A Essência do Dever escrita por AndyWBlackstorn
Encontrar uma posição confortável para dormir tinha se provado um verdadeiro desafio nos últimos meses de gestação para Spock. Além disso, se adaptar à sua licença antecipada tinha sido muito mais difícil do que ela poderia imaginar.
Havia contentamento e satisfação em seu trabalho como oficial de ciências, supervisionar novas descobertas e seus estudos era o que preenchiam sua ocupação e seus dias, porém, estar mais em repouso a fazia sentir falta do trabalho. Acabou encontrando na leitura dos relatórios da equipe de ciências um certo meio termo entre o descanso e manter a mente ocupada.
Tocar a lira vulcana também era um exercício de relaxamento, e nesse processo, ela comprovou algo que era sabido a respeito de bebês humanos, música ajudava em seu desenvolvimento, e na maioria das vezes em que ela tocava, Spock sentia o bebê se mexer. A primeira vez tinha sido um tanto perturbador, como a última e clara prova de que havia outro ser vivo crescendo dentro dela, mas também era fascinante, dentro dos parâmetros do que os humanos chamavam de milagre da vida.
A pequena senhorita Kirk estava completamente inquieta, o que fez sua mãe se levantar e procurar um pouco de refúgio na sala comum do aposento. Spock caminhou um pouco em círculos, sentindo o bebê, chegando até mesmo pôr uma mão de apoio nas costas enquanto Amanda chutava seu frente de tempos em tempos. A dor acabou com que ela soltasse alguns gemidos, o que deixou Jim atento.
Ele se levantou rapidamente, encontrando a esposa a andar em círculos com os olhos fechados.
—Spock, a dor aumentou? - ele perguntou, ao se aproximar dela e tocar seu ombro.
—Sim, eu não esperava que o bebê estivesse tão agitado assim - ela respondeu com base nos relatórios dela e de McCoy.
Foi então que os olhos dela se estreitaram, notando o movimento ainda mais latente. James viu a movimentação de perto, como se a filha estivesse tentando pular para fora. Uma dor aguda perpassou por Spock e ela soltou um grito, ficando de joelhos, enquanto segurava a barriga.
—Isso certamente foi uma contração, nada de alarme falso, dado ao período em que estou - ela previu, deduzindo todos os sinais - Jim, nossa filha está prestes a nascer, eu preciso chegar à enfermaria a tempo.
—Muito bem, vamos te levar pra lá - ele assentiu, entrando em modo operacional.
Ele a colocou em seu colo e saiu pelos corredores, enquanto Spock se retorcia de dor pelo caminho, deixando-o preocupado. O capitão deitou a esposa na cama mais próxima e chamou com desespero pelo médico da nave.
—Mas o que é que está acontecendo a uma hora dessas, Jim? - McCoy respondeu, igualmente assustado.
—Minha filha está nascendo e eu preciso de você! - respondeu Kirk de volta.
Sem mais questionamentos do médico, Kirk e Spock esperaram a aparição dele na enfermaria e logo eles estava com os três.
Um tanto impressionado com o estado da vulcana, Leonard tratou de deixar os nervosismos pessoais de lado e se concentrar de maneira profissional à tarefa que estava à sua frente. Ele examinou Spock e então fez o que pôde para aliviar sua dor.
—Muito bem, Jim, eu preciso que você se tranquilize e me ajude a deixá-la calma, tudo bem? - ele orientou o pai à espera.
—Eu vou ficar aqui com você, o tempo todo - Kirk prometeu, segurando a mão da esposa.
—Eu não esperava atitude diferente - ela respondeu, da melhor maneira que podia.
Acompanhando os equipamentos, Leonard conferiu o estado do parto e do bebê. Foi então que suspirou fundo, pronto para os próximos atos de ação.
—Consegue senti-la empurrando, não consegue? - ele conferiu com Spock, no que ela apenas assentiu - eu preciso que você empurre, enquanto eu a puxo pra fora.
Obedecendo as ordens do médico, Spock se concentrou no esforço, o que a ajudou a abstrair a parte mais emocional de todo processo. Leonard então conseguiu alcançar a criança, a puxando para fora do ventre da mãe com o nível de força necessário.
O bebê chorou com força, tremendo nas mãos dele, o que o fez ficar um tanto impressionado e emotivo. Superando o breve momento, o médico seguiu com os procedimentos necessários, cortando o cordão umbilical e limpando o bebê da melhor maneira que podia.
—Ela é uma garotinha linda - McCoy disse com orgulho.
Jim quis muito tirá-las dos braços do amigo, mas reconhecia que o direito de segurá-la primeiro era totalmente da mãe.
—Ela tem suas orelhas, olha só pra ela, meu amor, é simplesmente perfeita! - o capitão observou a filha nos braços de sua esposa e depois beijou a testa de Spock, cheio de orgulho.
—Um bebê perfeito e saudável, de fato - Spock olhou nos olhos curiosos de Amanda - filha de dois mundos, como eu...
—Sim, mas não menos amada por isso - Jim garantiu, conhecendo os temores da esposa - oi, Amanda, eu sou seu pai, consegue reconhecer minha voz?
—Talvez seja muito cedo para que ela seja capaz disso - Spock comentou.
Para o espanto dela, o bebê abriu a boca e retorceu levemente o canto da boca, o que foi classificado por seu pai como um sorriso.
—Olha só, Spock, com certeza ela sorriu pra mim, então ela já sabe quem eu sou - seu marido rebateu, sem conseguir conter a alegria e o orgulho.
—Muito bem, antes que vocês continuem essa discussão por um bom tempo, eu tenho que recomendar descanso pra toda família Kirk, principalmente para Spock - Leonard interferiu - eu vou chamar a enfermeira Chapel pra ficar com a Amanda.
—Eu estou bem, doutor, apesar da energia empregada no parto - Spock argumentou contra a ordem - eu gostaria de ficar com a Amanda esta noite, eu agradeço por seus serviços e recomendo que descanse.
—Não, Comandante, acredite, vai me agradecer por esse tempo de descanso - McCoy tentou mais uma vez.
—Eu insisto, doutor, sabe que vulcanos não precisam de tantas horas de sono quanto os humanos - Spock afirmou, já testando a paciência do médico.
—Ah você é quem sabe, eu espero que a Mandy não seja tão teimosa quanto a mãe - McCoy deu um tapinha amigável no ombro de Kirk.
—Eu também espero que não - Jim comentou - mas eu entendo que o momento mãe e filha é importante, vá dormir, Magro, vamos ficar bem, eu garanto.
—Certo, mas não hesite em me chamar se precisarem de qualquer coisa - McCoy deu uma última recomendação antes de deixar os Kirk.
—Pode deixar - Jim assentiu - e obrigado por tudo.
—Não há de que - disse seu velho amigo, sorrindo ao deixar a enfermaria.
Estava orgulhoso dos três e feliz por seus amigos, se tornando uma parte importante de um momento crucial da vida deles.
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