Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 84
Futuro - Voto perpétuo




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—Mandou me chamar padrinho – o loiro disse em seu tom provocador assim que abriu a porta da sua sala de aula, Severo estava terminando de rotular alguns frascos, não dando muita importância para a presença dele no recinto, ele entrou e se sentou na primeira carteira. Severo o deixou esperar, era evidente que o menino estava nervoso.

—Tenho certeza de que já ouviu falar a respeito do voto perpétuo? – Severo perguntou de forma vazia, enquanto encarava as raízes de mandrágoras, que flutuavam no líquido do frasco recém rotulado a sua frente.

—Sim – o loiro disse brevemente, Severo se virou o encarando, sem nenhuma surpresa, certamente que ele já teria ouvido falar,  Draco sustentou o olhar como sempre fazia, e nada a mais precisava ser dito apartir dali, Draco havia entendido onde Severo queria chegar e aquilo que era esperado dele, o loiro desviou o olhar quando a porta foi aberta uma segunda vez.

—Com licença – Antony disse, recuando ao se deparar com a presença do garoto – bem... eu posso voltar outra hora se preferir - ele sinalizou.

—Se eu quisesse que voltasse em outra hora, certamente não o teria chamado agora – Severo grunhiu, ele não estava muito bem humorado naquela manhã, mas sorriu com malícia ao notar o olhar de confusão que havia se formado no rosto de Draco, o mesmo olhar que Antony estava estampando ali – esperando um convite especial para se aproximar? – Severo disse com ironia, enquanto Antony se aproximava com alguma relutância.

—Do que se trata isso? – Antony perguntou encontrando o olhar do loiro.

—Bom que tenha perguntado – Severo sorriu com o canto da boca – Malfoy fará um voto com você essa manhã – Severo informou, Draco se levantou rapidamente.

—O que? Eu?... Com ele? – Ele parecia indignado - por que ele? Isso não faz nenhum sentido... ele é um...

—Que voto? – Antony se limitou em perguntar, o interrompendo.

—Digamos que o Sr. Malfoy detém de uma informação muito importante para nós – Severo disse cruzando os braços naquela postura clássica usada em sala de aula, ajudava a trazer mais credibilidade e seriedade ao assunto, além de impor algum respeito – uma informação que se cair nas mãos erradas poderá nos causar um dano irreparável.

—Nós? – Draco perguntou confuso – o que ele tem a ver com isso? – Antony encarou o loiro.

—Ele descobriu sobre...  você e Shara? – Antony perguntou de forma acertiva.

—Sim – Severo encarou ambos, aquela havia sido uma ideia brilhante, ele sorriu com satisfação, e não ele não se referia apenas a indignação do loiro a sua frente.

—Espera – Draco estava perplexo – está me dizendo que esse curandeiro, ele sabia? O tempo todo sobre você e sobre Shara?

—Exatamente o que ele está dizendo – Antony sorriu com o intuito de provocá-lo – surpreso? – ele perguntou, Draco o analisava friamente, Severo achou a cena um tanto quanto divertida.

—Padrinho... o que isso significa? – ele perguntou ao usar o seu título na frente de Antony de maneira despreocupada, agora o ar de provocação havia ido embora... e não era tão ruim, quando dito daquela maneira.

—Significa que fará o voto perpétuo com ele, e que serei o juiz disso – ele informou – afinal tenho certeza de que não queremos que uma informação tão valiosa assim se perca e caia nas mãos erradas – Draco o encarou, levantando as mangas de sua veste e estendendo o braço, como em cumprimento para Antony, aquilo o surpreendeu, ele não achou que o loiro o fizesse de tão boa vontade assim.

—Eu sei que quer protege-la – Draco disse para ele – nunca achei que pudesse se preocupar tanto com alguém como se preocupa com ela, até entender… bom… ela tem sorte na verdade – ele disse sem piscar – meus pais jamais fariam algo assim por mim – agora ele encarava o vazio a sua frente, Severo sentiu a dor dele naquelas palavras.

—Em partes... mas está errado Draco - o loiro não se moveu - Lúcios certamente não, sabe muito bem que ele não faria nada por ninguém – Severo afirmou, não adiantava sustentar uma mentira, Lúcios não se preocupava com ninguém, além de si mesmo – Mas Narcissa, sua mãe, faria qualquer coisa para te proteger – Draco se virou para ele, seu rosto estava vermelho.

—Minha mãe... não faz nada além de obedece-lo.... Lúcios – Draco disse entre os dentes, mostrando o quanto aquilo tudo o chateava.

—Não fale daquilo que desconhece… Draco – ele alertou, era injusto – sua mãe tem permanecido esses anos todos, por um único motivo – ele o encarou – permanecer, também é um tipo de renúncia, e um dos mais cruéis eu diria – Draco silenciou, optando em encarar os próprios sapatos, Severo não sabia o por que estava dizendo aquelas coisas para ele, mas não era uma mentira... Draco era tão negligenciado como qualquer outra criança sem família, e ele não conseguia enxergar o quanto  Narcissa estava se submetendo a tudo aquilo por ele, ele tinha tanto ao mesmo tempo em que não tinha nada.

—Eu farei – ele disse por fim, Antony segurou a sua mão prontamente, não parecia haver dúvidas por parte da ave, talvez com todos aqueles anos ele já tivesse presenciado um voto assim, Severo sacou a varinha.

—Draco... sabe as regras – o loiro assentiu – apenas repita aquilo que eu disser assim que eu terminar... – ele ordenou – “Eu, Draco Malfoy juro pela magia que corre em minhas veias de que não contarei a ninguém sobre o segredo que a mim tem sido confiado, independente de qual seja a situação, isso nos custará a vida, a menos que Severo Snape, o juiz, me libere desse juramento, do contrário não falarei” – Severo disse apontando a varinha para as mãos de ambos, Draco repetiu em voz estoica, e um feixe de luz encobriu seus pulsos, ambos soltaram as mãos, estava feito.

—Sabe que independente disso, eu não falaria… achei que já tivesse provado minha lealdade – Draco disse, ele soava ofendido, Severo não se importava…

—Prefiro não trabalhar com incertezas – Severo o encarou de forma fria – por hora, está dispensado – Draco deu um passo para trás, e então se virou, se aproximando da porta e assim que a alcançou, ele se virou mais uma vez, lançando um último olhar para ambos ali na sala, se não fosse pela distância, Severo podia jurar que ele estava com os olhos marejados... ele não disse nada e saiu.

—Ele é só uma criança Severo – Antony disse assim que a porta se fechou atrás deles.

—Uma criança que tem informações demais – Severo pontuou.

—Bom se ele não cumprir o juramento, ambos morremos – Antony disse – sei um pouco sobre isso.

—De fato – Severo se voltou para os rótulos, ele queria terminar aquele trabalho logo.

—Como não posso morrer, não preciso me preocupar com isso obviamente – Antony disse dando de ombros

—Muito perspicaz da sua parte ave – Severo o provocou sem paciência, sim era por esse motivo que Severo havia chamado Antony.

—Espera... – Antony o encarou por um instante – eu não sou elegível para o voto, devido as minhas condicionantes de vida, não morrer por exemplo... no caso, isso torna o voto nulo, já que as condições praticáveis não são atendidas… e eu sei que elas devem ser... para ambos... isso quer dizer que… – Severo sorriu, Antony não era mesmo um completo idiota – que o voto não foi findado, você... encenou tudo isso, por isso me chamou, sabia que não funcionaria comigo... apenas fez, para assustar o garoto – Antony concluiu – brilhante – ele disse – verdadeiramente brilhante.

—Não me olhe assim ave – Severo rosnou – não esperava mesmo que eu o condenasse com um juramento de verdade? – Antony sorriu ainda mais abertamente - Malfoy se acharia esperto o bastante para em algum momento usar essa informação contra mim, embora ele tenha razão e não penso que seja algo que ele falaria, não por hora… já que ele tem mantido a boca fechada sobre outras questões tão importantes e pertinentes como essa, mas ainda assim prefiro não trabalhar com riscos…  agora Malfoy estava tão cego e inconformado com minha descrença nele, que sequer notou que o feixe de luz que encobriu seus pulsos, não formou o elo e que sendo assim, não está selado.

—Não… claro que eu não esperava algo assim de você… e não sei por que alguém pensaria, honestamente – Antony disse de forma divertida – justo de você que não dá indícios de possuir qualquer má intenção em seu coração – ele bufou segurando o riso – aliás, com boa intenção ou não... foi muito legal da sua parte, ter dito aquilo sobre a mãe dele para ele, tenho certeza que significou muito – Antony ressaltou, Severo o encarou de forma hostil… ele não era "legal", aquele termo definitivamente não combinava com ele.

—Não lembro de ter pedido sua opinião sobre isso ave – Severo disse se sentindo incomodado – e essa deveria ser a deixa para perceber que não é mais bem vindo e de que esse é um bom momento para se retirar, afinal tenho um dia cheio pela frente – ele bufou irritado.

—Entendo – Antony fez menção em sair, mas parou bruscamente – Catarina, a amiga de Shara deve estar despertando entre hoje e amanhã, tenho passado os dias aos seus cuidados você sabe… ela tem evoluído muito bem por sinal – Antony informou – Talvez Shara gostasse de receber essa informação, ela tem vindo às vezes, mas Pomfrey a tem expulsado todas as vezes – Severo sabia, ele estava em vigília constante a monitorando pelo anel.

—Darei o recado – Severo disse de forma vaga.

—Eu ainda não tive a oportunidade de falar com ela... com Catarina – Antony disse – mas a sensação que tenho, é de que já a conheço a muito tempo – ele parecia pensar naquilo – talvez seja pelas cicatrizes, ela tem tantas cicatrizes Severo – aquilo o fez congelar, ele repudiava esse tipo de violência com todas as suas forças, aquilo havia sido Noah... ele que deveria ter sido um bom pai para a menina, na verdade havia se tornado um monstro, Shara tinha razão sobre isso... Elza deveria sofrer... pagar... sentindo dor, antes de simplesmente ser morta por eles – Medusa também as possuía… as cicatrizes – Severo encarou Antony, ele estava fazendo algum tipo de associação ali.

—Catarina não é Medusa – Severo disse, vendo aquela expressão ilegível no rosto de Antony, uma expressão que ele ainda não havia visto, já que a ave era sempre muito expressiva.

—Não, ela não é... – Antony disse depois de um tempo – mas e se dessa vez... e se eu pudesse cuidar das feridas dela – ele disse, Severo o encarou confuso... o que aquilo significava? – eu cometi tantos erros no passado... você – ele o encarou – nunca pensou em corrigir seus erros de alguma forma? escrever uma nova história? Fazer algo diferente? – ele perguntou... o que Antony queria ouvir daquilo? Ele não se dava ao luxo de pensar sobre essas coisas, e se ele queria algum tipo de validação, Severo não era a pessoa certa a dar…

—Para seguir em frente, é preciso aprender a deixar os erros do passado onde eles pertencem, no passado – Severo respondeu -  Alvo Dumbledore me disse certa vez... – ele enfatizou notando o olhar curioso da ave... Antony apenas assentiu, enquanto se retirava. Severo encarou a porta fechada por um momento... assim como todos, Antony estava buscando por algo, algo que lhe trouxesse algum sentido e o motivasse a viver... Catarina, aquilo era um tanto quanto curioso, ele voltou para os rótulos novamente.

—__

Shara estava distraída, caminhando sentido a biblioteca, ainda havia algumas coisas das quais ela gostaria de anotar sobre as pesquisas que ela vinha fazendo naqueles dias, para aquele que se provou ser um assunto amplo e de complexidade ímpar, e dos mais distintos e possíveis tipos de rituais encontrados em todos aqueles livros, sem sombra de dúvidas os que utilizavam de necromancia eram de fato os piores dentre todos... apenas para variar, é claro... quando ela sentiu o impacto de alguém que vinha com certa pressa de um dos corredores adjacentes, derrubando sua bolsa no chão e alguns dos pergaminhos que ela segurava, ela suspirou ao notar se tratar de Draco… mais uma vez, eles estavam predestinados a se trombar daquela maneira, assim como ela estava de fazer aquele ritual maldito, isso ela tinha certeza.

—Bom, pelo menos dessa vez não vai poder dizer que a culpa é minha – ela bufou juntando os papéis espalhados no chão, ele a encarou sério, mas desviou o olhar assim que ela tentou retribuir, ele parecia ter chorado e aquilo a desconcertou.

—Draco... está tudo bem? – ela perguntou, ela nunca o tinha visto naquele estado, mas ele não respondeu – olha me desculpa por ontem, por ter saído da forma como fiz... bem você deve imaginar como me senti, depois daquilo que disse... sabe, isso… isso que você descobriu, é muito sério e sigiloso... e então eu fiquei com medo, não era para ninguém saber assim... desculpe, eu não sei lidar muito bem com essas coisas – ela estava tentando se justificar, enquanto ele se aproximou, segurando o seu braço, apenas para sussurrar algo em seu ouvido.

—Não se preocupe Shara, seu pai... já cuidou de tudo para você – ela o encarou confusa, principalmente pelo fato dele ter usado aquela palavra, se referindo ao professor Snape daquela maneira e sem falar que ele definitivamente não parecia bem… ela sabia que o professor iria falar com ele pela manhã, já que ele havia dito que faria... mas o que ele havia feito de fato? Não parecia nada bom.

—Ele... te machucou? – ela perguntou, com algum receio de ouvir a resposta para aquela pergunta, talvez fosse por essa razão que ele estava chorando – Draco? – ela chamou impaciente, começando a se sentir culpada.

—Não – ele disse seco – mas como não sou confiável... – ele disse com desgosto – sabe, afinal de contas sou um Malfoy não é mesmo? – ele cuspiu o seu sobrenome – ele me proporcionou alguns arranjos um tanto quanto desconfortáveis, mas que garantirão sua proteção, única coisa que importa afinal de contas – ele disse com desdém – achei que tudo que eu fiz... o segredo que eu já guardei pudesse ter sido o bastante... mas é óbvio que não, nunca é – aquelas palavras a acertaram em cheio, ela confiava nele… ela de fato fazia, não era justo.

—Draco... eu não sabia o que ele ia fazer... ele não me disse... na verdade, eu ainda não sei o que ele fez, mas seja lá o que for.... eu não aprovo se isso for algo ruim – ela disse para ele, Draco recuou, se afastando.

—Ele está te protegendo Shara – ele se moveu... deixando Shara para trás, que tipo de proteção era aquela? Ela não sabia… mas ela não gostava daquilo.

—_

Já havia passado do almoço quando a porta da sua sala de aula foi aberta com certa brutalidade, aquilo chamou sua atenção, afinal era domingo… dificilmente alguém o procuraria por lá naquele dia…  Ele estava prestes a azarar o maldito responsável por aquilo, por sua tamanha falta de senso, quando notou a expressão condenatória no rosto da garota, ela o encarava séria, enquanto caminhava até a sua direção, cruzando os braços bem a sua frente, ela estava agindo da forma como ele sempre fazia, e aquilo era quase como se olhar no espelho e ver o seu reflexo ali… e o que ela estava fazendo? 

—Eu não preciso que me defenda dessa maneira – ela disse em tom acusador, sim ela era como ele… assim como ela também era como ela, como Maeva, ele respirou fundo fechando os olhos.

“FEV.1981

—Eu não preciso que me defenda dessa maneira – Maeva disse extremamente irritada, enquanto olhava perplexa para o bruxo que havia acabado de ser estuporado por Severo e jazia agora inconsciente no chão a sua frente.

—Não deveria estar aqui – ele rosnou para ela, enquanto se aproximava, oferecendo alguma espécie de ajuda, ela recusou obviamente, embora parecesse um pouco machucada, garota estupida... ela não tinha o menor senso de autopreservação, o que ela estava fazendo ali? E como ela havia sido informada pelo ataque? De qualquer forma pensar nisso fez com que uma pontada de preocupação percorresse sua espinha… e se ele não tivesse chegado a tempo? Ele se surpreendeu com aquele pensamento… por que ele se importava com ela daquela maneira? – está me comprometendo, sua garota tola - soava hostil... mas ele não demonstraria quaisquer que fossem seus sentimentos, não depois de Lily.

—Estou onde deveria estar… e com sorte cheguei a tempo de evitar mais essa tragédia – ela disse de forma desafiadora para ele – agora... aquele seu amigo comensal - ela apontou para o bruxo que estava caído no chão, ele não era nenhum amigo e muito menos algo do tipo – estava prestes a matar os bebês... a sangue frio, mata-los – ela repetiu - por que? Qual o proposito disso? – Maeva perguntou inconformada, encarando os berços com as crianças que estavam agora chorando copiosamente ali – são apenas bebês... – ela sussurrou – completamente inocentes - ela se voltou para ele - então é isso que o seu mestre os manda fazer? Matar bebês? – ela perguntou – COVARDES, todos vocês - ela gritou, ele não matava bebês…

—Não seja ridícula – ele esbravejou... – eu mato qualquer coisa que estiver viva e no meu caminho – menos crianças, ele completou mentalmente, aquilo era algo que ele jamais faria, mas ainda assim… ele era um maldito de um comensal da morte se é que ela ainda não havia notado, o que ela esperava que ele fizesse? Plantasse flores? ... e agora ele estava ali arriscando seu posto e suas vidas… conversando com ela, em meio a um massacre num vilarejo trouxa, simplesmente sem nenhum sentido.

—Severo, ai está... consegui algumas garotas…  – Edgar Sanguini, o vampiro disse, enquanto entrava no recinto… óbvio eles estavam trabalhando juntos essa noite, ele parou de falar assim que notou que Severo não estava sozinho, era evidente para onde aquilo os levaria... Maeva recuou, não por medo, mas para se colocar à frente dos berços, formando um escudo com o seu corpo... garota tola – Ora ora ora… veja só o que temos aqui, uma bruxinha apetitosa… oras Severo, eu estava pensando em compartilhar… então não seja tão egoísta – ele piscou, mostrando os dentes – todo esse massacre… me deixou esgotado, confesso que estou com sede... - ele lambeu os lábios de forma vulgar - mas antes deixe-me provar do sangue desses anjinhos que você esconde aí atrás, poderá assistir enquanto aguarda a sua vez – ele esnobou, mas Severo sabia que ele falava sério... Maldita Maeva, ele teria que fazer aquilo que não deveria… intervir.

—NÃO – ela gritou para ele – não ouse se aproximar das crianças – ela disse em estado de alerta.

—Ou… ou o que meu docinho? Vejo que está machucada e sem varinha – ele salientou de forma provocativa – aliás bom trabalho aqui Severo, pegou uma das boas - Severo sentiu seu sangue esquentar... Ele não podia deixar Sanguini machucá-la, aquilo era mais forte do que ele.e

—Não encoste nos bebês – Severo ordenou, vendo Edgar se virar e o encarar surpreso, óbvio que aquilo não seria bem-vindo, estava arruinado… qualquer chance de sustentar sua missão ali, estava arruinado.

—O que disse? – ele perguntou, parecendo lhe dar uma segunda chance.

—Eu disse... para não encostar nos bebês – Severo reforçou, Maeva também o encarava surpresa, aquilo era culpa dela e ela teria que recompensá-lo mais tarde.

—É claro... – Sanguini gargalhou – como será que milorde irá lidar, quando receber essa notícia, de que o seu mais novo servo fiel, se opôs a prosseguir com o massacre ordenado por ele, acatando as vontades de uma bruxinha patética qualquer, um tanto quanto curioso não acha? - ele o provocou - eu mesmo, questiono sua lealdade Severo, seu comportamento é nada mais do que suspeito.

—Milorde foi suficientemente claro quando disse a quem devemos atacar essa noite – Severo usou seu tom mais assustador, vendo o sorriso no rosto do vampiro sumir - e até onde me lembro já que sou sim o servo fiel do qual bem pontuou… não haviam crianças nessa lista - ele esbravejou, tentando sustentar aquele argumento.

—Ele não iria se opor em nos proporcionar uma certa diversão... – Sanguini afirmou cerrando os dentes – sabe… pensando bem acho que vou poupar os bebes então, e nesse caso só me resta você bruxinha… alguma objeção aqui Severo? – ele perguntou enquanto se virava para encarar Maeva… sim haviam muitas objeções, a começar por… não encoste suas presas imundas nela… Maeva se manteve firme, sustentando o olhar, não havia medo nela, enquanto elevava uma das mãos em direção a ele, o que ela estava tentando fazer? E onde estava sua varinha? Ele não poderia dizer, ela o deixava confuso... mas sem pensar duas vezes e antes que o pior acontecesse, ele agiu… Sanguini era mesmo um bastardo idiota, será que ele não sabia o básico? Que nunca se dava as costas para alguém numa guerra? ele merecia pagar pela sua completa insensatez.

—Avada kedrava – Severo disse, o matando sem qualquer piedade.

—O que você fez? – ela perguntou assombrada, encarando o vampiro morto no chão – eu tinha tudo sob controle aqui, como ousa intervir nos meus métodos? – ela o encarou, seus olhos queimavam… e ela chamava aquilo de sob controle? Francamente, se ela tivesse o mínimo de bom senso, ela o estaria agradecendo.

—Sem uma varinha, o que achou que ia fazer com sua mão, o bater? – ele disse com ironia, ela abriu a boca para responder aquilo... mas a fechou novamente, garota tola, certamente não haviam argumentos plausíveis.

—Me ajude a tirar os bebês daqui – ela pediu, e ele encarou os berços por um momento, eram três bebês... trigêmeos quem sabe, ele congelou quando ela o alcançou um deles.

—O que pensa estar fazendo? – ele perguntou incrédulo.

—Segure a criança Severo – ela disse com fúria... – como pode ver, não consigo segurar os três de uma única vez.

—Se quer mesmo fazer isso, as faça flutuar ou algo do tipo – ele disse sem qualquer interesse em segurar um bebê.

—Segure esse bebê AGORA – ela mandou, empurrando a criança no seu colo... ele a pegou, não havia como não pegar, não depois daquilo… era uma menininha, ela estava em prantos, ele a segurou de forma desajustada, que maldição ele estava fazendo ali? ... ele não segurava bebês – precisamos entregá-los a alguém… achar um adulto responsável... – ela disse com certa urgência, obviamente que ele não mataria os bebês, mas segura-los era demais para ele, antes de sair... por via das dúvidas, ele se virou e matou o comensal que estava desacordado no chão, ele não podia deixar rastros… tudo que ele não precisava era de boatos sobre como ele havia salvado bebês durante um massacre, e como ele os segurava em seu colo, talvez milorde não fosse tão sensível a ponto de compreender algo assim, ele tinha muito a perder ali… Maeva foi na frente, ela estava mancando, já os bebês, ele notou, haviam se acalmado no colo dela… espera, onde estava aquele choro inconsolável de minutos atrás? ele encarou a bebezinha que se aninhou contra o seu peito, ela estava mesmo dormindo?… Isso definitivamente era o fim, ele bufou, ao segui-la para fora. Maldita Maeva.

Severo abriu os olhos, Shara ainda o encarava insatisfeita, esperando por alguma resposta…. Nada havia mudado, ele bufou outra vez, um tanto quanto irritado, enquanto se levantava... ele não iria tolerar aquilo... não com aquela miniatura da Maeva à sua frente, ele ignorou os olhos verdes... e tudo que aquilo significava.

—Não deveria estar aqui – ele disse sem ressalvas, a segurando pelo braço enquanto a arrastava até a porta de saída, ela não estava esperando por aquela reação e o encarou assustada - e muito menos me dirá o que devo ou não fazer para defende-la… não... não você…  e não espere que poderá vir até mim e simplesmente gritar sua insatisfação aqui, todas as vezes em que se sentir injustiçada, esperando que eu vá sair correndo e acatar o que deseja, seja lá o que quer que seja isso… já me basta o passado… já me basta tudo que eu precisei fazer… já me basta ter que segurar aquele maldito BEBE - ele reclamou a colocando porta a fora, Shara sequer teve tempo de argumentar qualquer coisa, ele estava sendo incisivo - volte no horário da poção e se for inteligente o bastante, não irá questionar isso - ele disse fechando a porta.

—___

—O que?... Que bebê? - ela perguntou mais para si mesma enquanto encarava a grande porta de madeira a sua frente, se esquecendo inclusive de o por que ela estava ali e o por que ela estava tão brava… ele era maluco, completamente maluco, do que ele estava falando? Que passado?… ela bufou - MALUCO - ela gritou para a porta.

—Ah vejo que tenha notado uma das muitas características de Severo - Shara se virou, encarando o diretor Alvo Dumbledore, que estava parado no corredor, e parecia estar se divertindo com aquilo.

—Ele me colocou para fora… eu nem sei direito pelo o que - ela soou sem graça - talvez eu não devesse ter batido a porta ao entrar, ou quem sabe foi quando cruzei os braços… talvez seja por ter questionado a forma como ele vem tentando me defender - ou talvez fosse tudo isso, ela pensou, o diretor a avaliada.

—Se parece em muito com ele - ele disse por fim - Severo já notou isso é claro - o diretor sorriu –  e é desafiador com certeza – ele parecia pensar naquilo - sabe criança não pense que será fácil, ele tem sido genioso a anos, com o tempo verá que é melhor esperar a tempestade passar do que se molhar na ventania - Shara arqueou uma sobrancelha, que tempestade? Ela achou melhor não perguntar, ela simplesmente assentiu, era difícil compreender metade de suas metáforas - Ah Shara, antes que eu me esqueça, a professora Minerva foi aceita como substituta, e de agora em diante ela responde oficialmente por você - ele informou com alguma empolgação.

—Eu… não sabia que ela teria que ser aceita, achei que fosse apenas… informar um candidato - ela respondeu confusa.

—Talvez eu não tenha mencionado isso, mas não é tão simples como parece, ela precisava ser considerada apta para a função em muitos sentidos, como ter estrutura financeira, ter aptidão, alguma sanidade mental e coisas do tipo… - Shara não fazia ideia - isso é como uma tramitação trouxa, porém não tão onerosa… já que a magia, digamos assim, facilite um pouco as coisas - ele piscou.

—Eu não imaginava… eu preciso agradecê-la… ela tem sido muito boa para mim, desde o dia em que cheguei - Shara disse e era verdadeiro – ela me deu uma foto da minha mãe – Shara mencionou emocionada, isso representava muito.

—Certamente ela faz – ele sorriu – agora... tenho certeza de que Severo comentou sobre um novo quarto em suas alas – o diretor disse ao mudar de assunto, ela assentiu – pois bem, esta feito e espero que esteja do seu agrado... – ele sorriu e ela sentiu seu coração disparar - confesso que fiquei um pouco desapontado em não poder aplicar algo rosa nele – ele piscou, o que ela retribuiu com um sorriso genuíno – então usei roxo – ele disse, dando de ombros – ela o encarou chocada, ele estava brincando não estava? Por favor... esteja brincando, ela pensou.

—Obrigada senhor – Shara agradeceu, torcendo para que aquilo fosse de fato alguma brincadeira... mas independentemente de como o lugar fosse de verdade, ele era seu, ela tinha um quarto, o seu quarto... e isso era incrível, ela sentiu um frio na barriga, um misto de ansiedade... já que ela só veria o lugar mais tarde, quando fosse tomar a poção, e agora aquilo parecia tempo demais.

—De nada... e quando tiver um tempo, é claro... seria oportuno que conversasse com aquela sua boneca de pano – ele a encarou, estava sério... ela não entendeu, o que ele estava insinuando com isso? ela quis perguntar, mas antes mesmo que ela pudesse dizer algo, ele se virou a deixando sozinha e confusa.

—Maluco – ela sussurrou assim que ele virou o corredor, todos eles... eram completamente malucos. 


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Notas finais do capítulo

Um voto perpétuo... na verdade um voto perpétuo falso... muito ardiloso, e muito Sonserino!
Draco não desconfiou, embora eu não ache que ele fosse contar... ele não contou sobre Shara e sobre o colar, não faria sentido agora, mas Severo não queria arriscar... afinal, que ela é uma guardia não é mais tão segredo assim né... mas que ela é sua filha, hummm delicado, isso é algo que não deve vazar.
Ainda sobre o voto... foi uma sacada de gênio, não foi? usar Antony... e foi bacana por que vemos Draco em seus próprios conflitos internos aqui entregando aquilo que ele sente sobre os seus pais... "meus pais não fariam algo assim por mim" e sabemos que lá no futuro, anos depois o próprio Snape fez por ele né, tem sua simbologia. Snape falando de Narcissa pra ele também tem seu significado, e como diz o Antony foi legal da parte dele sim.

Antony repensando sua história, foi um ponto bonito não acham?... será que ele pode encontrar algum sentido para desejar viver outra vez? (ele passou mais de 1000 anos no corpo de um pássaro, que vontade de viver se tem desse jeito né) tomara que ele encontre... quem sabe as cicatrizes de Catie o ajudem a superar.

E pra quem queria um pouco mais de Snape e Maeva, temos uma lembrança... algo que Shara despertou. Se lembram do vampiro na floresta proibida? e de quando Severo se lembra de ter matado o filho dele... então é sobre isso haha... ele fez por Maeva e pelos bebês também.
"segure esse bebê agora' é o auge de como uma mulher domina e pode mandar num homem, mesmo quando ele acha que é o contrário kkkkkk e ele segurando... ohhhh e o bebê dormindo, fofo.
Ela ia usar magia ancestral, e certamente tava tudo sob controle sim, mas ele não sabia disso na época, então não deu.

E essa deixa do diretor no final.
O que tem a boneca de pano?



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