam para que parem. Não dando ouvidos, continuam a tentar a abrir a porta e, já bem próximos, finalmente conseguem adentrar o local.

Devido ao desespero e também pela proximidade dos caçadores não conseguem fechar a porta para os impedirem de entrar. Sendo assim, ambxs põem-se a correr indo para o lado direito do local.

Você corre desviando dos objetos espalhados pelo chão ao mesmo tempo olhando para a direção de Allison e para trás avistando os perseguidores. No entanto, sem explicação, a lanterna de seu celular repentinamente desliga, lhe restando agora a pouca claridade que o fogo das tochas podem oferecer.

Ainda em movimento e com dificuldade na sua visão, tenta enxergar o que está a sua frente, procurando por algo que pudesse atrasar a perseguição ou melhor, uma porta de saída para tentar escapar da situação. Mas infelizmente acaba não encontrando nada.

Entretanto, há algo na qual se aproxima mas que não dá pra ver claramente o que é, mas se assemelha bastante com uma espécie de tapete. Um grande e quadrado tapete. Conforme se aproxima, mais tem certeza do que se trata.

Logo depois dele existe alguns barris e algumas cadeiras. Ao ver os objetos, pensa em usá-los para jogar na frente dos homens na tentativa de atrasar a perseguição e assim ganharem mais tempo para escapar. Então, por uma questão de confiança, decide impulsionar sua velocidade para que chegasse logo ao local dos barris.

Porém, já estando a pouquíssimos metros de alcançá-los, o seu corpo acaba sendo engolido pelo chão, lhe proporcionando uma longa e brusca queda. Enquanto cai, ouve Allison aos berros gritando fortemente pelo seu nome, na qual você acaba chamando de volta como pedido de socorro. A pouca claridade que ainda existe produzida pelas chamas das tochas rapidamente vai desaparecendo, tomando conta uma intensa e profunda escuridão.


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