Eu no seu lugar escrita por annaoneannatwo


Capítulo 1
Primeira regra: Banho só de olho fechado


Notas iniciais do capítulo

Oioi! Venho aqui repostar uma fic minha que escrevi lá pro fim de 2018 (pois é, já tem tudo isso)
Obviamente, por ter sido escrita há 5 anos, muita coisa rolou na história principal que eu ainda não sabia que ia rolar, portanto, muitos dos fatos que ocorreram no canon não aparecem aqui, tipo a guerra e tudo mais, então eles tão no segundo ano e é isso jauhsuhdj
Minha escrita também tá um pouco diferente, essa foi uma das primeiras fics longas que eu escrevi depois de muito tempo escrevendo exclusivamente em inglês pra um outro fandom, então eu tava com muitos vícios de escrever em inglês (tipo repetição excessiva de pronomes e falta de vírgulas), vou sempre dar uma revisadinha antes de postar, mas pode ser que eu deixe passar algumas coisinhas, então relevem huhaushud
Então é isso. Se você já conhece a fic, seja bem vinde de volta! Se não, espero que curta, essa é uma das minhas histórias mais famosas e, por mais clichê e maluca que seja, é uma das que mais me orgulho também, então te desejo boas vindas também huahushdu



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809320/chapter/1

Katsuki mal acordou e já bufou de raiva e frustração, é ruim espreguiçar usando essas luvas feias pra caralho. Ele as retira e as joga pro lado, chutando o lençol e se sentando na beirada da cama, olhando pro nada, esperando que isso vá resolver alguma coisa, mas já sabendo que não vai. É mais um dia como qualquer outro, o terceiro que ele acorda assim.

Porra, essas luvas são muito feias mesmo, dá até desgosto! Mas aí ele se lembra da primeira noite, quando decidiu ignorar as dicas dela e resolveu ir dormir sem as luvas. Resultado: acordou à uma e meia da manhã, a nuca batendo no teto enquanto observava a cama lá embaixo. Ele imediatamente se virou, instintivamente apontando as palmas das mãos pro teto, e foi um gesto idiota por muitos motivos: primeiro que ele não pode explodir um teto de um quarto assim no meio da noite, segundo que ele não pode explodir nada. O suor em suas mãos é só suor mesmo, a única coisa diferente nelas, além de ridiculamente menores, são essas bolinhas rosa que parecem aquelas coisas que os gatos têm nas patas. Muito a contragosto, ele uniu as pontas dos dedos e resmungou um “Liberar”, caindo na cama e olhando pro teto, desejando que tudo fosse só um sonho bem tosco.

Mas não era, porque não existe sonho que dure três dias. Ele se levanta e estica os braços, curvando-se pra frente até tocar os dedos do pés.

—   Peraí, que porra…? Ah, merda! Liberar! Liberar!  — ele junta as mãos rapidamente ao perceber o corpo perdendo o peso e o chão lentamente se afastando.

“Tenta manter sempre os mindinhos pra cima ou apoiados nos dedos anelares.” a voz dela, que na verdade não é dela, ecoa nos ouvidos dele, que na verdade não são dele. Ah é, os mindinhos, ele não pode esquecer da porra dos mindinhos! Katsuki apoia as mãos — os mindinhos em pé — nos quadris, arqueando as costas pra trás. Quadris muito mais largos e macios do que tá acostumado, e só de pensar nisso, ele fica com vergonha, balança os braços e as pernas pra relaxá-los. Com um último suspiro encorajador, ele pega a toalha e vai para o banheiro.

A água corre pelos cabelos, tornando-os mais longos a ponto de encostarem nos ombros e em parte das costas. Tateando pelas paredes, ele pega o shampoo e traz os fios pra cima, esfregando com força — os mindinhos ainda pra cima. O shampoo escorrega e cai em algum lugar no box, ele resmunga e se abaixa, tateando o piso e apertando os olhos com firmeza. 

Banhos sempre são do caralho, Katsuki sempre curtiu a sensação da água quente correndo pelos músculos, relaxando e preparando o corpo ao mesmo tempo e do jeito mais certo, mas há três dias, banhos só têm sido um pé no saco —  se ele tivesse um — sempre de olhos fechados, tomando um cuidado absurdo pra não mexer o braço um pouco demais e encostar… neles, sem falar na limpeza íntima… sem falar mesmo, ele não quer nem pensar nisso, que dirá falar!

Katsuki se olha no espelho uma última vez antes de sair e dá outro longo suspiro, a vontade dele é dar um tapa bem forte numa dessas bochechas pra ver se alguma coisa muda, mas é claro que ele não vai fazer isso, seria absurdo tanto com ele quanto com ela. Ele pega a mochila que não é dele e sai do quarto que não é dele pra encontrar os amigos que não são dele.

— Bom dia, Ochako-chan. —  a Menina Sapo aparece no corredor ao mesmo tempo que ele — Sem meia calça de novo?

—  Aquela coisa me pinica!  Vamo logo! — ele quase solta um “porra”, mas consegue se conter.

A Menina Sapo parece ter a mesma cara pra tudo, mas ele percebeu como ela pareceu surpresa quando ele soltou um palavrão no outro dia. “Eu falo alguns de vez em quando, mas só quando eu tô estressada, não uso eles como vírgulas que nem você.” Então tem mais essa, há três dias ele tem que se lembrar de manter os mindinhos esticados e maneirar nos palavrões, nada disso é impossível, mas é bem cansativo. Katsuki tá cansado pra caralho dessa merda de situação.

Porque há três dias, Katsuki não é mais Katsuki, pelo menos não em corpo. Há três dias, ele trocou de corpo com a Cara de Lua.

 

***

Ochako tava pronta pra sair e não conteve um gritinho quando abriu a porta e deu de cara com o Kirishima, parado na porta e parecendo tão surpreso quanto ela.

—  Opa! Foi mal, cara! Te assustei? —  Kirishima sorri num misto de vergonha e talvez de provocação.

A resposta, nesse caso, é bem fácil:

—  Tsk, até parece! —  ela revira os olhos —  Você tá precisando de alguma coisa?

Droga, o melhor seria falar “Que raios você quer?” ou alguma coisa assim…

—  Eu? Nada, nada. Só achei estranho, você tava demorando pra sair, e como você normalmente não atrasa, vim ver se tava tudo bem. Vai que você bateu a cabeça na privada ou alguma coisa assim, né?

Ela quer rir, mas não pode.

—  Que coisa… ridícula de se dizer! Eu tô ótimo, obrigado! Agora vamo logo! — ela sai marchando pelo corredor, e se lembra — ...porra!

—  Ok, já tô indo, já tô indo! — Kirishima corre atrás dela.

Ochako evita olhar na direção dele ao máximo que pode. Algo dentro dela diz que, se tem alguém que vai perceber o que tá acontecendo, esse alguém é o Kirishima. Ela não sabe o porquê, é o jeito que ele sorri toda vez que ela abre a boca e tenta agir o mais natural possível, que é quase o mesmo que nada natural. Por sorte, ela pode ficar de cara amarrada e boca fechada e ninguém vai achar tão estranho, mas com o Kirishima é um pouco diferente, então os palavrões e uma gritaria aqui ou ali se fazem necessários, se ela quiser ser convincente.

Porque, no fim das contas, essa situação é culpa dela. Ochako morde o lábio inferior, mas logo se interrompe, lembrando que essa boca não é dela.

—  Kirishimaaaa! Bakugouuuu! Esperem a genteee!  — essa voz… é da Mina! Ochako olha pra trás e quase levanta o braço pra acenar, mas aí ela se lembra que não pode fazer isso, torcendo a boca e fechando os olhos por um instante.

—  Ah, bom dia, Mina! Kaminari. — Kirishima os cumprimenta.

—  Bom dia! Bom dia, né Bakugou? Você dormiu comigo, por acaso? —  Mina põe as mãos nos quadris e a encara

—  É O QUÊ? —  ela pula em surpresa e corre os olhos por entre os três colegas, sentindo as bochechas esquentarem —  N-N-Não, claro que não! D-do que você…?

—  Só tô te zuando, seu bobinho! Você nunca fala bom dia mesmo…  — ela mostra a língua e ri com gosto.

—  Ah… —  ela se recompõe e dá as costas pra eles, ainda morrendo de vergonha. Talvez o certo seria gritar e usar alguns dos insultos dele que não soam muito como insultos, mas é tão ridículo e sem sentido… e ainda tem essa dor de garganta.

—  Bakugou, eu sei que já te perguntei isso antes, mas você tá bem mesmo? — Kaminari a alcança e tenta encará-la, mas ela desvia o olhar.

—  Por que… caralhos todo mundo fica perguntando isso? Eu tô ótimo!

—  É que você tá esquisito desde que voltou da enfermaria… e você tá meio rouco também…

Ah, isso é porque ela tem dormido com o ventilador ligado. Ochako não quer, de jeito nenhum, que essas mãos suem, ela prefere passar frio à noite e acordar com a garganta doendo do que disparar uma explosão no meio da noite e botar fogo no quarto que não é dela. Essa é só uma das coisas que ela tem evitado a todo custo, junto com ir ao banheiro pra fazer xixi… ela não quer nem lembrar. Especialmente depois de ontem, quando  abriu os olhos por um segundo pra pegar a toalha e acabou vendo, sem querer,  algo que não dá pra ser desvisto, não importa o quanto ela tente.

—  Tá tudo bem! Não precisa se preocupar, nenhum de vocês. —  a melhor resposta seria “Vão cuidar da sua vida!” mas ela não consegue ser grossa assim sem necessidade, ainda mais quando as pessoas se preocupam com ela. Ou melhor, com ele.

—  Deixem ele quieto, galera! Vamo se não o Presida vem buscar a gente. —  Kirishima apoia a mão em seu ombro, empurrando-a pra frente.

Ela quer muito olhar pra ele e agradecê-lo por sempre saber o que fazer, o Kirishima é um especialista em Bakugou, seria tão mais fácil se ela pudesse contar pra ele e pedir ajuda pra tentar manter essa farsa, mas não dá. Ela concordou que eles não podiam contar pra ninguém.

Essa foi uma das regras que os dois estabeleceram, três dias atrás, quando ela trocou de corpo com ele.

 

***

“Exames de sangue todos normais, eletrocardiograma normal, tomografia normal. A Uraraka-san torceu o pulso, mas eu já curei, o Bakugou-san tem algumas escoriações no dorso, nada que precise de um tratamento específico.”

“A tomografia deu normal, mesmo?”

“Sim, por quê?”

“Nenhum motivo específico. Segundo relatos, eles bateram cabeça com cabeça.”

“Ah sim, vai ficar um galo por alguns dias, mas você mesmo pode conferir, nada de anormal. Em todo caso, eles vão ficar de observação por essa noite, e caso algum efeito se manifeste amanhã, por favor encaminhe-os imediatamente para mim, dependendo do que for, eu precisarei deixá-los internados.”

“Certo, sem problemas. Eu vou informar os pais deles e mandar cópias desses exames pra eles verem que tá tudo aparentemente bem.”

“Já encontraram a criança que os acertou?”

“Estamos investigando, todo o laboratório foi desmantelado enquanto eles estavam lá fora lutando, não sabemos se a criança ficou pra trás ou foi levada.”

“Crianças sendo colocadas na linha de frente como distração… esse mundo tá perdido!”

“Também não ajuda quando os heróis são impulsivos como esses dois aí. Tch… do Bakugou eu já esperava algo assim, agora a Uraraka é novidade.”

“A menina só tentou ajudar um companheiro em perigo. Não seja tão duro com eles, Aizawa-kun. ”

“Como se eu conseguisse… bom, deixo eles sob seus cuidados. Qualquer coisa, me chama, eu vou estar dormindo no corredor.”

Tudo bem, não era uma missão das mais simples: crianças com individualidades prestes a serem despertas estão sendo sequestradas para serem estudadas por um grupo clandestino de cientistas, interessados na possibilidade de induzir qualquer individualidade a partir de testes físicos e mentais. Ou, de maneira mais direta: crianças estão sendo torturadas e forçadas a criarem individualidades de acordo com as necessidades da máfia, e claro que tais necessidades não poderiam ser boas. Algumas agências já estavam investigando o caso, e a heroína profissional Ryukyu pediu que Aizawa indicasse alguns alunos para ajudar numa missão de reconhecimento de território, eventual resgate e possível confronto: os nomes escolhidos eram um misto de alunos com certa experiência em missões do tipo e alunos que realmente precisavam exercitar habilidades de resgate e reconhecimento. Shoji, Uraraka, Yayorozu e Bakugou foram designados e enviados para a missão, “possível confronto” tornou-se confronto real quando algumas das crianças já liberadas das fases de teste foram usadas como armas… e num dos ataques, Uraraka tentou ajudar Bakugou. Os dois foram atingidos por alguma individualidade que os deixou inconscientes por algumas horas. Katsuki foi quem percebeu primeiro ao acordar e se deparar com mechas de cabelo mais escuras que os dele cobrindo um de seus olhos. Ao afastar os fios com um sopro irritado, ele olhou para o lado, e viu a si mesmo deitado na maca ao lado. Ao tentar gritar “Que porra é essa?”, a voz que saiu era bem mais fina. Feminina, na verdade, e relativamente familiar. Katsuki olhou pra baixo e percebeu dois fatos bem difíceis de serem ignorados. Um: as pontas dos dedos dele tinham pequenas bolinhas cor de rosa, parecidas com botões. Dois: ele tinha um par de peitos.

Foi só quando o corpo ao lado acordou que ele conseguiu entender: nada disso fazia sentido. A pessoa que se parecia com ele acordou, meio grogue e aparentemente alheia a isso tudo. Mas ao se virar na direção dele, os olhos arregalaram e o corpo foi pra trás em choque. Depois de uns bons minutos perguntando “Quem é você?”, ameaças vagas, muitos palavrões e vários “Não, não, não, isso só pode ser um sonho!”, eles entenderam o quão absurda a situação realmente era. Trocaram de corpo, simples assim, só que nem um pouco simples.

—  Nossas individualidades…  ? — o garoto de olhos arregalados e expressão apreensiva perguntou, olhando pras mãos diante dele, enquanto a garota aponta para o copo que ela fez levitar uns minutos antes dele acordar.

—  Tão no corpo original. Eu tô no seu corpo, você tá no meu. —  a garota de sobrancelhas franzidas e cara amarrada respondeu com desprezo. —  Eu te disse pra ficar longe que eu conseguia me virar, Cara de Lua. Isso é culpa sua!

Para surpresa da garota, não houve resposta, então ela encarou o rosto que antes pertencia a ela, e foi impossível não arregalar os olhos em choque ao ver uma expressão tão… triste.

—  Ô! Você… você não vai chorar, né, Cara de Lua? Por que caralhos você ia-?

— Por quê? Olha pra gente, Bakugou-kun! Olha… olha pra mim, eu tô no corpo de um menino! Eu… eu tô sem individualidade!

—  Você tá com a minha individualidade, idiota. —  ela resmunga e olha pro outro lado, mas imediatamente olha de novo pra ele quando, novamente, não há resposta.

—  E se for igual àquele filme?

—  Quê?

—  Aquele filme que eles trocam de corpo! E se…? É  a menina que tava morta! Será que eu tô morta, Bakugou-kun? Eu tô morta?!

—  Eu não sei de que porra você tá falando, Uraraka, mas me escuta!

—  M-mas, Bakugou, você não tá mesmo preocupado? Como você não tá perdendo a paciência e querendo ir atrás de quem fez isso com a gente?

—  Aquele pivete… eu tô louco pra ir atrás dele e dar um cacete nele, pode acreditar, mas ele fugiu, não lembra?

—  Sim… ele parecia tão assustado…

—  Assustado ele vai ficar quando eu pegar ele e descer o cacete, olha o que ele fez com a gente!

—  É só uma criança, Bakugou-kun! —  o garoto cobriu os rostos com as mãos —  Isso tá tão errado! Tão errado!

—  Uraraka! Fica. Calma.  — a garota falou pausadamente, levantando da sua própria maca pra ir até a dele —  Escuta, eu ouvi quando a Recovery Girl falou da gente pro Aizawa, eles não sabem que a gente tá… assim.

—  Como assim?

—  Parece que não deu pra perceber nada de errado nos exames, então ninguém sabe o que aconteceu.

—  Então… a gente precisa contar pra eles! Se não eles não vão poder ajudar a gente —  ele fez que ia levantar da maca, mas a garota o segurou pelos ombros. E não tem nada de mais bizarro que encarar o próprio rosto dessa perspectiva. Isso é uma coisa que os dois parecem perceber no momento que ela o toca e ele começa a flutuar —  Bakugou-kun, me libera! Rápido!

—  Como que faz isso? Ah, pera! Era…  — ela junta os dedos de cada mão, mas o corpo diante dele continua a perder peso no ar —  Não tá acontecendo porra nenhuma!

—  Você tem que falar “Liberar!”

—  É sério essa porra?  — ela revira os olhos e murmura a palavra —  Eu achei que você só falava porque achava que ia parecer daora.

—  Bom, não, eu não falo! —  ele cai na maca, esfregando o joelho de leve e ficando chocada com a aparência viscosa das mãos —  Você tá suando! Ou… eu tô suando? Ahhhh eu não sei! Eu não sei!

—  Porque você tá perdendo a cabeça, fica calma, porra! Ou você quer explodir o quarto inteiro?

—  É a última coisa que eu quero!

—  Então fica. Calma. E me escuta! A gente não pode falar pra ninguém sobre isso!

—  O quê? Como… como não?

—  O pivete que fez isso tá sumido, e a gente não sabe por quanto tempo essa merda de individualidade vai fazer efeito na gente. Se eles descobrirem que a gente tá desse jeito, não vão deixar a gente fazer nada pra resolver isso!

—  Você acha que eles…? Vão impedir a gente de ajudar na missão?

—  Eu acho que eles não vão nem deixar a gente ir na aula e treinar já que a gente não tem controle das individualidades um do outro. A gente vai ficar trancado nessa enfermaria até sabe quando! É isso que você quer?

—  As provas finais tão chegando…  — ele olha pro lado, pensativo —  Mas… e o pessoal da sala? Nossos pais?

—  Se a gente contar pra eles, vai ser outro escândalo igual quando eu fui… você sabe, ano passado. A U.A não precisa daqueles urubus da imprensa em cima disso!

—  Você… você tá certo… mas peraí, Bakugou-kun, você tá mesmo sugerindo que a gente finja que tá tudo normal?

—  Só até a gente achar o pivete e dar um jeito nessa merda.

—  Bakugou-kun, você tem noção de que, se for isso que a gente vai fazer, você vai ter que fingir ser eu e eu vou ter que fingir ser você?

—  E daí, Cara de Lua?

—  E daí que você vai ter que… dormir no lado das meninas, e… tomar banho, e… ir no banheiro… e aprender a usar minha individualidade! Literalmente, viver a minha vida!

—  E você vai ter que fazer a mesma coisa, e daí?

—  Bakugou-kun, você não tá mesmo nem um pouco… apreensivo…?

—  Que caralho de apreensivo! Eu só quero meu corpo e minha individualidade de volta, não tô nem aí pro que eu tenha que fazer! —  o garoto responde com uma bufada de frustração, e ela respira bem fundo — Olha, se te incomoda tanto assim, você pode falar pros seus velhos.

—  Meus pais? N-não! Isso não! Eles vão ficar preocupados, eles moram longe e vão largar o trabalho pra ficar aqui comigo como se eu tivesse… doente. Não… ninguém pode saber!

—  Então você entendeu que eu tô certo e vai ficar de boca fechada enquanto a gente dá um jeito de achar o moleque e resolver isso? —  ela lança um olhar inquisitivo, mas quase paciente na direção do garoto.

—  Tá bom. Trato feito. —  ele suspira, mas devolve o olhar um segundo depois —  Mas a gente precisa de umas regras pra fazer isso dar certo, Bakugou-kun!

—  Que mané regras! Vai se f-

—  Se você mandar eu me foder, você tá mandando você mesmo se foder, pensa nisso!  — ele ergue as sobrancelhas e acena com a cabeça quando ela se cala e olha pro lado, quase fazendo biquinho —  A gente precisa de regras, sim. E a primeira é: banho só de olho fechado!

—  HÃ? Que porra é essa, Cara de Lua? Eu nem ia… eu nunca pensei em… você tá achando que eu sou algum tarado?

—  Essa é a primeira regra e você não vai me fazer mudar de ideia, Bakugou-kun. — ele cruza os braços —  A gente precisa se entender se você quer que essa ideia maluca funcione, então… trato?

Ele oferece a mão suada e ligeiramente trêmula de nervoso pra ela.

—  Tá bom, porra! Trato.  — e ela aceita o aperto de mão, fazendo-o flutuar de novo.

— Hum... Bakugou-kun...

—  Ah, de novo essa merda!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agradeço muito à _Secret18 pela capa super fofinha. Não acredito que eu ainda tinha essa arte salva depois de tanto tempo, é a mesma que tinha na postagem original da fic, então bateu uma puta nostalgia huahauaha



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eu no seu lugar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.