There goes the love of my life escrita por Minerva Lestrange


Capítulo 1
There goes the love of my life




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Ainda em sua sala no Ministério, Hermione soltou os longos cachos castanhos, apreciando o tom mais claro que tinham ganhado ao longo dos anos, e sorriu satisfeita com o resultado em conjunto com o batom vermelho vivo. 

Com o passar do tempo, havia aprendido a valorizar a própria aparência e a se cuidar melhor. Por isso, terminou de ajeitar o vestido de couro marrom, que se ajustava perfeitamente ao seu corpo, combinando com os acessórios em dourado, e, antes de sair, juntou todas as pastas que levaria para a casa e lacrou sua sala com um feitiço de segurança. 

Pela primeira vez em meses conseguia deixar o Ministério em um horário normal para acompanhar, ao menos, parte de uma partida de Ron, que vinha dando indiretas sobre isso há algum tempo. 

“Hermione nunca está em casa”.

“Hermione sempre prioriza o trabalho”.

“Hermione nem parece ter marido”.

Revirou os olhos para si mesma e adentrou o elevador, ajeitando o monte de pastas oficiais junto ao corpo. De fato, tinha de reconhecer que seus interesses jamais foram os mesmos de Ronald. Detestava quadribol e, se estava fazendo aquela concessão naquele dia, em especial, quando alguma final regional estava acontecendo, era apenas por ele e para satisfazer seu ego masculino. 

Às vezes, tinha de bancar a esposa perfeita. Não se importava muito com isso, já que tinha suas próprias prioridades, coisas que realmente faziam seus olhos brilharem e com as quais Ron também não se importava, exceto que a fazia perder tempo. E, apesar de valorizar muito o próprio tempo, tinha de fazer tudo da forma correta, por isso o vestido bonito, os cabelos como ele gostava e o batom… 

Encarando o espelho do elevador do Ministério, perdida na própria aparência, tentou se lembrar quando Ron havia falado sobre seus cabelos e aquele tom de batom especificamente, mas nenhuma recordação real veio à mente. 

Estreitando os olhos pelo o quanto aquilo era estranho, quase concordou internamente com o ruivo - e com Harry -, que sua carga de trabalho estava alta no Departamento de Cooperação Internacional em Magia, mas jamais admitiria tal coisa. Hermione era conhecida pela excelência...

Saiu do elevador assim que as portas se abriram, mas foi impedida de continuar ao dar um encontrão na pessoa que tentava fazer o caminho contrário e entrar no elevador; alguém bem mais alto do que ela, mesmo que usasse saltos, que fez com todas as pastas e papéis que carregava fossem para o chão. 

Alguém bem conhecido também, franziu o cenho encarando como Draco Malfoy aparentou alguma perturbação ao perceber de quem se tratava e, imediatamente, se abaixou para recolher todos os seus pertences. 

— Me desculpe. - Ele murmurou no processo. 

Agradeceu que não pudesse ver seu rosto naquele momento, tão aparentemente concentrado na tarefa se encontrava, pois sentia que um terceiro olho se abriria em sua testa. Malfoy… Não era daquele jeito. Aliás, há quanto tempo não o via pessoalmente? 

Tentou secar as próprias mãos suadas e se abaixou também, passando a ajudá-lo com suas pastas, ambos na frente do elevador fazendo com que as pessoas tivessem que desviar deles para entrarem. Notou que ele tinha pressa e as mãos repletas de anéis tremiam levemente enquanto falhavam em ajeitar suas coisas. 

— Sem problemas. - Franziu o cenho ao murmurar lentamente, se perguntando novamente há quanto tempo não via Malfoy. Será que ele estava fora do país? Só então percebeu que, por muito tempo, simplesmente não pensara nele. Harry deveria saber alguma informação, talvez até tivesse comentado por alto e Hermione não estava prestando atenção. Bom, esse não seria o caso, ela estava sempre prestando atenção. Notou como o loiro parecia ansioso, com algumas manchas avermelhadas sobressaindo no pescoço acima da gola da camisa escura. Seria por ver um rosto conhecido depois de tanto tempo ou haveria  outro motivo? - Não precisava…

Terminava de colocar os últimos documentos na maior pasta, ansiosa para terminar aquela situação absurda e esquisita, quando algo na mão dele chamou atenção. Ambas eram repletas de anéis e imaginou que todos tinham significados milenares, especialmente para a família Malfoy, mas percebeu, no dedo mindinho da mão esquerda, uma jóia dourada com uma pedra em rubi extremamente vermelha, onde o desenho de uma lua minguante fora magicamente incrustado para brilhar conforme a luz. 

Num impulso, Hermione alcançou a mão dele, sem pedir permissão para tocá-lo, o que o paralisou por alguns segundos enquanto ela analisava aquele anel em específico. Não havia qualquer motivo especial que chamasse atenção, para além da cor, era apenas… Diferente e a fizera estremecer assim que colocara os olhos nele. Como se já tivesse visto algo daquele tipo, exceto que tinha certeza de que nunca vira. Malfoy, provavelmente, nem o possuía na época de Hogwarts, pois era… Irritantemente grifinório. Quase podia ouvi-lo dizendo algo do tipo há mais de vinte anos. 

Então, como que a acordando de seu transe, ele puxou a própria mão sem delicadeza alguma e a encarou assustado, como se questionasse o que estava fazendo, o que a fez recuar, embaraçada pela própria atitude. O que estava pensando? Era Malfoy ali, afinal de contas! Era provável que ainda vivesse com todos aqueles preconceitos horríveis, apesar das aparências. 

— Me desculpe. 

Murmurou também, pela falta de tato, não muito pelo toque, abaixando os olhos para juntar de vez todas as pastas e se colocar de pé, assim como Malfoy, que agora a encarava fixamente, como se visse um fantasma. Também se perguntava há quanto tempo não a via? 

Por um momento, era como se visse o garoto do sexto ano no homem maduro à sua frente, os olhos acinzentados perturbados e o engolir seco de quem buscava direção. Não muito diferente de Hermione, ao menos naquele momento. 

— Era… - Com muito custo, ele abaixou o rosto para a própria mão, o tom mais rouco do que se lembrava. - De alguém importante. 

Hermione também se perguntou quem poderia ser este alguém, enquanto encarava a peça, alimentando o silêncio que só habitava entre eles, visto o hall movimentado que os rodeava. Portanto, pigarreou e ajeitou as pastas e inclinou a cabeça, se forçando a encerrar aquilo que nem deveria ter começado. Todos os seus contatos com Malfoy, por toda a sua vida, tinham sido frustrantes, mas nenhum naquele nível. 

— Eu tenho que ir. Adeus, Malfoy. 

Passou por ele, finalmente, deixando a porta do elevador e conseguindo respirar tudo o que não conseguira na frente dele. 

— Granger. - Estacou quando ele a chamou, a esperança de… Algo que não sabia identificar crescendo em seu âmago, mas conseguiu se controlar ao voltar-se para ele. Parado no mesmo lugar, o loiro ainda pareceu refletir por um momento, hesitando, antes de levantar os olhos opacos diretamente para os seus. - Bonito o colar. 

— Ah… - Ele encarou o pingente em forma de meia-lua, que Hermione alcançou com os dedos, também trêmulos. Não havia nada de especial na corrente dourada ou no pingente, era apenas um costume que usasse todos os dias. - É, eu ganhei de…

Paralisou, sua mente tomada por um branco anormal, ainda que fitasse o pequeno pingente de maneira insistente. Usava todos os dias, desde que era capaz de se lembrar, mas nenhum detalhe vinha à mente - nem quando ganhou, nem de quem.

Levantou os olhos para Malfoy, que a encarava em um silêncio repleto de expectativas, os olhos mais compreensivos do que jamais associaria a ele, até perceber que ela não diria nada e inclinar a cabeça em despedida, escondendo os olhos opacos ao se virar para seguir o próprio destino. 

— Adeus, Granger. 

Hermione apenas o observou sumir pelo elevador, apertando o pingente contra a palma até perceber que a ponta da meia lua furaria sua mão se continuasse a fazê-lo, o que a fez soltar num impulso, quase como se queimasse a própria pele - algo parecido com o que tomava sua garganta e os olhos lacrimejantes. 

O que era isso? Piscou rapidamente e revirou os olhos para si mesma em razão da estranheza daquela breve reunião. Porém, enquanto retomava o próprio caminho até a saída do Ministério, apertando as pastas contra o peito e ainda um pouco perturbada, se perguntava novamente, há quanto tempo não via Malfoy?

"in the end

we

as in you and me

were never

meant to be"

Courtney Peppernell


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Notas finais do capítulo

Hello!

Trouxe mais uma dramione short e bem... Triste, a meu ver, porque acho que refletiu o clima de uma semana em que eu estive doente. Não teve muita pesquisa e saiu assim, nesse tiro de inspiração rápido, que eu espero muito que gostem!

Deixe um comentário pra eu saber suas interpretações, essa é a melhor parte!

O título foi inspirado em um poema da mesma autora da citação do final, Courtney Peppernell, e ambos fazem parte do livro 'Pillow Thoughts'. Sei que a fic apenas "dá a entender" este suposto romance, mas acho que combinam muito com o clima!

Até uma próxima! ♥



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